Por PAULO GHIRALDELLI*
O debate que Harvey considera idealista pode ser o único materialismo possível para descrever um mundo onde a fábrica é a cidade e nós, o algoritmo
David Harvey e o “general intellect”
O professor de filosofia é aquele que não deve errar ao explicar o pensamento de um filósofo. O filósofo é aquele que expõe de modo errado o pensamento de outro filósofo. O professor de filosofia dedica-se ao aluno. O filósofo dedica-se à filosofia. A aula deve conter a informação correta, para a partir daí ensinar a pensar. Por sua vez, o discurso do filósofo torce ao seu gosto o pensamento do outro filósofo que expõe, e com isso vai direto ao exercício do pensamento.
Claro que o professor de filosofia e o filósofo podem ser a mesma pessoa. A divisão que indico é formal, e corresponde às tarefas profissionais.
Uma vez na sala de aula, o estudante que ali aprende René Descartes está com sorte se o seu professor se limita aos textos do filósofo francês, apresentando o seu pensamento de uma maneira que deve coincidir com a dos bons manuais.
Todavia, em um curso mais avançado, se esse estudante se defronta com Heidegger expondo Descartes, ele pode, à primeira vista, se irritar com o filósofo alemão, com o modo que ele torce e retorce Descartes, muitas vezes sem qualquer pudor. Heidegger erra na sua leitura de Descartes, mas que erro brilhante! Quando esses dois itinerários – o do curso básico ao curso mais avançado – se cumprem, pode-se dizer que o estudante teve sorte em sua formação. Ele viu o pudor máximo (o do professor) até chegar no despudor inteligente (o do filósofo). Ser filósofo é ficar sem-vergonha, ao passo que ser professor é nunca perder a condição se ruborizar.
David Harvey é um scholar. Muitas vezes o scholar é o homem dedicado antes ao pudor que ao despudor. É aquele professor que se especializou em um assunto ou autor. David Harvey é um scholar marxista. Ele gastou uma vida escarafunchando Marx e ensinando O capital em salas de aula dos mais diversos tipos. É reconhecidamente uma referência na leitura de O capital. Para esse tipo de intelectual, ver o seu autor preferido ser cortado pelo bisturi de outros, ainda que geniais, não é fácil.
Recentemente David Harvey publicou um livro sobre os Grundrisse de Marx.[i] Como o que ele fez com os volumes de O capital, nesse novo livro ele se empenha em ajudar o estudante a ganhar uma familiaridade com as principais teses de Marx. Eu estava aguardando esse livro, ansioso para ver a leitura de Harvey a respeito das partes que ficaram conhecidas sob o título de “Fragmento sobre as Máquinas”. Por quê?
Eu queria saber se David Harvey iria dizer algo substancioso sobre o termo “general intellect”, que empolgou o chamado pós-operaísmo[ii] ou, como ele denomina, os “cognitivistas”. Em uma publicação anterior, A loucura da razão econômica, David Harvey já havia dito que não se sentia confortável com a tese do capitalismo cognitivo. Comenta que para os defensores dessa escola haveria uma primeira etapa, a da economia baseada na mercadoria, e uma etapa atual, baseada no conhecimento.
Tal formulação adviria da assunção de que aquilo que é próprio ao capitalismo atual é a ascensão dos direitos de propriedade intelectual, e que o conhecimento possui um preço. Acrescenta, então, que “a hipótese de que o conhecimento seria valor que circula é forçada e não está estabelecida”. Diz que temos de notar que “o saber científico e técnico é um daqueles itens que podem ter preço e não possuir nenhum valor”.[iii]
Dito isso, David Harvey insiste que Marx, na passagem em questão dos Grundrisse, não estava interessado no conhecimento como valor, mas somente no capital fixo. O conhecimento teria sido olhado por Marx a partir de sua objetivação nas máquinas, no capital fixo, e que este, então, estaria em função do aumento de valor e produtividade. David Harvey não adianta muito mais sobre o assunto. Sendo assim, acreditei que poderia dizer algo mais quando tivesse de tratar das páginas em que aparece a noção de general intellect.
A companion to Marx’s Grundrisse
De fato, David Harvey não se omite. Ele destaca em sua leitura dos Grundrisse a célebre passagem em que aparece o general intellect. Mas sua avaliação é ainda mais negativa do que a expressa em A loucura da razão econômica. Diz que muito das leituras do trecho, feitas pelos “cognitivistas”, são “idealistas”, “no sentido de que elas evocam o poder de alguma ideia dominante governando a evolução do capital”. Nesse diapasão, ele continua: há uma ideia dominante que é “algumas vezes apresentada como algum poder abstrato ou mesmo oculto – o general intellect – cujas regras divinas regem o capital de maneiras misteriosas, realizando maravilhas”.
