A era da política quântica

Imagem: Hieronymus Bosch
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Por GIULIANO DA EMPOLI*

Leia um trecho do livro recém editado “Os engenheiros do caos”

Ronnie McMiller dedicou sua vida inteira aos felinos. Há 20 anos ele dirige o Millwood Cat Rescue de Edwalton, na Inglaterra, entidade que tem como atividade oferecer refúgio a gatos abandonados do condado. Ronnie os recupera quando estão em dificuldades e proporciona um teto enquanto os bichanos esperam pela oportunidade de serem adotados por novas famílias. Essas não são poucas na região, tendo em vista a paixão indefectível dos britânicos por animais domésticos.

Mas, ultimamente, Ronnie constatou e revelou um estranho fenômeno. Entre os felinos que recebe, a proporção de gatos pretos aumentou de forma desmedida. Eles são mais numerosos que antes em seus abrigos, e se revelam muito mais difíceis de realocar nas famílias que procuram um animal de companhia.

Ronnie está perplexo. Sabe-se que os gatos pretos sempre tiveram reputação duvidosa, por causa de histórias de má sorte e de bruxaria, mas essas ideias pareciam definitivamente ultrapassadas. As antigas superstições estariam de volta?

Olhando mais de perto, no entanto, o fenômeno não atinge só os gatos pretos, mas, em geral, todos aqueles que têm a pelagem escura. Por uma razão qualquer, as pessoas parecem querer se desfazer mais deles do que antes. E, do outro lado do balcão, não desejam adotá-los. “Você não tem outros?”, pergunta um garoto a quem ele propôs levar para casa um bonito gatinho preto ou um marrom-tigrado.

Para Ronnie, essa história continua a ser um mistério, até porque ele tem mais de 70 anos, e certas coisas não vêm mais naturalmente a seu espírito. Mas, um dia, alguém lhe dá enfim uma explicação lógica, sem incômodo aparente, como se fosse de fato normal: “Veja, na verdade os gatos escuros não saem bem nas selfies. É difícil distinguir suas formas: eles aparecem como uma mancha indefinida. E quem é que quer se mostrar num retrato tendo nos braços um monstrinho preto, quando os gatos brancos e ruivos são tão fotogênicos?”.

A revelação deixa Ronnie de boca aberta. Em seguida, ele se irrita: como é possível que a maldição que pesa sobre os gatos negros desde os séculos obscuros da Idade Média tenha como destino se perpetuar por um motivo tão estúpido? Assim, ele pega o telefone e relata o fenômeno à Royal Society for the Prevention of Cruelty to Animals, a venerável instituição que, há cerca de dois séculos, zela pelo bem-estar da fauna que goza do privilégio de viver no Reino Unido. Aí veio a segunda surpresa.

O caso de Edwalton está longe de ser isolado. Foi o país inteiro que se voltou contra os gatos pretos. Segundo dados da RSPCA, três quartos dos felinos abrigados nos refúgios britânicos são de cor escura, uma proporção em crescimento constante nos últimos anos. No conjunto do território nacional, os súditos de Sua Majestade, ocupados em se fotografar de forma frenética, como todos os habitantes da Terra, rejeitam em massa os gatos menos fotogênicos. Mas as vítimas da cultura dos selfies não se contam apenas entre os felinos.

Na era do narcisismo de massa, a democracia representativa está em risco de se ver mais ou menos na mesma situação que os gatos pretos. De fato, seu princípio fundamental, a intermediação, contrasta de modo radical com o espírito do tempo e com as novas tecnologias que tornam possível a desintermediação em todos os domínios. Assim, seus tempos – forçosamente longos por se basearem na exigência de elaborar e firmar compromissos –, suscitam a indignação de consumidores habituados a ver suas exigências satisfeitas em um clique. Até mesmo nos detalhes, a democracia representativa aparece como uma máquina concebida para ferir o ego dos viciados em selfies. Como assim, voto secreto? As novas convenções possibilitam, ou ao menos pretendem, que cada um se fotografe em toda e qualquer ocasião, do show de rock ao enterro. Mas se você tentar fazê-lo na cabine de voto, tudo é anulado? Não é o tratamento aos quais fomos acostumados pela Amazon e pelas redes sociais!

