Horacio González: uma amizade de 40 anos (*)

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Por AFRÂNIO CATANI*

Horacio me lembrava o flâneur baudelariano, atento aos detalhes, olhando o que se passava ao redor, inevitavelmente com jornais e livros embaixo do braço

“Uma vez escutei Horacio dizer isso em uma aula, para nos contar o que era sociologia: ‘compreender a vida da gente’” (Juan Laxagueborde).

“Não fui ao enterro. Porque algumas pessoas nunca morrem” (Clarice Lispector).

Não é fácil falar do meu amigo Horacio González (1944-2021). Escrevo com dificuldade, mesmo tendo passado mais de um mês de seu desaparecimento, e nem sempre as mãos obedecem ao pensamento. Cada palavra cravada pode ser considerada como um grande avanço. Eu o conheci em seu exílio brasileiro, em São Paulo, ainda no final dos anos 1970 – mais precisamente em 1979, lá por outubro ou novembro, mesmo ano em que nasceu a Bárbara, minha primeira filha, um marco afetivo importante. Foi uma amizade sem abalos, que durou mais de quatro décadas.

Entretanto, nossos dois encontros iniciais não foram lá muito auspiciosos. Explico-me. Publiquei meu primeiro livro pela Editora Brasiliense no início de 1980, tendo entregue os originais no segundo semestre do ano anterior. Comecei a colaborar com o jornal Leia Livros, empreendimento da própria editora, que continha montões de resenhas dos lançamentos do mercado editorial brasileiro, então em franca expansão. O editor-chefe, ou o manda chuva, era Cláudio Abramo, mas quem tocava a redação era Caio Túlio Costa, secretariado pela Marina.

Na época, quase todos que escrevíamos resenhas e artigos na imprensa íamos para as bancas à espera da chegada dos jornais. De sexta para sábado eu varava a madrugada para agarrar exemplares do Jornal da Tarde; de sábado para domingo, de O Estado de S. Paulo, da Isto É e da Folha de S. Paulo. O papel vinha ainda quentinho, com nossas resenhas estampadas; uma sensação maravilhosa…

Pois bem, Horacio e eu nos conhecemos assim, esperando o Leia Livros chegar. A Brasiliense ocupava andares elevados de um edifício na Rua Barão de Itapetininga, no centro da cidade. Em um deles, numa salinha apertada, Caio Túlio e Marina editavam o bruto. Sabíamos o dia da chegada, geralmente no meio do mês, lá pelas 3 ou 4 da tarde. As 2 e tanto nós nos sentávamos numa espécie de saliência de cimento perto das vidraças, que gelava nossos traseiros, e aguardávamos. Recebíamos 2 ou 3 exemplares e, também, quando havia, o cheque da colaboração do mês anterior.

Nas duas primeiras vezes que nos cruzamos dessa maneira, achei que Horacio longe estava de irradiar simpatia. Cara meio amarrada, bigodudo, cabelos longos, lembrava um toureiro espanhol. Ficava lendo algum livro e anotando em algumas folhas amarrotadas. Não adiantava tentar puxar prosa: o máximo que se conseguia como resposta era um rosnado meio indefinido. Isso me lembrou Antonio Candido, contando que ele e Florestan Fernandes eram ainda jovens e assistentes de Fernando de Azevedo na Seção de Educação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo. Candido dizia ser quase impossível conversar com Florestan, que ficava entrincheirado em sua mesa, cercado de livros e fichas, escrevendo com sua caneta tinteiro, acho que repleta de tinta rocha.

Diante do comportamento de Horacio, pensei: “putz, que argentino arrogante!” Entretanto, eu lia e gostava de suas resenhas. Acho que foi no terceiro encontro, ainda com a bunda gelada, que comentei algo que escrevera em um jornal, manifestando alguma discordância – a partir daí o diálogo começou a fluir, longas explicações e polêmicas surgiram e ficamos amigos. Nossos livrinhos começaram a sair pela Brasiliense e, às vezes, nos cruzávamos aqui e ali.

