Por RONALDO TAMBERLINI PAGOTTO*
Dez teses sobre a situação atual e seus desafios
O debate político nesse momento ganha contornos dramáticos e aditiva a já tensionada situação brasileira. Mas também de esperança. O processo eleitoral é tema dominante e muito já foi analisado, ponderado sobre os resultados, hipóteses, novas teses e muitas explicações.
O processo que vivemos é muito central na vida e estamos diante das eleições mais importantes desde antes do golpe de 1964. E o resultado terá consequências para o Brasil que teremos nos próximos 15, 25 anos.
Antes de passar para os temas, uma observação. O fato de termos uma grande responsabilidade e tarefa nesse momento: derrotar Bolsonaro, não deve ofuscar a necessidade de refletirmos sobre a luta, a quente. Mas o contrário. Por isso apresento alguns pontos para contribuir com esse importante debate.
O resultado do dia 02 se assemelha a um censo político do Brasil
O resultado das eleições é a forma mais próxima de compreender como pensa o brasileiro sobre nós mesmos; os problemas centrais, os temas candentes e saídas para eles. Gostemos ou não, é preciso encarar o resultado como um reflexo disso. Mas tem muitos outros fatores que complexificam isso. Sabemos que o processo eleitoral e o voto são permeados por muitos fatores combinados e que influenciam nisso. A começar pela preponderância do poder econômico, cujas candidaturas com maior ou menor capacidade econômica tem mais chances de ter votos.
Outro é a visibilidade na mídia, ocupando espaços e sendo popular também amplia as chances de boa votação (vide as candidaturas de atores, músicos, jornalistas com grande exposição, jogadores, etc.) por isso. Ainda joga um papel relevante a velha manipulação de massas, via demagogia e candidatos que prometem tudo a todos. Ou seja, só nesses três aspectos já temos como compreender o resultado para além do simplismo de um censo do pensamento do brasileiro sobre política.
Mas precisamos ir além. A polarização cristaliza as posições políticas, especialmente provocadas por uma força política que se sustenta no “nós x eles, bem x mal, salvar o Brasil x destruir o Brasil”, etc., que é o Bolsonaro. Os meios de comunicação da grande mídia comercial ajudaram a naturalizar essa liderança política e foram responsáveis por criar um forte antipetismo na sociedade. O que ajuda a explicar também.
Um fator adicional é que essa liderança tem forte rejeição e o voto anti-Bolsonaro não se expressa apenas em Lula, tampouco para o parlamento e em parte dos governos. Isso ajuda a explicar a discrepância entre o voto Lula e o voto nos demais (governos e parlamentos), que em vários estados foram anti-Bolsonaro e votaram em candidatos do campo político dele. Esse rechaço ainda tem uma focalização na figura dele e não na força política que ele constrói.
Por outro lado, o tema do voto em Jair Bolsonaro e as hipóteses para compreender isso povoa os debates desde 2018, e sabemos que esse voto não pode ser confundindo com um apoio ao neofascismo. O voto nele é diverso e contém muitos conteúdos diferentes, não significando apenas adesão a um programa específico, ou ao fascismo, mas sim como uma posição fragmentada, como sempre é: parte pelo anti-PT, parte pelo conservadorismo nos costumes e valores, parte pelo tema da segurança, por representação política de setores da sociedade, pela influência de lideranças religiosas etc. Nesse tema o voto com essa diversidade não surpreende, mas merece uma consideração adicional.
É sempre importante lembrar que sobre esse tema nossas expectativas mais sinceras e profundas eram no sentido de ver na apuração um forte rechaço a tudo o que esse governo simboliza. Mas aí é outro departamento. Nele cabe de tudo e a realidade sempre é um problema por revelar as coisas sempre em contraste com os desejos e expectativas.
Mas há motivos para uma decepção com o voto? O resultado nos sugere um rotundo não. O anti-bolsonarismo fez um candidato à reeleição ter o pior desempenho desde 1998. Com a máquina operando na velocidade máxima: orçamento secreto bilionário, pacotes de bondades eleitorais (combustível, auxílio Brasil de 600, auxílio gás, ajuda para taxistas, etc.). Com a adesão importante do centrão e boa parte da grande mídia, empresários, setores médios e especialmente uma campanha muito agressiva dentro de igrejas e templos religiosos. E lojas maçônicas, que são a principal organização política dos setores médios no Brasil desde o século XIX.
