Por ANDRÉ MÁRCIO NEVES SOARES: A condenação histórica não apaga a vulnerabilidade nacional. A sombra do autoritarismo, interna e externa, ainda paira sobre uma democracia em alerta
Por MARCO MONDAINI & CAPITÃO QUITAÚNA: A condenação dos líderes foi crucial, mas não erradicou a serpente: a ideia do "inimigo interno" ainda é doutrina ensinada nos manuais e vivida nos quartéis. Este artigo revela como os valores golpistas sobrevivem e se reproduzem, exigindo uma vigilância democrática de longa duração
GIOVANNI ALVES: Mais que um erro de percepção, o capitalismo opera uma mutação ontológica: primeiro transforma relações em Sachen (coisas sociais reificadas) e depois as naturaliza como Dinge (coisas materiais). Desvendar essa armadilha semântica é decifrar a lógica que nos torna tanto vítimas quanto agentes do fetichismo
Por RENATO FRANCISCO DOS SANTOS PAULA: O Congresso tece uma ratoeira moral onde a democracia é o refém. Para escapar dessa armadilha de privilégios e blindagens, a indignação virtual precisa se tornar ação real: mobilização nas ruas e um voto consciente que puna os traidores da confiança popular
Por LISZT VIEIRA: A retaliação de Trump vai além de uma vingança pessoal; é um ataque calculado à soberania brasileira e à ordem multipolar emergente. O verdadeiro risco reside na transformação de um conflito político em uma crise diplomática total
Por PRISCILLA GLITZ MAYRINK & HENRI ACSELRAD: O discurso da "segurança climática" é uma arma estratégica. Sob o pretexto da proteção ambiental, potências hegemônicas e complexos industriais militares justificam intervenções globais, controle de recursos e a militarização de territórios
Por CHENG ENFU & YANG JUN: A revolução não é um evento do passado, mas um processo contínuo que se reinventa. Da conquista do poder à reforma do sistema e à transição para o comunismo, a "tríplice revolução" chinesa desafia a ideia de que o marxismo é uma teoria ultrapassada
Por ROBERTO VITAL ANAV: A blindagem aprovada no Congresso não protege a democracia, mas os seus membros. Ao criar uma casta intocável, inverte o legado da luta histórica pela imunidade e nos lança numa perigosa encruzilhada entre o Estado Democrático de Direito e os interesses obscuros que se protegem da Justiça
Por MARCOS DANTAS: Ao minerar nossos dados, o capital não descobriu uma nova mercadoria, mas sim a forma mais pura de sua lógica: transformar cada segundo de nossa vida, inclusive o lazer, em tempo de trabalho não pago. A fábula do "usuário" rui ante a realidade de que somos todos operários de uma planta industrial global e invisível
Por STEVEN FORTI: O manto de Deus e o amor à pátria servem agora de disfarce para um projeto de poder visceral. A nova estratégia não é mais se disfarçar, mas declarar abertamente a guerra cultural, transformando a esquerda no inimigo metafísico a ser erradicado
Por RODOLFO DAMIANO: A resiliência da Geração X, forjada na adversidade, tornou-se sua própria armadilha. O verdadeiro legado que precisam construir não é mais de resistência silenciosa, mas de aprender a finalmente cuidar de quem sempre cuidou de todos – inclusive de si mesmos
Por GIOVANNI FELIPPI: A condenação puniu o golpista, mas perdoou o projeto. Enquanto o neoliberalismo autoritário encontrar abrigo em novas lideranças "moderadas", a raiz do mal seguirá intacta. A festa é justa, mas a guerra continua
Por LEONARDO BOFF: O veredito não é vingança, mas a afirmação solene de que a democracia é um limite intransponível. A sentença sela a rejeição de um projeto de poder que quis normalizar a exceção e a barbárie
Por JEAN MARC VON DER WEID: A verdadeira barreira não é plantar sem veneno, mas colher em um sistema que só compra padrão. A agroecologia desafia a monocultura do pensamento mercadológico, propondo diversidade onde o mercado impõe uniformidade
Por SERAPHIM PIETROFORTE: O proselitismo disfarçado de diálogo não busca conversão religiosa, mas adesão política. Sua arma é uma semiótica grosseira que reduz o sagrado à cartilha de ódio
Por MARCIO POCHMANN: O abandono da industrialização madura condenou o país a uma reprimarização da economia, fragmentando o tecido social e espalhando a pobreza urbana para o interior. O fim da metropolização industrial não significou desenvolvimento, mas a multiplicação de favelas em novos polos de commodities, onde a riqueza exportadora convive com a informalidade e a violência organizada
Por VALERIO ARCARY: O assassinato de um líder fascista, ainda que repugnante, é uma tática contraproducente que substitui a luta essencial pela consciência das massas. Em vez de enfraquecer o inimigo, o terrorismo individual provoca repressão generalizada, martiriza o alvo e impede o debate ideológico
Por LUIZ MARQUES: O "fantasma da inutilidade" é um produto direto da financeirização da economia, que subordina o trabalho e o Estado à tirania dos acionistas e da especulação de curto prazo. Este novo capitalismo, ao demolir laços de lealdade e proteção social, gera uma precarização existencial
Por JOÃO P. PEREIRA: A democracia revela-se uma concessão instável, imposta pela luta de classes para evitar a guerra civil, mascarando a ditadura do capital no local de trabalho. O "mais-poder", concentrado na burguesia e em seu Estado, é a chave para entender essa dinâmica de soma zero