Vai-Vai – 95 anos de samba

Foto: divulgação Vai-Vai
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Por DANIEL COSTA*

Os personagens da Vai-Vai são uma síntese do bairro do Bixiga, especialmente a parte do bairro que segue resistindo contra as investidas que tentam descaracterizar a tradicional região paulistana

Os primórdios

Quando pensamos na ocupação das regiões de várzea na capital paulista, é fundamental considerar a região do Vale do Saracura. No final do século XIX e início do século XX, com a ocupação da região da Avenida Paulista e Consolação pela elite cafeeira, os funcionários dessas famílias, geralmente mulheres negras que trabalhavam como cozinheiras e lavadeiras, e imigrantes que realizavam trabalhos domésticos, passaram a ocupar a região com suas famílias.

Nessa época, um dos principais meios de sociabilidade e diversão dessa população eram os campos de várzea. Não era difícil ver times mistos jogando nos campos da região. Um desses times, o Cai-Cai, originou, em 1930, o surgimento do cordão Vai-Vai, que mais tarde se tornaria uma escola de samba de enorme tradição e a maior campeã do carnaval paulistano. Pouco tempo após sua fundação, o Vai-Vai já se destacava como um dos principais cordões da cidade, rivalizando com o Grupo Barra Funda pelo protagonismo carnavalesco. Segundo depoimentos da época, não era raro ver conflitos entre os integrantes dos dois grupos.

Ainda sobre a ocupação do Bixiga pela população negra, Olga von Simson esclarece que as ruas Rocha e Marques Leão concentravam a maioria da população negra da região. Foi da casa de Benedito Sardinha (Rua Rocha, 547), um motorneiro da Light, que partiu, em 1930, o primeiro desfile do Vai-Vai. Em depoimento à autora, Seu Livinho, fundador do então cordão, relatou que, quando criança e adolescente, vivia em uma casa localizada na confluência das ruas Marques Leão e Santo Antônio.

Outra atividade importante para o Vai-Vai naquele período foram os bailes, definidos por von Simson como “atividades aglutinadoras dessa turma do Bixiga, mais precisamente das encostas do Vale do Saracura”. Inicialmente, os bailes ocorriam na casa de Seu Sardinha, mas o espaço tornou-se insuficiente, e o Vai-Vai passou a alugar o salão do Lusitânia, um clube de futebol de várzea também localizado na Rua Rocha.

Com a consolidação dos bailes, outros espaços no bairro também foram utilizados, como salões localizados nas ruas Manoel Dutra e Frei Caneca, próximo à Igreja do Divino Espírito Santo.

No entanto, até a década de 1960, apenas a comunidade negra desfilava no Vai-Vai. Estudiosos do carnaval e do samba paulista apontam que essa característica pode ter sido um fator crucial para a consolidação do Vai-Vai como ponto de referência e resistência do samba paulistano.

Em depoimento prestado a Olga von Simson, Pé-Rachado, uma das vigas mestras da agremiação do Bixiga, afirmou: “Naquele tempo, a Bela Vista ainda não tinha essa infinidade de apartamentos, não tinha essa transformação. Então, o pessoal era Vai-Vai mesmo; gostava”. Dona Conceição, que nunca desfilou no cordão e conheceu o Vai-Vai desde sua segunda década, confirmou à autora essa aceitação: “Ninguém ficava em casa quando o Vai-Vai saía. Saía todo mundo pra rua”.

Os moradores ajudavam como podiam na preparação do desfile: a vizinhança abastada oferecia doações generosas, como seu Américo, que residia na Rua dos Franceses. “Ele ajudava muito. Aliás, ele era presidente-mor do Vai-Vai. Foi uma das pessoas que mais ajudou o cordão”, segundo Pé-Rachado. Já os menos abastados contribuíam com doações menores, como “linha e agulha”. O importante para todos era garantir que o cordão desfilasse com destaque, competindo com outras agremiações da cidade.

Passado quase um século da consolidação do processo de ocupação dessas regiões pela população negra e das posteriores tentativas de apagamento por parte das elites, os pesquisadores Vitor Silveira e Leonardo Antan afirmam que, “em uma visão atravessada pelo pensamento afro-religioso, é possível dizer: Exu cobrou”.

A religiosidade

Sobre a religiosidade na escola, trago o depoimento de dois baluartes prestados à jornalista Cláudia Alexandre. Fernando Penteado, diretor de harmonia e bisneto de um dos fundadores do então cordão, conta que: “Minha tia Antonieta, que era mãe de santo, foi a primeira porta-estandarte; Tia Ana desfilava de Carmen Miranda, foi a primeira baiana da escola; Tia Dirce segurava o canto da escola, fazendo coro nos desfiles. Minha família é enraizada aqui na escola, temos vinte e oito pessoas entre baianas, ala das crianças e apoio de ala. Minha irmã, Cleuzi, foi chefe da ala das crianças desde 1968. Minha filha Laura foi rainha mirim quando tinha sete anos, rainha da bateria aos dez anos e hoje é destaque da escola; minha outra filha Paula foi porta-bandeira por vinte e cinco anos. Ela carregou o primeiro pavilhão da escola desenhado pelo meu bisavô, Frederico Penteado”.

