Engenharia (in)civil

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Por LUCIANO NASCIMENTO*

A melhor chance de se alcançar, no Brasil, uma forma plausível de civilidade, stricto sensu, está no investimento real em práticas educativas comunicacionais que sejam, por princípio e método, transculturais e empáticas

O conceito de sociedade incivil vem sendo desenvolvido pelo jornalista, sociólogo e escritor Muniz Sodré. É uma proposta de descrição de um fenômeno contemporâneo complexo: o esvaziamento do discurso ético-político (logo, socialmente responsável) no bojo dos processos de midiatização e de financeirização que a globalização implicou. Não pretendo aqui refazer os caminhos de Sodré; quero, antes, me valer de sua perspectiva teórica, chamar a atenção do leitor para a efetiva ocorrência cotidiana de tal fenômeno, e então trazer à baila minha própria hipótese relativa a uma estratégia factível de contraposição a esse esvaziamento. A hipótese é a seguinte: a melhor chance de se alcançar, no Brasil, uma forma plausível de civilidade, stricto sensu, está no investimento real em práticas educativas comunicacionais que sejam, por princípio e método, transculturais e empáticas. Quero crer que já haja exemplos de iniciativas espontâneas assim em curso, fato que sugere a viabilidade de se identificarem e sistematizarem seus contornos e práticas, a fim de se promover conscientemente a necessária resistência à edificação acelerada da barbárie nossa de cada dia.

Responsabilidade X responsividade

Num artigo de opinião publicado no final de 2019, Muniz Sodré esclarece o que chama de sociedade incivil: “um ordenamento humano regido por tecnologias de comunicação e solidário à desestabilização das formas consensuais de representação do mundo”[i]. O estágio atual das tecnologias do fluxo de informações em tempo real permite o estabelecimento de relações de interconectividade que, por um lado, hipertrofiam a fluidez do capital (sobretudo o especulativo), e, por outro, atrofiam sobremaneira os processos de constituição de subjetividades. Segundo o mesmo Sodré, uma peça crucial em toda essa engrenagem é o algoritmo computacional, agente da eventual criação e do constante fomento de nichos de mercado e bolhas perceptivas.

Em cenário assim, a construção do espigão neoliberal se adianta. No Brasil, ele está firmemente alicerçado na herança patrimonialista e escravocrata da elite econômica brasileira, e já conta várias lajes: uma para a ganância superinformada dos muito ricos, outra para o desespero desinformado dos muito pobres, outra, a maior delas certamente, para o delírio ignorante dos remediados… estes últimos, aliás, têm vista privilegiada para o horizonte medonho da Lei de Gérson, e acreditam piamente que o importante é sempre levar vantagem em tudo, sem grande preocupação de ordem moral.

Aí está a planta baixa da sociedade incivil, termo que, afinal, “‘(…) não é de fato um mero jogo de palavras, mas um conceito atinente à deterioração econômica, política e publicística das agendas estipuladas pelo liberalismo clássico. A atribuição de exclusiva responsabilidade social, por meio da absoluta descentralização das decisões ao ‘indivíduo-cidadão’ –– suposto ‘instrumento de si mesmo’ –, é um dos versículos prioritários do evangelho do mercado, matéria-prima do neoliberalismo político”[ii].

A (ir)responsabilidade social é o fiel adequado para mensurar a incivilidade – e, por extensão, a barbárie – que experimentamos no Brasil. Mas, para fazer tal mensuração, é imprescindível ter clara a distinção entre responsabilidade e responsividade.

Responsabilidade é a faculdade que emana e não prescinde do componente ético-político imanente às relações sociais do ser-no-mundo; é a capacidade subjetiva de responder simbolicamente às dinâmicas políticas e culturais da comunidade em que se vive. Responsividade, por sua vez, é uma competência sobretudo conversacional, não pressupõe nem implica vinculação ético-política consciente ou deliberada; é, em síntese, mera capacidade de retrucar.

Não é difícil inferir, portanto, que, no Brasil, um dos pilares da sociedade civil, a liberdade de expressão (em tese alargada pelos avanços nas tecnologias de comunicação), tem convivido diariamente com o abalo gerado pela transformação das redes sociais numa gigantesca babel de responsividade. Cyberbullying, hating (haters), fakenews, cultura do cancelamento, gabinete do ódio… são sintomas dessa outra pandemia que atravessamos: a compulsão pela expressão pública da opinião – supostamente própria, mas comumente resultante imediata do efeito manada gerado pela lógica algorítmica, ou seja, de puro assujeitamento, como talvez dissesse Michel Pêcheux. Tal doença é verificável na ânsia pelo comentário sobre tudo, no ímpeto da resposta rápida a qualquer questão, resposta não raro odiosa e apartada da razão e da verdade, fala quase sempre vã e desrespeitosa com o interlocutor, seja ele próximo ou distante. Em resumo, em nosso país as redes sociais têm sido uma arena em que a responsividade vem surrando a responsabilidade – a preocupação com o respeito ao Outro, à diversidade de opiniões, a diferentes registros simbólicos. E onde não há responsabilidade não há civilidade… a barbárie se agiganta.