Os novos movimentos populares e nacionalistas nascem também dessa insatisfação. Não é por acaso que eles põem, no centro de seu programa, a ideia de submeter a democracia representativa ao mesmo destino que o gato preto.

Como já vimos, a instauração de uma democracia direta eletrônica que tomaria o lugar do velho sistema parlamentar é a razão de ser do Movimento 5 Estrelas, a grande ideia de Gianroberto Casaleggio, à qual seu filho não parece ter renunciado. O governo de Mister Conte, aliás, inaugurou o estranho oximoro de um “ministro encarregado das relações entre o parlamento e a democracia direta”.

Mas, antes dos programas, é preciso ver que a superação da democracia representativa já está disponível na oferta de participação que os novos movimentos populistas propõem a seus afiliados. Esse aspecto escapa quase sempre aos observadores, e, no entanto, é fundamental para entender a força de atração desses movimentos. Se a vontade de participar vem quase sempre da raiva acumulada, a experiência da participação no 5 Estrelas, na revolução trumpista ou no turbilhão dos Coletes Amarelos é uma experiência muito gratificante – e frequentemente alegre.

As imagens dos Coletes Amarelos que fizeram a volta ao mundo são aquelas da violência nos Champs-Elysées e dos saques às lojas parisienses. Mas, nas redes sociais, foram vistas também muitas cenas festivas, com manifestantes dançando nas rotatórias ao ritmo de melodias folclóricas e se divertindo fazendo troça uns dos outros. Para quem vive em condições de real isolamento, aderir ao carnaval populista significa fazer parte de uma comunidade e, em certo sentido, mudar de vida, mesmo se os objetivos políticos da iniciativa não são atingidos.

Na retórica dos 5 Estrelas, como nos comícios de Trump, encontra-se um tipo de lição de desenvolvimento pessoal que pretende liberar as energias do indivíduo, por muito tempo reprimidas. “A chave do sucesso de Trump”, escreve Matt Taibbi, “é a ideia segundo a qual as velhas regras de decência foram feitas para os perdedores, que não têm o coração, a coragem e a ‘trumpitude’ para serem, simplesmente, eles mesmos”. É uma mensagem libertadora, potente, perfeitamente em linha com a era do narcisismo de massa.

Para além da dimensão física, é no terreno virtual que a adesão aos movimentos nacional-populistas encontra sua realização mais completa. Lá, os algoritmos desenvolvidos e instaurados pelos engenheiros do caos dão a cada indivíduo a impressão de estar no coração de um levante histórico, e de, enfim, ser ator de uma história que ele achava que estaria condenado a suportar passivamente como figurante.

Take back control!” – “retome o controle”–, o slogan do Brexit que é o argumento principal de todos os movimentos nacional-populistas, baseia-se num instinto primitivo do ser humano. Interrogando os sobreviventes dos campos de concentração, Bruno Bettelheim descobriu que aqueles que sobreviveram eram sobretudo os que conseguiram estabelecer uma zona de controle, mesmo imaginária, sobre sua vida cotidiana nos campos. Os psicólogos que estudam as pessoas idosas nos asilos constataram o mesmo processo. Quando se dá aos hóspedes dessas estruturas a possibilidade de, ao menos, escolher um quadro ou mudar um móvel de lugar, eles viverão melhor e mais tempo do que se tiverem que se submeter a condições de vida totalmente alheias à sua vontade.

Esse desejo de controle é tão forte que ele nos acompanha mesmo quando pretendemos nos abandonar à nossa própria sorte. O sujeito que joga dados, por exemplo, quer lançá-los ele próprio. E nos casos em que o resultado é oculto, ele está pronto a apostar somas muito mais elevadas no escuro do que depois de lançar. A mesma coisa vale para os outros jogos. Quem compra um bilhete de loteria quer escolher os números. Quem decide uma disputa no lançamento de moedas para o alto prefere lançar ele próprio. É toda a importância do controle, um instinto de tal forma ancorado no homem que não o abandona jamais, mesmo quando ele aposta na roleta.