Para Fernando Penteado, todo gestual da agremiação representa o orixá. “Nossa divindade começa pelo som do bumbo; o surdo representa o rum – o atabaque maior que toca para os orixás nos terreiros”.

Em sua pesquisa, Cláudia Alexandre ouviu ainda personagens que representam a geração que testemunhou o nascimento da tradição religiosa da escola. Entre eles, Paulo Valentim, jornalista e integrante da velha guarda da escola, contou que chegou ao Vai-Vai ainda menino. Nascido no bairro do Bixiga, Valentim conviveu com personagens como Pato N’Água, o compositor Geraldo Filme e ritmistas símbolos da escola, como Caveirinha, Teleco e Flavinho.

Em depoimento à jornalista e pesquisadora, Valentim reforça as ligações da escola com o candomblé: “Eu também era levado a Pirapora pela minha avó, Dona Joana Zimbres. Tinha uns doze ou treze anos de idade. Mas posso confirmar que ali a festa era séria. Iam sambistas de todos os lugares, mas, chegando lá, a gente formava um bloco só. Tinha gente do Vai-Vai, Geraldo Filme; Seu Carlão do Peruche; Xangô da Vila Maria. Eles já tinham uma formação e uma ligação com o candomblé, tinham seus misticismos. Chegávamos lá, tinham os batuques, sambas, as rezas, cantavam os pontos de orixá, tinham as cantigas. Mas o forte eram os refrãos e os versos. Um puxava, e o outro já respondia. A coisa era séria. Ficávamos todos no barracão. Os padres não gostavam muito, achavam que ali era a festa para os negros. Mas, no final, era mesmo. A grande festa de Pirapora acontecia no barracão (…) No Vai-Vai, somos a maioria a pisar no terreiro e fazer nossas obrigações. Há um respeito muito grande, faz parte da nossa escola, do Vai-Vai. Ali, as crianças já vêm de casa sabendo. A educação é do berço, tudo é passado. As crianças sabem bem como bater-cabeça”.

Lutar pela preservação da memória da população negra do Bixiga, daqueles que viveram no Quilombo Saracura e nos cortiços da região – que podem ser considerados quilombos dos séculos XX e XXI – e garantir a permanência do Vai-Vai no bairro é mais do que firmar um compromisso: é um legado.

Como afirma a jornalista Cláudia Alexandre em seu trabalho fundamental para compreender a presença das religiões afro na agremiação: “No Vai-Vai, a religiosidade reforça a identidade étnico-cultural da comunidade, constitui um elo com a tradição ancestral e uma forma de resistência política contra a estrutura racista. Além disso, marca como se deram as negociações e os embates com as demais tradições culturais do bairro, oriundas de imigrantes italianos e migrantes nordestinos”.

Os sambas marcantes

Em uma escola de samba, o amálgama entre as tradições presentes, o elo de pertencimento e a ideia de comunidade é forjado em torno do samba-enredo que a escola apresenta a cada carnaval. Além do hino da agremiação e dos sambas de exaltação (uma tradição cada vez mais rara), o samba-enredo é o elemento que une a escola, tanto entre os foliões que desfilam quanto aqueles que contemplam o cortejo.

Ao fim e ao cabo, o samba-enredo define o destino da escola a cada carnaval. Um bom samba não apenas reforça essas ligações com o público, mas também facilita o desenvolvimento da evolução e harmonia, graças a uma boa letra e melodia. Além disso, o entrosamento da bateria, o bailado do casal de mestre-sala e porta-bandeira são potencializados. Por outro lado, uma escolha infeliz pode comprometer todo o trabalho de um ano.

O historiador e pesquisador Luiz Antônio Simas, em colaboração com o compositor Nei Lopes, define o samba-enredo como “uma modalidade de samba que consiste em letra e melodia criadas a partir do resumo do tema escolhido como enredo de uma escola de samba”. Além disso, a dupla ressalta que os primeiros sambas cantados pelas escolas em suas apresentações carnavalescas eram de livre criação, abordando o ambiente do próprio samba e a realidade dos sambistas. Já o escritor e jornalista Alberto Mussa oferece uma perspectiva mais ampla, definindo o samba-enredo como “o único gênero musical épico, não lírico, genuinamente brasileiro, nascido e desenvolvido sem influência de qualquer outra modalidade épica, literária ou musical”.

