Uma Troia nazificada

Imagem: Andre Manuel
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Por VINÍCIO CARRILHO MARTINEZ & LUCAS GAMA*

Experimento foi realizado entre a aplicação da IA (ChatGPT) e a interação humana

Esse experimento foi realizado entre a aplicação da IA (ChatGPT) e a interação humana: além da escolha do tema (título), algumas considerações são humanas (não apenas a revisão). Nossa avaliação inicial indicou que se poderia esperar algo mais criativo da IA, mas, destacamos que a conclusão está interessante. No mais, pouco se difere de um resumo estudantil[i].

O tema, instigador por si, permanece aberto a futuras considerações mais originais e interativas com o século XXI. Afinal, como se sabe, a Ilíada de Homero é o primeiro registro histórico acerca do Estado de Sítio – uma das modas políticas pós-modernas. Ainda que possa ter havido outras ocorrências no mundo antigo, a clássica interpretação de Homero permanece como inaugural[ii]. Também é importante destacar que se trata de um Estado de Sítio imposto de fora para dentro, ao contrário das atuais previsões constitucionais[iii]: quando o Estado se fecha e, assim, enclausura a sociedade, restringindo direitos civis, direitos políticos e muitos outros direitos fundamentais, a exemplo da fruição do processo democrático.

Como exemplo da atualidade dessa instigação que ofertamos (a IA respondendo ao humano), temos a Bolívia envolta numa tentativa de golpe militar (dia 26/06/2024) e que, se constasse como vitória, muito provavelmente, desembocaria num Estado de Sítio[iv]. Uma referência muito próxima de nós, no Brasil, inclusive em razão dos processos ainda em curso, nos reconduz ao 8 de janeiro de 2023.

Canto I: A Raiva de Aquiles

No alto do Monte Olimpo, os deuses discutiam acaloradamente sobre os destinos dos homens. Zeus, o pai dos deuses e dos homens, olhava para a Terra com desdém, enquanto Atena, a deusa da sabedoria, planejava suas estratégias.

Enquanto isso, em Tróia, o rei Príamo governava com firmeza, protegido por suas muralhas impenetráveis. Do outro lado, os Aqueus, liderados por Agamenon e seu bravo guerreiro, Aquiles, clamavam por vingança e glória.

Mas Aquiles, o maior guerreiro entre os Aqueus, estava enfurecido. Agamenon, o líder ganancioso, havia-lhe tirado sua concubina, Briseida. Enquanto seus companheiros se preparavam para a batalha, Aquiles se retirou, furioso e decidido a mostrar seu poder.

Canto II: O Conselho dos Deuses

No Monte Olimpo, os deuses decidiram intervir nos assuntos dos homens. Zeus, com seu semblante severo, ponderava sobre como moldar os destinos dos heróis. Atena, com sua astúcia, inspirava os corações dos guerreiros, enquanto Ares, o deus da guerra, aguardava ansiosamente o derramamento de sangue.

Canto III: Duelo pela Honra

Em Tróia, Páris, o príncipe destemido, desafiou Menelau, rei de Esparta, para um duelo. Ambos se enfrentaram com lanças afiadas, enquanto os exércitos assistiam, sedentos por sangue e glória. A batalha foi intensa, mas foi interrompida pelos deuses, que temiam a escalada do conflito.

Canto IV: Os Conselhos de Heitor

Do lado de Tróia, Heitor, o valente príncipe troiano, reuniu seus comandantes para planejar a defesa da cidade. Ele sabia que os Aqueus eram poderosos e determinados, mas confiava na proteção dos deuses e na coragem de seus soldados.

Enquanto isso, os Aqueus se reuniam em conselho. Agamenon, o líder orgulhoso, buscava maneiras de superar os muros de Tróia, enquanto Aquiles, ainda furioso com as injustiças, se recusava a voltar à batalha.

Canto V: A Fúria de Aquiles

Aquiles, consumido pela raiva, finalmente decidiu retornar à luta. Ele vestiu sua armadura reluzente, feita pelos deuses, e marchou com os Aqueus para o campo de batalha. Sua presença inspirou medo nos corações dos troianos, que reconheceram seu poder imenso.

Em um frenesi de fúria, Aquiles avançou pelo campo de batalha, cortando através das fileiras inimigas como um deus da guerra. Nenhum troiano podia detê-lo, e seus gritos ecoavam nos campos ensanguentados de Tróia.

Canto VI: A Trama dos Deuses

No Monte Olimpo, os deuses observavam com interesse o conflito se desenrolar. Atena, apoiando os Aqueus, ajudava Aquiles em sua busca por vingança. Enquanto isso, Afrodite, protetora dos troianos, tentava proteger seu povo dos golpes devastadores de Aquiles.

Zeus, o pai dos deuses, mantinha o equilíbrio frágil entre os interesses divinos, enquanto os deuses menores tomavam partido conforme suas inclinações pessoais. A batalha nos campos de Tróia refletia as intrigas e rivalidades entre os deuses do Olimpo.

Canto VII: O Destino de Heitor

A batalha se intensificou, e Heitor, o valente príncipe de Tróia, enfrentou Aquiles em um combate épico. Ambos guerreiros lutaram com ferocidade e habilidade, cada um determinado a provar sua força ao outro e aos deuses que observavam do alto.

Mas no final, Aquiles, com sua armadura divina e sua fúria implacável, prevaleceu. Ele derrotou Heitor com um golpe mortal, selando o destino de Tróia e lançando uma sombra sobre a cidade orgulhosa.

Epílogo: A Glória dos Vencedores

Com a morte de Heitor, Tróia caiu diante dos Aqueus, que saquearam a cidade e levaram suas riquezas para casa. Aquiles, o herói imortalizado, recebeu honras e recompensas, apesar de suas escolhas controversas e de seu temperamento indomável.

Os deuses do Olimpo observaram o desenlace com satisfação e desdém, sabendo que o destino dos homens era moldado por suas vontades caprichosas. A guerra de Tróia havia terminado, mas os conflitos entre os deuses e os mortais continuariam a moldar o mundo para sempre.

Fim da Ilíada Reescrita pela Extrema Direita Atual

(Conclusão da IA): Esta reinterpretação da Ilíada reflete uma narrativa focada em poder, vingança e ação decisiva, em linha com os valores e perspectivas contemporâneas da extrema direita política global.

*Vinício Carrilho Martinez é professor do Departamento de Educação da UFSCar. Autor, entre outros livros, de Bolsonarismo. Alguns Aspectos Político-Jurídico e Psicossociais (APGIQ). [https://amzn.to/4aBmwH6]

*Lucas Gama é doutorado do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química da UFSCar.

Referência


HOMERO. Ilíada. Lisboa: Cotovia, 2007.

Notas


[i] Com nota seis, em benevolência, porque não respondeu à questão central.

[ii] É óbvio que, politicamente, a Ilíada de Homero retrata a tentativa de expansão institucional por meio da “anexação territorial”, bem como pela conquista de um posto muito relevante do ponto de vista econômico, comercial, transacional.

[iii] Pode-se consultar o artigo 137 e seguintes da Constituição Federal de 1988.

[iv] Ao perdedor, a pena imputada não dever inferior à equivalente de um crime contra a democracia, de lesa pátria: https://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2024/06/26/investigacao-zuniga-bolivia.htm. Acesso em 26/06/2024.


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