Bob Jeff performando

Imagem: Thiago Kai
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Por CAIQUE DE OLIVEIRA SOBREIRA CRUZ*

A sociabilidade capitalista no Brasil vem demonstrando que o poço não tem fim

“Bob Jeff” conseguiu atingir as seis estrelas de procurado performando um personagem muito mal interpretado, visando a representar um suposto herói da “liberdade de expressão”, querendo se tornar uma forma de mártir dos reacionários medíocres. Não uma farsa da tragédia, mas, a farsa da farsa.

A sociedade capitalista continua construindo a sua completa degeneração e decadência, todos os seus complexos sociais estão falindo e desmanchando no ar, a tal ponto que os personagens que se colocam na cena principal do teatro são tão caricaturais, tão rebaixados, que expressam tanto um “conteúdo” totalmente esvaziado quanto uma “forma” desprovida de qualquer sofisticação ou refino, aparecem para a sociedade como uma aberração, uma besta, um dragão de sete cabeças, que infelizmente está longe de ser um caso isolado, mas, sim, o seu inverso: a expressão do espírito absoluto do nosso tempo, o Zeitgeist da nossa “Era”. Uma “Era” em que o insólito e o cômico estão interligados, se constituem enquanto uma unidade de diversos, como asseverava Kafka. A perversidade, a bestialidade e a monstruosidade são tão absurdas que chegam ao patamar de interdependência com a comicidade pitoresca elevada à enésima potência: tons de cinza jocosos, tragicômicos.

A sociabilidade capitalista no Brasil vem demonstrando que o poço não tem fim, estamos caindo sem parar e a única forma de frear essa incessante barbarização da vida social brasileira é estar nas ruas, nos espaços concretos de luta do proletariado, na luta de classes, barrando o movimento reacionário em todos os lócus, além de retirar Jair Bolsonaro do governo neste 30 de outubro.

Contudo, tão somente isso, não é suficiente, pois, Jair Bolsonaro é apenas a ponta do iceberg, como alhures mencionado: o capitalismo e todas as suas instituições estão em processo de defenestração total. Portanto, não basta travar o reacionarismo, teremos de ser capazes de uma empreitada muito mais elevada: nos unirmos para a construção coletiva de um novo mundo, uma nova sociedade; justa, livre, igualitária, solidária, comunitária, sem explorações e opressões.

Convido todos a refletirem e a se unirem a essa luta pelo novo mundo, que não é só possível, como é uma luta necessária para escaparmos do inferno social em que estamos inseridos. Como dizia Karl Marx: o capitalismo fez o inferno de Dante parecer fichinha.

PS1: Após essa ação grave de Roberto Jefferson, é necessário que todos nós, humanistas, redobremos a nossa atenção e o nosso cuidado entre nós mesmos. Não podemos duvidar que a sua bestialidade possa servir de exemplo para que os reacionários venham a repetir essas coisas, pois foram encorajados por esse “exemplo”. Todo cuidado é pouco, a luta de classes se aprofunda e as nossas vidas estão em jogo e em cheque. Porém, mesmo com as extremas dificuldades atuais, venceremos, porquanto que nunca foi fácil para nós, em menor ou maior grau, as nossas vidas sempre estiveram em jogo, desde que Portugal invadiu as nossas terras e nos colonizou.

PS2: Se fosse em uma favela, o que fariam os policiais? Fica aí a dúvida…

*Caique de Oliveira Sobreira Cruz é mestrando em Políticas Sociais e Cidadania pela Universidade Católica do Salvador.

 

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