Em uma agremiação como o Vai-Vai, possuir uma ala de compositores intimamente ligada ao cotidiano da escola foi fundamental para a construção de sambas antológicos, seja para a escola ou para o carnaval paulistano. Em depoimento prestado ao historiador Bruno Baronetti, o músico e compositor Osvaldinho da Cuíca relata como ocorreu a fundação da ala de compositores: “Eu trabalhei como nunca na minha vida dentro do Vai-Vai. Comecei ensaiando no Jaçanã. Lá tinha a maior ala do Vai-Vai, a ala da Dona Paula, uma mãe de santo, uma negra que fazia um serviço social de grande relevância dentro do samba. Ela tinha um terreiro muito grande na casa dela. Ela pegava os meninos de rua e abrigava, dava comida, colocava na escola e realmente os educava. Aí eu comecei a ensaiar com aqueles garotos e fiz uma primeira ala de frigideira, com dezessete frigideiras na bateria do Vai-Vai. Já existiam frigideiras individuais. Eu toquei frigideira no Tucuruvi, mas individual. Não existia uma ala de frigideiras fazendo às vezes do tamborim. Organizei os cuiqueiros, já existiam cuiqueiros muito bons, como o Caveira, o Maninho e outros velhos no Vai-Vai. Introduzi também instrumentos de harmonia. Eu fiz o regulamento da ala de compositores, como Penteado era um dos mais antigos, ele ficou como meu vice, o Lírio, que não tinha experiência em escolas de samba, mas era um bom técnico, o Galo virou secretário, pessoas que tinham vocação para a função como bons compositores. No regulamento dizia que quem tocasse instrumento de harmonia não precisava fazer estágio. Quem não tocasse fazia um estágio de dois anos na ala para provar que tinha amor pela entidade, pelo pavilhão e também para a gente avaliar a conduta da pessoa e seu trabalho como compositor. E fizemos um trabalho maravilhoso. Trabalhamos muito. Foi a primeira ala batizada com cerimônia em São Paulo. Quem conduziu foi Evaristo de Carvalho, ela foi criada por Jota Muniz de Souza. E a partir daí ela ganhou um grande status. Em 1978, quebramos uma sequência de quatro títulos do Camisa Verde e Branco. Como conseguimos ganhar esse título com a minha influência, e o enredo era fantástico: Noel Rosa. E eu ganhei o samba-enredo. Disputei com os maiores compositores de São Paulo. Lá tinha Geraldo Filme, Edson e Aloísio, que eu levei para o Vai-Vai. O Talismã disputou comigo, o Zé Di, grande campeão com Salgueiro, tinha a dupla Osvaldo Arouche e Walter Pinho. Antes de Noel, eu fiz um samba com o Papete, José Ribamar, grande percussionista maranhense. Levei ele para a ala de compositores do Vai-Vai em 1974. O primeiro samba que eu ganhei no Vai-Vai foi em 1975, parceria minha com o Papete, o carnaval era na São João ainda”.

O depoimento de Osvaldinho mostra, além da importância, a efervescência de uma ala de compositores viva, que atua em sintonia com o conjunto da agremiação. Passamos agora a relembrar enredos memoráveis da alvinegra do Bixiga. Em 1971, o Vai-Vai foi para a rua cantando “Independência ou morte”, samba composto apenas por Zé Di. No ano seguinte, o compositor emplacaria, no ano do sesquicentenário da independência, “Passando pelo Brasil, o samba mostra o que é seu”.

Para os carnavais de 1975 e 1976, a escola sairia com sambas do já citado Osvaldinho da Cuíca. “O Guarani”, em parceria com o maranhense Papete, foi defendido pelo próprio Osvaldinho. Já no ano seguinte, agora sem parceiro, Osvaldinho emplacaria “Solano Trindade, o menino do Recife”, defendido por Geraldo Filme, na época pertencente à agremiação.

Seguindo com homenagens a grandes figuras negras do país, o ano de 1977 seria lembrado pela citação ao padre José Maurício com “José Maurício, músico do Brasil colonial”, samba composto por Odair Fala Macio e que marcaria a estreia de um dos vultos da escola no carro de som, o grande Sol do Vai-Vai.

O carnaval de 1978 ficaria marcado por mais uma vitória de Osvaldinho da Cuíca e um novo título para a alvinegra do Bixiga com “Na arca de Noel, quem entrou não saiu mais”, samba defendido por Carlão da Vila. O título indicava novos tempos para a comunidade bixiguenta, com a chegada do salgueirense Almir Guineto, que, ao lado de Luverci Ernesto, venceria as disputas de 1979 e 1980 com “Festa de um povo em sonho e fantasia” e “Orgulho da Saracura”, samba em homenagem aos cinquenta anos da escola.

