Por CONSELHO UNIVERSITÁRIO DA UNICAMP e CONSELHO UNIVERSITÁRIO DA UNIRIO.
Moções de dois conselhos universitários
Moção do Conselho Universitário da Universidade Estadual de Campinas
O Conselho Universitário da Unicamp repudia atos de violências contra populações civis no Oriente Médio e, em particular, condena as brutais atrocidades na faixa de Gaza. Por isso, exige um urgente cessar-fogo a fim de que seja estancada a barbárie genocida na região.
Entendemos que o Conselho Universitário não deve se omitir nem se calar diante do agravamento da tragédia humanitária evidenciada pelo permanente e infindo massacre da população civil palestina.
Por meio deste posicionamento público, o Consu expressa o compromisso da comunidade acadêmica da Unicamp pelo fim da ocupação dos territórios dos palestinos, contra o odioso regime de apartheid, pela defesa de uma Palestina livre e soberana e a expectativa de um futuro democrático, laico e de paz em toda a região.
Moção do Conselho Universitário da UNIRIO contra o genocídio do povo palestino
O CONSUNI, Conselho Universitário da UNIRIO, enquanto espaço de deliberação mais importante de nossa Universidade, situada em um país que sofre até hoje os reflexos de uma política colonial de dominação, situado em um estado que vive de maneira cotidiana e intensa a violência que é fruto condição colonial, vem a público se posicionar em solidariedade ao povo palestino, que vem sofrendo historicamente com políticas genocidas e colonialistas.
O povo palestino sofre com os resultados da política colonial há muitos anos. Com o avanço das ideias sionistas, situado no fim do século XIX, criou-se também uma falsa ideia de que o território palestino seria “uma terra sem povo para um povo sem terra”, elegendo-o como o espaço adequado para a criação de um Estado judeu. O sionismo, desde então, intensificou os seus esforços para ampliação do seu domínio no território Palestino, com auxílio de aliados internacionais em seu projeto colonial, como os britânicos no início do século XX e os Estados Unidos nos dias de hoje. Portanto, a opressão do povo palestino não começa em outubro de 2023 e nem com a criação do Estado sionista de Israel.
O que vemos hoje é um verdadeiro genocídio contra o povo palestino, praticado diante de câmeras e televisionado para todo o mundo. A ofensiva mais recente, que tem o falso pretexto de liquidação do Hamas, não poupa nenhum cidadão palestino, independente de gênero ou idade. Vemos constantemente centenas de civis, crianças, jovens e mulheres sendo fuzilados e bombardeados com a falsa justificativa de estarem próximos de supostos alvos militares. Sequer podemos ter certeza do número exato de vítimas, dado o grau de violência dos ataques.
Desde 7 de outubro de 2023, temos a confirmação de que pelos menos 40.000 palestinos foram mortos nos ataques das forças militares de Israel, cerca de 2% da população, e de que pelos menos 22.500 palestinos sofreram ferimentos graves, como amputação de membros, danos à medula espinhal e lesões cerebrais traumáticas.
Há dificuldade de encontrar e identificar corpos, dado a situação das cidades bombardeadas e a violência brutal dos ataques, por isso há a possibilidade clara de uma subnotificação dos dados referentes a mortes de cidadãos palestinos. Segundo a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente, as forças israelenses atingiram 69% dos edifícios escolares usados como abrigos para pessoas deslocadas na Faixa de Gaza.
Os ataques de Israel a alvos como escolas, Universidades e espaços de ensino, reforçam o caráter de genocídio contra o povo palestino. No dia 17 de janeiro de 2024, as forças israelenses de ocupação em Gaza explodiram a última Universidade que ainda resistia aos bombardeios e permanecia de pé, a Universidade de Al-Azhar.
Escolas também não são poupadas e até agora, aproximadamente 85% das escolas localizadas na faixa de Gaza foram diretamente bombardeadas ou danificadas por ataques. As Universidades e espaços de ensino significam, para um povo, a transmissão de seus conhecimentos, da sua cultura e a produção de tecnologia.
Os bombardeios sistemáticos não são coincidências trágicas, mas uma tática genocida para aniquilar o povo palestino, o objetivo dessa prática é impedir que os palestinos que ainda estejam vivos, tenham direito a educação, não só durante o período de ataques encarniçados que vemos cotidianamente, mas para sempre. Como podemos continuar nossas atividades acadêmicas permanecendo em silêncio diante de um genocídio televisionado? Como podemos fingir normalidade vendo um povo inteiro ser aniquilado pouco a pouco e tendo seu direito à educação aviltado através de um genocídio?
O Brasil enquanto país situado na periferia do capitalismo global, que tem uma população majoritariamente racializada, vítima de violência cotidiana e sistemática, própria do nosso modelo de sociabilidade tem o dever de se posicionar de forma firme. Estamos vendo alguns posicionamentos importantes de países igualmente periféricos, que foram e são vítimas do colonialismo, como o caso da Colômbia, que rompeu relações diplomáticas com Israel, África do Sul, que denunciou o genocídio perpetrado por Israel na corte de Haia, para citar apenas dois.
Se historicamente foi dever da humanidade combater o genocídio do povo judeu durante o holocausto, hoje é dever do mundo se solidarizar com o povo palestino e lutar ativamente para que o genocídio praticado pelo Estado de Israel se finde imediatamente.
O Conselho Universitário da UNIRIO, expressa a sua total solidariedade ao povo palestino e repudia veementemente o genocídio perpetrado pelo Estado de Israel. É necessário que o Brasil tome as medidas concretas, para além de posicionamentos públicos, visando contribuir na luta contra o genocídio: rompa relações diplomáticas, comerciais, militares e acadêmicas com Israel. O Brasil deve se colocar publicamente, mas, para além disso, tomar medidas concretas para que tenhamos um cessar-fogo imediato.
A comunidade acadêmica da UNIRIO não compactua com genocídios.
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