Agências norte-americanas e a ascensão do neoliberalismo – parte 3

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Por EMILIANO JOSÉ*

A conquista do poder revela-se menos como um evento eleitoral e mais como um projeto metódico de longo prazo, onde a guerra ideológica, financiada e disfarçada em jornalismo, pavimenta o caminho para a hegemonia

1.

Não era um jogo qualquer. As agências norte-americanas trabalhavam com método, com objetivos nítidos. Necessitavam, porque essencial, mexer com corações e mentes. Mudar a mentalidade da população, envolvê-la, como se todo aquele movimento fosse de fato voltado à defesa da liberdade, da democracia. Mexer com a juventude, sempre susceptível a mobilizações, especialmente se em defesa das liberdades.

Jogo de poder. Envolvido desde sempre com a atividade jornalística, me intriga como tanta gente da área se envolve inocentemente nesse jogo, como se tudo fosse decorrente de uma lógica espontânea da profissão, do que é chamado jornalismo.

Não me refiro aos vendidos por trinta dinheiros: estes estão no jogo, conscientemente. Falo de tantos, tantas a acreditar na beatitude do jornalismo imparcial, ente capaz de apenas cobrir os fatos, envolvidos com a rotina produtiva dos grandes meios, como se tal rotina não fosse orientada, pautada de acordo com objetivos políticos, ideológicos, culturais.

Não há jornalismo imparcial. Defendo a existência do esforço de tantos profissionais em busca da verdade, inalcançável como qualquer utopia, mas absolutamente essencial. Estes, respeito, e muito.

Desde aquele início dos anos 2000, exatamente quando a esquerda, na América Latina, crescia e conseguiria, na sequência, proporcionar mudanças significativas na vida dos povos, a ação neoliberal se pôs em campo, com visão estratégica. Sabia-se minoritária naquele momento, no continente, e por isso era necessário agir, e o agir aqui dizia respeito a uma luta político-cultural, recheada por polpudos recursos, boa parte dos quais do próprio Estado norte-americano, do imperialismo.

Aquele jogo, em pleno andamento nos dias atuais, visava não só o poder central, a presidência da República, como, também, ocupar os espaços legislativos, eleger deputados e senadores alinhados com as ideias neoliberais, com a ideologia da extrema direita. Talvez fosse recomendável breve retorno ao passado, cujas marcas esclarecem sempre acontecimentos presentes, sabedoria da história.

2.

Sem perda de tempo: já em 1962, EUA decidem derrubar João Goulart. Conto isso na biografia sobre Waldir Pires. Dia 30 de julho daquele ano, reunião no Salão Oval da Casa Branca, presenças do presidente John Kennedy, do embaixador dos EUA no Brasil, Lincoln Gordon, de Richard Goodwin, subsecretário de Estado para Assuntos Interamericanos, e de McGeorge Bundy, assessor presidencial de Segurança Nacional.

Na reunião, a decisão de começar o trabalho para a derrubada do presidente brasileiro, iniciar a conspiração, dar celeridade a ela. Trocar o adido militar, substituindo-o por Vernon Walters. Investir, anotem, investir cerca de 5 milhões de dólares nas eleições de outubro daquele ano – para cotejar: a eleição presidencial americana, à época, custava em torno de 12 milhões de dólares. Então, muito dinheiro investido no Brasil com vistas ao golpe.

Os dólares iriam irrigar os cofres do Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (IPÊS) e do Instituto Brasileiro de Ação Democrática (IBAD), cujas relações com a CIA eram de absoluta intimidade. Pretendiam contribuir para a eleição de parlamentares comprometidos com o golpe, cujo desfecho se dará em 1º de abril de 1964, com apoio do Congresso Nacional.

A atuação das agências norte-americanas, iniciada a coisa de 15 anos atrás, não obstante noutra conjuntura do imperialismo, seguia uma mesma trilha. Inundar de dólares institutos locais, de modo a pavimentar o caminho para golpes e fazer maioria parlamentar para garantir ambiente favorável ao novo poder. Estamos aqui, como já visto, no terceiro capítulo, acompanhando, repercutindo o notável trabalho de Bob Fernandes. Querendo, o leitor pode encontrar o conjunto desse esforço jornalístico no You Tube, https://youtu.be/n6F2kjLnN3g

Evidente: o mundo é outro. Trata-se agora de uma ofensiva ainda mais ampla ainda, e mais sofisticada do que aquela dos anos 1960. Outras armas, acrescidas. Afirmação da nova razão do mundo, o neoliberalismo, cujo ponto de partida está no Chile de Augusto Pinochet e de modo destacado na Inglaterra, sob Margaret Thatcher.

Os EUA, preocupados com o “quintal” rebelde, jogam tudo para reverter o quadro de hegemonia da esquerda na América Latina. Na entrevista com Jahde Lopez e Luan Brum, os dois, doutorandos em Relações Internacionais da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Bob Fernandes quer saber o conteúdo dos arquivos do Instituto Hoover, da Universidade Stanford, conhecer quais as descobertas deles naqueles documentos.