Jair Bolsonaro é a maior liderança de direita das últimas décadas
Se o candidato de 2018 apareceu como um nome para acumular e representar a extrema direita naquele pleito, avaliado até julho daquele ano como uma candidatura sem chances e para expressar o voto desse campo político, após a vitória em 2018 e o governo, combinado com o resultado de domingo podemos concluir que estamos diante de uma liderança conservadora popular e nacional. Reconhecer isso não significa desconsiderar as enormes inconsistências, incapacidades, muitas incapacidades e limites, mas não podemos errar novamente subestimando-o.
Esse sujeito que para muitos é abjeto, asqueroso, que parte do Brasil não consegue mais ouvir e ver. Mas é preciso observar que ele tem uma capacidade de comunicação bastante popular, sua mensagem é clara e dialoga com o que se convencionou chamar de brasileiro médio.
A descrença e o medo na política são úteis para a direita.
A descrença dá lugar a salvação divina, ou ao destino ou a benevolência de um salvador. Não pela ação humana. O medo é autorizador da barbárie e antessala da fascistização popular.
Nessa crise a direita ataca as instituições criadas historicamente por ela: Estado, Democracia e as liberdades. Nesse completo caos dos ataques à política, mesmo limitada na democracia burguesa, criando um quadro de descrédito das instituições, partidos, organizações e do que se convencionou chamar de “sistema” político.
Se a política se torna sinônimo de corrupção, malfeitos, espaço da expressão dos interesses particulares e mesquinhos, sendo vista como um território dominado, sem perspectivas e que precisa ser denunciada e combatida.
É um tema que expressa uma alienação em relação ao mundo, ao Estado e a política em si.
As forças neofascistas têm uma relação especial com o medo como método da política. Isso tem dois lados: o medo que elas causam em parte da sociedade, por serem “valentes”, ameaçarem os opositores, incitarem a violência simbólica e real; e do outro, e talvez o que tenha maior relevância é o medo como ameaça, os riscos da sociedade se o neofascismo não vencer. Sempre são os responsáveis por alardear ameaças terríveis.
E para causar medo a ameaça tem muitas causas, mas centralmente figura o anti-comunismo histórico e carcomido. A ameaça comunista sempre esteve presente na mensagem das forças conservadoras e especialmente desses setores neofascistas. Mas não só. Medo da destruição dos assim chamados valores. Medo dos ataques à família. Às crianças pelas supostas (e malucas) ameaças de pedofilia. Do “gayzismo, abortismo, satanismo, chavismo…”, tudo coordenado a partir das forças da nova ordem mundial.
O medo é funcional, útil. Causa paralisia. Gera instabilidade. As pessoas atemorizadas podem anuir com absurdos, como aceitar (e incitar) linchamentos, silenciar para a violência generalizada chegando ao limite de apoiar golpes de estado e ditaduras sanguinárias para impedir que os inimigos destruam o país, a família, os valores, a moral e os bons costumes ou implantem o comunismo, que na cabeça deles é uma quase realidade.
O discurso neofascista de Jair Bolsonaro tem vários núcleos e o de protetor da sociedade diante de poderosas ameaças é um núcleo muito consistente e importante na mensagem política dele. Não passa uma semana desde que ele emergiu como uma figura nacional sem ele bradar como um arauto da defesa do Brasil das mil e uma ameaças. E isso é mobilizador, constrói uma narrativa que comove e por ser um vertedouro de acusações – já que se tem uma ameaça precisa indicar quem são as poderosas figuras que estariam por detrás. Além de ser funcional para mobilizar e convencer essa política joga os opositores para uma situação defensiva sem fim. As forças progressistas são colocadas nas defensivas por lutas históricas, bandeiras centenárias e causas estratégicas e sem meios para combater na mesma dimensão são colocadas contra a parede permanentemente.
O bolsonarismo é uma força viva, diretamente vinculada ao líder e nacional. E tem muitos limites
O bolsonarismo tem várias etapas. Antes da presidência ao menos duas: a de pré-candidato como um deputado sem “papas na língua” e a de candidato disputando os primeiros lugares e vitorioso. Nesse período essa força era conspirativa, constituída em redes semi-clandestinas e surfando numa onda antissistema e de profunda crise política no Brasil.
