Por YURI MARTINS-FONTES*
Verbete do “Dicionário marxismo na América”
Vida e práxis política
Caio da Silva Prado Júnior nasceu em 1907, no seio de uma abastada família de cafeicultores e industriais. Frequentou boas escolas; teve professores particulares. Ainda moço assistiu à Semana de Arte Moderna de 1922. Logo depois entrou na Faculdade de Direito de São Paulo (a Faculdade de Filosofia ainda não existia), formando-se em 1928.
Devido à precariedade do meio universitário brasileiro da época, sua origem de classe foi um fator significativo para que pudesse ter acesso a uma formação intelectual “refinada e sólida”.[i]
Neste período, anterior à Revolução de 1930, a política brasileira era dominada por oligarquias regionais, não havendo partidos de dimensão nacional. Entretanto, no estado de São Paulo, o Partido Republicano Paulista (PRP) dominava a cena com um poder que ressoava no restante do país. A partir de 1922, com o movimento tenentista, se fortaleceu a oposição – por parte das classes médias e certa dissidência oligárquica – ao clientelismo deste partido.[ii] A pauta política progressistada época era a de promover um Estado nacional forte que se contrapusesse às elites paulistas.
Em 1926, foi fundado o Partido Democrático de São Paulo (PD), com a bandeira da “renovação dos costumes políticos”; no entanto, a agremiação tinha como lideranças latifundiários, que mais tarde se negariam a abrir mão de seus privilégios. Por este tempo, o jovem Caio Prado Júnior escreveu o artigo “A crise da democracia brasileira” (1927), no qual acusava a fraude eleitoral operada pelo Partido Republicano Paulista (representante da oligarquia cafeeira) e esboçava uma análise de classes da sociedade nacional.
Depois, em 1929, imerso nesse panorama político restrito, Caio Prado Júnior se filiou ao PD. Embora breve, esta sua primeira experiência partidária foi intensa: o começo do que seria uma vida de engajamento político. Militante enérgico, impulsionou a penetração do partido em bairros da capital e interior, através de tarefas de organização e comícios para arregimentar correligionários. O objetivo do PD era promover a Campanha Liberal, apoiando a candidatura de Getúlio Vargas contra o oficialista conservador Júlio Prestes. Em meio a essa tensão, Caio gritou saudação a Vargas, em cerimônia da candidatura de seu oponente, sendo preso pela primeira vez.[iii]
Em 1930, Júlio Prestes, candidato da enfraquecida elite paulista, foi eleito – em um processo fraudulento. Diante disto, as forças opositoras, sobretudo facções da oligarquia gaúcha e os “tenentes”, se aliaram, fortalecendo-se. Neste processo, Caio Prado Júnior atuou em favor dos rebeldes, participando de ações conspiratórias, promovendo a comunicação entre líderes e apoiando a logística de operação de sabotagem. Contudo, com a vitória dos revoltosos e a consequente chegada de Getúlio ao poder, o PD teve expostas suas contradições e falta de programa. Foi assim que Caio Prado, decepcionado com as limitações de sua fração burguesa “radical” no enfrentamento das oligarquias, superaria as barreiras conservadoras de sua classe social, em uma inflexão que o levou a subverter os valores no qual estava imerso e a efetivamente se radicalizar.
Em 1931, se casou com Hermínia Cerquilho e teve seu primeiro filho. Neste mesmo ano, filiou-se ao Partido Comunista do Brasil (antigo nome do PCB, hoje Partido Comunista Brasileiro), força política não numerosa, mas que tinha então um programa consistente, apontando para a raiz social e econômicado problema nacional. Membro ativo, Caio Prado entregou-se à organização dos trabalhadores, atuando em organizações de base.
O começo da década de 1930 foi conturbado no Brasil – assim como no mundo. A sociedade brasileira, ansiosa por uma nova ideologia que refletisse o tempo de crise do entreguerras, se dividia entre socialistas e integralistas. Em São Paulo, um centro das disputas nacionais, uma crise política culmina na mal denominada “Revolução Constitucionalista” de 1932 – em realidade, um golpe de estado das antigas oligarquias locais para restabelecer a ordem anterior. Caio Prado se colocou contrário a este movimento sedicioso (que chegou até mesmo a atrair artistas da vanguarda modernista). Nesse período passou a militar pelo Socorro Vermelho e pela Cooperativa Internacional dos Trabalhadores, além de participar da fundação do Clube dos Artistas Modernos (CAM) – que abrigou parcela mais politizada da elite cultural modernista.
Inclinado à formação de opinião, tão logo se filiou ao PCB, passou a desempenhar a atividade de editor, à qual se dedicaria por décadas. Começou editando o efêmero jornal A Luta e, em 1933, traduziu e publicou Teoria do materialismo dialético: manual popular de sociologia marxista (de Bukharin),obra didática com o intuito de difundir o marxismo. Para viabilizar estes projetos e apoiar o partido, ele desviou verba de sua família, além de interceder junto a amizades politicamente progressistas.
