Raymond Aron

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Por AFRÂNIO CATANI*

Comentário sobre o livro “Memórias” do intelectual francês.

Não se constitui em tarefa das mais tranquilas falar das 855 páginas das Memórias de Raymond Aron (1905-1983), professor, pensador e jornalista francês cujas ideias e atividades sempre estiveram estreitamente ligadas à história política e intelectual de seu país. Autor de vasta obra – cerca de 40 livros e centenas de artigos acadêmicos –, colaborador do jornal Le Figaro por mais de 30 anos (1947-1977), do semanário L’Express (a partir de 1977), professor da Sorbonne e do Collège de France.

Aron começou a escrever suas reminiscências apenas aos 74 anos, depois de vitimado dois anos antes por uma embolia que lhe frustrou o projeto de elaborar outros estudos teóricos – as memórias, no seu entender, exigiram um “menor esforço intelectual” (p. 764). Pode ser, mas o fato é que Aron trabalhou cerca de quatro anos nos originais, editados somente em 1983 pela Julliard.

Divididas em cinco partes – A educação política (1905-1939); A tentação da política (1939-1955); Um professor na tormenta (1955-1969); os anos do mandarim (1969-1977) e O adiamento (1977-1982) – e um epílogo, as Memórias são agradáveis de serem lidas. Escritas na primeira pessoa, com muita ironia, bom humor e estilo cativante, o livro de Raymond Claude Ferdinand Aron (seu nome completo) começa enfocando sua infância, como o caçula de um casal que “pertencia à média burguesia do judaísmo francês” (p. 14).

Aron fala de seus irmãos (Adrian e Robert), das dificuldades financeiras enfrentadas pelos pais após perderem tudo na Bolsa em 1929, bem como de sua formação escolar, ocasião em que foi colega de Jean Maugüé – professor da USP logo no início da construção dessa universidade –, em que refinou sua formação cultural através do aprendizado de latim, grego e história e, também, em que conheceu Jean Paul-Sartre e dele se tornou, durante algumas décadas, amigo e parceiro de discussões – ambos se conheceram na Sorbonne nos anos 1920 e logo se entenderam, a ponto de Sartre confidenciar a Simone de Beauvoir o seguinte: “Só me sinto bem quando Aron chega”.

Aron faz sua agrégation (1) em 1928, tendo obtido a primeira classificação com uma diferença considerável (10 pontos) sobre Emmanuel Mounier, o segundo colocado. Nesse mesmo ano, Sartre não foi aprovado, tendo obtido a agrégation apenas em 1929, com um total de pontos superior ao de Aron. Ainda nessa parte – A educação política, 1905-1939 – fala dos anos passados na Alemanha, tendo sido, já em 1931, assistente de francês na Universidade de Colônia, no departamento de línguas românicas. Dois anos depois (31/01/1933), assiste à ascensão de Hitler à Chancelaria. Os anos em que permaneceu em Colônia lhe foram de grande utilidade, tendo sido atraído pela sociologia de Max Weber (do qual foi um dos introdutores na França), tomado contato com a fenomenologia de Edmund Husserl e os trabalhos de Martin Heidegger – apesar de não se interessar muito, teve o mérito de levá-lo a Sartre – e, também, se ligando em política (o que Sartre só faria muitos anos depois).(2)

Aron, entre 1928 e 1933, se aproximou da Nouvelle Revue Française, através de artigos escritos para Europe e Libres Propos, artigos esses que trata “quase todos das relações franco-alemãs, da ascensão do nacional socialismo e da revolução hitlerista” (p. 835). Já de volta à França, por recomendação de Célestin Bouglé, foi encarregado do curso de Filosofia na Escola Normal Superior, mais conhecida pelo nome de Escola de Saint-Cloud. E antes que a II Guerra Mundial estourasse, ficou, entre 1937 e 1938, na Universidade de Bordeaux, lecionando Sociologia (p.167).

A tentação da política

A segunda parte (A tentação da política, 1939-1955) tem início em setembro de 1939, com o alistamento de Aron no exército francês para enfrentar as tropas de Hitler – ele se apresentou e partiu para a fronteira belga, “lá onde deveria estabelecer-se o posto meteorológico OM1” (p.178). A capitulação francesa em maio de 1940 leva-o à Resistência Francesa no exílio (em Londres), para onde se dirigiu em junho de 1940. Passados alguns meses, tornou-se um dos editores da revista La France Libre, ao longo de quase cinco anos, assinando artigos com o pseudônimo de René Avord.