Na sequência, David Harvey lembra que esse conceito só aparece uma vez na obra de Marx, e justamente em escritos experimentais e mais imaginativos. Ele acredita ser por demais presunçoso basear os fundamentos de toda uma “interpretativa escola de pensamento marxista” – o capitalismo cognitivo – em um só conceito.[iv]
O que ele diz sobre o conceito de general intellect pode ser posto em duas partes. A primeira é trivial, a segunda é um estreitamento desnecessário da primeira.
Na primeira parte ele diz que “uma interpretação materialista histórica” deveria corresponder a um “desdobramento dialético de como e por que as práticas do trabalho (ou do não trabalho) funcionam como funcionam”. Nesse caso, o general intellect “simplesmente se refere ao estado do conhecimento geral e científico e o desenvolvimento das ideias interpretativas de algum lugar no tempo e no espaço”. Na segunda parte afirma que o general intellect deveria ser entendido como uma disponível boa variedade de “manuais operacionais e bancos de conhecimentos”, “que pudessem ser usados para planejar e facilitar ainda mais a acumulação do capital e, talvez, a transição ao socialismo”.[v]
Aqui, penso que cabem duas observações. Primeiro, não acho interessante tomar a acepção do general intellect dos pós-operaístas como o que poderia ser descartado, de uma penada só, por meio do rótulo de “idealismo”. É difícil ver os autores do capitalismo cognitivo como que fazendo do general intellect um elemento do puro pensamento humano, sem envolvimento social, e que então daria regras “misteriosas” ao capital.
Segundo, os pós-operaístas nunca estiveram interessados em repetir Marx, como quem dá aulas, mas, mesmo considerando isso, me parece que a visão deles do general intellect é até mais próxima da de Marx que essa de David Harvey, que fala em um conjunto de “manuais operacionais e bancos de conhecimentos”.
O fragmento das máquinas
Deixe-me voltar os olhos para o próprio trecho de Marx em que aparece o general intellect e, então, falar dos autores do pós-operaísmo. Um aviso: fixarei minha atenção na noção de general intellect, levando em considerado a crítica de David Harvey, sem me envolver com as polêmicas, talvez subjacentes, a respeito do fim da teoria do valor como elemento de mensuração.
Eis o trecho dos Grundrisse: “A natureza não produz máquinas, locomotivas, caminhos-de-ferro, telégrafos, etc. Estes são produtos da indústria humana; materiais naturais transformados em órgãos da vontade humana sobre a natureza, ou da participação humana na natureza. Eles são órgãos do cérebro humano, criados pela mão humana; o poder do conhecimento objetivado. O desenvolvimento do capital fixo indica até que ponto o conhecimento social geral se tornou uma força produtiva imediata, e, portanto, até que ponto, as condições do processo da própria vida social está sob o controle do intelecto geral (general intellect) e foi transformado de acordo com ele. Até que ponto as forças produtivas sociais foram produzidas, não só sob a forma de conhecimento, mas também como órgãos imediatos da prática social, do processo vital real”.[vi]
O termo general intellect ou inteligência geral foi grafado em inglês no original. Marx conhecia o movimento “marcha do intelecto” ou “marcha da mente”, do tempo da revolução industrial inglesa.[vii] A expressão apareceu em escritos de Robert Owen (imortalizado como “socialista utópico” por Friedrich Engels) e tinha como objetivo falar do sucesso de um espírito de época, calçado nos saberes industrialistas e científicos. Marx manteve o termo em inglês, não para se vincular a Robert Owen, mas, muito provavelmente como uma forma de mostrar que iria utilizá-lo de modo desterritorializado, ou seja, sem as conotações de um iluminismo francamente otimista, aliado da ideologia do progresso.
Penso que esse trecho pode ser dividido, denotando três objetivos. Primeiro, Marx quer usar o capital fixo, a maquinaria, como um índice para quem quer notar o relacionamento entre “conhecimento social geral” e “força produtiva imediata”. E este relacionamento é o de transformação do conhecimento em força produtiva. Segundo, Marx quer usar o capital fixo como índice para quem quer notar o relacionamento entre “as condições da própria vida social” e o “general intellect”.
E este relacionamento é o (de grau) de controle do general intellect sobre as condições da vida social. Terceiro, o capital fixo pode ser índice para se observar o relacionamento entre “forças produtivas” e o “processo vital real”. Nesse caso, o relacionamento é o de desenvolvimento das forças produtivas como conhecimento e principalmente como órgãos da vida prática.