Para o carnaval de 1982, a novidade seria a presença do ator e cantor Aldo Bueno como intérprete oficial da escola, defendendo o samba de Osvaldinho da Cuíca e Serginho, “Orum Aiyê. O eterno amanhecer”. Em sintonia com as transformações do carnaval carioca, especialmente o carnaval feito por figuras como Rosa Magalhães e Fernando Pinto, a escola apresentou, em 1984, “Ao sol da onça Caetana ou miragens do sertão”, samba assinado pelo quinteto formado por Tadeu da Mazzei, Jacó da Carolina, Mário Sérgio, Penteado e Elisbão do Cavaco, interpretado por Chuveiro, responsável pelo carro de som também no carnaval do ano anterior.

Voltando a temáticas menos abstratas, o Vai-Vai apresentou, em 1986, o clássico “Água de cheiro” (Xererê), da dupla formada por Nadão e Turquinho, samba defendido novamente pelo carismático Sol do Vai-Vai, que voltaria a ser o intérprete da escola naquele carnaval. O ano seguinte marcaria a estreia de Thobias da Vai-Vai como intérprete oficial. Thobias seria um dos principais personagens da escola, chegando inclusive a ocupar a presidência da agremiação entre 2008 e 2012. A estreia seria com o clássico “Do jeito que a gente gosta”, do trio Walter Babu, Alemão e Chuveiro. No ano seguinte, seria a vez de um novo trio emplacar seu samba: Nadão, Ademir e Marino firmaram seus nomes com “A volta ao mundo em oitenta minutos”. Para o carnaval de 1988, Osvaldinho da Cuíca, ao lado de Macalé do Cavaco e Namur, emplacaria “Amado Jorge, a História de uma raça brasileira”.

A década de 1990 seria marcada por clássicos como “O negro em forma de arte”, do quarteto formado por Mariano, Showxão, Afonsinho e Sorriso, para o carnaval de 1991; em 1993, a crítica política daria o tom com “Nem tudo que reluz é ouro”, assinado por Zeca do Cavaco, Nayo Denay, Marquito e Afonsinho. Com Agnaldo Amaral substituindo Thobias, o carnaval de 1994 marcaria o retorno da dupla formada por Tadeu da Mazzei e Jacó da Carolina, agora em parceria com André, apresentando “Inã-Guê: pegando fogo”.

Em 1995, com Thobias reassumindo seu posto, a escola apresentou o enredo “Deu poesia na terra da garoa”, do trio formado por Wagner Santos, Edson Silva e Amauri; no ano seguinte, Wagner Santos emplacaria novo samba, agora ao lado de Borrão, “A rainha, a noite, tudo se transforma”. O carnaval de 1998 marcaria o encontro da tradição afro-italiana do Bixiga com a comunidade oriental paulistana, “Banzai! Vai-Vai”, assinado por Zé Carlinhos, Afonsinho e Zeca do Cavaco. O desfile daria à agremiação da Bela Vista seu nono título no carnaval paulistano. Cabe destacar que, no ano anterior, a escola saíra com “Liberdade ainda que Vai-Vai”, assinado por Vilma Corrêa e Washington da Mangueira, o único samba vencedor assinado por uma mulher.

Com a vitória do ano anterior, a escola preparou, para o carnaval de 1999, um desfile grandioso, com grandes carros e belas fantasias. No setor musical, o carro de som contaria com Thobias, que já tinha seu nome consolidado no carnaval paulistano, além da volta de Agnaldo Amaral e a participação de Wantuir. A cargo do trio estava a hercúlea tarefa de defender o samba composto também por um trio, Zeca do Cavaco, Zé Carlinhos e Afonsinho, porém “Nostradamus” não repetiu o sucesso do carnaval anterior.

Em 2004, comemorando os 450 anos da cidade de São Paulo, a escola apresentou o inspirado “Quer conhecer São Paulo? Vem pro Bixiga pra ver…”, do trio formado por Zeca do Cavaco, Nayo Denay e Zé Carlinhos, samba defendido por Agnaldo Amaral. Destacamos ainda o samba de 2010, responsável por recordar os oitenta anos da agremiação, composto pelo quarteto formado por Zeca do Cavaco, Afonsinho, Fábio Henrique e Ronaldinho FDQ, com “Oitenta anos de arte e euforia, é bom no samba, é bom no couro. Salve o duplo jubileu de carvalho”, samba defendido na passarela Grande Otelo pelo carioca Gilsinho.