Quatro episódios bem recentes esquadrinham com lisura o ambiente aqui descrito. Primeiro episódio: instado por um jornalista a se pronunciar sobre o crescente número de mortos por COVID-19 no Brasil, o presidente da República (ninguém menos que o presidente da República) respondeu: “E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Sou Messias, mas não faço milagre”. Segundo episódio: num prédio de alto luxo em Recife-PE, uma patroa abandona o filho de sua diarista sozinho no elevador; o menino, de apenas 5 anos, sobe até o 9º andar, se debruça numa mureta de segurança, que rompe; a criança cai e morre; em depoimento a patroa afirma: “eu fiz tudo que podia”. Terceiro episódio: advertido por um agente da vigilância sanitária acerca da necessidade da utilização de máscaras para prevenção da disseminação do coronavírus, um casal carioca afronta o servidor público que, com profissionalismo, trata o homem por “cidadão”; a emblemática resposta da mulher é: “‘Cidadão’ não! Engenheiro civil, formado, melhor que você”. Por fim, o quarto episódio: caminhando calmamente pelo calçadão de uma praia em Santos-SP, sem máscara, ao ser interpelado por um agente da guarda municipal santista, um desembargador de justiça desrespeita o agente, tenta intimidá-lo e, por fim, cumpre sua ameaça: rasga e joga no chão a notificação de multa lavrada pelo guarda.

Diante do grau de absurdo dessas ocorrências, a única ordem que consegui utilizar ao expô-las foi a temporal. Pode-se argumentar o supremo absurdo de um magistrado não respeitar leis, mas temo que já estejamos habituados demais a isso no Brasil. Além disso, ter tido “todo o cuidado possível” com uma criança de cinco anos de idade não pode ser sequer concebido como algo menos que o absoluto oposto de abandonar essa criança à própria morte. Creio que ainda deve haver por estas terras quem julgue que o suprassumo do non-sense é o presidente da República declarar publicamente seu desprezo pela morte de milhares de seus governados, mas, em tempos de barbárie, é enorme, e quiçá crescente, o número de governados que o aplaudem por isso. É tudo tão absurdamente irresponsável que, para os objetivos neste texto, prefiro chamar atenção para a resposta da mulher carioca: “‘Cidadão’ não! Engenheiro civil, formado…”.

Porque é exatamente disso que se trata: como Paiva & Sodré (2019) ensinam, cidadania e civilidade têm raízes (etimológicas e éticas) muito próximas. Tão próximas que é legítimo afirmar: não é mesmo cidadão quem não tem civilidade. E, como civilidade implica responsabilidade, compromisso ético-político com o Outro, quem se exime dela, da responsabilidade, e adota a prática da pura responsividade, abraça a barbárie, não se importa com a morte evitável de dezenas de milhares de seres humanos. No final das contas, estava certa (embora sem ter nenhuma razão) a impetuosa e incauta nova estrela do céu fluminense. Nunca antes na história deste país foram tão evidentes as sequelas de nossa formação social, desde 1500 presos nos corredores de um estranho labirinto sócio-antropológico, obra de uma intrincada engenharia incivil. A mesma que antes invadiu terras, dizimou populações autóctones, escravizou e traficou seres humanos, e agora destrói o meio ambiente, agride mulheres e gays, mata ou deixa morrer em nome de um Deus customizado, afiança gesto de arminha e reforma cidadãos de bem. É trágico.

A resposta civil, cidadã: empatia

Entretanto, escapando-se de um olhar maniqueísta, é possível perceber que, a despeito do desastre (político, social, ético etc) majorado pelas redes sociais no Brasil, também nelas alguma reação civil prática já se rascunha. Tomo três dessas ocorrências como exemplo e, a seguir, advogo uma postura ético-política de assimilação metódica, com finalidades pedagógicas, de certas nuances dessas ocorrências. Vamos a isso.

Uma das consequências evidentes do distanciamento social imposto pela pandemia foi o aumento exponencial do número de transmissões ao vivo de conteúdo particular nas redes sociais. As agora frequentes lives às vezes aglutinam milhões de pessoas, dependendo de quem as promova. Foi assim que a cantora Anitta provavelmente apresentou a alguns fãs seus a advogada Gabriela Prioli. As duas conversaram no Instagram sobre política, partindo do gesto de Anitta, que assumiu seu desconhecimento sobre a temática, e pediu aulas a Gabriela. Essa atitude tem forte potencial pedagógico e político. Afinal, não se deve desprezar o poder de influência dos ídolos, dos mitos

