Por MAGDA FURTADO*
A trégua entre Israel e Irã é marcada por tensões históricas e geopolíticas, com implicações profundas para a estabilidade regional e consequências humanitárias devastadoras
1.
A trégua anunciada na guerra entre Israel e o Irã é evidentemente bastante precária. Dominar grande parte do Oriente Médio parece ser o objetivo de Israel, um instrumento do imperialismo estadunidense. Depois de atacar o Líbano e o Yêmen, bombardear e ampliar a ocupação nas Colinas de Golã da Síria, seguir destruindo e massacrando a população de Gaza em busca da “limpeza étnica” (obliterado na mídia agora), e expropriar ainda mais terras na Cisjordânia, Israel culmina seu plano ao iniciar uma guerra “preventiva” contra o Irã.
Apesar das negociações que estavam em curso para que fosse retomado o acordo nuclear entre o Irã e os EUA, que Donald Trump rompeu em seu primeiro mandato, Israel desferiu um brutal ataque ao único país visto como um obstáculo ao seu plano expansionista. A alegação não comprovada de que o Irã poderia estar próximo de produzir uma bomba atômica, que Israel já tem, é somente um pretexto para atacar a soberania desse país, juntamente com os EUA, reduzindo sua capacidade de opor resistência ao projeto imperialista de hegemonia na região.
Com toda a crítica que temos ao regime iraniano, em especial a repressão às mulheres, cada povo tem direito à sua autodeterminação, e nada justifica um ataque “preventivo” à soberania de outro país, com massacre de civis e tensionamento de toda a região. É verdade que o Irã é uma república teocrática opressora das mulheres, mas Israel também é uma república teocrática opressora dos 20% da minoria árabe em seu território, além estar em pleno curso de genocídio em Gaza.
As guerras provocadas por Israel na região vêm desde a sua fundação, em 1948, mas a atual ofensiva do estado sionista teve início em outubro de 2023, quando lançou uma desproporcional jornada de destruição e massacre em Gaza, em resposta a um ataque do Hamas, e intensificou a expropriação pela força de terras na Cisjordânia, com o objetivo declarado de limpeza étnica.
Na sequência, Israel desferiu ataques ao Líbano, que, sob o pretexto de atingir o Hezbollah – grupo armado que defende o território do Líbano de invasões de Israel, além de atuar em solidariedade a Gaza – causou muita destruição e milhares de mortes civis. Em seguida, Israel bombardeou intensivamente os depósitos de armamentos da Síria logo após a derrubada da ditadura de Assad, além de ampliar sua ocupação nas Colinas de Golã. O Yêmen também foi bombardeado, para atingir o grupo guerrilheiro Houthis, que, em solidariedade a Gaza, estava atacando navios em direção a/voltando de Israel.
Os demais países da região ou já têm bases dos EUA em seu território, como o Qatar (a maior base), Arábia Saudita, Emirados Árabes, Egito, Jordânia, Kwait, Bahrein e Iraque, ou dependem de ajuda financeira e militar, como Egito e Jordânia, ou têm fortes interesses comerciais com EUA e Israel – ou acumulam essas condições. Por isso fazem oposição apenas retórica ao genocídio em curso em Gaza e não se moveriam pelo Irã, apesar de também terem se manifestado retoricamente contra a agressão de Israel.
No contexto da bipolarização imperialista, conquistar o controle da maior parte do Oriente Médio, seja por ocupação ou instalação de bases militares, dependência econômica ou emprego da força está no centro da estratégia do imperialismo estadunidense – e Israel é um instrumento desse projeto.
2.
A estratégia do estado sionista culminou ao iniciar em 13 de junho a guerra contra ao Irã, assassinando membros do alto comando e cientistas do programa nuclear, deixando mais de 400 mortos civis somente nos primeiros dias de ataque aéreo. O agravante foi o bombardeio dos EUA às instalações nucleares do Irã, inclusive às instalações subterrâneas de Fordow, trazendo grande risco de contaminação nuclear para toda a região.
