Por FRANCISCO FERNANDES LADEIRA: O valor de um momento é medido pelo seu potencial de compartilhamento e curtidas: construímos “alter egos digitais”, perfis que projetam uma felicidade e uma vida idealizadas, frequentemente divorciadas da realidade
Por JOSÉ LEON CROCHICK, FÁBIO DE MARIA, LUÍS CÉSAR DE SOUZA, EDUARDO BORBA GILIOLI: Se o autoritarismo clássico odiava com uma razão perversa, sua versão contemporânea destrói sem objeto preciso, tornando a violência um impulso vazio e infinitamente mais perigoso
Por PAULO GHIRALDELLI: Quando a consulta se torna uma transação à distância, o que se vende não é mais medicina, mas a ilusão de eficiência — e o paciente vira espectador de sua própria doença
Por ESTER GAMMARDELLA RIZZI & MÁRCIO MORETTO RIBEIRO: A resposta à blindagem do poder não está em reformar as elites, mas em dissolvê-las, transformando cada cidadão, mesmo que temporariamente, em parte legítima do Estado
Por GABRIEL LUIZ CAMPOS DALPIAZ: A verdadeira compreensão da realidade desigual não é um impasse, mas o ponto de partida para transformá-la, elevando a razão sobre as contradições
Por LUIZ MARQUES: O ressurgimento de uma esquerda plural e conectada com anseios nacionais aponta para uma primavera política, marcada pelo otimismo e pela crença num futuro de solidariedade global
Por JEAN MARC VON DER WEID: A vitória contra a impunidade é possível, mas está condicionada à capacidade de sustentar a pressão popular frente a um Congresso que negocia a própria lei em benefício de uma falsa pacificação
Por BORIS AKUNIN: A história russa parece condenada a um ciclo eterno, oscilando entre o degelo e o gelo, até que a corrente da centralização imperial, esticada ao extremo, finalmente se rompa
Por EMILIO CAFASSI: A derrota não foi apenas numérica, mas moral: a ferrugem da corrupção e a brutalidade do ajuste econômico corroeram a legitimidade do governo. A resposta veio das urnas pelo vazio e das ruas pelos corpos
Por MARCO MONDAINI & CAPITÃO QUITAÚNA: A formação militar brasileira ainda cultiva, por meio de manuais e narrativas históricas enviesadas, a figura de um "inimigo interno" como justificativa para intervenções. Essa doutrinação sutil, que equipara projetos políticos democráticos a ameaças fictícias, constitui o caldo cultural onde florescem aventuras golpistas
Por ARACY P. S. BALBANI: A máquina de crescimento urbano, movida a marketing político e parcerias nebulosas, prioriza a quantidade de unidades sobre a qualidade do habitat, negando quintais e convívio. Na sombra desse processo, a urbanização irregular e o crime organizado prosperam
Por ELISEU RAPHAEL VENTURI: A astúcia do autoritarismo reside em escapar à nomeação, infiltrando-se no cotidiano como promessa de ordem contra a angústia da incompletude
Por ELEUTÉRIO F. S. PRADO & JORGE NOVOA: A tese de que a "audiência trabalha" e gera valor para as plataformas digitais é uma falácia que suprime a mediação essencial: o trabalho real de programadores e desenvolvedores. A atenção, por si só, não é trabalho produtivo, mas uma contrapartida do valor de uso oferecido, já explicável pelas categorias clássicas de Marx
Por VALERIO ARCARY: Longe de ser um bloco anti-imperialista ou multipolar, os Brics representam uma aliança defensiva e precária de potências com interesses divergentes. Sua formação reflete um debilitamento relativo da Tríade, mas não uma mudança estrutural na ordem mundial
Por FERNANDO NOGUEIRA DA COSTA: A política congressual opera por duas lógicas entrelaçadas: o poder paroquial, que transforma o orçamento em moeda de troca eleitoral, e o poder familiar, que trata o mandato como herança. Juntas, elas formam um cartel blindado que converte o Estado em patrimônio privado, esvaziando a democracia real
Por RENATO ORTIZ: A platitude não busca convencer, apenas aplainar o pensamento. É uma performance que se esgota na superfície lisa do já sabido, transformando o espaço público em palco para uma sabedoria rasa que celebra o vazio
Por JEAN MARC VON DER WEID: A anistia aos golpistas ronda o Congresso, enquanto o governo navega em um olho de furacão. A calmaria é ilusória, e a tempestade que se aproxima pode redefinir os rumos da frágil democracia brasileira
Por JOÃO DOS REIS SILVA JÚNIOR: A justiça que pune um é ofuscada pela estrutura que protege todos. Enquanto o país celebra vitórias simbólicas, a velha coreografia da conciliação oligárquica segue seu curso, adiando direitos e blindando privilégios
Por MICHEL GOULART DA SILVA: A modernidade sempre foi um projeto das elites para o Brasil, nunca um destino ao alcance de todos. A independência econômica permanece uma quimera, com a nação ainda acorrentada à lógica subalterna do capital estrangeiro