Por CAROLINE BOLETTA DE OLIVEIRA AGUIAR: O debate sobre as mudanças do clima tem sido mobilizado por corporações que, apontadas como responsáveis pelo problema, apresentam-se como portadoras das soluções
Por FÁBIO C. ZUCCOLOTTO: O histórico julgamento, ao nomear autores, crimes, responsabilidades e consequências, devolve à sociedade a possibilidade de falar do que foi vivido sem sucumbir ao silêncio cúmplice ou à negação covarde
Por AFRÂNIO CATANI: O ato físico de escrever, seja à mão ou em máquinas, é um ritual íntimo e fundamental do pensamento. Mais do que técnica, é um modo de habitar a linguagem, onde a lentidão do gesto forja a clareza da ideia, assim a materialidade do processo é inseparável da própria criação
Por JOÃO DOS REIS SILVA JÚNIOR: O capital fictício hipoteca o futuro e esgota o presente, convertendo vidas em variáveis de ajuste. As mortes por desespero são a expressão última de uma sociabilidade que, ao confiscar o amanhã, deixa o hoje insuportável. A única saída é uma luta material e subjetiva para reaver o tempo comum
Por HÉLIO ÁZARA & LUCIANA ALIAGA: A pretensão de um fim da história mostrou-se um mito; a pax americana revelou-se uma era de guerras por procuração; agora, assistimos ao seu ocaso, com o surgimento de um mundo multipolar; o novo equilíbrio, porém, nasce sob o signo do conflito
Por MANOEL VITOR BARBOSA NETO: A crítica acadêmica da religião não deve partir de elementos imateriais, subjetivos, transcendentais, mas a partir de elementos objetivos, materiais, históricos e fincadas não numa idealização de religião e de religioso, e sim, dentro de uma defesa de determinada compreensão de sociedade
Por GUILHERME RODRIGUES: Os tempos críticos que vivemos não estão produzindo crítica, mas nos paralisaram como se estivéssemos presos na redação de um paper infinito, escrevendo sempre da mesma maneira e sempre sobre o mesmo idêntico a si mesmo
Por JORGE LUIZ SOUTO MAIOR: A retórica da flexibilização é a profanação contemporânea dos direitos, um ritual que sacraliza o lucro ao custo de vidas. A resistência necessária não é nostálgica, mas sim a recusa firme de que a dignidade humana seja imolada no altar do mercado
Por VINÍCIUS DE OLIVEIRA PRUSCH: Ensinar literatura é, sob a luz adorniana, um ato de resistência. Resistência à semiformação, à lógica da troca e à barbárie, através da valorização do estranho, do complexo e da autonomia da forma estética que, mediando as contradições do mundo, oferece um vislumbre de emancipação
Por EMILIO CAFASSI: A promessa de exterminar a casta na Argentina revelou-se uma farsa tragicômica, onde o exorcista se tornou o sumo sacerdote da corrupção. O que se instala não é uma nova política, mas a velha engrenagem de suborno com novos operadores, corroendo a república desde seu núcleo
Por GUSTAVO HASSELMANN: A racionalidade neoliberal conforma a realidade, substituindo a solidariedade pela concorrência total. Ele não é uma fase, mas um sistema totalizante que esvazia a democracia e a dignidade humana. A saída não está em humanizar o capitalismo, mas em transcender seu modelo predatório por meio de alternativas genuinamente anti-capitalistas
Por OTÁVIO ALMEIDA FILHO: Como é possível que a Europa se curve de forma tão humilhante perante os EUA e que no Brasil ainda trinta e cinco por cento da população aplauda, vote e mande PIX para esse tumor maligno chamado Jair Bolsonaro?
Por TADEU VALADARES: O outono do hegemonismo americano, turbinado por Trump, não anuncia uma nova ordem, mas um perigoso lusco-fusco. Nele, a soberania absoluta de Bodin é ruína, e a vontade geral de Rousseau, uma quimera, deixando-nos à deriva na transição caótica entre uma ordem baseada em regras que definham e outra, ainda informe, que se gesta no conflito
Por TARSO GENRO: Diante do assédio dos poderes fáticos, a democracia sobrevive não como forma vazia, mas na coragem de reinterpretar seu passado revolucionário: expandir as garantias da lei para conter tanto o Estado quanto o mercado, assegurando que a filosofia não seja enterrada pela ação criminosa
Por ANDREW KORYBKO: A julgar pelas palavras de Trump até agora e por relatos recentes, ele está abusando da sorte com Putin, que está aberto a compromissos, não a concessões, tampouco a concessões significativas em termos de segurança. Se a abordagem não mudar, espera-se uma escalada séria
Por DANIELE DE PAULA: O julgamento de Bolsonaro e seus aliados marca um momento histórico para a democracia brasileira, oferecendo uma oportunidade de romper com a tradição de impunidade que marca a história do país
Por CARLOS EDUARDO ARAÚJO: O Iluminismo, que foi e continua sendo uma ode ao conhecimento, à ciência e ao progresso, desempenhou um papel inestimável nessa caminhada da humanidade