Malcolm X – legado de um revolucionário

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Por LUIZ BERNARDO PERICÁS*

Uma trajetória de constante reinvenção, da marginalidade ao internacionalismo, cujo pensamento evoluiu do nacionalismo negro para uma luta global contra a opressão, unindo raça, classe e anticolonialismo

1.

Há cem anos nascia Malcolm X, um dos mais proeminentes ativistas sociais dos Estados Unidos do século passado. Ele seria assassinado a tiros no Salão Audubon, no Harlem, no dia 21 de fevereiro de 1965, sessenta anos atrás. Apesar da distância no tempo, sua influência continua a crescer.

Ao longo da vida, Malcolm passou por diversas transformações ou, como sugeriu o historiador e biógrafo Manning Marable, “reinvenções”: de Malcolm Little se tornou “Detroit Red” e depois Malcolm X e El-Hajj Malik El-Shabazz. Como o próprio Malcolm X comentou: “Toda minha vida foi uma cronologia de mudanças”.[i] Ele se tornaria um ícone cultural e uma das principais lideranças revolucionárias afro-americanas de sua época.

Malcolm X viu de perto a pobreza e o racismo durante a infância e a juventude. O menino nascido em Omaha (Nebraska), em 19 de maio de 1925, perdeu o pai – um pastor batista, seguidor de Marcus Garvey – quando tinha apenas seis anos de idade. A mãe, então viúva, esgotada física e emocionalmente, com oito filhos para criar e poucas condições financeiras para manter a família, acabaria sendo internada num manicômio.

O jovem abandonou a escola aos quinze anos, quando morava em Michigan. Depois, foi viver em Boston e, em seguida, em Nova York, um período em que passou a cometer delitos e infrações de vários tipos: envolveu-se com roubos, drogas e jogatina ilegal. Não custa lembrar que naquela época havia em torno de 50 mil desempregados no Harlem (onde Malcolm X residiu), muitos dos quais, oriundos de famílias disfuncionais, com baixa escolaridade e sem trabalho formal, que recorriam ao uso e venda de tóxicos, ao alcoolismo e à prostituição.

O caminho para a marginalidade, portanto, era comum para muitos jovens de seu meio. Malcolm X ainda retornou a Boston, onde foi preso após uma série de assaltos a residências, em 1946. Não tinha sequer 21 anos completos. Cumpriu pena de seis anos e meio em Massachusetts, inicialmente no presídio estadual de Charleston, depois no reformatório de Concord e, então, na colônia penal de Norfolk.

As ruas foram a primeira universidade de Malcolm X. O cárcere, a segunda. Lá, ele se dedicou a leituras de obras diversas (de autores tão heterogêneos como Heródoto, Spinoza, Schopenhauer, Kant, Nietzsche, Will Durant, H. G. Wells, Frederick Law Olmstead, Fanny Kemble, Harriet Beecher Stowe, W. E. B. DuBois, Carter G. Woodson, Homero e William Shakespeare, entre outros); impôs a si mesmo uma disciplina férrea; e se aproximou da Nação do Islã (NOI), uma organização religiosa liderada por Elijah Muhammad, que misturava elementos de nacionalismo negro com uma interpretação bastante heterodoxa (e distorcida) da fé muçulmana.

2.

Malcolm X ganhou liberdade condicional em 1952, tornou-se muito próximo de seu maior dirigente (e, de alguma forma, “pai espiritual”) e ficou conhecido nacionalmente como o principal porta-voz do grupo. Ele se destacou como um grande organizador e excelente orador. O grupo teve um crescimento significativo na década de 1950, em grande medida pela atuação de Malcolm X.

Anos mais tarde, após desentendimentos de ordem pessoal e política com Elijah Muhammad, ele se afastou da NOI – para alguns, “uma organização nacionalista burguesa cuja direção estava empenhada em encontrar seu próprio espaço dentro da economia do sistema capitalista nos Estados Unidos”[ii] –, com a qual rompeu em 8 de março de 1964, constituindo a Muslim Mosque Inc. (MMI) e, depois, a Organização de Unidade Afro-Americana (OAAU).

Vale lembrar que Malcolm X se decepcionou enormemente com o comportamento sexual de Elijah Muhammad com jovens integrantes da NOI, suas “secretárias” (dentre as quais algumas engravidou); com o abuso de autoridade dele; com as negociações secretas que fazia com grupos racistas de extrema direita (como a Ku Klux Klan e o Partido Nazista dos EUA); e com a práticas de corrupção financeira de alguns dos membros graduados da organização, o que era algo inadmissível para Malcolm X.

Um dos objetivos primordiais da Nation of Islam era o separatismo racial completo. Neste sentido, seus dirigentes e integrantes eram adversários intransigentes de qualquer integração com a população branca; praticamente renunciavam à luta política – dando preeminência essencialmente às questões morais e religiosas – e apoiavam a criação de um Estado negro independente dentro dos Estados Unidos.