O ano de 2018 tínhamos o maior espetáculo do combate a corrupção com a operação lava-jato e suas ilegalidades, com uma presidenta que havia sofrido impeachment, o ex-presidente Lula, maior liderança popular do Brasil, condenado em duas instâncias e sob ameaça de prisão, o presidente golpista nas cordas com as operações da Lava jato e correlatas sempre na corda bamba, o candidato à presidência que havia terminado em segundo lugar com risco de prisão, o presidente da Câmara em vias de ser preso e o Senado também. Caos no sistema político brasileiro.
Nesse caos Jair Bolsonaro se fez. Aproveitou o cenário e construiu uma campanha em princípio artesanal com base em poucos articuladores e a partir da adesão de amplos setores da classe dominante foi eleito presidente. Muito dinheiro e apoio de forças conservadoras internacionais ajudaram muito. Isso só foi possível com a devastação promovida a partir das ilegalidades perpetradas pela 13a Vara Federal de Curitiba.
Eleito e assumindo parte do Estado essa força se amplificou. A nacionalização anterior foi submetida a uma profissionalização, sempre controlada por poucas pessoas de confiança, que aliás são e sempre foram pouquíssimas. Ele é paranóico com esse tema e não confia em ninguém. Mas isso não impediu de dar um salto de qualidade: criou uma rede de mais de 50 sites de “notícias”, que não fazem mais do que criar factóides, notícias sem qualquer checagem e fazer publicações de um site no outro sucessivamente, criando uma ideia de veracidade, volume. E os dutos nas redes fechadas – Whatsapp, Telegram, Youtube (só acessível com link) etc. Em outro artigo analisei como se organizou as redes sociais do bolsonarismo.[i]
Nessa nova etapa pós eleição ele buscou criar polos de organização popular, mas não teve sucesso nesse tema. Os conflitos permanentes dentro do grupo, a maior parte tendo ele como protagonista, fragmentou esse caminho. A incapacidade de organizar um segmento pouco afeito a construção coletiva também influenciou. Tentou pegar carona em aliados, mas por não confiar em ninguém não avançou também. Sem conseguir construir organização para dar sustentação, passou a depender de figuras que emergiram na eleição de 2018 por dentro do bolsonarismo e construiu um núcleo muito mais articulado de luta ideológica, pura agitação e propaganda, operando de dentro do Palácio e que recebeu o merecido apelido de “gabinete do ódio”. E apoiou muitas iniciativas nesse campo, tais como o canal “Terça livre” e o auto-declarado “Brasil Paralelo”.
No período de 2020, mais precisamente da pandemia em diante o bolsonarismo passou a depender cada vez mais das forças que dominam o Congresso Nacional. As chamadas forças da velha política, o Centrão, negociadores na bacia das almas do Congresso Nacional e que operam a partir da dinâmica da chantagem e negociata, obrigando Jair Bolsonaro a navegar conjugando em ser uma força com mensagem anti-sistema e a forte vinculação com a política mais tradicional do Brasil, o centrão. Da musiquinha cantarolada pelo general Heleno ao presidente afirmando que sempre foi do centrão. Mas ele mentiu, ele era do baixo clero, campo sem expressão e quase irrelevante. Nos corredores do congresso são conhecidos como batedores de carteira diante dos grandes negociadores.
O que faz essa força seguir com densidade e atuação nacional são duas coisas. Ser ele o Presidente, que tudo o que faz é para orientar e estimular sua tropa e uma frente de informação, agitação e propaganda que funciona tanto em redes abertas às claras quanto em redes fechadas e em caráter conspirativo e semi-clandestino. Um presidente que orienta diariamente, que pauta o debate nacional e com uma capacidade de orientar milhares de pessoas todos os dias pelos mais diversos canais é o que faz essa força ser o que é: uma força importante e expressiva, embora sem organização regional e local, apenas os mandatos e apoios empresariais.
O método da desinformação veio para ficar
E nossos métodos para combater são artesanais. A barreira tem se limitado ao bom senso e o uso das redes para checagem.