Horacio dava aulas na Fundação Escola de Sociologia e Política e obtinha grande sucesso com a(o)s aluna(o)s. Inovou em sua metodologia de ensino e pesquisa, fazendo com que a(o)s aprendizes de feiticeiro andassem pela região central de São Paulo, realizando trabalho de campo. Gabriel Cohn, que nos orientou (Horacio no doutorado, e eu no mestrado), escreveu a respeito no site A Terra é Redonda a respeito.[1]. Mas Horacio ia além: organizava debates, editava livros teóricos com textos de estudantes, assim como antologias de poesias. Meu amigo português Almerindo Janela Afonso, hoje professor na Universidade do Minho (Braga, Portugal), na época aluno de Horacio, até hoje lamenta a perda do livrinho que continha seus versos e os de dezenas de colegas.

Quando os cheques do Leia Livros e da Brasiliense chegavam, íamos correndo descontá-los em uma agência bancária nas proximidades e aproveitávamos para beber alguma coisa no centrão e comer algo em que as calorias eram soberanas, como pastéis, provolone à milanesa ou pedaços de pizza. Não é preciso acrescentar que as conversas duravam horas.

Mas havia um problema: o salário na Sociologia e Política era baixo e, invariavelmente, atrasava. Assim, Horacio se defendia escrevendo um texto atrás de outro, além de fazer traduções (em pouco tempo de Brasil dominou o português escrito), sobrevivendo de seu labor enquanto hábil manejador de ideias e palavras. Em nossa convivência nos anos seguintes constatei algo espetacular: a rapidez com que escrevia. Certa ocasião estava hospedado em sua casa em Buenos Aires (Avenida Santa Fé, Palermo) e iríamos a um jantar para o qual nos convidaram. Estávamos nos preparando para sair quando tocou o telefone. Horacio atendeu e ficou pálido: havia se esquecido de enviar uma nota de quatro laudas para determinado jornal – na época não havia praticamente computadores, e um mensageiro ia buscar as matérias na casa dos colaboradores. Ele me disse que nos atrasaríamos um pouco. Sentou-se, colocou as laudas na antiga máquina de escrever e datilografou 70 e tantas linhas em uns 40 minutos. Dobrou-as, meteu-as num envelope e o deixou com o Sr. Héctor, um afável e zombeteiro zelador.

Dentre a enorme quantidade de artigos que lhe foram dedicados por ocasião de sua morte, em 22 de junho último, encontrei em um deles a feliz observação de Alejandro Horowicz: “Escrevia copiosamente. Podemos dizer que Horacio pensava com os dedos.”.[2] Outra de Adrián Cangi: ele “fala como escreve e escreve como fala” .[3] Ou ainda a de Eduardo Grüner: seu processo de pensamento é “um permanente esforço, desenvolvido com surpreendente naturalidade, por colocar ênfase no processo do pensamento (alguém disse de Miles Davis que ele compunha quando tocava; Horacio pensava quando falava, ou escrevia)”.[4]

Essa forma de escrever, sempre em luta contra o tempo, num ato de combate ou de resistência, me lembra um pequeno texto de Virginia Woolf escrito em 1940 durante os bombardeios dos aviões nazistas sobre Londres, e publicado postumamente. Virginia podia ser morta a qualquer momento, “pois uma bomba pode cair neste quarto, Um, dois, três, quatro, cinco, seis…passam-se os segundos”,[5] escreve ela. A urgência dava o tom para Horacio. Ele, a exemplo do título de seu livro sobre Marx, na coleção “Encanto Radical” da Brasiliense, era um “apanhador de sinais”, atento a tudo, às variáveis da realidade social que vivenciava.