Os EUA anunciaram destruição total da capacidade nuclear do Irã, e em seguida Donald Trump seguiu pressionando por um cessar-fogo entre as partes (já que essa guerra produz efeitos danosos em sua popularidade doméstica). Entretanto, não há um relatório conclusivo de danos relevantes às instalações nucleares, e nem mesmo a garantia de que os notificados 406 quilos de urânio enriquecido a 60%, segundo a Agência Internacional de Energia Atômica (para alcançar a fabricação da bomba atômica, seria necessário o enriquecimento de urânio a 90%), tenham sido danificados, ou mesmo se ainda estão no local.
O Irã até agora fazia parte do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares e permitia visita de inspetores da ONU, insistindo que seu programa nuclear tem fins apenas pacíficos (energia e saúde). Israel não assinou o tratado, nunca permitiu fiscalização e é notório que já desenvolveu bomba atômica, o que nunca foi admitido nem negado. Está claro que a AIEA trata os países desigualmente e seus relatórios fazem suposições, utilizadas por Israel para justificar a guerra iniciada. De nada adianta a agência alertar posteriormente aos ataques para o alto risco de contaminação ao se bombardear usinas nucleares a qualquer pretexto.
Um efeito lamentável desse ataque foi o esquecimento na mídia dos protestos contra o genocídio em curso em Gaza, obliterando as críticas dos aliados europeus, que se solidarizaram com o estado sionista na guerra iniciada contra o Irã, sob a cínica alegação de que Israel tem o direito de se defender.
Ocorre que “ataque preventivo” não está previsto em nenhuma resolução da ONU, e a ameaça de vazamento de radiação provocada pelo bombardeio de usinas nucleares configura crime de guerra previsto na convenção de Genebra, podendo contaminar a população, largos territórios e seus lençóis freáticos. A possível destruição das usinas nucleares iranianas foi celebrada sem que fosse alertado para o desastre que representa o provável espalhamento de material radioativo diante da crise ambiental que se aprofunda, com reflexos imediatos para a população do Oriente Médio.
Mas quem se importa com a possibilidade de milhões de vidas afetadas por gerações pela radiação naquela região? Além disso, quem se move pelas mais de 60 mil vidas perdidas dos palestinos e com os sobreviventes que seguem morrendo de bomba, fome, sede ou doenças provocadas pelo cerco? O estado sionista parece ter licença ilimitada para bombardear, matar civis, ocupar e expandir território, tamanho é o sentimento de culpa da Europa ocidental diante das memórias atrozes do Holocausto.
3.
Donald Trump, apesar da ruidosa contrariedade dos partidários da MAGA (Make América Great Again, que se opõem a que os EUA entrem em guerras para defender outros países), da forte opinião pública estadunidense majoritariamente contrária a guerras, como atestam as pesquisas, e de suas próprias promessas pacifistas de campanha, não resistiu à pressão de Israel e do poderoso lobby sionista encastelado no governo e na mídia.
Israel é uma peça importante do imperialismo estadunidense e nenhum governo dos EUA, seja republicano ou democrata, ousou contrariar seus desígnios. Além disso, a poderosa indústria armamentista estadunidense torce sempre por uma guerra na sequência de outra, que proporciona ganhos abundantes. Ainda assim, inicialmente os EUA anunciaram que não tinham nenhuma relação com o ataque israelense e seguiam defendendo um acordo negociado.
Brandindo um discurso eivado de contradições, Donald Trump segue sem admitir que os EUA entraram na guerra contra o Irã, mas apenas destruíram seu programa nuclear, já que são os únicos com bombas com potência suficiente para fazer isso. Ademais, há diversos relatos de que o eficiente armamento defensivo de Israel não duraria muito tempo mais, ainda que o Irã também já estivesse dando sinais de exaustão de suas capacidades.
Na esperança de retomar seu discurso cinicamente pacifista, Donald Trump anunciou um precário acordo de cessar-fogo logo após uma retaliação do Irã em ataque anunciado à maior base dos EUA no Oriente Médio, a base no Qatar. “Esta é uma guerra de apenas doze dias”, alardeou Donald Trump. O cessar-fogo precário teve início já sendo desrespeitado por ambos os lados.