Afirmar que um candidato queria distribuir mamadeiras com um objeto adicional ao bico com o formato de um pênis foi impactante. Que esse candidato estimulava a diversidade sexual em crianças, aceitava a pedofilia e tantas outras marcou o debate sobre esse tema. Desde então os métodos ganharam muito mais envergadura. As notícias são muito mais críveis, as montagens mais bem-feitas, a deepfake (adicionar uma fala criada por inteligência artificial em uma imagem alterada, ambas a partir de imagens reais).
As denúncias são regulares, existem diversas iniciativas sérias de checagem, que rapidamente contestam as mentiras, isso vem ganhando qualidade e profissionalismo. Mas é sempre reativo e artesanal. Para cada mentira vertida e circulada nos dutos do bolsonarismo nossa resposta, por mais rápida e convincente, não consegue ter o mesmo impacto. Isso decorre de ser uma condição reativa e da política de notícias falsas não ser um erro de checagem, ou uma política já coibida pela justiça, mas o contrário, ela é parte da política dos setores conservadores e especialmente os neofascistas.
A fábrica de notícias falsas vem ganhando uma capacidade preocupante. Não são somente coisas absurdas e como mamadeira de “piroca”, kit gay e outros pouco verossímeis. Mas há as mais eficazes ainda que são uma história menos estranhas e descoladas da realidade para alcançar públicos por segmentação (regional, temáticas, de gênero, religiosos, faixa etária, por temas de interesse – armas etc.) e por ser mais sútil atrai menos os holofotes e a reação para desmentir. Por isso é mais eficiente e eficaz.
A classe dominante brasileira é tudo aquilo que já sabemos
O processo é mais uma evidência disso: é anti-povo e despreza a democracia. E de Nacional só tem a compra da camisa da CBF. Ela é responsável pela crise que vivemos.
Se o resultado se assemelha a um censo político, também é revelador das nossas classes dominantes. O Bolsonaro candidato de 2018 recebeu um apoio significativo, mas em 2022 não se trata de apoiar um outsider, ou um candidato com promessas, mas uma tragédia com ameaça de reeleição. Um fracasso retumbante, com muitas razões para sofrer impeachment e com uma das piores políticas de enfrentamento da pandemia no mundo. Mas uma boa parte desse setor embarcou novamente com Bolsonaro e deve ser tratado como merece: é corresponsável pela tragédia que vivemos e sempre lembraremos disso.
Esse setor se mostrou ainda mais antinacional e antipopular do que antes. É na crise que as posições se evidenciam, nos ensinaram os clássicos. E é nela que temos a confirmação, uma vez mais, do caráter destrutivo, predatório, antipopular, iletrado e medíocre dessa classe dominante. Cobiçosa como nos ensinou o mestre Darcy Ribeiro. Que não se trata de elite, mas de um bando de endinheirados que vertem bobagens, financiam essa aventura neofascista e não tem qualquer compromisso nacional.
Sobre isso temos que relembrar que essa classe dominante só se preocupa em aumentar os próprios ganhos, e para isso aumenta a exploração do trabalho com o ataque aos direitos trabalhistas, à Justiça do trabalho, ao sindicalismo (que parte da esquerda celebrou o fim da contribuição sindical como um avanço!), assim como a seguridade social (centralmente a previdência), contando, promovendo um giro na direção de uma economia agrário-minério-exportadora, ampliando a fronteira agrícola em todos os biomas, com destaque para o pantanal, Amazônia e no cerrado em uma velocidade e intensidade monstruosa. Não tem rumo, não tem projeto próprio, não tem horizonte que não seja uma inserção subordinada, dependente, associada internacionalmente e como sócia menor. E pró-povo é Estado máximo na repressão e como fiadores da economia.
A luta ideológica segue sendo um problema da esquerda
A abertura das urnas para contagem de votos permite ter um quadro do Brasil como já dito anteriormente. E o resultado é revelador. Ideias e propostas conservadoras, que idealizam o passado, combatem mudanças e são permissivas com a violência estatal demonstram ter adesão importante da sociedade e isso não é novidade. A novidade é que seguimos sem uma intervenção contundente para esse tema.
O uso dos símbolos nacionais sustentando propostas anti-nacionais também não é novo. Idem com a suposta defesa da democracia atacando-a. E falando em povo com bandeiras anti-populares.