Em 1933, visitou a União Soviética e, à volta, fez uma conferência no CAM que lotou a rua. Foi sua primeira atuação significativa como formador de opinião, atividade que consideraria como uma das tarefas comunistas essenciais. Ainda neste ano, veio à luz Evolução política do Brasil, sua pioneira obra de impacto, com que dava início a uma produção historiográfica vigorosa.
Em 1934, publicou seu segundo livro, URSS: um novo mundo, fruto da popularidade de suas palestras de 1932. A obra, apreendida pela polícia, trouxe ao escritor um inicial reconhecimento nos meios comunistas – aliás, maior do que aquele resultante da sofisticada análise de seu livro anterior (Evolução…). Nela, investiu contra o pacifismo da social-democracia parlamentar, defendendo a ética da insurreiçãorevolucionária: a única, segundo ele, que realizou de fato o lema da “igualdade entre os homens”[iv].
Em meados da década de 1930, com a consolidação do poder de Vargas, a inicial afirmação política do PCB sofreu um refluxo, e a correlação de forças se tornou cada vez mais desfavorável. A partir daí, Caio Prado evitaria discutir se a revolução deveria ou não ser armada, pacífica ou violenta, acentuando que, antes de se pretender saber a “forma” como se dará a “revolução”, cabe arregimentar massivamente as consciências, o povo que a tornará realidade.[v]
Em 1934, a fundação da Universidade de São Paulo (USP) impactou o cenário intelectual brasileiro, trazendo ao debate social várias ideias progressistas (apesar dos aspectos conservadores também presentes em sua criação). Neste ambiente, Caio Prado travou contato com os mestres da delegação francesa que apoiaram a consolidação uspiana, tais como o historiador Fernand Braudel, o antropólogo Lévi-Strauss e o geógrafo Pierre Deffontaines. Deste último, o então estudante admirava a posição crítica ao intelectualismo livresco; e com ele, em andanças pelos arredores de São Paulo, aprenderia a “ver” a terra que antes apenas “olhava” – conforme palavras de Antonio Candido.[vi]
Um dos aspectos das investigações de Marx e Engels que Caio mais admirava era justamente que ambos, em suas viagens, haviam observado diretamente o mundo – conhecendo de perto a condição de vida da população. Daí o interesse de Caio pelas crônicas de viagens de andarilhos que desbravaram os sertões do Brasil nos séculos anteriores.
Em tempos que prenunciavam a II Guerra Mundial, seu protagonismo frente a Aliança Nacional Libertadora (ANL) – frente socialista e anti-imperialista – levou a que ele, em 1935, fosse submetido a vigilância policial e, após o Levante Comunista deste mesmo ano, detido no Rio Grande do Sul. Foi mantido preso até a suspensão do estado de sítio, em 1937. Em liberdade, diante da perseguição aos comunistas (com a instauração do Estado Novo), exilou-se na França. Aí, se engajou no Partido Comunista Francês, frequentou aulas na Sorbonne e militou em apoio aos republicanos na Guerra Civil Espanhola.
Em 1939, na iminência da Guerra, foi absolvido e retornou ao Brasil, vindo a se casar novamente, agora com Helena Nioac – uma filha de fazendeiros. Para Caio Prado, estes foram tempos de “reconhecer” seu país: fez viagens de trabalho pelos interiores do Brasil, experiências a partir das quais elaboraria artigos acerca do “problema humano” brasileiro, além de um estudo sobre a questão urbanapaulistana (1941). Tais escritos seriam o ponto de partida para a construção de sua obra clássica Formação do Brasil contemporâneo (1942) – na qual apresentou o conceito de “sentido da colonização”, direção em que marcha uma sociedade como resultado de diversas forças.[vii]
Em 1943, junto a alguns camaradas, fundou a Editora Brasiliense, com a qual se consolidaria na atividade de editor e difusor do marxismo. Dois anos depois, qualificou-se como suplente a deputado federal pelo PCB; e em 1947 elegeu-se para a Assembleia Legislativa de São Paulo. Ainda que não acreditasse no reformismo da via parlamentar, percebeu na visibilidade que lhe dava o palanque oficial um espaço para propagar a um público maior sua denúncia das misérias do regime capitalista. No ano seguinte, porém, no contexto da Guerra Fria, o PCB foi posto da ilegalidade. Caio Prado teve seu mandato cassado e ficou preso por três meses, episódio que o fez constatar que o Brasil não tinha – e suas classes dominantes não desejavam ter – nem mesmo uma mera “democracia burguesa”.
Ao ser libertado, dedicou-se a estudar filosofia e logo partiu em viagem para a Europa. Na França daquele pós-guerra observou um povo infeliz, em contraste com a confiança que percebera na Polônia e Tchecoslováquia – países com instituições democrático-populares.[viii]
Em 1954 se candidatou ao concurso de livre-docente da Faculdade de Direito da USP, com a tese Diretrizes para uma política econômica brasileira. Foi aprovado, mas teve sua cadeira de professor recusada pela conservadora instituição. No ano seguinte, lançou a Revista Brasiliense, que marcaria o debate intelectual brasileiro. Em torno deste projeto editorial de vanguarda, reuniu uma ampla gama de pensadores, que se dedicariam a refletir sobre o tema da questão nacional do país.