Em essência, a democracia não é nada mais do que isso. Um sistema que permite aos membros de uma comunidade exercer um controle sobre seu próprio destino, não se sentir à mercê dos eventos ou de uma força superior qualquer. Assegurar a dignidade de indivíduos autônomos, responsáveis por suas escolhas e as consequências delas. Eis por que não se pode fechar os olhos para o fato de, um pouco em todos os lugares, os eleitores demonstrarem o sentimento de ter perdido o controle de seu destino por causa de forças que ameaçam seu bem-estar, sem que as classes dirigentes mexam um dedo para ajudá-los. Os engenheiros do caos entenderam que esse mal-estar poderia se transformar em um formidável recurso político e utilizaram sua magia, mais ou menos negra, para multiplicá-lo e dirigi-lo para seus próprios fins. Em termos de programa, a resposta que os nacional-populistas trazem à perda de controle é antiga: o fechamento. Fechar as fronteiras, abolir os tratados de livre-comércio, proteger aqueles que se encontram no interior através da construção de um muro, metafórico ou real, face ao mundo exterior. Mas, como tentamos mostrar até aqui, em termos de formas e de instrumentos, os engenheiros do caos conseguiram um corpo de vantagem. Para retomar a frase de Woody Allen: na era do narcisismo tecnológico, “os maus sem dúvida compreenderam algo que os bons ignoram”.

O personagem de Dominic Cummings, interpretado por Benedict Cumberbatch numa excelente ficção sobre o Brexit (Brexit: The Uncivil War), resume bem a maneira com que a raiva contemporânea pode ser explorada graças às novas tecnologias: “É como se nos encontrássemos numa plataforma petrolífera onde há todas essas reservas de energia escondidas, acumuladas durante anos nas profundezas submarinas. Tudo o que temos que fazer é descobrir onde elas estão, escavar e abrir a válvula para liberar a pressão”.

Para obter esse resultado, os engenheiros do caos algumas vezes se valeram de meios ilegais. A campanha do Brexit está sendo hoje investigada por uso de dados recolhidos pela empresa AggregateIQ, dados que permitiram que fosse enviado mais de um bilhão de mensagens personalizadas aos eleitores britânicos durante a campanha.

Esses tipos de abusos correm o risco de se multiplicar cada vez que os engenheiros do caos chegam ao poder. Na Grã-Bretanha, assim que desembarcou na Downing Street como principal conselheiro de Boris Johnson, Dominic Cummings lançou uma gigantesca campanha de comunicação oficial a favor do Brexit, centralizando os dados de todos os sites da administração britânica para poder enviar mensagens sob medida a cada súdito de Sua Majestade. Na Índia, o partido nacional populista no poder, o BJP, foi mais longe, oferecendo smartphones aos jovens e às mulheres, supostamente com o objetivo de reduzir desigualdades, para, em seguida, bombardeá-los com mensagens de propaganda dos candidatos do partido.

Mas, à parte os abusos, a força dos engenheiros do caos tem sido sobretudo a de serem capazes de lembrar que a política não é feita só de números e de interesses. É possível que nós tenhamos entrado num mundo novo, mas alguns fundamentos permanecem os mesmos. Não basta ser o primeiro da classe para ganhar, é preciso saber traçar seu caminho e, sobretudo, despertar paixões.

A capacidade de liderança e a força de uma visão política continuam a ser determinantes. Não existe projeto político vitorioso que não traga em si a vontade contagiosa de transformar a realidade, mesmo que seja dando vários passos para trás, como deseja a maioria dos nacional-populistas.