De repente, não encontrei mais Horacio; ele sumiu. A redemocratização da Argentina o levou de volta a Buenos Aires. Gabriel Cohn assim escreveu a respeito: “tão logo foi possível suspender o exílio que o havia trazido ao Brasil, agiu em nome de um compromisso que superava tudo o que seus amigos e colegas paulistas podiam oferecer-lhes e retornou à Argentina, seu lugar no mundo, que merecia e exigia retomar em novos termos a antiga militância política e cultural “.[6]

Emir Sader recuperou manifestação irônica de Horacio acerca de sua estadia entre nós: “Fui ao Brasil trazido pelos ventos da política, em 1977, e fui ficando; indo e vindo. Publiquei algumas coisinhas e fui passando o tempo. Quase não comprei polêmicas. Teria gostado de comprar alguma. Não sei qual”.[7]

Eu o encontrei novamente apenas em janeiro de 1990, quando estive em Buenos Aires com toda a família. Um ano depois, em janeiro de 1991, fiquei quase vinte dias em seu apartamento na Avenida Santa Fé, com minhas duas filhas, Bárbara e Júlia. Gentilíssimo, viajou para Rosário, casa de Liliana. Nessa ocasião me mostrou, com orgulho, mais de 20 números dos Cuadernos de la Comuna, projeto editorial que dirigiu, editados pela municipalidade de Puerto General San Martín, Província de Santa Fé, cidade banhada pelo Rio Paraná, a 30 quilômetros de Rosário e com população de 12.500 habitantes. O alcaide progressista bancou essa publicação de intervenção político-cultural, que era distribuída gratuitamente nas principais livrarias de Buenos Aires e de outras cidades argentinas.

Logo em seguida, com um grupo de intelectuais e discípulos, criou El ojo mocho,[8] revista de crítica cultural, cujo primeiro número saiu em 1991, tendo sido publicada até o início dos anos 2000. Além de Horacio, o grupo editor manteve-se com poucas alterações ao longo dos anos, a saber: Eduardo Rinesi, Federico Galende, Esteban Vernik, Christian Ferrer, María Pía López, Facundo Martínez, Emilio Bernini, Jung Ha Kang, Guillermo Korn. O periódico formulou e discutiu questões relevantes, sempre interrogativas, tais como: fracassaram as Ciências Sociais na Argentina ?; acabou-se a crítica cultural?; o que significa discutir?; a teoria pode ser salva?; a que chamamos política? etc. Ensaios, entrevistas, resenhas: essa foi a forma escolhida para a intervenção no debate cultural argentino.

A partir de 1991 e até 2017 – última vez em que desci em Ezeiza –, hospedei-me dezenas de vezes nas casas em que Horacio morou: na já citada, de Palermo, na Calle Brasil (Parque Lezama), na Calle Maza (Boedo) e na residência de Liliana Herrero, em Rosario. Horacio, por ocasião da defesa de seu doutorado, no início dos anos 1990 – que resultou em seu livro La ética picaresca (1992) –, ficou em minha casa em São Paulo, além de outras ocasiões que retornou ao país, para participar de conferências, bancas, colóquios.

Horacio me lembrava o flâneur baudelariano, atento aos detalhes, olhando o que se passava ao redor, inevitavelmente com jornais e livros embaixo do braço. Perdi a conta de quantas vezes percorremos Palermo Viejo e Palermo Chico em busca de uma parrilla que apenas gente do bairro conhecia, que frequentamos cafés e pequenas livrarias, que comemos pedaços de pizza quando “El Cuartito” ainda era apenas uma pequena porta que servia quitutes baratinhos, que caminhamos pela região que depois se tornou o sofisticado Puerto Madero, que fomos ler os diários no Bar Britânico, na esquina das ruas Brasil e Defensa – era um de seus escritórios onde fazia reuniões, realizava debates, seminários e congressos, juntando sete ou oito mesas.

Merecem ser destacados dois acontecimentos ocorridos nesse bar: a preparação das jornadas sobre John William Cooke, “el gordo Cooke”, político e homem de confiança de Perón. Horacio, mais quatro ou cinco alunas e alunos e outros dois professores, conseguiram programar as sessões ali mesmo, entre cortados e medialunas. O segundo acontecimento ocorreu em fins de 2004, quando o então presidente Néstor Kirchner ligou para o Britânico convidando-o para ser diretor associado da Biblioteca Nacional.

Ao longo dos anos, de 1992 a 2014, recebi e repassei os direitos autorais de Horacio junto à Brasiliense. Não raro, amigos brasileiros e argentinos que se dirigiam a Buenos Aires portaram envelopinhos, na maioria das vezes meio magros, para ele. Até o cantor e compositor Fito Páez entrou na dança e também ajudou a levar alguma guita.