Já em 1966, lançou A Revolução Brasileira, obra em tom polêmico que impactou o cenário político socialista. Pouco depois, instigado por Sérgio Buarque de Holanda, tentou novamente integrar o quadro acadêmico uspiano, agora junto à antiga Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras – que, apesar de também ser em boa parte conservadora, tinha um espaço progressista consistente. Para o exame, na área de História, elaborou o trabalho História e desenvolvimento (1968); mas o concurso acabaria cancelado pela ditadura, que então decretava o Ato Institucional n. 5 (AI-5).
Após o golpe militar, as posições marxistas antidogmáticas de Caio Prado fizeram dele uma referência entre os pensadores do comunismo brasileiro. Com tal evidência, em 1967 foi convidado a dar entrevista à revista Revisão (editada pelos estudantes da Faculdade de Filosofia da USP). Na ocasião, questionado sobre a melhor “via” para se conquistar do poder, afirmou acreditar que existem ambas as possibilidades, pacífica ou armada, conforme seja a superioridade de forças populares quando se efetive o momento.
Ressaltou ainda que o importante não era “discutir a forma de luta, e sim começar a lutar”. “São as contingências do momento que vão indicar que espécie de luta se vai fazer”, afirma: se houver “40 mil trabalhadores dispostos a pegar em armas”, então a “tarefa” dos comunistas seria “arranjar armas para estes operários e ajudá-los a tomar o poder”. Mas de nada serve querer “programar a luta armada” – conclui o marxista.
Em consequência da repressão – e limitação de entendimento dos representantes da ditadura –, esta conjectura foi vista como uma transgressão verbal, o que novamente levou o marxista ao cárcere (1970), ironicamente acusado de “incitar” a luta armada (quando naquele momento o que fazia era o contrário).
Preso desta vez por maior tempo, Caio Prado se entregou novamente ao debate filosófico. A produção deste novo período de detenção foram seus ensaios em defesa do marxismo, nos quais polemiza com Lévi-Strauss e Althusser, acusando seus equívocos “estruturalistas”.[ix]
Libertado em 1971, reduziu sua atividade política, e passou a se dedicar a suas derradeiras obras: tratando da questão agrária e de temas filosóficos, como a própria concepção de “filosofia”. Em 1975, uniu-se a sua última esposa, a intelectual e pesquisadora Maria Cecília Naclério Homem.
No ano de 1983, em uma de suas últimas aparições públicas, participou de um comício da campanha Diretas Já.
Caio da Silva Prado Júnior morreu em novembro de 1990, aos 83 anos, já reconhecido como um dos maiores pensadores comunistas brasileiros.
Contribuições ao marxismo
Nos anos 1930, durante o processo de crise civilizacional que se expandiu no período entreguerras– com a degeneração social e econômica que se tornaria um conflito bélico –, o Brasil viveu uma intensificação de seu processo de ebulição cultural, iniciado na década anterior com o movimento modernista. A crise socioeconômica capitalista se tornava mais evidente e desafiava a sociedade e o pensamento brasileiro. Neste cenário, Caio Prado Júnior, ao lado de Sérgio Buarque de Holanda e Gilberto Freyre, se destaca como um dos precursores das reflexões sobre o que caracteriza o ser brasileiro.
Espírito combativo, Caio Prado ainda jovem abandonou o conforto de sua família burguesa para buscar compreender a realidade do Brasil. Percorreu os sertões do país à procura de respostas aos problemas que via expostos: a miséria e o atraso que persistiam enraizados em uma nação rica em recursos, mas que se desenvolvia de modo lento, irregular e sempre voltada ao exterior – sem se enxergar a si mesma.
No início dos anos 1930, já como membro do PCB, passou a se dedicar ao trabalho de base. Este contato direto com o povo lhe ofereceria uma nova perspectiva existencial: a aventura humana socialista[x]. Com efeito, sua trajetória ao marxismo não foi um desdobramento natural da radicalização de um intelectual da classe dominante, mas um gesto de ruptura com suas raízes, cujo desfecho seria seu engajamento de vida como “intelectual orgânico do mundo do trabalho”.[xi]
Militou e foi fiel ao PCB por toda a vida, um partido então engajado na luta internacional comunista – causa que Caio Prado entendia como a razão de ser do homem contemporâneo. Nesta época, ser comunista tinha um significado fortemente ligado à militância partidária internacionalista: “errar com o partido” era mais importante do que “acertar sozinho”.[xii]
Apesar da devoção partidária, Caio Prado não se furtava a uma polêmica, quando necessária; manteve por toda a vida sua postura crítica de pensador independente. Por conta disto, no início de suas atividades junto ao PCB, em 1932 foi acusado pelo Comitê Regional paulista do partido de ter fundado um jornal supostamente “pequeno-burguês” e de ligação com “elementos trotskistas”. Em carta ao Comitê, afirmou que sua intenção era denunciar a “demagogia” dos “tenentes” que vitimizava os operários; que sua linha editorial era “marxista-leninista”; e que, caso isso não fosse mais possível “devido à repressão”, não prosseguiria; mas que “a obrigação de todo mundo é tentar”, e não “declarar de antemão” que agir é “impossível”.