Em agosto de 1939, pouco antes da guerra, Aron foi nomeado “mestre de conferências” na Faculdade de Letras de Toulouse. Quando retornou, com o fim das hostilidades, optou por não seguir a carreira universitária. “Para falar cruamente, estava atacado pelo vírus político. Não que sonhasse (…) com uma carreira política. O que me decidiu a interromper a carreira universitária à qual me destinava, (…) foi a transformação de minha própria pessoa, em virtude dos anos de Londres, que passara bem próximo dos atores da História no exercício do jornalismo. No fundo, não confessava nem pra mim mesmo, a universidade tal como a conhecera, tal como a adivinhei antecipadamente, entediava-me (…).

Em 1944-1945, outra ambição desviou-me provisoriamente do que hoje denominaria meu lugar natural; a ambição de participar dos grandes debates nacionais, de servir à minha pátria, de não ter de suportar impacientemente caso a França novamente se afundasse no declínio. Meu país estava libertado e restava tudo por fazer (…) Minha ambição autêntica, estritamente intelectual, cedeu por uns tempos ao sonho do serviço público e à intoxicação política. Eu me pergunto raramente acerca do que teria sido minha existência e minha obra se tivesse ocupado a cadeira de Bordeaux, que provavelmente me teria conduzido à Paris, não em 1955 mas em 1948…” (p. 215-21). (3)

Aron começou a escrever para Combat em março de 1946, então o jornal mais famoso nos meios literários ou políticos de Paris. Os editoriais eram redigidos por Albert Camus e a equipe se compunha de uma plêiade de intelectuais que, “saídos da Resistência, não haviam ainda reconquistado o seu lugar natural” (p. 228). Na patota se destacavam, entre outros, Albert Olivier, Jacque Merleau-Ponty (primo de Maurice Merleau-Ponty, professor de Filosofia em Nanterre), Pierre Kaufman (professor na mesma universidade), Alexandre Astruc, Roger Grenier e Aron – todos dirigidos por Pascal Pia. As colaborações de Aron no Combat impressionaram a Pierre Brisson, redator-chefe de Le Figaro até sua morte, em 1965. Assim, na primavera de 1947, Brisson “convenceu-me a escrever uma série de artigos por mês. Fui pago por colaboração publicada” (p. 242). (4)

Aron foi militante, de 1948 a 1952, do RPF (Reagrupamento do Povo Francês), o partido do genial do General Charles de Gaulle. Entretanto, antes e depois de 1948 e 1952, foi militante da Unidade e Comunidade Europeias: “Reuniões públicas, colóquios, seminários de estudos foram bastante numerosos durante os anos da guerra fria e os anos seguintes para que me lembre de todos” (p. 260). Continuou no jornalismo, mas em nenhum momento, renunciou ao ensino ou deixou de escrever livros.

Ministrou cursos na Escola Nacional de Administração e no Instituto de Estudos Políticos, conferências em universidades estrangeiras – particularmente em Manchester e em Tübingen. Escreveu dois livros, Le grand schisme (1948) e Les guerres en chanine (1951), “tentativas de uma espécie de filosofia imediata da história – em processo que deveria servir de contexto e de fundamento para meus comentários cotidianos ou hebdomadários e para meus posicionamentos” (p. 311). Le grand schisme desenhava em grandes linhas, ao mesmo tempo, o mapa da política mundial e o da política francesa. Afirmou, neste livro, que o relacionamento entre as grandes potências poderia ser resumido pelas seguintes palavras: “paz impossível – guerra improvável”, sábias palavras, que continuam verdadeiras até hoje (p. 312).

Um professor na tormenta

Um professor na tormenta (1955-1969), pouco com pouco mais de 200 páginas, vem a ser a terceira parte das Memórias. Tem início com a sua volta à Sorbonne, em 1955. Não resisto e transcrevo, agora, as palavras da primeira página: “Esperei da Sorbonne a disciplina que perdera. O nascimento de uma filhinha mongolóide, em julho de 1950, a morte de Emmanuelle [sua segunda filha, nascida em 1944, na Inglaterra] poucos meses depois, levada por uma leucemia fulminante, haviam me mortificado mais do que saberia dizer. Não existe aprendizado da desgraça. Quando ela nos atinge, temos ainda tudo a aprender. Fui um mal aluno, vagaroso e revoltado. Busquei refúgio no trabalho. Quanto mais me afundava nesse refúgio ilusório, mais me perdia a mim mesmo. Consciente de me perder, sofria mais ainda, além da própria infelicidade, feridas que o tempo não cicatrizou. Esperei da Sorbonne um socorro e não fui enganado em minhas esperanças. Ela não me devolveu o que o ano de 1950 me arrebatara para sempre, ela me ajudou a me reconciliar com a vida, com os outros e comigo” (p. 365).

