a terra é redonda

Mangaba podre

Por THIAGO IRAPORANGA*

Poema sobre os dias de hoje

Quanto vale um paraíso?
Um quinto da Boipeba
Por um quilo de mangaba.

E o que tenho a ver com isso?
Se tal coisa não me dá verba
Enquanto ele (ou eles?) se gaba.

O menestrel tropicalista
Caetanou sobre os podres poderes
De ridículos tiranos

Cuja competência se lista
Em uma sequência de mortes e dores
No passado da Ponta dos Castelhanos

Apelando ao seu companheiro de canto,
Sábio descendente de griôs ancestrais,
Gilbertifico-me quanticamente

Escutando os Aimorés com seu pranto
A Terra que vai perdendo seus sinais vitais
Diante da destruição que não me mente

E por mais altissonantes que estejam
As cuícas dos mascarados da Zambiapunga
Gritos e choros de escravizados

Continuam sendo abafados
Pelos ventos desta sina nada malunga
Soprados pela ganância de Armínios que sobejam

*Thiago Iraporanga é poeta


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Mangaba podre – 12/04/2023 – 1/1
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