Por GILBERTO LOPES: O discurso da "ameaça russa" justifica tanques e mísseis, mas silencia sobre os riscos de uma escalada sem volta. No jogo da guerra, a Alemanha aposta alto – e o mundo segura o fôlego
Por LUIZ MARQUES: Enquanto o passado insiste em ecoar, o futuro exige ruptura. A dialética da colonização não se encerra no arquivo, mas se reinventa nas estruturas do poder. Superá-la demanda mais que memória – exige coragem para reescrever a história
Por RAFAEL MANTOVANI: O problema do trabalho do Léo Lins não é o fato de ele ter feito uma piada, mas de ser nazifascista. O racismo é a estrutura cognitiva que faz com que suas piadas sejam compreensíveis
Por SILVIA BEATRIZ ADOUE: O terrorismo não está na Resistência Ancestral Mapuche, mas nos tapumes de ferro erguidos sobre terras roubadas. Liberdade para Facundo: que a antipoesia incendiária queime as grades da barbárie
Por ANA CAROLINA DE BELLO BUSINARO: Lula reencena a escuta, mas cala a mobilização; condena o bolsonarismo, mas abraça seu legado neoliberal. Sua frente amplíssima não contém a direita e dilui a esquerda em tons de cinza. Restaura-se o passado como museu: vitrine brilhante, conteúdo emancipador esvaziado
Por OTAVIO A. FILHO: O destino não está no algoritmo de Zuckerberg, mas no código aberto da inventividade baiana que teima em transformar o "cortejo de horrores" em poesia concreta
Por JOÃO VICTOR: Os pardos-indígenas são merecedores de um novo olhar que contemple sua história e sua legitimidade enquanto categoria própria no contexto do debate racial brasileiro
Por FLÁVIO R. KOTHE: Se o Qualis mede qualidade por métricas que ignoram a originalidade do pensamento, então estamos diante de um sistema que canoniza a mediocridade. Enquanto Spinoza, Marx e Nietzsche são lembrados por terem sido rejeitados por seus pares, a academia brasileira celebra artigos que obedecem a fórmulas vazias
Por WALNICE NOGUEIRA GALVÃO: Cinco décadas depois, o Arquivo Edgar Leuenroth é mais que um depósito de documentos: é um monumento à astúcia dos que desafiaram o autoritarismo para salvar a história dos vencidos. Seus papéis, outrora escondidos como contrabando, hoje falam alto
Por JOÃO DOS REIS SILVA JÚNIOR: Compreender o papel das métricas e da financeirização não é um exercício teórico qualquer. É um ato de sobrevivência. É a chave para entender por que estamos doentes, por que estamos tristes, por que estamos exaustos
Por MARCO MONDAINI: Quando um gestor é celebrado como ídolo pop, mas desconhece os clássicos que moldaram seu próprio chão, algo está fora do lugar. Pernambuco, terra de insurreições e poesia, merece mais do que lágrimas de fãs e citações improvisadas
Por CLÓVIS ROBERTO ZIMMERMANN: A experiência neoliberal chilena, a mais profunda e radical do mundo, instituída por uma ditadura, não parece sobreviver sem amplos recursos públicos, dependendo massivamente de recursos estatais para continuar existindo
Por TARSO GENRO: Se a cavalaria moderna é feita de drones e algoritmos, e se os romances de cavalaria foram substituídos por narrativas de ódio viralizadas, a única trincheira possível está na educação que desmascara a barbárie. Não há Dom Quixote sem Sancho Pança, nem revolução sem letramento crítico
Por JANETHE FONTES: Se hoje os versos de Chico soam como crônica de um tempo superado, é porque não escutamos direito: o ‘cale-se’ ainda sussurra em leis de censura velada, o ‘amordaçamento criativo’ veste novas roupagens