Fatos que Israel tenta esconder

Imagem: Anthony DeRosa
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Por SCOTT RITTER*

Constata-se hoje com total segurança que os principais assassinos de israelenses em 7 de outubro não foi o Hamas ou quaisquer outras facções palestinas, mas sim os próprios militares israelenses

Há um truísmo que cito frequentemente quando discuto as várias abordagens analíticas para avaliar a grande variedade de problemas geopolíticos que o mundo enfrenta hoje: não se pode resolver um problema a menos que primeiro o definamos adequadamente. A essência do argumento é bastante simples: qualquer solução que não tenha nada a ver com o problema envolvido não é, literalmente, solução alguma.

Israel caracterizou o ataque levado a cabo pelo Hamas às diversas bases militares israelenses e às colônias militarizadas, ou kibutz (plural: kibutzim) – que na sua totalidade compreendiam uma parte importante do sistema de barreiras de Gaza – como um ato massivo de terrorismo, comparando-o ao 11 de setembro nos Estados Unidos. Israel sustenta tal caracterização indicando o número de mortos (cerca de 1.200 – uma revisão em baixa, feita por Israel depois de se dar conta de que 200 dos mortos eram combatentes palestinos) e detalhando uma grande variedade de atrocidades que afirma terem sido perpetradas pelo Hamas, incluindo violações em massa, a decapitação de crianças e o assassinato deliberado de civis israelenses desarmados.

O problema com essas afirmações israelenses é que são comprovadamente falsas ou enganosas. Quase um terço das vítimas israelenses consistiu de militares, seguranças e policiais. Além disso, constata-se hoje com inteira segurança que os principais assassinos de israelenses em 7 de outubro não foi o Hamas ou quaisquer outras facções palestinas, mas sim os próprios militares israelenses.

Vídeos divulgados recentemente mostram pilotos de helicópteros Apache israelenses, incapazes de distinguir entre civis e combatentes do Hamas, atirando indiscriminadamente contra os que tentavam fugir da rave “Supernova Sukkot Gathering”, realizada no deserto aberto, perto do kibutz Re’im. Muitos dos veículos que o governo israelense apresentou como exemplo da perfídia do Hamas foram destruídos, na verdade, por esses helicópteros israelenses.

Da mesma forma, Israel divulgou amplamente o que chamou de “massacre de Re’im”, mencionando o número de 112 civis mortos, que afirma terem sido assassinados pelo Hamas. No entanto, relatos de testemunhas oculares, tanto civis israelenses sobreviventes como de militares envolvidos nos combates, demonstram que a grande maioria dos mortos foi produzida pelo fogo dos soldados e tanques israelenses dirigido contra edificações onde os civis se escondiam ou eram mantidos como reféns por combatentes do Hamas.

Demorou dois dias para os militares israelenses recapturarem Re’im. E isso só aconteceu depois que os tanques dispararam contra as residências civis, derrubando-as sobre seus ocupantes e muitas vezes incendiando-as, fazendo com que os corpos dos que lá estavam fossem consumidos pelo fogo. O governo israelense anunciou que teve de recorrer aos serviços de arqueólogos forenses para identificar restos mortais humanos no kibutz, na tentativa de implicar o Hamas no incêndio dessas casas. Mas o fato é que foram os tanques israelenses que produziram a destruição e a matança. Essa cena se repetiu nos outros kibutzim ao longo do sistema de barreiras de Gaza.

O governo israelense trata o kibutz como puramente civil, mas, ainda assim, chegou a divulgar a forma como as equipes de segurança armadas de vários kibutzim – organizadas pelos chamados residentes “civis” – se mobilizaram a tempo para “repelir com sucesso” os atacantes do Hamas. A realidade é que cada kibutz teve de ser tratado pelo Hamas como um acampamento armado e, como tal, atacado como se fosse um objetivo militar, pelo simples fato de o serem, sem exceção. Israel havia reforçado cada kibutz com uma esquadra de cerca de 20 soldados do seu exército (as FDI – Forças de Defesa de Israel), que ficavam ali permanentemente alojados. Considerando que o Hamas planeou seu ataque durante mais de um ano, ele assumiu que esses 20 soldados das FDI por kibutz ainda estavam lá, e que se deveria agir em conformidade com esse fato.