Intelectual rigoroso e contrário a esquemas simplistas prefixados, dedicou-se a explicar o Brasil como uma totalidade, um conjunto complexo cuja história se movimenta de acordo com um “sentido” – que por sua vez resulta de vários fatores. Este conceito de sentido histórico viria a ser um de seus principais aportes ao marxismo.
Em 1933 publica Evolução política do Brasil, livro que é considerado seu primeiro clássico – e que impulsionaria e levaria a novos patamares o debate marxista no país. Leitor cuidadoso da obra de Marx,nesse ensaio o pensador brasileiro demonstra ter captado seu “sentido mais profundo”[xiii]. Isto pode ser observado em sua original ideia de “linha mestra”: o sentido que resulta da interação da totalidade de forças que compõe a história. Conforme Caio Prado, os historiadores, preocupados com a “superfície dos acontecimentos” (expedições sertanistas, bandeiras, guerras), não deram a devida importância ao que se passa “no íntimo da nossa história, de que estes acontecimentos não são senão um reflexo exterior”[xiv].
Há muito que a historiografia pede uma análise mais profunda – pondera Caio –, que não fosse uma mera “glorificação das classes dirigentes”. Não se pode pensar a história do Brasil sem dar justa ênfase à ideia de revolução e às lutas do período regencial. Com esta perspectiva, ele ressalta então o protagonismo histórico das “pouco compreendidas” revoluções populares “da Menoridade”(Cabanada do Pará, Balaiada do Maranhão e Revolta Praieira de Pernambuco, ocorridas de 1831 a 1840), situando-as na evolução nacional não como fatos “isolados”, mas como resultados “do desenvolvimento histórico da revolução da independência”.
Já em Formação do Brasil contemporâneo, de 1942, obra que é considerada seu maior clássico, Caio Prado Júnior aprofunda ideias já apresentadas em Evolução política do Brasil. Afirma que todos os povos têm em sua evolução histórica – se vista a certa distância – um “sentido”, uma orientação que não se percebe em pormenores, mas no conjunto de momentos cruciais que constituem seu desenvolvimento através da história. Para encontrar este sentido, deve-se deixar de lado a confusão do “cipoal de incidentes secundários”, buscando reter-se na “linha mestra e ininterrupta” formada pelos “acontecimentos essenciais” de sua história. No caso do Brasil – conclui Caio – sua “síntese” histórica é a de ter sido “uma vasta empresa comercial” voltada à exploração de “recursos naturais de um território virgem em proveito do comércio europeu”[xv].
Esta noção de sentido histórico Caio Prado também estenderia à interpretação da América Latina: “a colonização dos trópicos toma o aspecto de uma vasta empresa comercial”: e este é o “verdadeiro sentido da colonização tropical”[xvi]. Mais tarde, ele ampliaria o conceito de “sentido” à teoria da história e à teoria do conhecimento (epistemologia), para por fim alcançar os debates sobre a filosofia contemporânea[xvii] – em reflexões nas quais aborda o sentido do pensamento e o sentido da ação política revolucionária.
Caio Prado foi um intelectual cuidadoso e com interesses abrangentes – tendo investigado vários campos do saber –, além de ter se destacado como militante comunista engajado. Neste caminho, o princípio marxista da práxis lhe foi uma ideia bastante cara – isto é, a concepção de que a teoria deve estar intrinsecamente ligada à prática da revolução social, uma prática que, critério da verdade, por sua vez deve corrigir a teoria.
A análise radical da questão nacional levada a cabo por Caio Prado fez dele, segundo Octávio Ianni, o “fundador” da “interpretação dialética” do Brasil[xviii]. Dedicado a atividades políticas de base e a trabalhos de campo – realizando expedições nas quais pôde vislumbrar o “passado” brasileiro – Caio Prado se aproximou da realidade da população. A partir destas experiências, ele repensaria o presente do país, propondo ideias e ações políticas com vistas a reorientar o que concebia ser o “sentido” histórico nacional.
Em Evolução Política do Brasil, Formação do Brasil Contemporâneo e em outros de seus escritos, Caio Prado assume uma perspectiva teórica que teria reverberação política. Afirma que o modo de produção do Brasil colônia era escravista, e não feudal, pois não havia no imenso território brasileiro uma densidade demográfica suficiente para se estabelecer o feudalismo. Com isto, se coloca contrário à interpretação dominante entre comunistas da época, de que o país teria tido um período feudal – ideia que teve sérias implicações estratégicas.