Em seguida, Aron descreve as polêmicas e os bastidores da fervilhante vida acadêmica francesa, focalizando os embates por ocasião do seu ingresso como docente, suas divergências acerca do papel da universidade, sua companhia através de artigos em jornais e revistas a respeito da necessidade de reformas, as bancas de tese, o maio de 1968 (tema que é retomado no capítulo XVIII, “Ele não nos entendeu” ou Maio de 1968) etc.

Aron afirma que tinha 50 anos em 1955, quando concorreu com G. Balandier “uns 15 anos mais moço do que eu”, cuja candidatura fora suscitada por George Gurvitch, “que, entre outras qualidades, possuía a do ‘ativismo universitário’ (os telefonemas, as visitas eleitorais de porta em porta)”, tendo afirmado, “a quem quisesse ouvir, que meus livros e artigos me destinavam mais a uma pasta do ministério do que a uma cátedra de sociologia” (p. 36).

No contexto da Sorbonne – na verdade, era esse o nome que muitos ainda davam à Faculdade de Letras da Universidade de Paris –, “a eleição, precedida pelas visitas, constitui o equivalente de um rito de iniciação. Uma vez sofrida e vencida a prova, o eleito é aceito por todos, tanto os que combateram como os que o apoiaram. Outras contendas, outras ligações subterrâneas substituem as alianças que se tinham tecido antes da eleição e em função dela” (p. 367).

Em meados dos anos 1950, cada professor dispunha de um assistente, que corrigia as dissertações, dirigia os trabalhos dos alunos e ministrava também cursos. Pouco mais de uma década depois, modificou-se o regime para receber o título de doutor e, ao invés de apenas um, Aron dispunha de 10 assistentes que se ocupavam dos estudantes (p. 373). Nesse meio tempo, a Sociologia também ganha legitimidade, difundindo-se dentro e fora da universidade.

O primeiro curso público de Aron na Sorbonne teve como tema a sociedade industrial, onde se enfocava os planos quinquenais, a coletivização agrária, os processos de Moscou – enfim, a União Soviética e sua política que tinha como meta “alcançar os Estados Unidos e desenvolver as forças de produção no sistema socialista”. Seus cursos iniciais acabam abordando temas que “aproximavam a Sociologia dita acadêmica dos boatos da praça pública”. Assim, Dezoito lições sobre a sociedade industrial, A luta de classes e Democracia e totalitarismo corresponderam aos cursos de, respectivamente, 1955-1956, 1956-1957 e 1957-1958 (p. 376). Ainda nos anos 1960, criou, no âmbito da VI Seção da École Pratique des Hautes Études, um centro de pesquisas denominado Centro Europeu de Sociologia Histórica, sendo Pierre Bourdieu seu secretário-geral e animador, “na verdade o diretor efetivo até a ruptura provocada pelos acontecimentos de 1968” (p. 380).

Os anos 1955-1968 foram os mais universitários da vida de Aron, pois, dos treze cursos que ministrou, cinco saíram sob a forma de apostila antes de serem editados em livros, expôs uma parte de Paz e guerra entre as nações, deu no Instituto de Estudos Políticos “o primeiro curso jamais ministrado na França sobre a estratégia nuclear e redigi em três semanas, a posteriori, Le grande débat. Em 1967, sob o título de Espoir et peur du siècle, reuni três ensaios sobre La droite, la décadence, la guerre; em 1965, para a Enciclopaedia Britannica, escrevi um roof article, de fato um livro que só foi publicado na França em 1968, Les désillusions du progrès. Em compensação, não utilizei um curso de um ano sobre o pensamento político de Montesquieu, um outro sobre o de Spinoza, um curso de um ano (duas horas por semana) sobre Marx, outro ainda (duas horas por semana) sobre igualdade. Essas aulas originavam-se em parte da atualidade, dos problemas que a área nos propunha” (p. 381-382).