Os dois respondem: neles, a estratégia de como chegar ao poder. Arrecadar fundos, fortalecer o financiamento das atividades conspiratórias, organizar o Dia Livre de Taxações, utilizar as redes sociais ao máximo para ação política – utilizar Twitter, Orkut, Facebook, as redes mais utilizadas naquele 2010.

Desenvolver campanhas nos meios de comunicação tradicionais. Como a campanha educativa sobre impostos, lançada logo após o Fórum da Liberdade, na Rede Globo. Tudo parecendo jornalismo, simulando. Trazer convidados aos programas da rede Globo, as chamadas fontes, não? E elas, as inocentes fontes, demonstram a importância da redução da carga tributária. Quem lida com jornalismo, sabe da seletividade das fontes, escolhidas a dedo, sempre de acordo com os interesses do poder econômico, do capital.

Importante: evidenciar nos recibos o quanto há de impostos. A Globo fazia isso, como se jornalismo. Terrorismo, um tipo de terrorismo, de natureza ideológica, e a população sendo envolvida, sem saber o quanto uma eventual redução de tributos impactaria a qualidade de vida dela, com a consequente diminuição da extensão e qualidade dos serviços públicos de saúde e educação, por exemplo.

3.

Convido meu amigo Paulo Vannuchi a acompanhar essa informação. Segundo mandato do presidente Lula, e está em andamento o III Plano Nacional de Direitos Humanos. A extrema direita, atenta. As agências internacionais e os institutos locais, de olhos abertos, querendo proteger o passado, a imagem da ditadura, sacrossanta para eles.

Na lista de preocupações, encontrada nos arquivos do Instituto Hoover, o desenvolvimento de uma ação coordenada de oposição àquele plano de Direitos Humanos. Muita pressão, campanha contrária intensa. Por pouco, muito pouco, o ministro Paulo Vannuchi não caiu.

Os dois doutorandos revelam a generosidade de empresários nacionais, financiando os institutos locais, dando força ao golpismo, apostando num futuro livre, sem impostos. Liberdades amplas – para o capital.

No ano de 2018, revelação deles, o Fórum da Liberdade promove debate com candidatos a presidente. Convida alguns candidatos, como Marina Silva e Ciro Gomes. Com direito a um convidado especial: Sérgio Moro: falar sobre a Lava Jato, como o Brasil estava a caminho de acabar com a corrupção – depois saberemos como ele próprio constituiu uma organização criminosa.

Nesse encontro, 2018, é apresentada a ideia de reformulação da Constituição Federal, com direito a um encarte contendo textos de integrantes do Institute of Economic Affairs (IEA). As agências internacionais e os institutos locais não queriam pouco. Quando ocorre o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff, Michel Temer assume, está tudo orquestrado, pensado, nada ao acaso. O capital passa a nadar de braçada.

Nos arquivos do Instituto Hoover, é encontrado o Programa de Assessoria Legislativa para a América Latina, reunião de especialistas voltada à produção de conteúdo para influenciar a formulação de leis, programa desenvolvido pela Atlas Network, e implementado pelo Instituto Liberal, do Rio de Janeiro, o primeiro parceiro da Atlas, no Brasil.

Leis eram escritas, divulgadas numa publicação chamada “Notas”, apresentadas a congressistas, a empresários, tudo de modo a influenciar mudanças na perspectiva neoliberal. Eleger parlamentares e subsidiá-los. Não deixá-los soltos. Garantir leis a interessar ao modelo neoliberal. Isso foi feito com disciplina.

4.

Esse trabalho entre parlamentares começou no início dos anos 1980, precisamente a partir de 1983, com a fundação do Instituto Liberal, com atuação destacada de Og Francisco Leme, formado na Escola de Chicago, ele próprio um dos coordenadores da Série Notas, cujas cinco mil cópias chegavam aos destinatários todo mês.

Tais agências trabalham ainda com desinformação em relação às mudanças climáticas, procurando dar veracidade ao negacionismo. Antes da COP4, realizada de 2 a 13 de novembro de 1998, em Buenos Aires, voltada à implementação do Protocolo de Quioto, Atlas Network reuniu na Flórida vários dos parceiros dela de modo a orientá-los para conseguir o status de ONGs, e assim poderem participar da COP4, e lutar contra as teses de preservação do meio ambiente. Nesse esforço, contava com o apoio financeiro da Exxon Mobil, o petróleo no centro, óbvio.

O trabalho da Atlas Network, amplo. Concedeu bolsas a muitas pessoas da América Latina, suscetíveis à ideologia neoliberal. Iam para os EUA. Voltavam de lá com a cabeça feita, prontas para atuar.