Isto porque levava a acreditar que o Brasil, tendo ainda “resquícios feudais”, deveria passar antes por uma revolução democrática que levasse a nação a uma etapa capitalista plena, antes de poder realizar uma revolução efetivamente socialista. E tal etapa revolucionária seria dirigida por setores supostamente nacionalistas da burguesia. No entendimento de Caio Prado, porém, a economia brasileira desde o início do século XX já era subsumida pela economia mercantil internacional, de modo que já estava totalmente inserida no sistema global capitalista.
Ademais, diz o marxista, no Brasil jamais houve uma “burguesia nacional”, identificada com seu povo – mas tão somente uma burguesia de mentalidade colonizada, “associada ao estrangeiro” de modo submisso. De fato, após o golpe militar que instaurou a ditadura dos anos 1960, esta sua compreensão ganharia força, já que a ideia de uma “burguesia nacional” que fosse “progressista” e “contrária ao imperialismo” causou – em suas palavras – “graves danos” aos socialistas, tendo sido um dos fatores que contribuíram ao “desastre de abril de 1964”[xix].
Bem fundamentada e abrangente, a concepção marxista caiopradiana se tornou uma importante corrente não só da historiografia, mas do pensamento brasileiro de modo geral, repercutindo no conjunto das ciências humanas e da filosofia que se desenvolviam no país. Com uma erudição interdisciplinar, Caio Prado foi pioneiro em elaborar análises que mediavam fatores econômicos, sociais, políticos, culturais – rompendo com as compartimentações científicas da Modernidade – que tanto restringem o conhecimento até hoje.
Desde a perspectiva de um pensamento efetivamente contemporâneo que apenas começava a ser elaborado, buscou compreender a inter-relação entre o todo e as partes, entre o sentido geral (a resultante) e as particularidades do processo. Ainda embrionário, esse modo totalizante de se pensar a história segundo a interdisciplinaridade – uma característica tanto do marxismo como da escola dos Annales –, viria a se difundir em várias frentes do pensamento crítico após a II Guerra Mundial. Inclusive, em artigo na revista Annales (1948), Braudel exalta a obra de Caio Prado. Afirma ser ele um “historiador nato”, habituado a observar o “encadeamento dos fatos”, atento à “vida múltipla dos homens”, ao conjunto da “paisagem histórica”, às análises de “longa duração” que permitem avaliar as permanências, ao contrário do que faz a empobrecida história de heróis e datas.[xx]
Foi neste intento por obter uma multiplicidade de olhar – com vistas a uma perspectiva mais precisa do todo que compõe a realidade social – que Caio Prado, já tendo se aprofundado em várias áreas das ciências humanas, chegaria à seara dos debates filosóficos. Note-se que sua formação científica nas humanidades tinha principiado com atividades práticas – estudos de campo, militância política –, experiências de vida a que ele se dedicou antes de se embrenhar na construção de seu discurso teórico.
E foi também assim que se deu sua incursão na filosofia, cujas ideias ele sistematizaria após os anos 1950: não por capricho diletante ou intelectual, mas com reflexões ancoradas em suas pesquisas nos diversos campos das ciências históricas.
Nesse percurso teórico – alicerçado nas contradições da vida real – Caio Prado se colocou na contramão da corrente que Perry Anderson chamou de “marxismo ocidental” (predominantemente teórica, alijada da práticarevolucionária). Crítico dos idealismos (que via como individualismos), o objetivo do marxista brasileiro ao discutir questões da filosofia não foi puramente teórico, mas teve lastros concretos: defender suas concepções científicas e tentar pôr em prática projetos políticos.
Ou seja, a argumentação filosófica caiopradiana lhe serviu para demonstrar dialeticamentea correção de suas teorias e posições políticas. Fundado na filosofia, Caio Prado refinou suas análises da história e elaborou diretrizes político-econômicas melhor detalhadas, de modo a poder agir de forma mais contundente sobre a realidade em que visava intervir. Entendia que uma teoria bem elaborada tem mais potência no processo de massificação da conscientização popular– o que concebia como requisito para se transformar uma sociedade.
Ademais, vale destacar sua compreensão de que a trajetória do desenvolvimento teórico-prático se processa através de um perene processo dialético, no qual a realidade, uma vez transformada pela prática social, age por sua vez sobre o conhecimento teórico (que fundamentara tal transformação), modificando esta teoria anterior, e exigindo, portanto, uma nova prática. Vê-se aqui colocada a questão da práxis – ideia central para marxismo, sobre a qual a filosofia caiopradiana se aprofundou. Por meio da práxis, da inter-relação entre teoria e prática, busca-se acelerar o processo revolucionário, abrindo-se então espaço para que os seres humanos – emancipados – possam realizar suas potências.
Segundo Caio Prado, cabe a um marxista a superação do mero debate teórico (abstrato), pois o assunto filosófico premente é a realização da filosofia. Ou de outro modo, o filosofar é um todo que só adquire completude através da ação prática, ao tornar realidade o sentido proposto pela teoria. Neste debate, ele medita também sobre o objeto do saber filosófico que, em contraste com o saber científico (que almeja o conhecimento), consiste no “conhecimento do conhecimento”, isto é: na crítica que deve abarcar a totalidade das ciências, tendo em vista o ajuste do sentido geral da história, a reorientação da sociedade, a concepção total do ser humano.