No momento a guerra está pausada, com ambos os lados cantando vitória. Mas pode ser reiniciada a qualquer momento, especialmente considerando a declaração do país agressor de que “o trabalho no Irã ainda não foi encerrado”, mas que agora se concentrariam em “terminar a missão em Gaza”. Ou seja, intensificar o genocídio.
Além do discurso de vitória ostentado tanto por Israel, EUA e Irã, seguem ameaças verbais de parte a parte de novos futuros ataques. Diante da ameaça do Irã de fechar o estreito de Omuz, o que só faria se ficasse sem opções, já que a maior parte do petróleo exportado pelo Oriente Médio escoa pelo Golfo Pérsico, essa guerra se reiniciada pode aprofundar a crise estrutural do capitalismo, com efeitos relevantes para o mundo inteiro, e não apenas para a região, pela instabilidade agravada com alta de preço dessa e outras commodities. Para o Irã e Israel já são enormes os prejuízos com a economia praticamente paralisada e infraestrutura abalada, além das vidas perdidas e êxodo de parte da população, no caso de Israel.
Para o governo de Donald Trump, seguir apoiando o belicismo agressivo de Israel pode ter um custo muito alto na opinião pública e colocar em risco as eleições de meio mandato, que podem mudar a correlação de forças no Congresso. Os EUA têm 40 mil militares somente nas bases localizadas na região, todas podendo ser alvos de bombardeios iranianos; uma eventual perda de vidas estadunidenses nessa guerra liquidaria a popularidade de Donald Trump, já bastante abalada.
Então ele precisa desesperadamente de um acordo de paz urgente e duradouro, e não é porque a entrada dos EUA na guerra não foi aprovada no Congresso, como deveria ser – e seria, inclusive com mais votos democratas do que republicanos. Donald Trump estava ansioso para anunciar que acabou ao menos com uma guerra para recuperar a popularidade, bastante abalada pela carestia já deflagrada pelas tarifas de importação e pelos protestos que se alastraram pelo país, a partir de Los Angeles, contra a criminalização e deportação dos imigrantes, que compõem parte importante da força de trabalho em serviços do país.
4.
Ocorre que Donald Trump agora está nas mãos sujas de sangue de Benjamin Netanyahu, que não costuma respeitar acordos de cessar-fogo (haja vista Gaza e o Líbano). Nesse caso, sequer houve um acordo com termos negociados, mas apenas uma trégua. Para Israel somente interessa o aniquilamento não só do programa nuclear iraniano, como também da produção e lançamento de mísseis balísticos e hipersônicos.
O Irã tem sido o único país a confrontar o projeto expansionista de Israel – “do rio Nilo ao Eufrates”, proclamam seus extremistas atualmente compondo o governo, citando a Bíblia (Gênesis, 15), o que reafirma sua essência teocrática. Isso significaria tomar terras de sete nações – parte do Egito, o que sobra da Palestina, parte da Arábia Saudita, Jordânia, Líbano, a maior parte de Síria e do Iraque.
Para se contrapor ao projeto sionista, enunciado abertamente após a Guerra dos Seis Dias, em 1967, o Irã tem armado grupos de resistência, como o Hezbollah no Líbano e o Hamas em Gaza, por meio do Qatar, e por isso Israel prega sua destruição e deposição do regime dos Aiatolás. Sob a alegação de que seria uma questão de semanas para o Irã atingir os 90% de enriquecimento requerido para a bomba atômica, Israel lançou via EUA a exigência enriquecimento zero de urânio por parte do Irã e destruição de todo o material enriquecido até agora.
Isso gerou um impasse nas conversações para o acordo, pois todos os países que assinaram o TNP têm direito de algum enriquecimento para fins exclusivamente pacíficos. Negar isso ao Irã e a qualquer país é um ataque à sua soberania.
Com o enfraquecimento do Hezbollah, do Hamas e dos Houthis, o Irã ficou sem aliados militares, então Israel vislumbrou o momento ideal para iniciar a guerra “preventiva”, causando muito mais destruição de armamentos e instalações cruciais, além de muito mais mortes de civis no Irã, aparentemente com seu sistema antimísseis debilitado desde os ataques de 2024.