Como o caso de Ana Lamas, beneficiada com uma bolsa em 1998. Tornou-se subsecretária de Meio ambiente de Javier Millei, presidente argentino, conhecido por circular entre todos os institutos liberais parceiros da Atlas no país. Amigo de Alberto Benegas Linch, criador do Centro de Estudos sobre a Libertad, precursor de institutos liberais na Argentina, para Millei, espécie de mentor.

Linch criou, em 1978, a Escola Superior de Economia e Administração de Empresas (ENEADE), voltada ao pensamento neoliberal, cujo primeiro presidente do Conselho Consultivo da instituição foi ninguém menos que Friedrich Hayek, espécie de pai do neoliberalismo. Milei, por seu notório saber, recebe o título de doutor honoris causa da ENEADE, e é, de alguma forma, produto de institutos liberais, como, da mesma maneira, também Bolsonaro o é.

Não por acaso, Paulo Guedes é entusiasticamente aplaudido, parabenizado pela Atlas Network quando da vitória do bolsonarismo, em 2018. Guedes e Winston Ling, fundador e primeiro presidente do Instituto Liberdade, no Rio Grande do Sul, estudaram juntos na Universidade de Chicago. Ling foi um dos primeiros empresários a embarcar na candidatura de Jair Bolsonaro. Sentiu a direção do vento, e embarcou.

Afora ainda, para pensar institutos e personagens, como lembram os doutorandos, Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente de Jair Bolsonaro, fundador do Instituto Endireita Brasil, e famoso por revogar resoluções que protegiam restingas e manguezais, suspender multas ambientais e interferir em órgãos de fiscalização ambiental, além de se ver envolvido em esquema de exportação ilegal de madeira do Brasil para o exterior.

5.

Como a Atlas Network viu a vitória de Jair Bolsonaro? Precisa desenhar? Nos arquivos, os doutorandos encontraram uma pérola: um relatório do Centro para a América Latina, da organização, precioso. Em um ano, diz, em que grande parte da América Latina parecia se “voltar perigosamente para o socialismo, foi uma agradável surpresa ver uma tendência de contraversão emergindo em países-chaves ao longo do Atlântico, ancorada especialmente pelo Brasil”.

Os economistas, segue o relatório, há muito tempo brincam: o Brasil é o país do futuro e sempre será. Mas algo profundo mudou para trazer o futuro tão esperado do país presente. Durante o escândalo da operação Lava Jato, o sistema judiciário do Brasil provou ser admiravelmente independente e responsabilizou os poderosos. Por necessidade econômica, aconteceu o impeachment de Dilma Rousseff, “precisando conter gastos do governo e a intromissão na economia”.

Jair Bolsonaro, segue o documento, ganhou a presidência do Brasil, usando uma fórmula populista clássica e com uma retórica feia, que não conquista os fãs entre a comunidade liberal clássica. Para seu crédito, no entanto, “sua equipe econômica tem sido excelente no avanço da reforma da previdência, desencadeando um crescimento econômico por meio das desregulamentações, da privatização da Eletrobrás, a maior empresa de serviços públicos da América Latina.

Como se percebe, a Operação Lava Jato se inscreve no contexto da ação de tais agências, é parte do esforço do capital norte-americano para fazer do Brasil um país envolto na dinâmica neoliberal. Não tem nada a ver com combate à corrupção, como se apresentou, felizmente já devidamente desmascarada, embora nossa mídia insista em seguir copiando os mesmos métodos, e não descanse da vocação golpista, como é possível constatar na ação dela nos últimos dias.

O discurso aparentemente errático de Jair Bolsonaro não tem nenhuma importância, como o relatório da Atlas Network revela. Se serviu para chegar ao poder, bem-vindo. O essencial era a presença no comando da economia de um representante da Escola de Chicago, Paulo Guedes, inteiramente devotado ao pensamento neoliberal, educado nele, discípulo aplicado de Friedrich Hayek e Milton Friedman.

A conquista do poder pela extrema direita no Brasil é, assim, mais um capítulo dessa monumental batalha das ideias desenvolvida pelo neoliberalismo, ancorada em muito dinheiro, como já se viu. Batalha das ideias feita simultaneamente ao desmonte do financiamento das entidades sindicais, reformas neoliberais, mudanças profundas nas relações de trabalho, ilusão do empreendedorismo.

Felizmente, em 2022, o povo brasileiro acordou e elegeu Lula, outra vez. E com ele, o Estado brasileiro iniciou um processo de reconstrução virtuosa das políticas públicas e assegurou novo desenvolvimento ao país, propiciando crescimento econômico, emprego e distribuição de renda, mesmo sob a chantagem permanente de uma maioria legislativa de extrema-direita. Nenhuma ilusão: ainda há muito a fazer nesse país tão desigual. Muita luta ainda pela frente.

*Emiliano Joséé jornalista, escritor, membro da Academia de Letras da Bahia. Autor, entre outros livros, de O cão morde a noite (EDUFBA) [https://amzn.to/46i5Oxb]

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