Por um acordo de paz na Ucrânia

Imagem: Adrien Olichon
Whatsapp
Facebook
Twitter
Instagram
Telegram

Por LUIS VARESE*

Propostas sobre acordos possíveis que podem levar ao fim do conflito

Somos acusados de ser belicistas e de não sentir o sofrimento do povo ucraniano. Somos até ridicularizados em redes e artigos, dizendo que acreditamos que a Rússia vai reconstruir a União Soviética, dizendo que somos comunistas antiquados. Isto é totalmente falso. E falo no plural porque essas acusações vão contra todos nós que escrevemos contra o racismo, a russofobia, a xenofobia e o ressurgimento do nazismo-fascismo que domina o coração de milhares ou milhões de europeus, que pensávamos serem democráticos e estarem curados desses males.

Escrevemos muito claramente que este é um conflito intercapitalista, fruto da crise de hegemonia dos EUA e da submissão da União Europeia aos interesses do grande capital e à política internacional dos EUA. É por isso que faço essa proposta concreta. É possível parar a guerra: ela requer decisão política, ousadia, negociação e coragem daqueles que governam (ou fingem governar) o mundo.

Portanto, em vista do aprofundamento do conflito, do sofrimento do povo da Ucrânia e do sofrimento que se seguirá para os povos do mundo, é essencial opor-se à continuação da guerra e que as organizações e forças representativas que ainda têm voz possam liderar uma mesa de negociação eficaz, antes de cairmos em um confronto nuclear que levará a um desastre humanitário. A ONU deve assumir um papel ousado, proativo e forte em uma situação que pode levar a um desastre nuclear inimaginável

 

Propostas

1. Uma mesa de negociação de alto nível chefiada pelo Secretário Geral da ONU; altos representantes da Igreja Russa, Ucraniana e Católica (e eu os proponho porque todos eles invocam o nome de Deus); os Ministros das Relações Exteriores da Rússia, dos Estados Unidos e da Ucrânia; Garantes do Governo da Índia, China, África do Sul, Argentina, Brasil, México.

Um cessar-fogo por 96 horas, a partir da instalação da mesa de negociações, ou seja, imediatamente. Isso garante corredores humanitários e uma presença substantiva, no         terreno, de observadores das Nações Unidas. Provavelmente Forças de Manutenção da Paz, que não pertencem a nenhum dos países envolvidos no conflito. Em outras palavras, nem os Estados Unidos, nem a Rússia, nem a União Europeia, nem a Ucrânia.

Suspensão das entregas de armas ou financiamento de mercenários para o território ucraniano ou seu acúmulo nas fronteiras.

 

Acordos básicos a serem discutidos

A Ucrânia será declarada território de paz, livre de armas nucleares, e não fará parte da OTAN (que é uma aliança militar ofensiva). O fornecimento de armas e mercenários ao governo ucraniano será suspenso (os mercenários estão na vanguarda das redes de tráfico infantil, tráfico e escravidão, entre outras coisas).

A Rússia retirará suas tropas do território ucraniano. As decisões tomadas pelo povo da Crimeia e Donbass de pertencer à Federação Russa serão respeitadas.

O fornecimento de gás, petróleo, trigo e milho para a União Europeia e países compradores será mantido nos termos e condições acordados antes do início do conflito, garantindo o bem-estar dos povos da União Europeia e outros.

As brigadas paramilitares nazistas em solo ucraniano devem ser desarmadas. Suspensão da campanha da russofobia na mídia, sob sanção, em todos os países onde ela ocorre. O direito à liberdade de expressão na União Europeia será restaurado.

Todos aqueles presos por participarem de protestos anti-guerra serão libertados e os movimentos feministas e pró-guerra serão fortalecidos para defender os direitos de liberdade de escolha de gênero e outros direitos violados nos países da União Europeia e na Rússia.

As sanções econômicas devem ser convertidas em recursos para a reconstrução da infra-estrutura civil na Ucrânia, incluindo casas e edifícios que tenham sido destruídos. Somente empresas de países que não estiveram envolvidas no conflito devem participar da reconstrução.

A proposta de condenar na Assembleia Geral da ONU todas as expressões de nazismo deve ser aprovada.

A repatriação voluntária para a Ucrânia será promovida para todos aqueles que desejarem retornar. As mesmas condições de refúgio serão concedidas a qualquer requerente, de qualquer parte do mundo, mesmo que ele não seja da Ucrânia.

Os acordos sobre a proteção do meio ambiente e a redução substancial dos gases que produzem o aquecimento global, assim como os acordos sobre o desarmamento nuclear e contra a corrida armamentista, serão retomados.