Em outros capítulos desta terceira parte (A tragédia argelina, A sociedade industrial, O grande projeto do general; Paz e guerra), Aron transcreve longos trechos de seus livros, artigos publicados na imprensa e anotações de cursos, merecendo destaque suas tomadas de posição acerca do conflito argelino.

Para não me alongar, acho que Wilson Coutinho resumiu com propriedade o pensamento de Aron a respeito: “Foi contra a guerra da Argélia, que dividiu o país, nos anos 60, sem apelar para nenhum estribilho ruidoso. Apenas demonstrava com frieza que era uma bobagem em termos econômicos manter a Argélia associada à França. Sartre, ao contrário, queria que os soldados desertassem. ‘Sartre faz isto porque não se preocupa com o fato de que um desertor pode ser fuzilado’, opôs-se Aron”. Em Paz e Guerra (5) reflete sobre a conjuntura internacional e a disputa entre os Estados Unidos e a União Soviética. No seu entender, as duas grandes potências partirão para um conflito total, mas acabam estabelecendo zonas periféricas onde deverão ocorrer confrontos político-militares (tais zona seriam, em especial, o Oriente Médio, a África e regiões da Ásia). Além disso, Aron tece uma série de considerações acerca da estratégia nuclear, conforme já se mencionou no parágrafo anterior.

Finalmente, merecem ainda algumas considerações o capítulo “Ele não nos entendeu” ou Maio de 1968 (p. 513-544), onde Aron narra seu rompimento com uma série de amigos e companheiros de trabalho. Análise detalhada dos acontecimentos demandaria uma série de considerações que não é possível realizar momento. Apenas chamo a atenção para o virulento artigo de Sartre contra as posições de Aron, que considerava reacionárias. (6) Atacava bastante o General Charles De Gaulle e fazia várias críticas a Aron.

Nos trechos mais conhecidos, Sartre afirmava: “o professor da faculdade quase sempre é (…) um cavalheiro que fez uma tese e a declama o resto da vida (…) Quando Aron, envelhecendo, repete indefinidamente para seus alunos a ideia da tese, escrita antes da guerra de 1939, sem que os que o escutam possam exercer sobre ele o menor controle crítico, exerce um poder real, mas que certamente não está baseado num saber digno desse nome (…) Dou a minha mão a cortar se Raymond Aron jamais se questionou, e é por isso que, a meu ver, é indigno de ser professor (…). Isso supõe sobretudo que cada docente aceite ser julgado e contestado por aqueles a quem ensina, e que se convença: ‘Eles me querem inteiramente nu’. É vexatório para ele, mas é preciso, agora que a França inteira viu De Gaulle todo nu, que os estudantes possam encarar Raymond Aron todo nu. Não se lhe devolverão as roupas se não aceitar a contestação”.

Na verdade, as acusações de Sartre com relação a Aron não eram lá as mais corretas. Em primeiro lugar, Aron sempre deu cursos “novos”, que a cada dois anos (ou no máximo três) inevitavelmente se transformavam em livros ou em artigos; publicou quase 40 livros, centenas de artigos acadêmicos, foi colaborador de dezenas de periódicos universitários – além de sua atividade na imprensa por mais de 40 anos. Não se deve esquecer, também, que Aron sempre foi um crítico do sistema de ensino universitário francês, o que lhe carreou, durante certa época, a antipatia de boa parte dos chamados “mandarins do ensino”.

Os anos do Mandarim

Na parte quatro (Os anos do Mandarim – 1969-1977), que abrange cerca de 170 páginas, Aron detalha o período de 30 anos em que colaborou no Le Figaro, fala de suas concepções acerca da conjuntura política internacional, tece configurações sobre a “decadência do Ocidente”, detalha a presença dos Estados Unidos no cenário político contemporâneo, enfatizando o papel desempenhado durante os anos 1970, por seu amigo Henry Kissinger, e dedica algumas linhas sobre sua entrada no Collège de France, a mais legítima instituição acadêmica de seu país.

O adiamento

A quinta parte (O adiamento: 1977-1982) é dedicada à embolia que sofreu em abril de 1977, quando tinha 72 anos, e que lhe prejudicou ligeiramente a fala. Dois anos depois, decidiu escrever as Memórias. Aron ocupa-se ainda, em 10 páginas, com suas colaborações em L’Express e faz um balanço de sua geração no último capítulo.