Para o Carnaval de 2015, a homenageada seria a cantora Elis Regina, com “Simplesmente Elis – A fábula de uma voz na transversal do tempo”, samba composto por Zeca do Cavaco, Zé Carlinhos e Ronaldinho FDQ. Mais uma vez defendido por Gilsinho, com a homenagem à cantora gaúcha, a alvinegra do Bixiga conquistaria seu último título no grupo especial até o momento. O carnaval de 2017 ficaria marcado pelo samba “No xirê do Anhembi, a Oxum mais bonita surgiu… Menininha, mãe da Bahia – Ialorixá do Brasil”, composto por Edegar Cirillo, Marcelo Casa Nossa, André Ricardo, Dema, Leonardo Rocha e Rodolfo Minueto, defendido na avenida por Wander Pires.

Após a segunda queda para o grupo de acesso, a escola optou por reeditar o samba “Eu também sou imortal”, apresentado pela primeira vez em 2005. O desfile culminaria na volta da agremiação para o grupo especial, para a elite do carnaval paulistano, lugar de onde nunca deveria ter saído. Para o Carnaval de 2025, a escola promete apresentar uma bela homenagem ao dramaturgo José Celso Martinez Corrêa, criador do grupo Oficina, e, assim como a própria escola, um símbolo do bairro. O samba escolhido foi resultado da parceria entre duas gerações de compositores da agremiação: Nayo Denay e Francis Gabriel.

Apesar de tantas informações, o que foi apresentado até aqui é apenas uma parcela ínfima da trajetória dessa escola única. Reviver a trajetória do Vai-Vai é reverenciar personagens como Seu Chiclé, Seu Livinho, Henricão, Benedito Sardinha, Frederico Penteado, Geraldo Filme, Pato N’Água, Dona Olímpia, Dona China, Tia Cleuzi, Solon Tadeu, Aldo Bueno, Sol do Vai-Vai, Thobias do Vai-Vai, Elizeth Rosa, Chuveiro, Sahra Brandão, Chicão, Ademir, Nadão, Osvaldinho da Cuíca, Carlinhos Duvai, Flanela, Paula Penteado, os mestres Tadeu e Beto, Luiz Felipe e Madu Fraga, representantes da nova geração que segue honrando o chão consagrado por Exu, Ogum e por Nossa Senhora da Achiropita e tantas outras figuras que passaram e passam por esse território, construindo sua memória e forjando sua identidade.

A velha guarda

“Quem é que preserva a história do samba?” indaga ao ouvinte o compositor e baluarte do Vai-Vai, Fernando Penteado, na canção “Tributo à Velha Guarda”. Em seguida, o próprio compositor responde: “É a Velha Guarda, seu moço”. Quem tem por hábito frequentar rodas ou ensaios de escolas de samba com certeza reparou naquelas figuras que, com elegância, sabedoria, alegria e, quando necessário, um pouco de energia, transmitem não somente a liturgia formal desse universo, mas também repassam os códigos inscritos nas entrelinhas. Ou seja, ensinam desde como se portar em uma roda, como receber aquele que adentra o espaço pela primeira vez, respeitar os músicos e demais presentes e, claro, zelar pelo bom andamento da batucada.

Segundo a dupla de compositores e pesquisadores Nei Lopes e Luiz Antonio Simas: “No mundo do samba, Velha Guarda é a expressão que define o conjunto dos sambistas veteranos, aqueles mais antigos e respeitados. Enquanto, especificamente nas escolas, seria o agrupamento ou ala outrora responsável pela apresentação do desfile, no desempenho do papel de comissão de frente”. Em sentido semelhante, a historiadora Fernanda Paiva Guimarães define a Velha Guarda como um conjunto de sambistas e pessoas envolvidas no cotidiano do universo do samba e também do carnaval, reivindicando um lugar no presente das agremiações, porém mantendo uma relação constante com o passado. Segundo Fernanda Paiva: “Compreender a construção e o cotidiano desses grupos por dentro das agremiações significa compreender como foi elaborada uma tradição ou mesmo ‘inventada’, no sentido empregado pelo historiador britânico Eric Hobsbawm”.

Ainda buscando explicar ao leitor das próximas linhas o significado de “ser” Velha Guarda, a pesquisadora Maria Lívia de Sá Roriz Aguiar, autora de trabalhos que se tornaram referência sobre o tema, explica que: “No passado, a Velha Guarda, como comissão de frente, abria o desfile. Não havia possibilidade de, até o final dos anos 1970, haver outra comissão que não aquela que reunia os fundadores das escolas de samba e/ou os mais velhos. A comissão não tinha coreografia: era um grupo que caminhava devagar na frente da escola de samba, de terno, gravata, camisa, colete, sapatos e chapéu rigorosamente idênticos, e que apresentavam a escola para a plateia. No antebraço de cada um, o galhardete com o emblema, as cores e o nome da agremiação. Elegantes e serenos, em certos trechos do desfile, retiravam o chapéu e saudavam o público”, atitude que ainda é preservada, mesmo com os desfiles cada vez mais acelerados.