Outro aspecto importante da filosofia caiopradiana é que se situa entre as primeiras que refletiram sobre a lógica que rege a metodologia dialética marxista, tema normalmente apresentado só de forma prática nas interpretações que se guiavam pelo materialismo-histórico. Em Dialética do conhecimento (1952) e em Notas introdutórias à lógica dialética (1959) descreve com detalhes a história da evolução dialética dos saberes, desde os primórdios da metafísica até a contemporaneidade, analisando conflitos e transformações.
Entre seus interesses teóricos, encontram-se ainda a economia e a psicologia. Sobre aquela, escreveu Esboço dos fundamentos da teoria econômica (1957) e História e desenvolvimento (1968), além de vários ensaios. Já acerca da nova ciência psicológica, até então pouco presente no pensamento marxista ocidental, Caio Prado incorporou as recentes descobertas relativas ao processo de apreensão do conhecimento, que vieram a reforçar suas ideias acerca da dialética (presente também em nível psíquico). Sobre o tema, além de variadas passagens e capítulos que constam de sua obra filosófica e historiográfica, vale citar seus manuscritos “Psicologia coletiva” e “Desenvolvimento da inteligência”.
Por fim, observando-se o conjunto do pensamento de Caio Prado Júnior, percebe-se que, além das concepções de Marx, também prezou muito as de Lênin. Seu entusiasmo pelo modelo do comunismo bolchevique dos princípios da Revolução Russa não foi afetado pelas vicissitudes da história – ainda que ele não tenha se furtado a criticar os governos soviéticos nos aspectos que achou necessários.
Comentário sobre a obra
Caio Prado publicou quase duas dezenas de livros, diversos artigos e deixou ainda numerosos manuscritos – inéditos em sua maior parte[xxi] –, hoje sob os cuidados do Instituto de Estudos Brasileiros da USP.
Um de seus primeiros escritos publicados foi “A crise da democracia brasileira”, que aparece em 1927 no jornal A Chave (de estudantes de Direito da USP). Nele, esboça uma descrição das classes sociais brasileiras, dividindo-a em: políticos (de cultura insignificante e sem princípios); abastados (fazendeiros e industriais gananciosos que desprezam o país); e, por fim, a massa do povo (miserável e sem acesso à educação).
Seu primeiro livro é de 1933, Evolução política do Brasil (São Paulo: Brasiliense) – obra que seria reconhecida como uma de suas mais importantes. Nele, Caio Prado faz uma profunda análise da realidade nacional, expondo concepções que viriam a marcar a historiografia brasileira. É o caso da perspectiva que ele propõe de “linha mestra”, isto é: a “resultante” da interação da totalidade de forças que compõe a história (prenúncio da ideia de “sentido” depois desenvolvida em Formação do Brasil contemporâneo): “a resultante média dos inúmeros fatos que compõem a nossa história, a linha mestra em torno de que se agrupam estes fatos”.[xxii]
Um ano depois, publica URSS: um novo mundo (São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1934), em que mescla crônicas de viagem e análises político-econômicas e culturais sobre a Revolução Soviética; o processo construtivo-argumentativo deste livro se assemelha ao anterior.
Na década seguinte, durante a II Guerra, lança aquela que é considerada sua maior obra, Formação do Brasil contemporâneo (S. Paulo: Brasiliense, 1942), na qual expõe o conceito de “sentido da colonização”: é a partir da observação de um largo período de tempo e desde diversos ângulos do conhecimento que, em determinado momento histórico, se pode perceber, em meio ao “cipoal de incidentes secundários”, os acontecimentos “essenciais” que em conjunto nos mostram a direção “resultante”, a “síntese” que contém o “fundamental” e o “permanente” da marcha da sociedade.
A pedido do Fondo de Cultura Económica de México, em 1945, vem à luz História econômica do Brasil (S. Paulo: Brasiliense), obra didática voltada para o público estrangeiro, em que trata aspectos da questão nacional do país[xxiii].
Já sua incursão no debate filosófico se dá com Dialética do conhecimento (S. Paulo: Brasiliense, 1952), dois volumosos tomos em que apresenta uma história do conhecimento desde a Antiguidade, evidenciando ao longo dos tempos a dialética presente em sua evolução, mediante uma exposição pormenorizada da contraposição histórica que existiu entre as posturas cognitivas objetivistas e subjetivistas.
Ainda nos anos 1950, escreve Diretrizes para uma política econômica brasileira (S. Paulo: Urupês, 1954); e Esboço dos fundamentos da teoria econômica (S. Paulo: Brasiliense, 1957).
Em Notas introdutórias à lógica dialética (S. Paulo: Brasiliense, 1959), como resposta a críticas dirigidas a seu livro de filosofia do começo da década, reforça e detalha suas teses filosóficas.