Como latino-americanos, lutadores pela paz, lançamos esta proposta, melhorada quando necessário, para ser compartilhada com os partidos políticos, organizações e movimentos sociais da América Latina.

*Luis Varese é jornalista e antropólogo.

 

Veja neste link todos artigos de

AUTORES

TEMAS

10 MAIS LIDOS NOS ÚLTIMOS 7 DIAS

Lista aleatória de 160 entre mais de 1.900 autores.
Rubens Pinto Lyra Berenice Bento Benicio Viero Schmidt Daniel Afonso da Silva Manuel Domingos Neto Ari Marcelo Solon Francisco de Oliveira Barros Júnior Alysson Leandro Mascaro Boaventura de Sousa Santos Caio Bugiato Vinício Carrilho Martinez Lucas Fiaschetti Estevez Francisco Pereira de Farias Antonio Martins Eduardo Borges Eleonora Albano Paulo Nogueira Batista Jr Alexandre de Lima Castro Tranjan Fernão Pessoa Ramos João Carlos Loebens Marcelo Módolo Flávio R. Kothe Bruno Fabricio Alcebino da Silva André Singer Tadeu Valadares Bento Prado Jr. Leonardo Sacramento Tarso Genro Andrés del Río Jorge Branco Priscila Figueiredo Michel Goulart da Silva Matheus Silveira de Souza Henri Acselrad Osvaldo Coggiola Luiz Eduardo Soares Renato Dagnino Heraldo Campos Paulo Fernandes Silveira Dênis de Moraes Otaviano Helene Marilena Chauí Leda Maria Paulani Lincoln Secco Plínio de Arruda Sampaio Jr. Paulo Sérgio Pinheiro Ricardo Abramovay Sergio Amadeu da Silveira José Costa Júnior Carlos Tautz José Raimundo Trindade Marcos Aurélio da Silva Armando Boito Luís Fernando Vitagliano Gabriel Cohn Sandra Bitencourt Henry Burnett Dennis Oliveira Valerio Arcary Marcus Ianoni Marilia Pacheco Fiorillo Ronaldo Tadeu de Souza Marcelo Guimarães Lima Salem Nasser Flávio Aguiar Paulo Capel Narvai Fábio Konder Comparato Annateresa Fabris Ricardo Antunes João Adolfo Hansen João Feres Júnior Igor Felippe Santos João Sette Whitaker Ferreira José Machado Moita Neto Luis Felipe Miguel Alexandre de Oliveira Torres Carrasco Jean Pierre Chauvin Luiz Roberto Alves Maria Rita Kehl Eugênio Bucci Elias Jabbour Rafael R. Ioris Manchetômetro Thomas Piketty Leonardo Boff Vladimir Safatle Luiz Bernardo Pericás Gerson Almeida Daniel Costa Tales Ab'Sáber Antonino Infranca Luiz Werneck Vianna Slavoj Žižek Luciano Nascimento Yuri Martins-Fontes Valerio Arcary Chico Alencar Celso Favaretto Afrânio Catani João Carlos Salles Kátia Gerab Baggio André Márcio Neves Soares Gilberto Lopes José Geraldo Couto Julian Rodrigues Daniel Brazil Ladislau Dowbor Alexandre Aragão de Albuquerque Eugênio Trivinho Vanderlei Tenório José Dirceu Luiz Carlos Bresser-Pereira Mário Maestri Bernardo Ricupero Marcos Silva Chico Whitaker Jorge Luiz Souto Maior Alexandre de Freitas Barbosa Francisco Fernandes Ladeira Gilberto Maringoni Rodrigo de Faria Ricardo Fabbrini João Paulo Ayub Fonseca Eleutério F. S. Prado Samuel Kilsztajn José Luís Fiori Paulo Martins José Micaelson Lacerda Morais Eliziário Andrade Denilson Cordeiro Anselm Jappe Michael Löwy Airton Paschoa Liszt Vieira Ronald Rocha Érico Andrade Bruno Machado Celso Frederico Leonardo Avritzer Marjorie C. Marona Milton Pinheiro Carla Teixeira Everaldo de Oliveira Andrade Ronald León Núñez Lorenzo Vitral Remy José Fontana Ricardo Musse Mariarosaria Fabris Claudio Katz Andrew Korybko Atilio A. Boron Luiz Marques Jean Marc Von Der Weid Juarez Guimarães Luiz Renato Martins Walnice Nogueira Galvão Antônio Sales Rios Neto João Lanari Bo Fernando Nogueira da Costa Michael Roberts

NOVAS PUBLICAÇÕES