Três bambas do Bixiga

Após essa breve explicação, convido o leitor a se transportar para as ruas do bairro paulistano do Bixiga, especificamente até a Rua Treze de Maio, número 507, onde, no Bar do Jilson (assim, com “J” mesmo), aos sábados ocorre uma verdadeira aula aberta do mais puro samba. Porém, além do samba capitaneado principalmente por integrantes da Ala de Compositores da alvinegra do Bixiga, aquele que prestar um pouco mais de atenção ao que acontece no entorno poderá absorver os ensinamentos de verdadeiros mestres que fazem a história do samba paulistano.

E aqui destacarei um trio, que poderia ser considerado responsável pela retomada e consolidação dessa roda, que já virou tradição das tardes de sábado no local: Ildefonso Medeiros, o Pato Roco; Luiz Carlos Ferreira, o Baya; e, fechando a trinca, João Vieira, os autointitulados Malokeiros da terceira idade. Cada qual, à sua maneira e ao seu modo, contribui não só para o andamento da batucada, mas também para que, no ambiente, prevaleça o respeito entre aqueles que frequentam habitualmente o lugar. Como bons anfitriões, o cuidado também passa por aqueles que pisam no terreiro, ou melhor, na calçada pela primeira vez, e até mesmo aqueles que se encontram apenas de passagem pela região.

Outro personagem que esteve envolvido desde o começo nesse processo de retomada do samba na região é o compositor e também integrante da Ala de Compositores do Vai-Vai, Carlinhos Duvai. Sambista de nascimento, como gosta de dizer, Carlinhos entrou para a Ala de Compositores em 2003 e, desde então, vem estreitando seus laços também com integrantes da Velha Guarda, muitos dos quais acabaram tornando-se seus parceiros. Entre eles, destaco Fernando Penteado, Chicão, seu parceiro mais frequente, e o próprio Pato Roco, com quem, ao lado dos também compositores Wagner Guitão, Cagoba e Jair de Paula, participou da disputa de samba-enredo para o carnaval de 2024, quando a agremiação apresentou o enredo “Capítulo 4, Versículo 3 – Da Rua e do Povo, o Hip Hop: Um Manifesto Paulistano”.

Sobre as rodas no Bar do Jilson e a convivência com nossos personagens, Carlinhos relembra que, se hoje o espaço chega a ficar pequeno devido à grande presença do público, no início não foi bem assim: “Me encontrei no Bar do Jilson fazendo samba por prazer, com esses parceiros e amigos do samba e da vida. Pato Roco, João Vieira e Baya, todos integrantes da Velha Guarda do Vai-Vai”. Duvai prossegue, então, contando como se deu o começo das rodas: “Quando começamos, por vezes só tinha o João, Baya, Pato e eu tocando no bar do Jilson. Naquela época, eu era o único que tocava harmonia; quando não conseguia comparecer, ficava até difícil conduzir o samba”. Quanto ao nosso trio e à Velha Guarda, Carlinhos é categórico ao afirmar que: “Tenho enorme apreço pelos três, são realmente da Velha Guarda do samba, muitos anos de Vai-Vai; só o Pato, por exemplo, se não me engano, desfila há sessenta anos pela escola, ou seja, todos têm muita história ali. O Vai-Vai, para mim, é meu ser, o ser do meu ser. O Vai-Vai é o meu bem-querer, e é sempre algo mais, faz parte da minha vida, e aprendo muito, seja vivendo a escola ou convivendo com os três”.

De forma simples e objetiva, podemos dizer que os nossos personagens são uma síntese do bairro do Bixiga, especialmente a parte do bairro que segue resistindo contra as investidas que tentam descaracterizar a tradicional região paulistana. Em sua dissertação de mestrado, a jornalista Adriana Casarotto Terra, além de buscar discutir a construção da identidade e a relação dos moradores com o Bixiga, realizou uma série de entrevistas com diversos moradores da região. Entre eles, o produtor audiovisual Paulo Santiago, em uma passagem, explica que: “O Bixiga tem três grupos muito consolidados: os italianos, os negros, os nordestinos”. E o que podemos perceber ao frequentar a roda e o entorno da Treze de Maio é que símbolos como o Vai-Vai, a Igreja da Achiropita e o próprio Bar do Jilson servem como polos que proporcionam essa sociabilidade, despertando uma série de afinidades entre pessoas com trajetórias diversas.