No epílogo (p. 811-833) realiza uma espécie de balanço de sua atividade ao longo de mais de 50 anos de militância, concluindo com as seguintes palavras: “Se me entregasse meus amores negros, diria que todas as ideias, todas as causas pelas quais lutei aparecem postas em perigo no momento mesmo em que se concorda, retrospectivamente, em que não andei errado na maior parte de meus combates. Não quero, porém, ceder ao desencorajamento. Os regimes pelos quais advoguei e nos quais alguns não viam mais do que um disfarce do poder, por essência arbitrário e violento, são frágeis e turbulentos: porém, enquanto permanecerem livres, guardarão recursos insuspeitos. Continuaremos a viver por muito tempo à sombra do apocalipse nuclear, divididos entre o medo que inspiram as armas monstruosas e a esperança que despertam os milagres da ciência“ (p. 832).

Ardoroso crítico do socialismo e cético em relação ao comunismo, inevitavelmente assumindo posições que poderiam ser classificadas como conservadoras, perdi a conta do número de vezes em que Aron me deixou irritado. Entretanto, a leitura de suas Memórias, mesmo para aqueles que desconhecem completamente sua obra, não deixará dúvidas de que Aron foi um dos expoentes do pensamento liberal contemporâneo e, sempre, coerentemente com sua postura crítica, desafiou os dogmas da esquerda até o fim da vida, não cansando de se preocupar com a dialética entre totalitarismo e democracia. (7)

*Afrânio Catani, professor aposentado na USP e professor visitante na UFF, é um dos organizadores do Vocabulário Bourdieu (Autêntica).

Referência


Raymond Aron. Memórias. Tradução: Octávio Alves Velho. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 855 págs.

Notas


(1) Agrégation: “é o concurso que dá direito a lecionar nas escolas secundárias. Nas cadeiras de Direito, Medicina e Farmácia, dá acesso ao ensino superior nessas especialidades” – nota do tradutor, Octávio Alves velho, p. 15. A agrégation é constituída de sete provas, escritas e orais, nas quais o candidato pode atingir o máximo de 110 pontos (Aron, Memórias, p. 41). A agrégation em Filosofia, por exemplo, inclui “a tradução e o comentário de um texto em grego” (p.29).

(2) Ver, a respeito, Wilson Coutinho (Folha de S. Paulo, 10/9/1986, p. 56), em que são discutidas as Memórias de Aron e a biografia de Annie Cohen-Solal, Sartre: 1905-1980. Porto Alegre: L&PM, 1986, 692 páginas.

(3) Aron fracassou em 1948, num concurso de ingresso a Sorbonne, afirmando que Georges Gurvitch foi o escolhido. De acordo com Aron, sua participação como articulista do Le Figaro acabou por prejudicá-lo, pois durante sua visita de candidato aos membros da banca, Georges Davy interpretou que, se ele se visse obrigado a optar entre a Sorbonne o jornal Le Figaro, não renunciaria ao jornalismo. Davy repetiu essa interpretação na assembleia de professores, “por malícia ou ingenuidade, e decidiu assim uma eleição apertada”. Aron escreveu que “havia três candidatos, G. Gurvitch, J. Stoetzel e eu; J. Stoetzel especificou que não agia como candidato diante de mim, mas os favores do diretor da seção de Filosofia, J. Laporte, eram para ele. Os boletins que se inclinaram por ele da primeira vez deveriam normalmente ter sido por mim. As palavras comunicadas por Davy deslocaram provavelmente as poucas vozes que garantiram o sucesso de Gurvitch” (p. 240).

(4) Às páginas 243-244 e segs, Aron detalha o papel de P. Brisson na reconstrução do Le Figaro que, logo depois da guerra se tornou, em poucos meses, “o matutino nacional” (p. 243).

(5) Em português, foi editada pela Universidade de Brasília (trad. Sérgio Bath) com o título Paz e guerra entre as nações. 492 páginas. A edição original, em língua francesa, data de 1982.

(6) O artigo de Sartre, publicado na revista semanal Le Nouvel Observateur (19. Junho. 1968), se intitula “As Bastilhas de Raymond Aron”. Ver em especial, as págs 531-532 das Memórias, de onde foram extraídas as citações que aparecem ao longo deste parágrafo.

(7) O presente artigo reproduz, com pequenas alterações, resenha publicada na Revista de Administração de Empresas (RAE), EAESP-FGV, vol. 27, n. 2, p. 61-64, abril-junho, 1987.

 

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