Israel viu-se obrigado a recuar nas suas alegações de que o Hamas decapitou 40 crianças. E também não forneceu qualquer prova crível de que essa força palestina estivesse envolvida na violação ou agressão sexual de uma única mulher israelense. Relatos de testemunhas oculares descrevem os combatentes do Hamas como disciplinados, determinados e mortíferos no ataque, mas, ainda assim, corteses e gentis quando lidavam com os civis cativos.

Põe-se na mesa, então, a questão de saber qual a razão de o governo israelense se esforçar ao máximo para fabricar uma narrativa destinada a sustentar a caracterização falsa e enganosa do ataque de 7 de outubro pelo Hamas ao sistema de barreiras de Gaza como um ato de terrorismo. A resposta é tão perturbadora quanto clara: o que aconteceu em 7 de outubro não foi um ataque terrorista, mas sim uma incursão militar.

A diferença entre os dois termos é a mesma entre a noite e o dia. Ao rotular os acontecimentos de 7 de outubro como atos de terrorismo, Israel transfere a culpa pelas enormes perdas dos seus serviços militares, de segurança e de inteligência para o Hamas. Se Israel, no entanto, reconhecesse que o que o Hamas fez foi na verdade uma incursão – ou seja, uma operação militar – então a competência dos serviços militares, de segurança e de inteligência israelenses seria posta em causa, assim como a liderança política responsável pela supervisão e direção das operações. E essa seria, provavelmente, a última coisa que alguém como o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, desejaria.

Bibi (Benjamin Netanyahu) luta pela sua vida política. Ele já vinha enfrentando uma crise de sua própria autoria, ao pressionar por uma reforma legal que, a rigor, reescreveu a Constituição israelense, de modo a colocar o Judiciário sob o controle do Knesset (o parlamento unicameral), eliminando-o, de fato, como poder independente, daquela que diz ser a “maior democracia do Oriente Médio”. Tal ato colocou Israel à beira de uma guerra civil, com centenas de milhares de manifestantes saindo às ruas para denunciar Benjamin Netanyahu.

O que torna essas ações de Benjamin Netanyahu ainda mais desprezíveis – fazendo dele efetivamente um autocrata – é o fato de representarem pouco mais do que um simples jogo de poder pessoal, destinado a impedir que o sistema judiciário israelense o julgasse por diversas acusações bastante críveis de corrupção, que poderiam levá-lo à prisão por muitos anos.

Benjamin Netanyahu autodenomina-se o principal defensor de Israel, um especialista tanto nas ameaças que Israel enfrenta no exterior quanto na melhor forma de responder a elas. Em diversas vezes, ele defendeu abertamente um confronto militar com o Irã, por conta do programa nuclear deste último país (como se Israel não possuísse, de sua parte, mais de 200 bombas nucleares). Benjamin Netanyahu é também um defensor do sionismo político na sua versão mais extremada, promovendo a expansão das colônias israelenses na Cisjordânia, utilizando táticas de deslocamento forçado dos palestinos das suas casas e aldeias, como parte de um plano global para criar uma “Grande Israel” inspirada por mitologias bíblicas.

Parte da estratégia de Benjamin Netanyahu para realizar esse sonho de uma “Grande Israel” era a de enfraquecer o povo palestino e o seu governo, até o ponto da irrelevância, impedindo-os assim de realizar o seu sonho de ter um Estado independente. Para facilitar essa estratégia, Benjamin Netanyahu, ao longo das últimas duas décadas, vinha, curiosamente, promovendo o crescimento do mesmo Hamas como organização política. O objetivo desse apoio era simples: ao promover o Hamas, Benjamin Netanyahu pretendia enfraquecer a Autoridade Palestina, o órgão governante liderado pelo presidente Mahmoud Abbas.