Assim, entre uma conversa e outra, vamos descobrindo um pouco da trajetória desses três personagens, unidos pelo samba, pelo bairro e pelo Vai-Vai. Com pouco mais de oitenta anos, Pato Roco é aquela figura bem vista por todos. É difícil ver alguém que chega no espaço e não vai até sua mesa cumprimentá-lo. Desse modo, entre um samba e outro, brota o manancial de histórias, desde o tempo em que muitas ruas do bairro ainda eram de chão batido e o então jovem folião resolveu aventurar-se pelo esporte bretão. Sim! Além do samba e do carnaval, Pato também se aventurou pelos gramados da Pauliceia.

Enquanto Pato seria uma espécie de anfitrião, Baya (apelido dado na juventude pelo parceiro de samba Pato Roco), integrante da bateria do Vai-Vai durante muitos anos e hoje integrante da Velha Guarda, exerce o papel de maestro, garantindo o andamento e a cadência da roda, não deixando o samba cair. É o “maestro” Baya, responsável não só pelo andamento da batucada, mas também pela dinâmica da roda, substituindo um ou outro batuqueiro quando necessário. Também está sempre atento ao relógio e ao sino da Igreja da Achiropita, pois, quando o sino toca anunciando o começo da missa, é o momento do samba entrar em modo de pausa, retornando após o ritual litúrgico.

Por fim, temos o terceiro integrante da confraria. Batuqueiro nato, João Vieira se divide entre tocar sua cuíca e a timba, sem deixar de ficar de olho no que acontece no entorno da roda, garantindo que, se algum malandro tentar se espalhar para além daquilo que é permitido, será convidado a se retirar do espaço. Afinal, a roda tem seus códigos, e o respeito entre aqueles que compartilham dos preceitos do samba é fundamental.

E, dentre os princípios fundamentais do universo do samba, temos um que, apesar de ser relevante, parece ser cada vez mais esquecido, sobretudo por aqueles que estão chegando e até pelas diretorias de muitas dessas agremiações. Conhecer a trajetória da sua escola e respeitar os baluartes não é obrigação. Exaltar a Velha Guarda e o seu chão significa respeitar e continuar a luta de centenas de homens e mulheres que deram parte de suas vidas pela consolidação de suas escolas, do carnaval e do próprio samba. Em depoimento prestado a Maria Lívia de Sá Roriz Aguiar, um componente da Velha Guarda de uma agremiação carioca explica o que significa ser Velha Guarda: “Somos o esteio da escola. O esteio da escola é a Velha Guarda. O esteio da escola, a rainha da escola, é a Velha Guarda. Às vezes, o pessoal da Velha Guarda já saiu em todos os segmentos da escola. Então, chega uma certa idade, a gente tem que procurar o lugar onde a gente fique bem, eu acho, né? Para mim, agora, se botasse a Velha Guarda para abrir o desfile, eu daria preferência à Velha Guarda. Que agora a comissão de frente tem aquela coreografia”.

Rememorando algumas histórias do Vai-Vai

Entendendo que é fundamental apresentar ao leitor um pouco mais dessas histórias, trago abaixo depoimentos de alguns pesquisadores e baluartes da escola alvinegra do Bixiga. Vejamos:

Sobre os ensaios no Bixiga: Dona Odete, antiga integrante do Vai-Vai, em depoimento a Olga von Simson, conta que: “Nós tínhamos o ensaio, era na rua mesmo, a gente ensaiava pelo Bixiga inteiro, não tinha sede, não tinha nada, mas todo mundo ajudava, todo mundo cooperava. Ensaio pra valer mesmo! A gente ensaiava, tinha gosto, rodava a Bela Vista inteirinha. Ia lá pra Saracura, ia pro lado do Piques. E ensaiava mesmo, sentia, aprendia a música, tudo direitinho”.

A chegada de um dos grandes baluartes desde o tempo do cordão: Sebastião Amaral, o Pé Rachado, um dos cardeais do samba de São Paulo e liderança do Vai-Vai. Segundo Zélia Lopes da Silva, Pé Rachado foi “protagonista em todas as ocasiões difíceis do Cordão, ocupando funções diferentes, de percussionista, dirigente de bateria e presidente do Cordão e seu representante onde se fez necessário”. Em depoimento prestado na década de 1980 ao Museu da Imagem e do Som, ele conta como chegou ao então cordão: “Entrei no Vai-Vai através do amigo Cota. Fiquei na fila para entrar na bateria. Esperei dois anos para entrar no surdo. Depois passei a tocar bumbo, em substituição a um rapaz que morreu. Depois passei para ‘apitador’. Não tinha interesse em ser apitador, quando Pato N’Água se retirou. Fiquei três anos dirigindo a bateria”.