O trecho não deixa dúvidas: Marx nos orienta no sentido de observar o capital fixo como o que é mais visível em uma sociedade para, então, poder saber a respeito de algo menos visível, a fusão entre conhecimento e forças produtivas. O maquinário empregado por uma sociedade nos dá, de maneira fenomênica, uma noção do desenvolvimento do conhecimento social daquela sociedade.
Os pós-operaístas acharam útil essa sugestão de notar o menos visível pelo mais visível, captando as forças produtivas que absorvem o conhecimento e se moldam ao conhecimento. Posso imaginar o quanto se sentiram atraídos pelo modo que a expressão foi escrita, em inglês – general intellect –, como mais um elemento da maneira cuidadosa com que Marx absorvia ideias. Eles acreditaram que a expressão cairia bem na narrativa que queriam construir a respeito do capitalismo pós-fordista, o tempo coberto pela legislação do neoliberalismo e pela vida social regrada pela biopolítica.[viii]
Assim, na narrativa dos pós-operaístas o general intellect jamais foi um coelho de cartola, algo misterioso e que estaria guiando o capital. Eles escreveram de variadas maneiras e perspectivas as mudanças no trabalho, as alterações das formas de extração de valor e as alterações de correlação de forças nos conflitos classistas entre os anos de 1970 e os dias atuais. Não vou aqui recordar essas transformações, o que já fiz em outro lugar.[ix] O que vale notar é que a narrativa que fizeram tem vários aspectos que foram incorporados ao modo como vemos nossa sociedade.
Pós-operaístas, biopolítica e general intellect
O conceito de general intellect, para os pós-operaístas, forneceu uma espécie de operador para se conversar sobre algo que havia aparecido como um tema necessário: a mudança da composição orgânica do capital no contexto do advento da fábrica social. Do que se trata?
Eles acreditaram que podiam fazer referência ao general intellect como um espécie de palavra chave, capaz de sintetizar toda uma gama de mudanças. Lembremos a fórmula de Marx: C + V + m = M. C é o capital fixo ou constante, o maquinário; V é o capital variável, os salários; m é a mais valia e M é a Mercadoria. Como funciona? Simples: o trabalho vivo, ou seja, os trabalhadores, atuam sobre o trabalho morto, a maquinaria, geram então o valor da mercadoria mais um excedente.
Os pós-operaístas deram uma importância fundamental ao trabalho vivo, pois sem ele o trabalho morto é apenas maquinário que nada gera. No mundo fordista o homem foi colocado na linha de produção para, então, em seguida, tornar-se um observador e um cuidador da maquinaria. Primeiro, foi robotizado, depois tornou-se descartável e descartado efetivamente.
Nessa passagem, deu-se o advento dos tempos do pós-fordismo. A fábrica se automatizou completamente e empurrou o homem para fora dela. As pessoas se deslocaram para a cidade, o setor de serviços cresceu no mundo todo e a produção se tornou social, no sentido que uniu a fábrica automatizada e o trabalho reconsiderado segundo uma cidade completamente digitalizada.
O advento da internet abriu-se para o capitalismo de platafoma[x], junto com as formas de capitalismo financeirizado que facilitaram a captação do excedente tendencialmente imaterial. A simbiose entre capitalismo de plataforma e financeirização nos deu uma lógica que é hegemônica na sociedade moderna atual. Nesse mundo pós-fordista, o homem engrossou as forças produtivas não para acionar máquinas, mas para se integrar a elas, e o saber dos homens foi ampliado segundo um modo de trabalho colaborativo.
O general intellect passou a ser o nome para toda essa situação, para essa fase de novas tentativas do capital de capturar e dominar o trabalho que, por sua vez, estava tentando se rebelar. Por isso, na narrativa de alguns dos pós-operaístas, o general intellect veio a compor uma fase última, na sequência das conhecidas fases que Marx chamou de “subsunção formal do trabalho ao capital” e “subsunção real do trabalho ao capital”.
No regime de biopolítica, em uma época de grande ampliação do trabalho imaterial junto do trabalho que se torna mais social e, nesse sentido, mais abstrato[xi], a época do general intellect deveria, então, corresponder a uma subsunção de toda a vida ao capital.
Em todo e qualquer lugar o capital tende a colocar o homem ao seu dispor, e pretende fazê-lo de uma forma nova, correspondente ao que todos acreditamos que é uma libertação. Trabalho flexibilizado, trabalho digitalizado, regras postas segundo cooperação em rede – tudo isso faz muito de nós acreditar que estamos longe de uma distopia.
