Por ARMANDO BOITO: O bolsonarismo não é mero capricho do clã: é um movimento neofascista que prioriza seu projeto autoritário sobre os interesses econômicos da burguesia. Enquanto empresários pedem negociação com os EUA, sua base exige submissão a Trump — revelando a fissura entre o projeto reacionário e os patrocinadores que o levaram ao poder
Por ELEUTÉRIO F. S. PRADO: O fascismo substitui a ordem econômica individualista e concorrencial por uma ordem corporativa e cooperativa integral: ao invés de uma ditadura do proletariado, o fascismo cria uma ditadura explícita do capital em que o comando da acumulação está centralizado politicamente
Por RONALD ROCHA: Negar o proletariado é jogar areia nos olhos da história. Seu fim é proclamado justamente quando mais se multiplica – agora invisibilizado por aplicativos, terceirizações e falsa autonomia. A burguesia celebra sua suposta morte porque teme sua vida: mesmo disperso, ele carrega em si, como potência, o germe da negação do capital
Por JORGE LUIZ SOUTO MAIOR: A soberania nacional é uma ilusão e ela só se tem efetivado para legitimar o rebaixamento da rede de proteção jurídica e das condições de vida da classe trabalhadora que atua em território nacional.
Por MICHAEL LÖWY: Enquanto Gaza arde sob o terrorismo de Estado, a resistência persiste — não apenas nas ruínas, mas nas vozes judias e palestinas que se recusam a calar. O futuro não será escrito por Netanyahu, mas por aqueles que ousam sonhar com uma terra onde justiça não tenha bandeira
Por LISZT VIEIRA: Trump negocia como sempre: coloca um elefante na sala e sai com um bode. A Europa cedeu, mas o preço foi alto — soberania em troca de alívio imediato. Agora, o Brasil é o alvo, e o jogo é o mesmo: ameaça, barganha e um rastro de dependência. Resta saber qual será o tamanho do bode que sobrará desta vez
Por WALNICE NOGUEIRA GALVÃO: Lupicínio Rodrigues, entre o tango e o samba, entre o lar e o cabaré, esculpiu canções que são facas de dois gumes: melodia suave para letras afiadas. Seu legado é a crônica de um machismo que se dissolve em poesia, onde a 'dor-de-cotovelo' revela menos paixão que o orgulho ferido de quem nunca soube amar sem posse
Por RENATO DAGNINO: Se a universidade insiste em servir a uma empresa que não a valoriza, por que não redirecionar seu potencial para quem realmente precisa? A tecnociência solidária não é utopia – é a única saída realista em um capitalismo periférico que despreza a pesquisa
Por LINCOLN SECCO: 80 anos depois, o mundo que emergiu das cinzas da Segunda Guerra vê seus próprios vencedores em crise: a Europa combalida, os EUA desafiados pela China e um fascismo reciclado em ascensão. A lição mais urgente? O passado não está enterrado – ele apenas se disfarça e espera
Por JEAN MARC VON DER WEID: O tarifaço de Trump não é sobre etanol ou café – é sobre poder. É a tentativa de um líder em decadência de reafirmar o imperialismo do dólar e punir quem ousa desafiar a ordem unipolar. Mas há ironia nisso: ao usar Bolsonaro como pretexto, Trump expôs justamente o que mais teme – a fragilidade de um sistema que depende mais de ameaças do que de liderança
Por IVANA BENTES: O comentariado é a nova assembleia pública — um parlamento digital onde se debate com memes, se vota com emojis e se julga em caixas de texto. Se antes a opinião era privilégio de poucos, hoje é tsunami de muitos
Por JOSÉ LUÍS FIORI: O G7, outrora 'comitê central' da ordem ocidental, vê seu declínio acelerado diante da ascensão dos BRICS, da incoerência política de seus líderes e da subserviência europeia a um EUA cada vez mais unilateral e imprevisível
Por LUIZ CÉSAR MARQUES FILHO: O Congresso brasileiro assina a sentença de morte do país ao aprovar o PL da devastação. Enquanto o agronegócio celebra, o termômetro marca 44°C – e o futuro já chegou: secas, inundações e incêndios criminosos são só o começo