Por GIOVANNI FELIPPI: A condenação puniu o golpista, mas perdoou o projeto. Enquanto o neoliberalismo autoritário encontrar abrigo em novas lideranças "moderadas", a raiz do mal seguirá intacta. A festa é justa, mas a guerra continua
Por JOSÉ LUÍS FIORI: Enquanto a Europa aceitava sua vassalagem, o Brasil resistia e a China anunciava uma nova ordem. O eixo do poder global desloca-se definitivamente, enterrando a era da hegemonia unilateral
Por LEONARDO BOFF: O veredito não é vingança, mas a afirmação solene de que a democracia é um limite intransponível. A sentença sela a rejeição de um projeto de poder que quis normalizar a exceção e a barbárie
Por JEAN MARC VON DER WEID: A verdadeira barreira não é plantar sem veneno, mas colher em um sistema que só compra padrão. A agroecologia desafia a monocultura do pensamento mercadológico, propondo diversidade onde o mercado impõe uniformidade
Por SERAPHIM PIETROFORTE: O proselitismo disfarçado de diálogo não busca conversão religiosa, mas adesão política. Sua arma é uma semiótica grosseira que reduz o sagrado à cartilha de ódio
Por TARSO GENRO: A condenação dos golpistas foi um marco, porém a anistia inconstitucional é a nova trincheira do inimigo. A luta agora é uma guerra de movimento, onde a esquerda deve superar o pragmatismo eleitoreiro e se unir a uma sociedade civil renovada para assegurar que a vitória judicial se torne uma vitória política definitiva em 2026
Por MARCIO POCHMANN: O abandono da industrialização madura condenou o país a uma reprimarização da economia, fragmentando o tecido social e espalhando a pobreza urbana para o interior. O fim da metropolização industrial não significou desenvolvimento, mas a multiplicação de favelas em novos polos de commodities, onde a riqueza exportadora convive com a informalidade e a violência organizada
Por VALERIO ARCARY: O assassinato de um líder fascista, ainda que repugnante, é uma tática contraproducente que substitui a luta essencial pela consciência das massas. Em vez de enfraquecer o inimigo, o terrorismo individual provoca repressão generalizada, martiriza o alvo e impede o debate ideológico
Por LUIZ MARQUES: O "fantasma da inutilidade" é um produto direto da financeirização da economia, que subordina o trabalho e o Estado à tirania dos acionistas e da especulação de curto prazo. Este novo capitalismo, ao demolir laços de lealdade e proteção social, gera uma precarização existencial
Por JOÃO P. PEREIRA: A democracia revela-se uma concessão instável, imposta pela luta de classes para evitar a guerra civil, mascarando a ditadura do capital no local de trabalho. O "mais-poder", concentrado na burguesia e em seu Estado, é a chave para entender essa dinâmica de soma zero
Por FLÁVIO R. KOTHE: A verdadeira busca estética e filosófica exige ir além do moralmente "correto" imposto por qualquer grupo. A obra autêntica, como um ente autônomo, liberta-se dos paradigmas prefixados para desvelar, na sombra e na contradição, lampejos de uma verdade sempre inacabada e em devir
Por FERNANDO NOGUEIRA DA COSTA: O Brasil não é um petro-Estado primitivo, mas uma potência energética e agrícola com sofisticação tecnológica. Ignorar essa realidade em nome de um ideal industrialista anacrônico é subestimar a complexa teia setorial que sustenta e pode modernizar a economia nacional
Por CHRIS HEDGES: A morte de Kirk não é um epílogo de violência, mas seu prólogo. Transformado em mártir, seu legado tóxico servirá de justificativa sagrada para a tirania, eliminando os últimos freios ao abuso de Estado e à violência de seus seguidores
Por PEDRO PAULO ZAHLUTH BASTOS: A falha dos mercados de carbono não é acidental, mas estrutural. Eles subordinam a emergência climática à lógica do lucro, postergando a mudança real. Superar a crise exigirá substituir a fé cega no preço pela coragem política do planejamento público
Por LUÍS SÉRGIO CANÁRIO: A condenação de Bolsonaro é um marco inédito, mas não o epílogo. A história ensina que o golpismo é um instrumento sempre disponível para as classes dominantes, e a vigilância é o preço permanente da frágil democracia brasileira
Por FRANCISCO TEIXEIRA: A conversão das ideias liberais em seus opostos revela que a preocupação de Marx, mais do que pensar uma relação de adequabilidade entre base e superestrutura, é desmistificar a ilusão de um mundo que se apresenta como se todos fossem livres, iguais e proprietários