A NOI, portanto, impedia qualquer tentativa de unidade ou aliança entre trabalhadores brancos e negros, renunciando à luta por mudanças estruturais profundas na própria sociedade norte-americana, assim como tampouco discutia a possibilidade de implementação de reivindicações parciais para o proletariado afro-americano (oficialmente, os membros deste culto eram proibidos de se envolver em atos de desobediência civil ou protesto social).[iii]

Durante muito tempo Malcolm X concordou e difundiu essas premissas, ainda que fizesse questão de dizer, em seus discursos e entrevistas, que falava em nome do “honorável” Elijah Muhammad. Em outras palavras, aquelas não deveriam ser consideradas suas ideias, mas a expressão da posição oficial do grupo do qual fazia parte.

3.

Malcolm X acabaria se tornando sunita, ao realizar uma emblemática peregrinação a Meca. Vale mencionar que a concepção do Islã propugnada pela NOI não fazia sentido para a maioria dos muçulmanos das correntes tradicionais e era considerada completamente equivocada.[iv] A NOI, assim, não cumpria o papel político ou religioso que deveria. E Malcolm X percebeu isso. Seu afastamento seria inevitável. Mas sua ligação com o Islã, não. Ele permaneceria um muçulmano até seus últimos dias.[v]

Como afirma Manning Marable: “À medida que Malcolm X aprendia mais sobre o Islã ortodoxo, ele ficou determinado a propagar o significado dessa fé para o público, independentemente da raça. […] Ele estendeu a mão para seitas e organizações islâmicas que refletiam opiniões e princípios teológicos amplamente divergentes – muçulmanos wahhabistas na Arábia Saudita, socialistas nasseristas no Egito, sufis africanos no Senegal, a Irmandade Muçulmana no Líbano, a Organização para a Libertação da Palestina. Ele evitou discussões que colocavam os muçulmanos uns contra os outros; ele enfatizou a capacidade do Islã de transformar o crente do ódio e da intolerância para o amor” [vi] (ainda assim, George Breitman acredita que, apesar de sua conversão na prisão, a religião nunca foi uma preocupação dominante para Malcolm X).[vii]

Mesmo que não falasse explicitamente em termos de lutas de classes e ditadura do proletariado – ele nunca foi um marxista – e defendesse a luta por “direitos humanos”, Malcolm X demonstrava grande admiração pela China popular, por Cuba e pelo Vietnã, assim como por seus principais dirigentes.[viii] Afinal, mesmo que com uma “gramática” distinta dos marxistas, ele apoiou as lutas anti-imperialistas, anticolonialistas e antissistêmicas em todo o Terceiro Mundo, sendo influenciado por conhecidos intelectuais e líderes africanos, asiáticos e latino-americanos (neste último caso, especialmente os cubanos).

Os últimos meses de vida de Malcolm X foram muito importantes para que ele seguisse por esse caminho. Ao longo do tempo, seu discurso mudou gradualmente e, cada vez mais, ele foi adotando uma postura anticapitalista, aproximando-se bastante das ideias de revolucionários como Che Guevara e Fidel Castro (ele também tinha grande respeito pelo Socialist Workers Party nos Estados Unidos).[ix]

Para isso, buscaria transcender as fronteiras norte-americanas e “internacionalizar” o combate contra a opressão nacional, o racismo e a exploração dos povos periféricos, condenando de maneira firme os EUA por suas atividades criminosas em todas as partes do planeta.[x] Há quem diga, inclusive, que “durante sua vida, ele [Malcolm] buscou força ideológica onde quer que a encontrasse, nos ensinamentos sociais e econômicos de sua própria religião do Islã e na análise econômica de Karl Marx.

Ele se inspirou nas grandes conquistas da República Popular da China e de Cuba. Ele pegou ideias de todos os quadrantes, acrescentando-as ao considerável capital mental que possuía”.[xi] Alguns até mesmo acham que ele estava no limite para se tornar um “socialista revolucionário”.[xii]

4.

Se durante um bom tempo ele se definiu como um black nationalist freedom fighter,[xiii] isso mudou nos seus últimos meses de vida. Quando criou a MMI, em março de 1964, por exemplo, Malcolm X disse que “nossa filosofia política será o nacionalismo negro. Nossa filosofia econômica e social será o nacionalismo negro. Nossa ênfase cultural será o nacionalismo negro”.[xiv] Mas isso durou pouco tempo.

Alguns meses depois, sua visão seria distinta. O conceito de “nacionalismo negro”, afinal, se tornou limitante para ele, diante do objetivo de evitar qualquer sectarismo e incentivar a participação daqueles que não fossem muçulmanos. A OAAU seria uma ferramenta política que poderia auxiliar nesta tarefa, quiçá a partir de táticas mais flexíveis para conseguir uma unidade de ação com dirigentes de outras organizações.

Em sua entrevista para a revista Young Socialist, de 18 de janeiro de 1965, ele mostraria uma nova posição: “Eu costumava definir o nacionalismo negro como a ideia de que o homem negro deve controlar a economia de sua comunidade, a política de sua comunidade etc. Mas em maio, quando me encontrava em Gana, falei com o embaixador da Argélia, um militante resoluto, um revolucionário no verdadeiro sentido da palavra (o que ele demonstrou amplamente ao dirigir em seu país uma revolução vitoriosa contra a opressão). Quando lhe disse que minha filosofia econômica, social e política era o nacionalismo negro, me perguntou com franqueza: “Bem, e onde você me situa?” Porque ele era branco. Ele era africano, da Argélia, e por sua aparência, era um homem branco. E ele me disse que seu eu definia meu objetivo como a vitória do nacionalismo negro, onde isto o colocava? Onde eu situava os revolucionários do Marrocos, Egito, Iraque, Mauritânia? E me demonstrou que eu alienava as pessoas que eram verdadeiramente revolucionárias, dedicadas em derrocar, por todos os meios necessários, o sistema de exploração que prevalece neste mundo”.