O plano de Benjamin Netanyahu estava funcionando. Em setembro de 2020, ele firmou os Acordos de Abraão, uma série de acordos bilaterais patrocinados pela administração do então presidente Donald Trump, pelos quais se buscava a normalização das relações entre Israel com vários Estados árabes do Golfo. Antes do ataque do Hamas em 7 de outubro, Israel estava prestes a normalizar as relações com a Arábia Saudita, um ato que se provaria como o último prego no caixão do Estado palestino. Nesse aspecto, uma das principais razões do sucesso de Israel havia sido precisamente a criação de uma divisão política entre o Hamas e a Autoridade Palestina.

Em 7 de outubro, no entanto, esse sucesso foi anulado pela vitória que o Hamas alcançou sobre as Forças de Defesa de Israel (FDI). O meio preciso pelo qual essa vitória ocorreu vai ser assunto para outro momento. Mas os elementos básicos desta vitória já estão bem estabelecidos.

O Hamas neutralizou efetivamente os alardeados serviços de inteligência de Israel, cegando-os para a possibilidade de um ataque daquela dimensão e escala. Quando o ataque ocorreu, o Hamas conseguiu anular com precisão os nós de vigilância e comunicação em que as FDI confiavam para mobilizar uma resposta em caso de ataque. O Hamas derrotou os soldados israelenses estacionados ao longo do muro e grades de fronteira numa luta face-a-face. Dois batalhões da Brigada Golani foram derrotados, assim como elementos de outras unidades das FDI.

O Hamas atacou o quartel-general da Divisão de Gaza, o centro de inteligência local e outras importantes instalações de comando e controle com precisão brutal, transformando o que deveria ter sido um tempo planejado de resposta israelense de cinco minutos em muitas horas; tempo mais do que suficiente para o Hamas levar a cabo a ação sobre um dos seus objetivos principais: a tomada de reféns. Seus combatentes fizeram-no com extrema competência, regressando a Gaza com mais de 230 soldados e civis israelenses.

O Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos define uma incursão como “uma operação, geralmente de pequena escala, que envolve uma rápida penetração em território hostil para obter informações, confundir o inimigo ou destruir as suas instalações, que termina com uma retirada planejada após a conclusão da missão designada”. Foi precisamente isso que o Hamas fez em 7 de outubro.

Quais eram os objetivos dessa incursão? De acordo com o Hamas, o objetivo era triplo. Primeiro, reafirmar o direito do povo palestino a uma pátria; direito eclipsado pelos Acordos de Abraão. Em segundo lugar, libertar os mais de 10.000 palestinos mantidos prisioneiros por Israel, a maioria sem terem sido acusados de qualquer crime e sem nenhuma observância do princípio do devido processo judicial. E, terceiro, recuperar a santidade da Mesquita Al Aqsa, em Jerusalém, o terceiro lugar mais sagrado do Islã, repetidamente profanado pelas forças de segurança israelenses ao longo dos últimos anos.

Para atingir esses objetivos, a incursão de 7 de outubro precisava criar as condições necessárias para uma vitória. E ela seria obtida humilhando Israel o suficiente, a ponto de provocar um resultado previsível: a implementação da Doutrina Dahiya, de punição coletiva contra a população civil de Gaza, combinada com um ataque terrestre a Gaza que atrairia as FDI para o que é, na verdade, uma emboscada do Hamas.