Participei de um sem número de atividades acadêmicas na Argentina, viajando por grande parte de suas províncias, além de acompanhar de perto muito do que Horacio realizava, o que me permitiu conhecer intelectuais atuantes na cultura e na política do país, como Pino Solanas, Fito Páez, David Viñas, Beatriz Sarlo, León Rozitchner, Martha Rosenberg, Ricardo Piglia, Oscar Landi, Teresa Parodi, Rodolfo Fogwill, dentre outros, além de músicos e compositores que interagiam com Liliana Herrero.

A última vez que assisti à participação de Horacio em um debate ao vivo deu-se em 17 de novembro de 2017 num centro cultural no bairro de Boedo, perto de sua casa. O homenageado era o jornalista e escritor Osvaldo Bayer (1927-2018), já com 90 anos, por ocasião do lançamento da edição fac similar de La Chispa, nome do jornal de sua propriedade, que teve curta duração (dezembro-1958 a abril-1959). Nele, Bayer denunciou a ação dos latifundiários, comerciantes e políticos de Cushamen, Província de Chubut, na Patagônia – Cushamen, em Mapuche, significa “lugar da solidão”–, pelo roubo de terras, além de defender a revolução cubana e atacar as políticas econômicas herdadas do golpe de 1955 e continuadas pelo que La Chispa chama de “o grande roubo argentino” (governo de Arturo Frondizi).

Bayer é autor, também, de um clássico, Los vengadores de la Patagonia trágica, em 4 volumes, escritos entre 1972 e 1974, narrando a repressão militar aos movimentos sindicais ocorridos na Província de Santa Cruz no início dos anos 1920. Bayer foi representado neste evento em Boedo por um de seus filhos. As intervenções de Horacio e de Christian Ferrer foram excelentes, assim como de outros dois debatedores. Depois, muita conversa, vinho, pizza, empanadas e músicas folclóricas executadas por jovens.

Horacio, segundo levantamento meio precário que realizei, além de ao menos 7 livros escritos em seu exílio brasileiro, foi o compilador de 11 livros, autor de 3 novelas – Besar a la muerta (2014), Redacciones cautivas (2015) e Tomar a las armas (2016) –, coordenador da “Coleção PuÑaladas ensayos de punta”, na Editora Colihue e autor de outras 31 obras, sem contar dezenas de capítulos de livros em obras coletivas, artigos para revistas literárias ou científicas, textos para jornais, catálogos, orelhas e prólogos de livros, encartes de CDs… É relevante mencionar, ainda, que vários de seus livros são bastante extensos: Restos pampeanos. Ciencia, ensayo y política en la cultura argentina del siglo XX (1999), têm 444 páginas; Perón: reflejos de una vida (2004), 456; Filosofía de la conspiración: marxistas, peronistas y carbonarios (2004), 380; Escritos en carbonilla: figuraciones, destinos, retratos (2006), 362; Lengua del ultraje: de la generación del 37 a David Viñas (2012), 318; Historia y pasión. La voluntad de pensar lo todo (2013), escrito com José Pablo Feinmann, 424; Traducciones malditas: la experiencia de la imagen en Marx, Merleau-Ponty y Foucault (2017), 432.

A melhor imagem que posso conservar de meu amigo González é a de um lutador em sua “trincheira pessoal”, na feliz expressão de Karine Micheletto, em seu escritório, entre seus papéis e “seus livros, em pilhas de duvidoso equilíbrio”.[9] Lá está ele, escrevendo com urgência. “Horacio escrevia como um desesperado” e seus netos diziam: “o avô está escrevendo um livro eterno e infinito”[10] – como Macedonio Fernández, a quem dedicou um apaixonado ensaio. Gosto dessa imagem, ela é forte e corresponde à natureza do seu trabalho.