“Isto me obrigou a pensar e a reavaliar bastante minha definição de nacionalismo negro. Podemos dizer que o nacionalismo negro compreende a solução de todos os problemas que enfrenta nosso povo? E se vocês perceberam, não utilizei mais essa expressão há vários meses”.[xv]

Como mostram os historiadores soviéticos Igor Gueevski e Svetlana Chervónnaia, o nacionalismo negro velava o aspecto classista do problema dos afro-americanos e podia isolá-los dentro dos Estados Unidos. Para aqueles pesquisadores, “o nacionalismo negro não resolvia os problemas imediatos principais. Em sua base estava a ilusória percepção da possibilidade de se conseguir realizar uma mudança radical para melhorar a situação da população negra sem precisar implementar modificações fundamentais na sociedade em seu conjunto”.[xvi]

Ou seja, Malcolm X se deu conta de que eram necessárias transformações revolucionárias no país. E que os problemas nos EUA eram parte de um painel maior da luta sistêmica em todo o planeta.

5.

Em um discurso no dia 18 de fevereiro de 1965, na Universidade Columbia, poucos dias antes de seu assassinato, ele disse: “Estamos vivendo em uma era de revolução, e a revolta do negro americano é parte da rebelião contra a opressão e o colonialismo que caracterizou esta era… É incorreto classificar a revolta do negro como simplesmente um conflito racial do preto contra o branco, ou como um problema puramente americano. Em vez disso, estamos vendo hoje uma rebelião global dos oprimidos contra o opressor, dos explorados contra o explorador”.[xvii]

Ainda assim, Malcolm X não conseguiu transcender algumas limitações e a unilateralidade de critérios sobre diversas questões (assim como certas opiniões aparentemente contraditórias que emitia em entrevistas e discursos), o que poderia ter ocorrido se sua vida não tivesse sido interrompida tão precocemente.

Sua opinião sobre a classe trabalhadora nos EUA, por exemplo, era, compreensivelmente, muito influenciada pelo reformismo sindical e pelo peleguismo dos burocratas da American Federation of Labor (AFL), o que o levava a evitar uma aproximação com o movimento operário (aparentemente para ele, o exército industrial de reserva e o lumpesinato afro-americano pareciam mais propensos a tomar as ruas coletivamente para protestar de forma enérgica e indignada contra o sistema, mesmo que de forma espontânea e inorgânica, do que o proletariado organizado tradicional).[xviii]

Patricia Hill Collins, por sua vez, acreditava que Malcolm X nunca teria se conectado com a tradição progressista negra preocupada com a questão classista dos anos 1930 e 1940, representada por nomes como Oliver Cox, E. Franklin Frazier, Paul Robeson, Pauli Murray e Richard Wright, entre outros.[xix] Ainda assim, Eugene Victor Wolfenstein aponta que “inspirando-se livremente na história negra – em particular, no livro Black Bourgeoisie, de E. Franklin Frazier–, Malcolm X desenvolveu a crítica da liderança negra e do protesto não violento”.[xx]

Diferentes pesquisadores, por sua vez, insistem que Malcolm X admirava muito Paul Robeson, o elogiava publicamente e queria encontrá-lo pessoalmente.[xxi] De qualquer forma, no final de sua vida ele já falava em termos de união com os “revolucionários brancos”[xxii] e de uma “política flexível” com outras organizações negras.[xxiii]

O fato é que Malcolm X se tornou mais perigoso para o sistema depois que saiu da NOI do que quando estava nela. Seu maior enfoque na política, sua aproximação com o movimento revolucionário internacional, suas denúncias contra os Estados Unidos e sua intenção de dialogar com outros grupos – muitos dos quais, com posicionamentos diferentes dos seus –, ampliaram o escopo de sua atuação e o tornaram um líder de dimensões muito maiores (“trabalharemos com qualquer um que estiver sinceramente interessado em eliminar as injustiças que os negros sofrem nas mãos do Tio Sam”, diria ele).[xxiv] Em sua última fase, Malcolm foi o mais consequente e emblemático personagem da ala radical, anti-imperialista e revolucionária do movimento negro estadunidense.

6.

A África ganhou centralidade em seus discursos. Malcolm X percebeu a importância da luta anticolonialista naquele continente. Estava especialmente indignado, como muitos de sua época, com os acontecimentos no Congo, desde o assassinato de Patrice Lumumba até o envolvimento de potências estrangeiras no país, fazendo questão de expressar suas opiniões sobre o assunto em suas intervenções públicas.