Nesse mundo, que é o nosso, o trabalho se faz em rede. A internet saiu de sua condição restrita para se fazer mundial justamente em nossa época, e não à toa. O trabalho tendeu, como tende hoje em dia, a se organizar e se desenvolver segundo o general intellect, ou seja, segundo o “cérebro social”. A produção social veio a contar mais, deixando a velha fábrica aos cuidados da automação.
Assim, os pós-operaístas puderam falar que o capital fixo e o capital variável tenderam a se fundir. Nisso, eles também repetiram Marx que, nos Grundrisse, chegou a falar no “homem como sendo ele próprio o capital fixo”.[xii] Os pós-operaístas se agarraram a essa ideia integrando-a à noção de general intellect e à noção de “indivíduo social”.[xiii] Com isso conseguiram fazer uma narrativa interessante de um tempo que é o nosso, o de predominância do regime biopolítico que vivemos.
Somos “prosumidores”, ou seja, produtores-consumidores ao mesmo tempo.[xiv] Nossa extenuação se ampliou. Nossa subjetividade individual foi alterada à medida que entramos para o âmbito de uma subjetividade universal ao qual damos o nome de maquínica. Isso não tem a ver com dizeres do senso comum que afirma que viramos máquinas. Maquínico não quer dizer maquinal.
Entramos para regimes maquínicos à medida que fomos algoritmizados. Não nos servimos das plataformas como se fôssemos usuários que, por decisão própria, poderiam dispensá-las. Fazemos parte delas no âmbito da produção social. Agora, com o advento da Inteligência artificial, mais ainda seremos agenciados segundo nossa transformação em elementos de uma subjetividade maquínica.
Os algoritmos não são um poder exterior, eles fazem parte de nossa atuação contínua, e assim se dá com a Inteligência artificial. Sem notar o ambiente do capitalismo plataformizado e sem nos referir ao general intellect dando as coordenadas para o que é a produção social de nossos dias, penso que restaria pouco a dizer do mundo do trabalho atualmente.
Financeirização, neoliberalismo e capitalismo de platafoma
Os pós-operaístas não disseram que o elemento cognitivo colocou o trabalho de lado como produtor de valor. Eles disseram e continuam dizendo que o trabalho é a fonte do valor, que se realiza na circulação do capital, e que é o trabalho que se organizou de uma maneira cooperativa e segundo o general intellect, e então vingou de um modo diferente de quando o trabalhador era apenas apêndice da máquina.
Vemos agora o maquínico surgir na medida em que máquina e trabalhador se fundem no agenciamento maquínico, no âmbito da fábrica social. Trata-se da cidade digitalizada e que conta com um trabalho cada vez mais relativamente autônomo e colaborativo.
Cuidado aqui com os termos: autônomo e colaborativo – não estou querendo sustentar que o trabalho se tornou mais agradável e mais respeitoso às vocações. Na cidade, no regime biopolítico, desapareceu a fronteira entre trabalho e lazer, e o trabalho não se tornou menos alienante, mas talvez até mais. Mudou suas características radicalmente.[xv]
Nossa sociedade perdeu espaços de socialização com as regras no neoliberalismo. Há sim uma atomização social. Mas a produção exigiu socialização de saberes. O trabalho foi penetrado pela linguagem.[xvi] A comunicação se tornou imprescindível para o trabalho.
A infosfera não é mais mídia, ela adquiriu a condição de ser o nicho do mundo do trabalho. O capitalismo é capitalismo de plataforma, sabemos disso. As plataformas sugam as pessoas direta e indiretamente. Sem elas e as novas empresas geradas e/ou transformadas por elas, o capitalismo não teria a feição que têm hoje.
Claro que os pós-operaístas também falam, a partir daí, de mudança no regime de exploração. Há em nosso período uma exploração que mais se aproxima da renta do que do lucro (tirado da mais valia da indústria). Mas quem diria que a renta não é o elemento central de absorção do dinheiro nos dias de hoje? Ninguém diria que o capitalismo extrativista, que se casa perfeitamente com o capitalismo financeirizado dos dias atuais, não é hegemônico.[xvii]
Todos sabemos que as próprias empresas e fábricas passaram a funcionar ganhando mais dinheiro no financiamento de seus produtos que na própria fabricação e venda deles. Esse período dos últimos quarenta ou mesmo cinquenta anos de privatizações eliminou ou diminuiu muito o salário indireto existente nos quadros do Welfare State, e a vida de todos os trabalhadores só se fez continuar por meio da ideia do financiamento. Educação, saúde, bens materiais de todo tipo, habitação etc., tudo isso foi absorvido pelos sistemas de crédito.