Em uma geração, os progressistas passaram de “torne seus sonhos realidade” para “torne a realidade seu sonho”. Durante seu mandato, até mesmo para sua aprovação, Barack Obama fez a transição de “yes we can”, o slogan de seus inícios, para “don’t do stupid stuff ” – não faça bobagem –, sua regra de conduta na Casa Branca.

As forças moderadas, progressistas e liberais continuarão a recuar enquanto não conseguirem propor uma visão motivadora do futuro, capaz de trazer uma resposta convincente ao que Dominique Reynié chama de “crise patrimonial” – o medo já espalhado de perder ao mesmo tempo seu patrimônio material (seu nível de vida), e seu patrimônio imaterial (seu estilo de vida).

O objetivo deste livro, repito, não é o de negar a importância das respostas concretas para essa crise. Mas a História nos ensina que o maior reformador do século XX, Franklin Delano Roosevelt, soube, ele mesmo, combinar sua visão política com uma forma diferente de apreender a comunicação política – o que permitiu que impedisse o triunfo dos populistas de sua época. No começo dos anos 1930, o New Deal marca também o nascimento de uma New Politics, uma nova política que integra as técnicas de marketing e de publicidade desenvolvidas no setor privado para responder às expectativas e exigências dos eleitores. É, aliás, nessa época que aparecem os primeiros spin doctors modernos, dos quais nossos engenheiros do caos são distantes imitadores.

Hoje, a irrupção da internet e das redes sociais na política muda, mais uma vez, as regras do jogo e, paradoxalmente, ao mesmo tempo que fundadas sobre cálculos cada vez mais sofisticados, corre o risco de produzir efeitos crescentemente imprevisíveis e irracionais. Interpretar essa transformação requer uma verdadeira mudança de paradigma. Um pouco como os sábios do século passado, que foram forçados a abandonar as certezas, confortáveis mas enganosas, da física newtoniana para começar a explorar a mecânica quântica – inquietante, porém mais capaz de descrever a realidade –, nós devemos o quanto antes aceitar o fim das velhas lógicas políticas. Em seu tempo, a física newtoniana era baseada na observação a olho nu ou pelo telescópio. Ela descrevia um universo mecânico, regido por leis imutáveis, no qual certas causas produziam certas consequências. No início do século XX, os sábios pensavam ainda que a unidade última e indivisível da matéria era representada pelo átomo, uma partícula dotada de propriedades estáveis em cada um de seus comportamentos. Mas as descobertas de Max Planck e dos outros fundadores da física quântica vieram subverter essa visão plácida da realidade.

Hoje, sabemos que os átomos podem ser divididos e que eles contêm partículas cujo comportamento é extremamente imprevisível – elas se movem ao sabor do acaso e têm uma identidade tão frágil que o simples fato de as observar modifica seu comportamento.

A física quântica é salpicada de paradoxos e de fenômenos que desafiam as leis da racionalidade científica. Ela nos revela um mundo no qual nada é estável e onde uma realidade objetiva não pode existir – porque, inevitavelmente, cada observador a modifica na perspectiva de seu ponto de vista pessoal. Nessa dimensão, as interações são as propriedades mais importantes de cada objeto, e diversas verdades contraditórias podem existir sem que uma invalide a outra.

De maneira análoga, a política newtoniana estava adaptada a um mundo mais ou menos racional, controlável, no qual a uma ação correspondia uma reação e onde os eleitores podiam ser considerados como os átomos dotados de pertencimentos ideológicos, de classe ou de território, dos quais derivavam escolhas políticas definidas e constantes. De certa maneira, a democracia liberal é uma construção newtoniana, baseada na separação dos poderes e na ideia de que é possível, para os governantes e os governados, tomar decisões racionais, em cima de uma realidade mais ou menos objetiva. Empurrada a seu extremo, é a abordagem que pode conduzir, no dia seguinte à queda do Muro de Berlim, Francis Fukuyama a proclamar o fim da História.