Também se colocou como um crítico da ingerência estadunidense no Vietnã, solidarizou-se com a China popular, apoiou a luta armada contra o regime do apartheid na África do Sul (ele tinha grande respeito por Nelson Mandela) e em colônias como Guiné Bissau, Angola e Moçambique, além de se mostrar um admirador da revolução cubana (ele achava que os jovens dos EUA deveriam se inspirar no exemplo dos simbas congoleses e dos combatentes vietnamitas).[xxv]

Em 1964, realizou as viagens mais importantes para sua formação ideológica. Naquele ano, esteve no Egito, Arábia Saudita, Kuwait, Líbano, Sudão, Etiópia, Quênia, Tanganica, Zanzibar, Nigéria, Gana, Libéria, Guiné e Argélia. Aquele périplo pelo Oriente Médio e África seria sua terceira universidade. Em seu último ano de vida, seu pensamento político deu um salto de qualidade (alguns autores, inclusive, consideram sua viagem à África mais importante que sua visita a Meca na mesma época).[xxvi]

Na Nigéria, Malcolm X ganhou o nome ioruba “Omowale” ou “o filho que retornou ao lar”.[xxvii] Em Gana, se encontrou com os embaixadores da Argélia (que o impressionou como alguém totalmente dedicado à militância e à revolução mundial), da Nigéria (muito preocupado com o destino dos afro-americanos), do Mali e da China, “um homem muito perspicaz e, também, muito militante”.[xxviii]

Malcolm X esteve também com o embaixador cubano em Acra, Armando Entralgo González, que garantiu apoio de seu governo a qualquer demanda dos afro-americanos para julgar os Estados Unidos por crimes raciais nos foros internacionais, assim como para buscar apoio do bloco socialista. Além disso, Havana se prontificou a patrocinar aquela iniciativa, caso nenhum país africano o fizesse. O diplomata não só convidou Malcolm X a visitar a ilha (o que nunca ocorreu), como organizou uma festa em sua homenagem, na última noite antes de sua partida.[xxix]

Malcolm proferiu uma palestra para estudantes na Universidade de Gana e outra no Instituto Ideológico Kwame Nkrumah em Wineba (em torno de 40 quilômetros da capital), jantou com exilados dos EUA na Embaixada chinesa – quando assistiu a documentários realizados pela RPC, incluindo um sobre o apoio de Pequim à “libertação” dos negros nos Estados Unidos[xxx] – e discursou no Parlamento.

7.

Uma festa foi preparada para ele por Kofi Baako, ministro da Defesa e líder da Assembleia Nacional do país.[xxxi] Malcolm também teve reuniões com Nana Nketsia, o ministro da Cultura de Gana, e com o próprio Nkrumah, o que ele considerou a maior honraria que teve durante todo o seu percurso pelo continente.

Ele começou a abordar a questão do “socialismo africano” dentro de suas particularidades: “Vejamos o socialismo africano. Muitos dos intelectuais que estudaram o socialismo estão começando a avaliar qual forma de socialismo se encaixa no contexto africano; enquanto a forma aplicada em determinado país europeu pode ser boa para aquele país europeu em particular, ela não [necessariamente] se encaixa tão bem no contexto africano”.[xxxii]

A relação de Malcolm X com a África, como se pode perceber, era evidente. Ele chegou mesmo a convencer a Etiópia e a Libéria a incluir uma petição condenando a violação dos direitos humanos contra os negros nos EUA junto a outra já elaborada contra o apartheid na África do Sul, que deveriam ser apresentadas em 12 de março de 1965, em Haia, na Corte Internacional de Justiça.[xxxiii]

Além disso, Malcolm X cogitou criar uma Afro-American Freedom Brigade (uma brigada militar composta apenas por negros estadunidenses) para combater na África, algo similar ao projeto de Castro e Guevara implementado pouco tempo mais tarde no Congo, neste caso, com tropas, em sua grande maioria, de afro-cubanos[xxxiv] (em 1965, o Che lutaria durante sete meses naquele país).

Por sinal, Malcolm X indicou, inclusive, que seria necessário criar equivalentes afro-americanos aos “Mau Mau” quenianos, ou seja, levar a cabo uma guerra de guerrilhas no Mississippi ou no próprio Harlem. Em outras palavras, ele sugeria abrir opções que pudessem abarcar desde levantes populares até mesmo a luta armada nos EUA,[xxxv] ainda que não rejeitasse a alternativa eleitoral: “Eu diria que a ideia de inscrever os negros no Sul foi boa porque a única força real que tem um homem pobre neste país é a força do seu voto”.[xxxvi] Depois do assassinato de Malcolm, muitos na África iriam chamá-lo de o “Lumumba americano”.[xxxvii]

Apesar da retórica polêmica e inflamada, Malcolm X não era racista nem violento.[xxxviii] Muito pelo contrário. Racistas e violentos eram, em realidade, a sociedade e o establishment político e militar estadunidenses. Sua postura, portanto, era reativa e expressava uma abordagem altiva diante de uma realidade multissecular de opressão e exploração das classes subalternas nos EUA, especialmente da população negra.

Afinal, ele diria que “eu mesmo aceitaria a não violência se fosse consequente, se fosse inteligente, se todos fossemos não violentos, se sempre fossemos não violentos. Mas nunca vou aceitar… a não violência de nenhum tipo a menos que todo mundo seja não violento”.[xxxix]

Malcolm X comentou que se considerava uma vítima do corrompido sistema norte-americano e via o país onde nascera com o olhar de alguém que estava naquela posição.[xl] Afinal, seria “um crime dizer a um homem para não se defender quando é vítima constante de ataques brutais. […] Devemos ser pacíficos e respeitar a lei, mas chegou a hora de que o negro norte-americano lute em defesa própria sempre e onde quer se seja atacado injusta e ilegalmente”.[xli]

8.