Em outro lugar, escrevendo sobre Florestan Fernandes, Octavio Ianni e Pierre Bourdieu, afirmei que “os três permaneceram fiéis às suas classes de origem. Ianni deu aulas até às vésperas de sua morte; Bourdieu, internado, escrevia; Florestan, antes de se submeter ao transplante de fígado que o matou, deixou artigos prontos para a Folha de S. Paulo“.[11]

O escritor português Manuel Alegre visitou o também escritor transmontano Miguel Torga no hospital, narrando dessa maneira sua visita: “Segurando o caderno e a caneta como quem, no campo de batalha, ferido de morte, não larga as suas armas. Eram já poucas as forças, mas a mão mantinha-se firme na caneta e no caderno. Não queria ser apanhado desprevenido (ou desarmado) se uma vez mais lhe aparecesse aquele primeiro verso, que sempre nos é dado, como se costumava dizer. Estava preparado, porque nunca se sabe, como se diz na Bíblia, quando vem o sopro e de que lado sopra. A terra respira de muitas formas. Pela boca do vulcão Santiago, pela flauta de Camilo Pessanha, pela grafia do poeta que escrevia pela noite adentro, pelas primeiras e pelas últimas palavras de Sophia [de Mello Breyner Andresen, poeta] e, sobretudo, pela sua entonação de um ritmo já só ritmo. E pelo pulso de Miguel Torga, por aquela mão antiga a segurar o caderno e a empunhar a caneta até o fim”.[12]

Talvez pudéssemos dizer o mesmo de Horacio, comparando-o a Ianni, a Florestan, a Bourdieu, a Sophia, a Torga. Nosso amigo Manuel Costa Pinto lembrou que em Camus: a libertinagem do sol, González, entre a modéstia e a autoironia, assim se apresentou aos leitores brasileiros: “A quem poderia importar que o autor deste livro tenha nascido em Villa Pueyrredón, um bairro qualquer da cidade de Buenos Aires? Non parla molto di te“.[13]

Horacio, no sentido aludido em alguns parágrafos anteriores, quando se falou de Ianni, Florestan e Bourdieu, também permaneceu vinculado às suas origens, Ele, que nasceu em 1o. de fevereiro de 1944 e que parecia ter lido todos os livros existentes, conforme lembrou Silvina Friera, não foi menino que dispunha de uma biblioteca volumosa e com vida familiar confortável. “Seu pai havia abandonado a casa em Villa Pueyrredón e foi criado pelo avô ferroviário, que nasceu em Recanati, a cidade do poeta Giacomo Leopardi. Como sua mãe trabalhava em uma biblioteca popular, começou a emprestar livros e ler com voracidade”.[14]

Enfim, esse é o Horacio, meu amigo generoso, tão generoso quanto Maurício Tragtenberg, para compartilhar seu conhecimento e conversar com todos sobre tudo. Talvez um dos mais portenhos dos portenhos, que escreveu até o limite de suas forças antes de ser internado no Sanatório Güemes em 19 de maio último. Ele não pode concluir o projeto que desenvolvia com as cantoras Teresa Parodi e Liliana Herrero, além do músico e compositor Juan Falú.

Na Biblioteca Nacional recebeu a homenagem póstuma de antigos funcionários, de amigos e familiares, da Asociación Taxista de Capital (ATC) – “Usted siempre seguira viajando a nuestro lado. Hasta siempre Maestro” – e de 13 organismos argentinos de Direitos Humanos. A família decidiu que lhe acompanhasse o lenço “de las Madres de la Plaza de Mayo”, ofertado por Hebe de Bonafini, além da caixa onde esse lenço foi guardado com a foto de uma “marcha de las Madres” e uma velha foto de Horacio com bigode enegrecido, além de uma máquina de escrever que lhe fora presenteada pela professora, deputada e militante Alcira Argumedo.[15]

P.S.: Agradeço, pelas dicas, envio de materiais e apoio técnico, a Gladys Barreyro, Ricardo Musse, Eduardo Rinesi, Gabriel Cohn, Marcos Picolo,Renato Queiróz, Mário Azevedo, Francisco Alambert, Débora Mazza.

*Afânio Catani, antes de tudo amigo de Horacio, é professor aposentado da USP e professor visitante na UFF.

Notas


[1] Gabriel Cohn. Horacio González: comentário sobre o livro ‘Los asaltantes del cielo’ em A Terra É Redonda <https://aterraeredonda.com.br/horacio-gonzalez-comentario-sobre-o-livro-los-asaltantes-del-cielo>, 24. 06. 2021.