Mas a guerra também evidenciou aos israelenses que não estão a salvo sob seu “domo de ferro” do sistema de defesa, que tem falhas e não resiste a uma guerra aérea prolongada, pois o sistema antiaéreo não é ilimitado em disponibilidade de mísseis. Sem a participação dos EUA eles não teriam capacidade de atingir seus objetivos alegados e, segundo informações da imprensa estadunidense, o “domo de ferro” não aguentaria mais duas semanas de guerra.
A situação difícil do Irã foi potencializada pela infiltração do serviço secreto israelense, o Mossad, em território iraniano, o que possibilitou a efetivação da tática da “decaptação” – a eliminação de comandantes das forças militares – gerando uma grande desorganização capacidade de defesa iraniana. O governo iraniano informou o total de 610 mortes e 4746 feridos, enquanto do lado de Israel foram notificadas apenas 28 mortes e 1400 feridos, além de grande destruição de residências, indústrias e estruturas civis nos dois lados.
Mas, contrariando aqueles que esperavam um enfraquecimento do regime iraniano, este parece ter se fortalecido com a guerra, pelo efeito de união nacional que o ataque de um inimigo externo pode trazer, além da intensificação do ódio a Israel. Nessas horas a oposição se recolhe, pois nenhum grupo político ousaria tentar enfraquecer um governo que enfrenta uma brutal guerra direta. Israel e os EUA chegaram a mencionar uma mudança do regime do Irã como uma ameaça.
Mas sabem perfeitamente que esse objetivo somente – talvez – poderia ser alcançado com uma longa guerra terrestre, com consequências terríveis semelhantes ao que aconteceu no massacre cometido durante a invasão do Iraque, que levou à ascensão do ISIS, ou como a derrota dos EUA no Afeganistão, com custo altíssimo em vidas e trauma nacional nos dois casos.
O fantasma dessas duas guerras paira sobre o governo de Donald Trump, que tanto as evocou durante a campanha eleitoral como exemplos do que não faria no governo. Por isso o objetivo de derrubar o regime dos Aiatolás no Irã não estava realmente posto, mas unicamente, para Israel, o enfraquecimento do poder bélico do Irã, para que não seja um obstáculo a seu projeto expansionista.
5.
Contrariando as afirmações de Donald Trump de que o programa nuclear teria sido eliminado, uma análise científica publicada nos EUA e produzida pela CIA põe em dúvida a extensão dos danos nas usinas bombardeadas. As centrífugas estariam a uma profundidade maior e podem não ter sido tão danificadas, e o urânio enriquecido pode ter sido deslocado previamente. A falta de radiação detectada no ambiente pelos medidores instalados na Arábia Saudita é um desses sinais.
Alguns cientistas avaliaram que o programa nuclear iraniano teria sido adiado pelos bombardeios dos EUA por apenas alguns meses, não anos, muito menos gerações. É certo que esse relatório está sendo considerado por Israel e certamente será utilizado para a retomada da guerra quando se sentir novamente fortalecido para isso. O projeto de Israel é de controle do Oriente Médio e isso já foi declarado por Benjamin Netanyahu em discurso na ONU, inclusive brandindo um mapa da região totalmente remodelada aos seus desígnios. Disso o sionismo não faz segredo. E certamente estará a serviço do imperialismo estadunidense.
Enquanto isso, segue o genocídio em Gaza, obscurecido na mídia pela nova guerra. Mesmo com a matança de mais pessoas em Gaza diariamente do que os mortos na guerra contra o Irã, quase não se fala mais nesse massacre cotidiano já naturalizado pela mídia. Na mídia ocidental Israel aparece como vítima do de uma “entidade do mal”, o regime dos Aiatolás do Irã, mesmo sendo Israel a iniciar a guerra.
Os palestinos de Gaza continuam morrendo por bombas, fome, sede e doenças enquanto lutam para obter um naco de alimentos distribuídos como uma armadilha mortal, já que as forças israelenses atiram a esmo em quem vem buscar comida nos poucos postos de abastecimento. Acordos anteriores de cessar-fogo e incontáveis negociações foram rompidos porque Israel não esconde o objetivo de tomar toda a terra palestina, pouco se importando com a vida dos reféns feitos pelo Hamas.