Especificamente em relação à questão “racial”, Malcolm X seria ainda mais explícito em uma entrevista concedida em janeiro de 1965: “Não sou racista. Sou contra qualquer forma de racismo e segregação, contra qualquer forma de discriminação. Creio nos seres humanos, e creio que todos os seres humanos merecem o mesmo respeito sem importar a cor da pele”.[xlii] E, em outro momento, iria além: “Eu acredito em reconhecer cada ser humano como ser humano: nem branco, nem negro, nem pardo, nem vermelho… creio em uma sociedade onde as pessoas possam viver como seres humanos e sobre a base da igualdade”.[xliii]

Finalmente, em 16 de fevereiro de 1965, em Rochester, ele insistiria novamente na mesma questão: “Não julgamos um homem pela cor de sua pele. Não julgamos você por ser branco; não julgamos você por ser negro; não julgamos você por ser pardo. Julgamos você pelo que você faz e pelo que você pratica. […] Não somos contra ninguém por ser branco. Somos contra os que praticam o racismo. […] Não somos a favor da violência. Somos a favor da paz. Ainda assim, as pessoas que enfrentamos são tão violentas que não se pode ser pacífico quando se lida com elas”.[xliv]

Malcolm X, ao longo dos anos, conheceu alguns dos mais importantes dirigentes políticos e revolucionários da época, como Fidel Castro (com quem conversou no Hotel Theresa, no Harlem, em 1960), Gamal Abdel Nasser, Julius Nyerere, Jomo Kenyatta, Milton Obote, Nnamandi Azikiwe, Sékou Touré e Kwame Nkrumah.

No dia 9 de dezembro de 1964, numa recepção na missão da Tanzânia em Nova York, Malcolm X esteve com Che Guevara, que havia acabado de chegar àquela cidade, onde iria discursar na Assembleia Geral nas Nações Unidas.[xlv] Em uma reunião com apoiadores da revolução cubana, pouco depois, Guevara comentou: “Parece que a violência racial está crescendo em alguns estados norte-americanos. Diante disto, há vários recursos: encolher-se um pouco mais para ver se o golpe dói menos; protestar energicamente; receber mais golpes; ou responder golpe com golpe. Isso é mais fácil de dizer do que de fazer. Mas é preciso se preparar para fazer”.[xlvi] Uma opinião, como se vê, bem parecida com a de Malcolm X na época.

9.

Dois dias depois do pronunciamento histórico do Che Guevara na ONU, em 11 de dezembro de 1964, no qual ele discutiu a questão africana (especialmente o caso do Congo), Malcolm X apresentava a um grande público no Salão Audubon, no Harlem, Abdul Rahman Muhammad Babu, ministro do Planejamento Econômico da Tanzânia. Babu e El-Shabazz estiveram juntos pela primeira vez no Cairo, na segunda reunião da Organização da Unidade Africana (OUA), e agora se encontravam novamente.

Che Guevara deveria discursar naquele mesmo evento, a convite de Malcolm. Um pouco antes, entretanto, o ministro de Indústrias de Cuba decidiu cancelar sua participação por deliberação de Fidel Castro, possivelmente para evitar qualquer possibilidade de um atentado. Mas o meeting, ainda assim, seria mantido.

Depois de apresentar Babu à audiência, Malcolm X leu um recado enviado por Guevara. Em seu discurso, o líder afro-americano disse: “Adoro um revolucionário. E um dos homens mais revolucionários neste país viria aqui com nosso amigo Sheikh Babu, mas achou melhor não. No entanto, ele mandou esta mensagem”.

Então, Malcolm X leu a carta do Che Guevara: “Queridos irmãos e irmãs do Harlem: gostaria de estar com vocês e com o Irmão Babu, mas as condições atuais não são boas para esse encontro. Recebam as saudações calorosas do povo cubano e especialmente as de Fidel, que se lembra com entusiasmo de sua visita ao Harlem alguns anos atrás. Unidos venceremos”. Em seguida, ele completou: “Isso vem de Che Guevara. Estou feliz por ouvir suas palmas fortes, porque elas fazem o homem saber que ele simplesmente não está em posição de nos dizer quem devemos aplaudir e quem não devemos aplaudir. E vocês não veem nenhum cubano anticastrista por aqui. Nós os devoramos”.[xlvii]

Pouco tempo antes, no dia 3 de dezembro de 1964, na Universidade de Oxford, Malcolm X fez um de seus discursos mais conhecidos: “Não creio no extremismo injustificado de nenhum tipo. Mas creio que quando um homem emprega o extremismo – quando um ser humano emprega o extremismo em defesa da liberdade dos seres humanos –, isto não é um defeito. Mas, quando alguém é moderado na luta pela justiça para os seres humanos, [aí, sim] digo que ele comete um pecado. […] E, em minha opinião, a jovem geração de brancos, negros, pardos e todos os demais está vivendo uma época de extremismo, uma época de revolução, uma época em que deve haver mudanças. As pessoas que estão no poder abusaram dele; agora precisa haver uma mudança e é necessário se construir um mundo melhor. E a única maneira de construí-lo é com métodos extremos. E eu, sim, me unirei a qualquer um, não importa de que cor seja, desde que queira mudar as condições miseráveis que existem neste mundo”.[xlviii] Esta é a mensagem que Malcolm deixaria para as próximas gerações.