Já em O mundo do socialismo (S. Paulo: Brasiliense, 1962), volta a explicitar sua convicção na concepção de mundo “marxista-leninista”, nos partidos e vanguardas que nela se inspiram “na teoria e na prática”; em oposição aos esquerdismos abstratos, considera que cabe ao Partido Comunista conduzir tanto as reivindicações “imediatas por melhores condições de vida”, quanto as “batalhas decisivas” pela conquista hegemonia do poder político, passo “preliminar da revolução socialista”.
Com a ditadura já instaurada no país, publica sua mais célebre obra política, A Revolução Brasileira (S. Paulo: Brasiliense, 1966), na qual polemiza acerca do rumo político socialista de então, reprovando as interpretações mecanicistas e o “acentuado dogmatismo”.
Depois disso, escreve o trabalho acadêmico História e desenvolvimento (S. Paulo: Brasiliense, 1968). E na sequência os ensaios filosóficos contra o imobilismo do reformismo estruturalista, a que intitula O estruturalismo de Lévi-Strauss, o marxismo de Louis Althusser (S. Paulo: Brasiliense, 1971); aqui, afirma o pensamento marxista como um “salto dialético qualitativo”, cujo desenvolvimento proporciona a transição da “sociedade de classes” para a da “liberdade”: em que a “fraternidade” fará da “concorrência e luta entre os homens”, “solidariedade e amor”.
Em 1979, quando a ditadura militar se enfraquecia, lança A questão agrária no Brasil (S. Paulo: Brasiliense, 1979), em que acusa a “obsoleta” organização agrária que mantém a exclusão das massas populares.
Finalmente, publica dois pequenos livros de teor filosófico. O que é liberdade (S. Paulo: Brasiliense, 1980) é reedição de um capítulo de O mundo do socialismo, no qual aborda a dialética entre “liberdade” e “necessidade”, afirmando a “liberdade coletiva” como condição para a plena realização humana. Já O que é filosofia (S. Paulo: Brasiliense, 1981) é uma edição em livro do longo ensaio saído pouco antes (Revista Almanaque, 1977, n. 4), no qual trata da questão do “ser”: do “sentido” do desenvolvimento humano rumo à emancipação e à plenitude possível.
Quanto a seus manuscritos de juventude, diários e correspondência, muitos destes escritos estão ainda inéditos, por problemas de direitos autorais, podendo, contudo, ser lidos no Fundo Caio Prado Júnior, do Arquivo do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB-USP). Dentre estes ensaios menos conhecidos, vale ressaltar alguns particularmente importantes. É o caso do mencionado “Zonas tropicais da América” (1936, IEB-USP), em que o marxista mostra que suas análises sobre o caráter da colonização brasileira – uma “colônia de exploração” voltada para o “mercado exterior” – valem também para a América Latina como um todo. E ainda de “Psicologia coletiva” (Paris, 1937, IEB-USP), em que analisa a dialética em nível psíquico. Já em “Desenvolvimento da inteligência” (caderno sem data/ década de 1950, IEB-USP), discorre sobre o tema da práxis, afirmando que o “conhecimento existe em função da ação, isso é, visa a ação”, torna “possível ao indivíduo agente ‘reconhecer-se’ no seio da realidade”.[xxiv]
Além destes, merecem menção: “Carta ao Comitê Regional de S. Paulo do PCB” (30/11/1932). IEB-USP; “Carta a Lívio Xavier” (São Paulo, 20/09/1933, disp. no portal Marxismo 21); “O programa da Aliança Nacional Libertadora” (Jornal A Platea, 25/07/1935–03/08/1935, disp. em: www.marxists.org); seus “Diários políticos”, de 1937, bem como os de 1945-1947 (IEB-USP); a “Carta ao companheiro Evaldo da Silva Garcia” (11/05/1946, IEB-USP); “A dialética materialista” (Revista Brasiliense, S. P., n.3, jan.-fev. 1956); e a “Carta a Carlos Nelson Coutinho” (08/02/1960, IEB-USP).
Por fim, com relação a suas obras no estrangeiro, destaca-se Caio Prado: História y Filosofia (Rosário: Último Recurso/Edições N. Práxis, 2020), edição castelhana publicada na Argentina, com seleção de obras fundamentais do marxista, a maior parte jamais traduzida – trazendo inclusive alguns textos que ainda são inéditos em português[xxv]. O livro está dividido em duas partes: “Escritos político-historiográficos” e “Escritos filosóficos y manuscritos inéditos”.
Obras de Caio Prado Júnior podem ser encontradas na rede, em portais como: Núcleo Práxis, Marxists e Marxismo 21.
*Yuri Martins-Fontes é professor e doutor em História Econômica (USP/CNRS). Autor, entre outros livros, de Marx na América: a práxis de Caio Prado e Mariátegui (Alameda). [https://amzn.to/3xI8JjL]
Publicado originalmente no portal do Núcleo Práxis-USP.
Referências
BRAUDEL, Fernand. “Au Brésil: deux livres de Caio Prado”. Em Annales: Économies, Sociétés, Civilisations, ano 3, n. 1, 1948.