Sabemos que o principal meio para travar a luta ideológica é a luta de classes – a luta política e a luta econômica, a experiência concreta e educativa das lutas. Mas há também um terreno amplo para disputar e lutar da batalha das ideias. Sem esforços mais sérios e robustos a esquerda seguirá se surpreendendo sobre como pensa o Brasil profundo – ou seja fora da bolha das camadas médias universitárias das capitais – sobre a pena de morte, o aborto, o capitalismo, a esquerda, a revolução, liberdade, valores, etc., etc.
Não é possível ter uma consequência diferente se nossas iniciativas seguem muito aquém da capacidade de confrontar uma hegemonia nas comunicações que provavelmente não existiu antes com tamanha capacidade de difusão e alcance e ao mesmo tempo discrepância com a capacidade de contestar isso.
Os meios de comunicação da grande mídia comercial estão divididos e parte deles na oposição ao governo. Mas não contemos com isso para uma medida sequer de um governo Lula eleito no dia 30. Essas empresas são corresponsáveis pelo que passamos e no dia seguinte da apuração já estará organizando a oposição ferrenha.
Vamos vencer o medo, o caos, o neoliberalismo e o fascismo
O Brasil e as urnas deram uma resposta importante. Não vencemos no primeiro turno, mas a grande maioria da sociedade disse não ao Bolsonaro. E se nada extraordinário ocorrer teremos uma vitória histórica no dia 30. Uma vitória que deve ser a confirmação de um caminho para os próximos anos: precisamos seguir na luta para derrotar o bolsonarismo na sociedade, neutralizar as frações neofascistas que integram esse bloco e combater diuturnamente o neoliberalismo que ameaça promover uma absoluta reconversão neocolonial do Brasil para assumir a condição agrário-minério exportadora como “vocação” nacional, que não gera renda e emprego, relegando uma massa de trabalhadores a trabalhos com baixa renda e sem futuro.
Essa batalha será a mais importante das últimas décadas e promete marcar a nossa história. Mas não será suficiente superar o candidato do 22 no dia 30. Não teremos paz da noite da vitória até neutralizarmos as forças neofascistas, com apoio de setores das classes dominantes e sustentadas por frações das camadas médias ressentidas e radicalizadas no anti-comunismo disfarçado de anti-petismo e “nacionalismo de CBF”.
O Brasil precisa de um projeto nacional democrático e popular, capaz de apresentar um sentido para as amplas maiorias
Uma vitória no dia 30 adiará conflitos importantes e que seguirão se intensificando. De um lado as forças que aderiram ao programa ultraliberal, ou neoliberalismo ainda mais selvagem, e são conduzidas por forças neofascistas, articuladas por setores religiosos ultraconservadores, segmentos militares das FFAA e polícias, milícias locais e estaduais, setores importantes das camadas médias e que se organizam em torno da liderança de Jair Bolsonaro.
Que essa vitória, se confirmada, seja uma oportunidade para enfrentarmos os desafios mais caros dessa geração: assumir o debate e a construção de um Projeto Nacional de desenvolvimento capaz de articular o enfrentamento às dívidas históricas com os setores mais vulneráveis em questões de trabalho e renda, moradia, acesso à educação, saúde, cultura, com a construção de um caminho para combater a condição de país agro-minério-exportador de commodities.
Esse processo não será simples, tampouco decorrerá de ideias brilhantes e bem escritas. Isso é força social organizada para construir o Brasil que precisamos para as próximas décadas. Se vivemos tempos difíceis até aqui, a situação política brasileira não nos dará tréguas. Essa geração será responsável por derrotar o neofascismo e abrir caminho para a construção de um projeto nacional: popular, democrático, anti-imperialista, libertador.
O Brasil por um triz precisará disso. Definitivamente seremos exigidos a responder com muito mais força, energia e organização para que dessa condição que estamos por um triz para que de fato os dias nasçam felizes. E não faltaremos a esse desafio!
*Ronaldo Tamberlini Pagotto, advogado, é ativista do Movimento Brasil Popular.
Nota
[i] Ascensão da nova direita nas redes sociais. Disponível em https://aterraeredonda.com.br/ascensao-da-nova-direita-nas-redes-sociais/
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