*Luiz Bernardo Pericás é professor no Departamento de História da USP. Autor, entre outros livros, de Caio Prado Júnior: uma biografia política (Boitempo). [https://amzn.to/48drY1q]

Publicado originalmente na revista Margem Esquerda, no. 44, primeiro semestre de 2025, p. 55-68.

Notas


[i] Ver Igor Gueevski e Svetlana Chervónnaia, “Malcolm X”, em Academia de Ciencias de la URSS. Los negros norteamericanos. Moscou: Academia de Ciencias de la URSS/Instituto Miklujo Maklai de Etnografia, 1987, p. 92.

[ii] Steve Clark, “Introducción”, em Malcolm X. Habla Malcolm X: discursos, entrevistas y declaraciones. Havana: Editorial de Ciencias Sociales, 2008, p. 3.

[iii] Ver Michael Eric Dyson. Making Malcolm: The Mith and Meaning of Malcolm X. Nova York: Oxford University Press, 1995, p. 11.

[iv] Ver Manning Marable. Malcolm X: A Life of Reinvention. Nova York: Viking, 2011, p. 165-167, 223-224 e 252.

[v] Ver Malcolm X, “No sólo un problema norteamericano sino un problema mundial”, em Malcolm X. Habla Malcolm X: discursos, entrevistas y declaraciones, cit., p. 164-165.

[vi] Manning Marable. Malcolm X: A Life of Reinvention, cit., p. 486.

[vii] Ver George Breitman. The Last Year of Malcolm X: The Evolution of a Revolutionary. Nova York: Schocken Books, 1967, p. 7.

[viii] Malcolm X diria: “Sou um muçulmano e um revolucionário, e estou aprendendo cada vez mais sobre teorias políticas à medida que passam os meses. O único grupo marxista nos Estados Unidos que me ofereceu uma tribuna foi o Socialist Workers Party. Eu os respeito e eles me respeitam. Os comunistas me rejeitaram, saíram de sua rota para me atacar… quer dizer, com exceção dos comunistas cubanos. Se uma mistura de nacionalismo e marxismo faz os cubanos lutarem do jeito que lutam e faz os vietnamitas levantarem-se tão resolutamente contra o poder dos Estados Unidos e seus lacaios europeus e de outras partes do mundo, então deve haver algo de bom nisso”. Ver Jan Carew. Ghosts in Our Blood: With Malcolm X in Africa, England, and the Caribbean. Chicago: Lawrence Hill Books, 1994, p. 36. Já em relação aos intelectuais negros e seu papel na luta pela libertação africana: “Há uma tendência superficial entre alguns de nossos intelectuais de que a leitura de citações de Marx, Lênin e Mao Tsé-tung pode torná-los mestres das teorias revolucionárias desenvolvidas por esses grandes homens. O intelectualismo, a meu ver, não é apenas a recitação do marxismo, do leninismo e das teorias de Mao Tsé-tung. Qualquer um que faça mau uso das obras desses grandes homens ou atribua a si mesmo suas frases progressistas para seus próprios fins está cometendo um grave crime contra a raça negra. Um estudioso, na minha opinião, representa um orientador em um período revolucionário e é o elo que une o abstrato e o concreto”. Ver Mburumba Kerina, “Malcolm X: The Apostle of Defiance, An African View”, em John Henrik Clarke (org.). Malcolm X: The Man and His Times. Toronto: The Macmillan Company, 1969, p. 117.

[ix] De acordo com Manning Marable, “por décadas, o SWP havia promovido o nacionalismo negro revolucionário. O próprio Leon Trótski acreditara que os negros norte-americanos seriam a vanguarda da inevitável revolução socialista nos Estados Unidos. A separação de Malcolm da Nação do Islã e seu endosso ao registro eleitoral e protestos de massa por afro-americanos parecia aos trotskistas um movimento em direção ao socialismo”. Ver Manning Marable. Malcolm X: A Life of Reinvention, cit., p. 302. Em 8 de abril de 1964, Malcolm daria uma palestra no Palm Gardens de Nova York patrocinada pelo Militant Labor Forum, um grupo ligado ao SWP. Para Marable, “em teoria, ele estava falando para um grupo eclético de ativistas marxistas independentes não alinhados e nacionalistas negros, mas na realidade era majoritariamente um público marxista com muitos seguidores fiéis de Malcolm também na audiência”. Ver Manning Marable. Malcolm X: A Life of Reinvention, cit., p. 305. O intelectual marxista negro norte-americano Adolph Reed, por sua vez, comentaria: “O Partido Socialista dos Trabalhadores me atraiu, alguns meses antes do assassinato de King, em parte porque o SWP procurou ativamente se identificar com Malcolm, prometendo unir o marxismo e a sensibilidade do Black Power, que parecia ser seu legado”. Ver Adolph Reed, Jr., “The Allure of Malcolm X and the Changing Character of Black Politics”, em Joe Wood (org.). Malcolm X in Our Image. Nova York: St. Martin’s Press, 1992, p. 205.