Com a política quântica, a realidade objetiva não existe. Cada coisa se define, provisoriamente, em relação a uma outra, e, sobretudo, cada observador determina sua própria realidade. No novo mundo, como dizia o ex-presidente do Google, Eric Schmidt, é cada vez mais raro ter acesso a conteúdos que não sejam feitos sob medida. Os algoritmos da Apple, do Facebook ou do próprio Google fazem com que cada um de nós receba informações que nos interessam. E se, como diz Zuckerberg, nos interessamos mais por um esquilo agarrado na árvore em frente à nossa casa do que pela fome na África, o algoritmo dará um jeito de nos bombardear com as últimas notícias sobre os roedores do bairro, eliminando assim toda referência sobre o que se passa do outro lado do Mediterrâneo.

Assim, na política quântica, a versão do mundo que cada um de nós vê é literalmente invisível aos olhos de outros. O que afasta cada vez mais a possibilidade de um entendimento coletivo. Segundo a sabedoria popular, para se entender seria necessário “colocar-se no lugar do outro”, mas na realidade dos algoritmos essa operação se tornou impossível. Cada um marcha dentro de sua própria bolha, no interior da qual certas vozes se fazem ouvir mais do que outras e alguns fatos existem mais do que os outros. E nós não temos nenhuma possibilidade de sair disso, e menos ainda de trocar com outra pessoa. “Nós parecemos loucos uns para os outros”, diz Jaron Lanier, e é verdade. Não são nossas opiniões sobre os fatos que nos dividem, mas os fatos em si.

Na velha política newtoniana, a advertência de Daniel Patrick Moynihan, “Cada um tem direito a suas próprias opiniões, mas não a seus próprios fatos”, podia ainda ter valor, mas na política quântica esse princípio não é mais viável. E todos aqueles que se esforçam para reabilitá-lo contra os Salvini e os Trump, estão destinados ao fracasso.

A política quântica é plena de paradoxos: bilionários se tornam os porta-estandartes da cólera dos desvalidos; os responsáveis por decisões públicas fazem da ignorância uma bandeira; ministros contestam os dados de sua própria administração. O direito de se contradizer e ir embora, que Baudelaire invocava para os artistas, virou, para os novos políticos, o direito de se contradizer e permanecer, sustentando tudo e seu contrário, numa sucessão de tweets e de transmissões ao vivo no Facebook que vai construindo, tijolo após tijolo, uma realidade paralela para cada um dos seguidores.

Desde então, vociferar para exigir respeito às velhas regras do jogo da política newtoniana não serve para muita coisa. “A mecânica quântica”, escreveu Antonio Ereditato em seu último livro, “é uma teoria física indigesta porque entra em conflito de maneira dramática com nossa intuição e com a maneira pela qual nos habituamos a ver o mundo durante séculos.” E, no entanto, os físicos não cruzaram os braços. Armados de paciência e curiosidade, eles começaram a explorar as coordenadas do novo mundo no qual as descobertas de Max Planck e companhia os precipitaram.

Na política, essa atitude coincide exatamente com o espírito evocado por um outro grande reformador, John Maynard Keynes, quando, passadas a Primeira Guerra e a Revolução Soviética, se dirigia aos jovens liberais reunidos em sua Summer School:

“Quase toda a sabedoria de nossos homens de Estado foi erigida sobre pressupostos que eram verdadeiros numa época, ou parcialmente verdadeiros, e que o são, a cada dia, menos. Nós devemos inventar uma nova sabedoria para uma nova época. E ao mesmo tempo, se queremos reconstruir algo de bom, vamos precisar parecer heréticos, inoportunos e desobedientes aos olhos de todos aqueles que nos precederam.”

É desse espírito, ao mesmo tempo criador e subversivo, que todos os democratas deverão se apropriar para reinventar as formas e os conteúdos da política dos próximos anos, se quiserem ser capazes de defender seus valores e suas ideias na era da política quântica.

*Giuliano Da Empoli, ex-secretário de Cultura da cidade de Florença, dirige o grupo de pesquisas “Volta”.

Referência


Giuliano Da Empoli. Os engenheiros do caos. São Paulo, Vestígio, 2020, 190 págs.

 

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