CANDIDO de Mello e Souza, Antonio. “A força do concreto”. Em D’Incao. História e ideal. São Paulo: Brasiliense, 1989.
CRUZ COSTA, João. “A história da filosofia no Brasil”. Em Enciclopédia Delta Larousse, v. IV, 1964.
FERNANDES, Florestan. “A visão do amigo”. Em D’Incao. História e ideal. São Paulo: Brasiliense, 1989.
FERREIRA LIMA, Heitor. “Caio Prado e seu tempo”. Em D’Incao. História e ideal. São Paulo: Brasiliense, 1989.
IANNI, Octávio. “A dialética da história”. Em D’Incao. História e ideal. São Paulo: Brasiliense, 1989.
IGLÉSIAS, Francisco, “Um historiador revolucionário”. Em Iglésias (org.). Caio Prado Júnior: história (“Grandes Cientistas Sociais”). São Paulo: Ática, 1982.
MARTINS-FONTES Leichsenring, Yuri. Marx na América: a práxis de Caio Prado e Mariátegui. São Paulo: Alameda/Fapesp, 2018.
______. “Revolução Russa e Revolução Latino-Americana”. Projeto História, PUC-SP, v. 60, out-dez. 2017. Disp.: https://revistas.pucsp.br.
______. “Filosofía de la Praxis y Teoría de la Historia en Caio Prado”. Em Historia y Filosofía. Rosário (Argentina): Último Recurso/Edições Núcleo Práxis-USP, 2020.
NOVAIS, Fernando. “Caio Prado Jr., historiador”. Novos Estudos, n.2, S. Paulo, jul. 1983.
SECCO, Lincoln. Caio Prado Júnior: o sentido da revolução. S. Paulo: Boitempo, 2008.
Notas
[i] NOVAIS(1983).
[ii] Prática de troca de favores.
[iii] MARTINS-FONTES (2018).
[iv] PRADO JR. (1934).
[v] MARTINS-FONTES (2018).
[vi] CANDIDO (1989).
[vii] PRADO JR. (1942).
[viii] SECCO (2008), p. 86-87.
[ix] PRADO JR. (1971).
[x] FERREIRA LIMA(1989).
[xi] NOVAIS(1983), p. 67.
[xii] SECCO (2008), p. 44-45. Sobre tal sentimento de pertencimento, Neruda (“A Mi Partido”) diria que isto agrega ao militante “a força de todos os que vivem”
[xiii] IGLÉSIAS(1982), p. 30-32.
[xiv] PRADO JR. (1933).
[xv] Vide: Formação do Brasil contemporâneo, e Evolução política do Brasil.
[xvi] Ver: PRADO JR.. Formação do Brasil contemporâneo. São Paulo: Brasiliense, 2000 [1942], p.11-13 e 19-20; e PRADO JR.. “Zonas tropicais da América” [1936], em Fundo Caio Prado Jr./ Arquivo IEB-USP, ref.: CPJ-CA024a, p.109.
[xvii] João Cruz Costa (1964) afirma ser Caio Prado o “mais autorizado representante” da filosofia marxista no país.
[xviii] IANNI(1989) – sobre o tema da apropriação marxista à realidade brasileira.
[xix] PRADO JR. (1966).
[xx] BRAUDEL (1948). Este ensaio foi publicado em português na Revista Mouro (n. 9, 2015): “No Brasil: dois livros de Caio Prado” (tradução de Yuri Martins-Fontes). Disp.: www.mouro.com.br.
[xxi] Devido a questões de interesses e conflitos entre herdeiros dos direitos autorais de Caio Prado, grande parte de seus manuscritos (sob a guarda do IEB-USP), permanecem inéditos. E pelo mesmo motivo sua obra foi bem pouco traduzida – ante o que seria merecido. Tentativas de publicar seus livros e artigos, mesmo que voluntárias, sem fins lucrativos e em idioma estrangeiro – como forma de divulgação política e teórica do pensamento do marxista – foram impedidas, inclusive com o uso de coerção jurídica e econômica. Ver: “Caio Prado: Historia y Filosofía – manifesto pelo fim da censura a Caio Prado Jr.” (nov. 2021). Em: Núcleo Práxis-USP. Disp.: https://nucleopraxisusp.org/caio-prado-historia-y-filosofia.
[xxii] PRADO JR. (1933.
[xxiii] PRADO JR. (1945).
[xxiv] Escritos pertencentes ao Fundo Caio Prado Jr./ Arquivo do IEB-USP.
[xxv] Tradução realizada coletivamente por duas dezenas de pesquisadores de diversas áreas: filosofia, história, ciências sociais, letras, economia, psicologia. A edição foi organizada por Yuri Martins-Fontes, e traz prefácio de Lincoln Secco. Capítulos do livro estão disponíveis para pesquisa no portal do Núcleo Práxis: https://nucleopraxisusp.org/caio-prado-historia-y-filosofia).Ver sobre a obra: COUTINHO, Joana A.. “O dia em que Caio Prado aportou em Buenos Aires”.
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