[x] Ver Steve Clark, “Introducción”, em Malcolm X. Habla Malcolm X: discursos, entrevistas y declaraciones, cit., p. 7.

[xi] Mburumba Kerina, “Malcolm X: The Apostle of Defiance, An African View”, em John Henrik Clarke (org.). Malcolm X: The Man and His Times, cit., p. 119. Já Amiri Baraka considerava que Malcolm admitia “que o Islã não é o único caminho para a consciência revolucionária e os muçulmanos, cristãos, nacionalistas e socialistas podem se unir como uma força anti-imperialista nos Estados Unidos”. Ver Amiri Baraka, “Malcolm as Ideology”, em Joe Wood (org.). Malcolm X in Our Image, cit., p. 29.

[xii] Ver Ruby M. e E. U. Essien-Udom, “Malcolm X: An International Man”, em John Henrik Clarke (org.). Malcolm X: The Man and His Times, cit., p. 237.

[xiii] Manning Marable. Malcolm X: A Life of Reinvention, cit., p. 306.

[xiv] Malcolm X, “Declaración de independéncia”, em Malcolm X. Habla Malcolm X: discursos, entrevistas y declaraciones, cit., p. 38.

[xv] Ver Malcolm X, “El sistema norteamericano de explotación y opresión”, em Malcolm X. Habla Malcolm X: discursos, entrevistas y declaraciones, cit., p. 137-138.

[xvi] Ver Igor Gueevski e Svetlana Chervónnaia, “Malcolm X”, em Academia de Ciencias de la URSS. Los negros norteamericanos, cit., p. 109. Patricia Hill Collins lembra que “a perspectiva da Nação do Islã sobre a classe social estava amplamente divorciada da tradição progressista negra. A ‘Nação’ defendia a propriedade negra em uma economia negra separada – em essência, [defendia a criação de] um capitalista negro separado – que proporcionaria aos afro-americanos independência financeira dos brancos. Em outras palavras, os negros como classe social [sic] devem se levantar e criar uma economia separada, controlada pelos próprios negros. […] Essa abordagem falha em desafiar as estruturas institucionais – como o capitalismo corporativo global e os governos não democráticos – que apoiam os brancos para manter os afro-americanos empobrecidos. O objetivo é substituir rostos brancos por negros. Além disso, a questão de como a economia negra separada seria mantida no contexto do capitalismo global nunca foi abordada diretamente”. Ver Patricia Hill Collins, “Learning to Think Ourselves: Malcolm X’s Black Nationalism Reconsidered”, em Joe Wood (org.). Malcolm X in Our Image, cit., p. 70. Eugene Victor Wolfenstein tem uma opinião similar: “O ‘projeto econômico’ de [Elijah] Muhammad era pouco mais do que uma cópia carbono das práticas comerciais do homem branco. Como tal, era um plano que não poderia ser seguido pela massa de muçulmanos, que foram forçados por sua situação objetiva a trabalhar como escravos para o ‘homem’; mas Muhammad e a maioria de seus principais acólitos o seguiram com admirável consistência”. Ver Eugene Victor Wolfenstein. The Victims of Democracy: Malcolm X and the Black Revolution. Nova York: The Guilford Press, 1993, p. 272.

[xvii] Ver Malcolm X, citado em George Breitman. The Last Year of Malcolm X: The Evolution of a Revolutionary, cit., p. 39.

[xviii] Ver, por exemplo, Eugene Victor Wolfenstein. The Victims of Democracy: Malcolm X and the Black Revolution, cit., p. 273-274.

[xix] Ver Patricia Hill Collins, “Learning to Think Ourselves: Malcolm X’s Black Nationalism Reconsidered”, em Joe Wood (org.). Malcolm X in Our Image, cit., p. 69.

[xx] Ver Eugene Victor Wolfenstein. The Victims of Democracy: Malcolm X and the Black Revolution, cit., p. 267.

[xxi] Ver Mary Uyematsu Kao, “Through the Fire: The Shoulders of Giants That Malcolm Stood Upon”, Rafu Shimpo, https://rafu.com/2022/05/through-the-fire-the-shoulders-of-giants-that-malcolm-stood-upon/.

[xxii] Ver Igor Gueevski e Svetlana Chervónnaia, “Malcolm X”, em Academia de Ciencias de la URSS. Los negros norteamericanos, cit., p. 111.

[xxiii] Idem, p. 114.

[xxiv] Citado em George Breitman. The Last Year of Malcolm X: The Evolution of a Revolutionary, cit., p. 29.

[xxv] Ver Jack Barnes. Malcolm X, la liberación de los negros y el camino al poder obrero. Montreal: Pathfinder, 2010, p. 62; e Manning Marable. Malcolm X: A Life of Reinvention, cit., p. 485.

[xxvi] Ver Igor Gueevski e Svetlana Chervónnaia, “Malcolm X”, em Academia de Ciencias de la URSS. Los negros norteamericanos, cit., p. 108.

[xxvii] Ver Malcolm X e Alex Haley. The Autobiography of Malcolm X. Nova York: Ballantine Books, 1999, cit., p. 357.

[xxviii] Ibidem, p. 361.