A solidariedade entre a comunidade do Bixiga como meio para viabilizar a confecção das fantasias para o carnaval: Ainda de acordo com Olga von Simson: “Integrantes que trajavam fantasias mais elaboradas, demandando, portanto, mais recursos que os fornecidos pela direção da agremiação, inventavam formas alternativas de obtê-los. Uma baliza do Vai-Vai, cuja fantasia incluía um calção de cetim bufante, saía em desfiles, ou mesmo sozinho pelo bairro, fazendo piruetas e acrobacias trajado com o calção largo e bufante da fantasia do ano anterior. Seus simpatizantes e admiradores iam, então, lhe dando dinheiro e moedas, que ele acumulava nas pernas bufantes do calção. À medida que os donativos aumentavam, dificultavam-se seus movimentos e criava-se crescente expectativa entre a plateia fiel do Bixiga. Assim, sua apresentação, além de divertir o público, permitia-lhe arrecadar dinheiro para a fantasia”.

Lembranças dos primeiros desfiles do cordão no início da década de 1930: Baseado no relato de personagens que vivenciaram os primeiros desfiles do cordão, Iêda Marques de Brito buscou reconstituir como se deu essa primeira saída: “Como tal, saíram da casa de Benedito Sardinha, na formação tradicional dos cordões paulistanos, com as fileiras laterais, mas já incorporando as ‘novidades’ que os demais cordões paulistanos haviam introduzido. O estandarte, por exemplo, vinha carregado por uma mulher, Dona Iracema, uma inovação de 1921 do Cordão Desprezados da Barra Funda, dirigido por Neco. Na frente, abrindo o cortejo, estavam os balizas, presente Dona Sinhá, então com doze anos, única mulher dentre dez rapazes. Logo depois, vinha a porta-estandarte, seguida de uma comissão situada entre as fileiras laterais, e no meio, a porta-bandeira. Mais tarde, no decorrer da década de trinta, o Vai-Vai introduziu personagens da corte com a figura de uma rainha e de uma dama que, em obediência às cores do cordão, trazia ainda indumentária negra, apelidada de ‘dama de negro’, iniciativa esta, na ideia e na representação, de Dona Olímpia, uma das primeiras figurantes femininas com que contou o Vai-Vai. Estas figurações fizeram escola durante muito tempo, entre vários cordões”.

Sobre a presença feminina nos primeiros anos do cordão: Comentando o trabalho de von Simson, Zélia Lopes mostra que, apesar da forte presença feminina, ao contrário da Lavapés, onde pontificava a figura da madrinha Eunice, no Vai-Vai, lideranças como Dona Olímpia seriam firmadas como liderança ao longo dos anos: “No livro Carnaval em branco e negro. Carnaval popular paulistano – 1914–1988, Olga von Simson dedica algumas poucas páginas de reflexão ao assunto, no tópico ‘A participação das mulheres nos cordões carnavalescos’. Em relação ao cordão Vai-Vai, ela menciona algumas mulheres, a começar por Dona Sinhá, ainda criança, que foi a única pessoa do sexo feminino a integrar o primeiro desfile do Vai-Vai na condição de baliza. Se nos primeiros desfiles essa presença foi diminuta, anos mais tarde, a autora destaca Dona Odete, Dona Iracema e Dona Olímpia entre as integrantes do cordão, além de Sinhá, que se projetou noutro cordão. Menciona outros nomes que se destacaram pela presença singular na trajetória do cordão, pela atuação como balizas. Ou seja: […] na década de 40, as mulheres do Vai-Vai conquistaram uma posição que até então havia sido privilégio dos homens e crianças: a de baliza. Algumas mulheres ficaram famosas como balizas, por sua leveza e flexibilidade acrobática, mas também por sua coragem, ao assumir inteiramente todos os riscos inerentes a essa função: Ondina, Risoleta e Alzira até hoje são lembradas quando se fala com saudade dos velhos tempos do ‘Orgulho da Saracura’. Analisar a participação das mulheres na origem dessas agremiações constitui um desafio significativo por falta de fontes. No cordão Vai-Vai, não foi diferente dos outros agrupamentos. No núcleo do Cordão estavam os homens que desempenhavam as atividades de dirigentes, músicos e compositores. Já as mulheres, além de porta-estandarte, pouco destaque tiveram nessa primeira aparição. Além de Dona Iracema, que carregava o estandarte, a menina Sinhá integrou o conjunto dos balizas, juntamente com dez rapazes. Anos mais tarde, Dona Olímpia, a dama de preto, foi destaque em seus desfiles”.

Encerro esta pequena homenagem, exaltando todos que, desde 1930, contribuíram para que o Vai-Vai alcançasse o mais alto patamar do samba paulista e brasileiro. Falar desses personagens é reconhecer e celebrar o trabalho e a luta de tantos baluartes que, se fossem citados hoje, não terminaríamos tão cedo, e ainda correríamos o risco de omitir alguém.

*Daniel Costa é mestrando em História na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Referências

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