[2] Alejandro Horowicz. Horacio en el barco de la historia. “Ignorantes – Revista de Aparición Esporádica” – Especiales: Horacio González < https://rededitorial.com.ar/revistaignorantes/horacio-gonzalez>, 2021.

[3] Adrián Cangi. Escribir el revés de la historia. “Ignorantes” <https://rededitorial. com,ar/revistaignorantes/horacio-gonzalez>, 2021.

[4] Eduardo Grüner. El idioma de un argentino.” Ignorantes” <https://rededitorial.com.ar/revistaignorantes/horacio-gonzalez>, 2021.

[5] Virginia Woolf. Pensamentos de paz durante um ataque aéreo. Trad.: Ana Carolina Mesquita. São Paulo: Editora Nós, 2021, p. 5.

[6] Gabriel Cohn, cit., nota 1.

[7] Emir Sader; El encanto radical de Horacio González. Página/12 <https://pagina12.com.ar/353741-el-encanto-radical-de-horacio-gonzalez>, 10.07.2021.

[8] Acerca da revista, ver Adrián Pulleiro. Un llamado a la disidencia. La construcción de una posición intelectual heterodoxa en el surgimiento de El ojo mocho (1991-1994). Revista Faro, v. 2, n. 22, II Sem./2015, p. 133-165. Facultad de Ciencias Sociales. Universidad de Playa Ancha. Valparaíso, Chile.

[9] Karina Micheletto. Horacio González y su libro eterno e infinito. Página/12. <https://pagina12.com.ar/349976-horio-gonzalez-y-su-libro-eterno-e-infinito>, 23.06.2021.

[10] Karina Micheletto, cit., nota 9.

[11] Afrânio Mendes Catani. No berço é que o destino toma conta dos homens? In: Origem e destino; pensando a sociologia reflexiva de Bourdieu. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2013, p. 93.

[12] Manuel Alegre. O miúdo que pregava pregos numa tábua. Alfragide: Dom Quixote, 3a. ed., 2010.

[13] Manuel da Costa Pinto. Horacio González con Camus en Brazil. Ignorantes <http://rededitorial.com.ar/revistaignorantes/horacio-gonzalez>, 2021.

[14] Silvina Friero. Murió Horacio González. Página/12 <https://pagina12.com.ar/349872-murio-horacio-gonzalez>, 23.06.2021.

[15] Karine Micheletto. Adiós al hombre que pensó la patria. La despedida a Horacio González en la Biblioteca Nacional. Página/12 <https://pagina12.com.ar/350286-la-despedida-a-horacio-gonzalez-a-la-biblioteca-nacional>, 24.06.2021.

Ao longo do texto foram citados vários artigos sobre Horacio que aparecem referenciados nestas notas. Não abordei, aqui, uma série de dimensões envolvendo sua atuação como ativista político, consubstanciado em sua liderança no “Espacio Carta Aberta”, bem como sua gestão enquanto diretor da Biblioteca Nacional. Tais dimensões podem ser verificadas, dentre outros, nos artigos listados a seguir, que se constituem em breve fortuna crítica surgida na imprensa portenha entre os dias 22 e 30 de junho de 2021. Indico apenas algumas fontes e autores facilmente localizáveis em uma busca através do Google:

Página/12: artigos de María Daniela Yaccar, José Pablo Feinmann, Federico Galende, Eduardo Jozami, Juan Laxagueborde, Facundo Martínez, Ernesto F. Villanueva, Eduardo Rinesi, Beatriz Sarlo, María Pía López, Atílio A. Borón, Mario Wainfeld, Ricardo Forster.

Clarín: textos de Susana Reinoso.

Revista Anfíbia: artigo de Micaela Cuesta.

– Revista Ignorantes: colaborações de Alejandra González, Daniel Campione, Diego Tatián, Hernán Sassi, Ariel Pennisi, Miguel Benasayag, Senda Sferco, Gastón Salcedo, Samuel León, Márcio Seligman-Silva, Elena Donato, Valentín Díaz.

 

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