[xxix] Ver Manning Marable. Malcolm X: A Life of Reinvention, cit., p. 316; Carlos Moore. Castro, the Blacks and Africa. Los Angeles: Center for Afro-American Studies, University of California, Los Angeles, 1988, p. 186; e Malcolm X e Alex Haley. The Autobiography of Malcolm X. Nova York: Ballantine Books, 1999, cit., p. 366.

[xxx] Ver Manning Marable. Malcolm X: A Life of Reinvention, cit., p. 317; e Malcolm X e Alex Haley. The Autobiography of Malcolm X, cit., p. 364.

[xxxi] Ver Malcolm X e Alex Haley. The Autobiography of Malcolm X, cit., p. 362. Para mais informações sobre a visita de Malcolm X a Gana, ver Leslie Alexander Lacy, “Malcolm X in Ghana”, em John Henrik Clarke (org.). Malcolm X: The Man and His Times, cit., p. 217-225.

[xxxii] Ver Patricia Hill Collins, “Learning to Think Ourselves: Malcolm X’s Black Nationalism Reconsidered”, em Joe Wood (org.). Malcolm X in Our Image, cit., p. 71.

[xxxiii] Ver Roland Sheppard, “Malcolm X and Martin Luther King:
Why They Were Assassinated”, Socialist Viewpoint, Vol. 1, No. 1, maio de 2001, https://www.marxists.org/history/etol/newspape/socialist-viewpoint-us/may_01/may_01_11.html.

[xxxiv] Ver Carlos Moore. Castro, the Blacks and Africa, cit., p. 204; e Jon Lee Anderson. Che Guevara, uma biografia. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 1997, p. 701-702.

[xxxv] Ver Eugene Victor Wolfenstein. The Victims of Democracy: Malcolm X and the Black Revolution, cit., p. 324-325.

[xxxvi] Jack Barnes. Malcolm X, la liberación de los negros y el camino al poder obrero, cit., p. 58. Para Manning Marable, “o Malcolm maduro acreditava que os afro-americanos poderiam usar o sistema eleitoral e os direitos de voto para alcançar mudanças significativas”. Ver Manning Marable. Malcolm X: A Life of Reinvention, cit., p. 484.

[xxxvii] Ver Igor Gueevski e Svetlana Chervónnaia, “Malcolm X”, em Academia de Ciencias de la URSS. Los negros norteamericanos, cit., p. 115; e Earl Grant, “The Last Days of Malcolm X”, em John Henrik Clarke (org.). Malcolm X: The Man and His Times, cit., p. 101.

[xxxviii] Em seu discurso na Cory Methodist Church, em 1964, Malcolm afirmou: “Não sou contra os brancos, sou contra a exploração e contra a opressão”. Ver Manning Marable. Malcolm X: A Life of Reinvention, cit., p. 304. Mais tarde, ele diria: “Não sou racista… e não subscrevo aos princípios do racismo. Minha peregrinação religiosa a Meca me deu um novo insight sobre a verdadeira irmandade do Islã, que abarca todas as raças da humanidade… O objetivo comum de 22 milhões de afro-americanos é respeito e direitos humanos… Não poderemos nunca ter direitos civis nos Estados Unidos sem que antes nossos direitos humanos sejam restaurados”. Ver Manning Marable. Malcolm X: A Life of Reinvention, cit., p. 365-366. E em sua autobiografia, ele comentou: “Os muçulmanos de tez ‘branca’ que haviam mudado minhas opiniões eram homens que me mostraram que praticavam a irmandade genuína”. Ver Malcolm X e Alex Haley. The Autobiography of Malcolm X, cit., p. 359.

[xxxix] Ver Esteban Morales Domínguez, “Prólogo”, em Malcolm X. Habla Malcolm X: discursos, entrevistas y declaraciones, cit., p. x.

[xl] Ver Malcolm X, “El voto o la bala”, em Malcolm X. Habla Malcolm X: discursos, entrevistas y declaraciones, cit., p. 43.

[xli] Ver Malcolm X, “Declaración de independéncia”, em Malcolm X. Habla Malcolm X: discursos, entrevistas y declaraciones, cit., p. 39.

[xlii] Ver Malcolm X, “El sistema norteamericano de explotación y opresión”, em Malcolm X. Habla Malcolm X: discursos, entrevistas y declaraciones, cit., p. 136.

[xliii] Ver Malcolm X, “Sobre matrimónios mixtos”, em Malcolm X. Habla Malcolm X: discursos, entrevistas y declaraciones, cit., p. 146-147.

[xliv] Ver Malcolm X, “No sólo un problema norteamericano sino un problema mundial”, em Malcolm X. Habla Malcolm X: discursos, entrevistas y declaraciones, cit., p. 165-166.

[xlv] Ver Malcolm X. Habla Malcolm X: discursos, entrevistas y declaraciones, cit., p. 18.

[xlvi] Citado em Jack Barnes. Malcolm X, la liberación de los negros y el camino al poder obrero, cit., p. 145.

[xlvii] Jon Lee Anderson. Che Guevara, uma biografia, cit., p. 702.

[xlviii] Malcolm X, “Una época de revolución”, em Malcolm X. Habla Malcolm X: discursos, entrevistas y declaraciones, cit., p. 102-103, e Saladin Ambar. Malcolm X at Oxford Union. Nova York: Oxford University Press, 2016.


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