No hall das assunções públicas de convicções ético-políticas pessoais, o youtuber Felipe Neto também usou suas redes sociais para atacar frontalmente o governo Jair Bolsonaro, e com isso expôs a ágora virtual brasileira a uma espécie de abalo sísmico digital de muitos graus na escala Twitter. Ainda em meio aos tremores gerados pelo choque entre placas de apoiadores e de detratores, Felipe, em entrevista ao Roda Viva (que teve recorde de audiência na ocasião e já conta mais de 2,5 milhões de visualizações no Youtube), voltou a criticar o governo, sacudindo mais o edifício incivil nacional. Depois, o influenciador digital tomou duas outras atitudes bastante significativas do ponto de vista da construção de uma reação civil ao avanço da barbárie: publicou um duro vídeo opinativo, em inglês, sobre a conjuntura política do Brasil no site do The New York Times, e, no rastilho aceso pelas manifestações antirracistas provocadas pelo assassinato de George Floyd nos EUA, cedeu a administração de suas redes a Yuri Marçal, humorista que permeia sua arte com forte e inegável ativismo negro. Nesse último gesto, Felipe teve a companhia de outros famosos, que também emprestaram suas redes a artistas e intelectuais negros e negras.

Mas, no contexto de lutas sociais, ideia de alguém ceder, emprestar algo a outra pessoa é controversa. Cessão e empréstimo são temporários, pressupõem o retorno da coisa cedida ou emprestada às mãos do detentor efetivo, sem mudanças duráveis no status quo. Mesmo assim, em meio à guerra in-civil que vivemos, o gesto merece o destaque.

Gregório Duvivier, por sua vez, assumiu explicitamente seu lugar de fala privilegiado e transformou o GregNews, seu programa na HBO (que também é disponibilizado no Youtube), na sala de aula dos pesadelos dos defensores da Escola sem partido. De frente para uma câmera, sentado a uma mesa, mantendo um tom a um só tempo jocoso e professoral, Gregório fala às claras e didaticamente sobre racismo, violência contra as mulheres, as populações LGBTQI+ e as indígenas, de exploração capitalista da classe trabalhadora, desvios de verbas públicas, apologia ao crime… enfim, sobre barbaridades em geral. Tudo sempre com precisão cirúrgica e absoluto rigor jornalístico (por vezes quase científico, até). Cada programa é uma aula e, especificamente no dedicado ao Delivery, Duvivier dá o braço a Paulo Freire e transforma discurso em ação: depois de denunciar a exploração da mão de obra dos entregadores por parte das empresas de aplicativos de entrega, ele estimula a criação de uma plataforma, a “Idvogados”, voltada a facilitar o contato entre trabalhadores explorados e advogados trabalhistas. Coincidência ou não, esse episódio do GregNews foi ao ar no dia 17/04/2020 e, desde então, já houve duas greves de entregadores de aplicativos. Novamente aí está claro indício do potencial pedagógico e político de iniciativas engendradas nas redes sociais.

Esses três casos atestam a existência de alternativas ético-políticas exequíveis para a promoção do enfrentamento sistemático ao avanço da incivilidade no Brasil. Tais alternativas têm em comum, sem ingenuidade nem embargo de idiossincrasias quaisquer, a empatia manifesta de Anitta, Gabriela Prioli, Felipe Neto e Gregório Duvivier em relação aos enormes contingentes de pessoas que, presentemente, por ignorância, pobreza, preconceito etc, têm morrido, concreta e/ou simbolicamente em nosso país. O enfrentamento à incivilidade pautado pela empatia é, não só possível, mas necessário, urgente e será tanto mais eficaz quanto mais influenciadores, artistas, intelectuais e, em especial, professores nos envolvermos com ele, compartilhando ações interseccionais e transculturais, promovendo a compreensão do equânime valor dos vários saberes.

Um processo assim demanda nova e ainda mais intrincada engenharia civil, sem dúvida. Mas é impossível não acreditar na viabilidade desse projeto, não lutar por ele, quando se testemunha, por exemplo, a lucidez e o senso crítico de Emicida na Roda viva (com trocadilho, por favor!). Do ponto que franqueia essa vista da construção social brasileira, vê-se também uma Conceição Evaristo, uma Sueli Carneiro, um Sílvio Almeida, uma Djamila Ribeiro, um Aílton Krenak, uma Laerte… Mas se veem ainda milhões de anônimos abandonados à própria desgraça. É crível que um número grande deles sejam potencialmente tão capazes quanto outros cidadãos e cidadãs intelectualmente autônomos e respeitados. É urgente exercitarmos nossa responsabilidade social e compartilhamos ao máximo nossa perspectiva privilegiada, para que a morte de tantos brasileiros não continue a ser apenas algo que atrapalhe o tráfego, o trânsito, o sábado

*Luciano Nascimento, professor da educação

Notas:


[i]SODRÉ, M. Sociedade incivil e barbárie. São Paulo: Folha de São Paulo, 10/11/2019).

[ii]PAIVA, R.; SODRÉ, M.. “Comunitarismo e sociedade incivil”. Porto Alegre: Revista Famecos, v. 26, n. 1, Jan-Abr. 2019.

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