Deus, ou seja, o dinheiro, passou a acreditar no homem mesmo em uma época que muitos vieram a desacreditar de Deus. O dinheiro acredita que o homem vai pagar suas dívidas com juros, e então ele aparece diminuto na mão do trabalhador, com a crença de que será reposto para bancos e financiadores em futuro próximo.
A própria forma da vida financeira, toda ela plataformizada, também conta aí com a ideia de ampliação dos serviços que são da ordem da colaboração de saberes e colaboração por vias algoritmicas.[xviii] A Inteligência artificial potencializa tudo isso e amplia a possibilidade de pensarmos na subjetividade de nosso tempo como subjetividade maquínica.
Do que se disse até aqui, creio que o general intellect se mostra muito bem como uma noção, um título, uma fase que segue a subsunção real do trabalho ao capital. Não vejo razão para se insurgir contra uma noção que explicita uma outra, a de biopolítica, que se fez necessária, que diz respeito a uma época em que o capital penetra e domina toda a vida. Nem vejo como negar aos pós-operaístas um bom lugar no campo do que está alinhado ao espírito da obra de Marx. Aliás, eles reivindicaram essa posição, creio que com boa legitimidade.
*Paulo Ghiraldelli é filósofo, youtuber e escritor. Autor, entre outros livros, de Capitalismo 4.0: sociedades e subjetividades (CEFA Editorial). [https://amzn.to/3HppANH]
Referência

David Harvey. A companion to Marx’s Grundrisse, London and New York, Verso. 2023, 480 págs. [https://amzn.to/3XpixJm]
Notas
[i] David Harvey. A companion o Marx’s Grundrisse. London and New York: Verso. 2023
[ii] Sandro Mezzadra. Operaísmo e pós-operarísmo. Lugar Comum, n. 42 2024 disponível em: https://revistas.ufrj.br/index.php/lc/article/view/50317
[iii] David Harvey. A loucura da razão econômica – Marx e o capital no século XXI. São Paulo: Boi Tempo, 2018, pp. 100-101
[iv] David Harvey. A companion to Marx’s Grundrisse. London and New York: Verso, 2023, p. 334.
[v] David Harvey, A companion to Marx’s Grundrisse, p. 334.
[vi] Karl Marx. Fragmento das Máquinas. In: https://ghiraldelli.org/2022/01/22/fragmento-sobre-asa-maquinas/
[vii] Matteo Pasquinelli. The Eye of the master. Londres e Nova York, Verso, 2023.
[viii] Antonio Negri. Biocapitalismo. São Paulo: Iluminuras/Editorial Quadrata, 2015.
[ix] Paulo Ghiraldelli. Capitalismo 4.0. Sociedades e subjetividades. São Paulo-Ibitinga: CEFA Editorial, 2025.
[x] Nick Srnicek. Plataform capitalism. Cambridge. Polity Press, 2017.
[xi] Antonio Negri. Intelecto geral e indivíduo social nos Grundrisse de Marx. Publicado no site Euronomade. Reproduzido em: https://ghiraldelli.org/2021/04/13/intelecto-geral-e-individuo-social-no-marxian-grundrisse/
[xii] Karl Marx. Grundrisse. São Paulo: Boi Tempo, e-book, p. 15959.
[xiii] Antonio Negri e Michale Hard. Assembly. São Paulo: Politeia, 2018, p. 155, pp. 157-167. Ver também: Antonio Negri e Carlo Vercellone. A razão capital/trabalho no capitalismo cognitivo. https://ghiraldelli.org/2023/01/24/a-razao-capital-trabalho-no-capitalismo-cognitivo-por-antonio-negri-e-carlo-vercellone/ E mais: Christian Marazzi. A depreciação do corpo máquina. https://ghiraldelli.org/2022/07/15/a-depreciacao-do-corpo-da-maquina-por-christian-marazzi/
[xiv] Antonio Negri e Michale Hard. Assembly, p. 163.
[xv] Antonio Negri e Michael Hardt. Assembly, cap. 7, pp. 145-167. Paulo Ghiraldelli. Subjetividade maquínica. São Paulo/Ibitinga, CEFA Editorial, 2022.
[xvi] Christian Marazzi. O lugar das meias. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009.
[xvii] Sobre isso pode-se ver: Ilan Lapyda. Introdução à financeirização. São Paulo/Ibitinga: Cefa Editorial, 2022. Ver também: Ladislau Dowbor. Capitalismo se desloca. São Paulo: Edições SESC, 2020.
[xviii] Ver Maurizio Lazzarato. O governo do homem individado. São Paulo: N-1, 2017. Ver também: Maurizio Lazzaratto. Signos, máquinas, subjetividades. Edições Sesc e N-1, 2014.
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