São tantos crimes de guerra naturalizados nas ruínas de Gaza e tantas imagens de atrocidades cometidas em sequência, que a opinião pública já segue anestesiada, como se houvesse um limite de saturação. É justamente com isso que conta Israel para seguir até o fim, enquanto busca um lugar no mundo para deslocar forçadamente os que resistirem vivos.
Os cerca de dois milhões de habitantes sobreviventes em Gaza estão confinados em apenas 1/3 do território, enquanto segue a devastação. Israel tem liberdade para ir se apossando de Gaza e Cisjordânia enquanto o mundo olhava para o “domo de ferro” abatendo nos céus de Tel-Aviv e Haifa a maior parte dos mísseis da retaliação iraniana. Os ativistas e as organizações de direitos humanos já não sabem mais o que fazer para despertar o mundo para esse horror em curso.
Quem poderá deter Israel e os EUA de consolidarem sua hegemonia no Oriente Médio, enfraquecendo ou aniquilando todas as nações que poderiam lhe fazer contraponto na região? Ao que parece, os BRICS não se apresentam para a tarefa, mesmo tendo o Irã como parte integrante. Trata-se de um “bloco” com objetivos notadamente comerciais, sem nenhum compromisso mútuo de autodefesa (em que pese que haja compromissos bilaterais entre alguns deles) e com muitas contradições entre seus membros efetivos e convidados.
É o caso da Índia, que compõe com os EUA, Austrália e Japão o QUAD, um fórum da região do Indo-Pacífico concorrente dos BRICS. A Rússia é o segundo país em número de cidadãos residentes em Israel, atrás apenas dos EUA. A China é o segundo parceiro comercial de Israel, atrás apenas também dos EUA. O Brasil igualmente segue mantendo relações comerciais e diplomáticas com Israel, mesmo Lula tendo sido declarado “persona no grata” pelo estado sionista por denunciar o genocídio em curso. Passou da hora do rompimento de relações diplomáticas com Israel!
Porém, os interesses estratégicos de China e Rússia no Oriente Médio, considerando as tensões crescentes da bipolarização imperialista, estão ameaçados se o imperialismo estadunidense, tendo Israel como instrumento, passa a hegemonizar a maior parte da região sem qualquer contraponto, isolando e mantendo o Irã sob ameaça e pesadas sanções.
Se os BRICS pretendem se colocar, em algum momento, como uma alternativa geopolítica ao blocamento imperialista da OTAN, como apontavam os discursos de sua fundação, este seria o momento de atuar para conter o avanço de Israel. Mas não parece ser essa a opção dos BRICS, como se pode depreender de suas condenações retóricas e nenhuma ajuda concreta ao Irã nesse conflito – ao que se sabe. Certamente essa será uma pauta na reunião em julho dos BRICS no Rio de Janeiro, um pouco esvaziada pelas ausências anunciadas de Putin e Xi Jimping.
Entretanto, reagir ao expansionismo bélico e sangrento de Israel não é apenas uma questão de desequilíbrio geopolítico de forças, e sim uma obrigação humanitária do mundo inteiro. É necessário que, enquanto ainda haja humanidade, que se reaja de modo contundente ao genocídio cometido por Israel em Gaza e às agressões de Israel no Oriente Médio, assim como deve parar a guerra entre Rússia e Ucrânia, iniciada com a invasão russa.
Enquanto o mundo volta a monopolizar sua atenção para a guerra na Ucrânia, o genocídio em Gaza segue sem a mesma atenção e indignação internacional. Se depender dos poderosos donos e gerentes do capital, prevalecem sempre os interesses econômicos sobre os humanitários. É necessário mobilizar solidariedade de classe internacional para fazer parar agressões, o genocídio e expropriação dos palestinos em Gaza e na Cisjordânia.[i]
*Magda Furtado é dirigente sindical e doutora em Ciência da Literatura pela UFRJ.
Nota
[i] Com sugestões de Jorge Almeida, Fernando Carneiro e Marciel Vianna, camaradas do GT de Relações Internacionais da APS, porém a responsabilidade do conteúdo é da autora.
A Terra é Redonda existe graças aos nossos leitores e apoiadores.
Ajude-nos a manter esta ideia.
CONTRIBUA