A tomada de reféns pretendia proporcionar ao Hamas a capacidade de negociação para a libertação dos 10.000 prisioneiros detidos por Israel. O bombardeio israelense e a invasão de Gaza resultariam na repulsa internacional a Israel, à medida que o mundo recua frente ao desastre humanitário que se desenrola diante dos seus olhos. Agora, as ruas das principais cidades de todo o mundo estão cheias de manifestantes furiosos que se manifestam em favor do povo – e do Estado – palestino. Os Estados Unidos afirmam agora que a solução de dois Estados – exatamente aquilo que os Acordos de Abraão visavam impedir – é o único caminho a seguir para a paz no Oriente Médio. Os Estados Unidos jamais teriam dito isto em 6 de outubro. A razão para os Estados Unidos assumirem tal posição foi a incursão do Hamas em 7 de outubro.

Israel está em negociações sobre uma possível troca de prisioneiros, envolvendo os reféns do Hamas e certas categorias de prisioneiros políticos – mulheres e crianças –, detidos por Israel. Sim, você leu certo: crianças! Pode-se compreender agora a decisão do Hamas de tomar crianças israelenses como reféns. Tal situação jamais seria possível se não fosse a incursão do Hamas em 7 de outubro.

Finalmente, na Arábia Saudita, desenrolou-se o maior encontro de nações islâmicas da história moderna para discutir a crise em Gaza. Um dos principais pontos da agenda foi a situação da Mesquita de Al Aqsa e o fim da profanação israelense. Esse foi um debate que jamais teria acontecido se não fosse a incursão do Hamas em 7 de outubro.

É dispensável dizer que o ataque do Hamas de 7 de outubro desencadeou uma tempestade de fogo, na forma de bombas e balas contra a população civil de Gaza, como retaliação brutal por parte de Israel. Seu alvo são as mesmas pessoas a quem Israel, durante quase oito décadas, negou pátria e direitos, expulsando-as violentamente da terra que hoje chamam de Israel, num dos maiores atos de limpeza étnica da história moderna, que principiou com a “Nakba” (ou “catástrofe”) de 1948.

Essas são pessoas que sofreram privações incalculáveis nas mãos dos seus ocupantes israelenses, enquanto aguardavam o momento em que veriam o seu sonho de uma pátria palestina tornar-se realidade. Eles sabem que uma pátria palestina não pode ser alcançada enquanto Israel for governado por aqueles que abraçam a noção de uma grande Israel, e que a única forma de remover essas pessoas é derrotando-as politicamente, e que a única forma de provocar sua derrota política é derrotá-los militarmente.

O Hamas está conseguindo isso. Mas há um preço a pagar. Um preço alto. Os franceses perderam 20.000 civis, mortos no esforço de libertar a Normandia no verão de 1944. Até agora, os palestinos de Gaza perderam 12.000 civis mortos no esforço liderado pelo Hamas para derrotar militarmente os seus ocupantes israelenses. Esse preço aumentará nos próximos dias e semanas. Mas é um preço que precisa ser pago, para que haja alguma possibilidade de uma pátria palestina.

O sacrifício do povo palestino compeliu o mundo árabe e islâmico – que, com poucas exceções, vinha se mostrando mudo frente às depravações de Israel contra o povo palestino – a se pronunciar. Até então, ao estabelecerem os Acordos de Abraão, ele nada fizera em favor da causa de um Estado palestino. É só por causa do sofrimento, hoje, do povo palestino que alguém presta atenção nessa causa.

Assim como a do bem-estar dos prisioneiros palestinos detidos por Israel. Ou mesmo a da santidade da Mesquita de Al Aqsa. Todos estes foram objetivos declarados do Hamas ao lançar o sua incursão em 7 de outubro. E todos os objetivos estão sendo alcançados neste momento. Tudo isso se deu somente por causa das ações do Hamas e do sacrifício do povo palestino. Isso tudo faz da incursão do Hamas em 7 de outubro a Israel a incursão militar mais bem sucedida deste século.

Scott Ritter, ex-oficial de inteligência do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos, foi inspetor-chefe de armas da ONU no Iraque de 1991-98.

Tradução: Ricardo Cavalcanti-Schiel.

Publicado originalmente em Scott Ritter Extra/Substack.


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