Por JOSÉ LEON CROCHICK, FÁBIO DE MARIA, LUÍS CÉSAR DE SOUZA, EDUARDO BORBA GILIOLI: Se o autoritarismo clássico odiava com uma razão perversa, sua versão contemporânea destrói sem objeto preciso, tornando a violência um impulso vazio e infinitamente mais perigoso
Por PAULO GHIRALDELLI: Quando a consulta se torna uma transação à distância, o que se vende não é mais medicina, mas a ilusão de eficiência — e o paciente vira espectador de sua própria doença
Por ESTER GAMMARDELLA RIZZI & MÁRCIO MORETTO RIBEIRO: A resposta à blindagem do poder não está em reformar as elites, mas em dissolvê-las, transformando cada cidadão, mesmo que temporariamente, em parte legítima do Estado
Por GABRIEL LUIZ CAMPOS DALPIAZ: A verdadeira compreensão da realidade desigual não é um impasse, mas o ponto de partida para transformá-la, elevando a razão sobre as contradições
Por RUBEN BAUER NAVEIRA: A aparente guinada pro-Ucrânia soa como um ardil para empurrar a OTAN europeia a um confronto com a Rússia, enquanto os EUA se posicionam como meros fornecedores de armas, não como parceiros no campo de batalha
Por LUIZ MARQUES: O ressurgimento de uma esquerda plural e conectada com anseios nacionais aponta para uma primavera política, marcada pelo otimismo e pela crença num futuro de solidariedade global
Por JEAN MARC VON DER WEID: A vitória contra a impunidade é possível, mas está condicionada à capacidade de sustentar a pressão popular frente a um Congresso que negocia a própria lei em benefício de uma falsa pacificação
Por BORIS AKUNIN: A história russa parece condenada a um ciclo eterno, oscilando entre o degelo e o gelo, até que a corrente da centralização imperial, esticada ao extremo, finalmente se rompa
Por GILBERTO LOPES: No desfile militar em 3 de setembro último, Xi Jinping apresentou sua visão da nova ordem mundial em cinco pontos para uma Iniciativa de Governança Global: todos os países, independentemente de seu tamanho, força ou riqueza, devem participar e beneficiar-se igualmente da governança global
Por EMILIO CAFASSI: A derrota não foi apenas numérica, mas moral: a ferrugem da corrupção e a brutalidade do ajuste econômico corroeram a legitimidade do governo. A resposta veio das urnas pelo vazio e das ruas pelos corpos
Por MARCO MONDAINI & CAPITÃO QUITAÚNA: A formação militar brasileira ainda cultiva, por meio de manuais e narrativas históricas enviesadas, a figura de um "inimigo interno" como justificativa para intervenções. Essa doutrinação sutil, que equipara projetos políticos democráticos a ameaças fictícias, constitui o caldo cultural onde florescem aventuras golpistas
Por ARACY P. S. BALBANI: A máquina de crescimento urbano, movida a marketing político e parcerias nebulosas, prioriza a quantidade de unidades sobre a qualidade do habitat, negando quintais e convívio. Na sombra desse processo, a urbanização irregular e o crime organizado prosperam
Por ELISEU RAPHAEL VENTURI: A astúcia do autoritarismo reside em escapar à nomeação, infiltrando-se no cotidiano como promessa de ordem contra a angústia da incompletude
Por LUIZ CARLOS BRESSER-PEREIRA: Mais que a ausência de interferência, a liberdade republicana exige a dedicação ativa do cidadão ao bem comum. Ela supera o individualismo liberal ao unir direitos civis com virtude cívica, propondo um projeto de sociedade onde a participação política é dever para além do voto
Em nossa entrevista com Tiago Ferro, conversamos sobre sua entrada no universo da escrita literária após a morte de sua filha e como essa experiência marcou seus dois romances. Tratamos da tradição crítica brasileira, da situação da catástrofe contemporânea, do contexto norte-americano e sua relação com a brasilianização do mundo e o avanço do fascismo.