Por JOHNY GUIMARÃES DA SILVA*
pobre e pardo
papel de pão:
guarda um haicai
a pressão de urubus
não assusta a criança
que disputa a carniça
a janela aberta
para a amante:
do sonho da noite
ela se incita
com o gesto facista:
da mão esquerda erguida
crianças vão à guerra
em barcos de papel:
que não moram neles!
na borda do vaso
perfurando o ânus
mijo mal educado
lua cheia da Ucrânia:
clareia o choro, os mortos
e as ruas inconformadas
glutão da tua vulva,
na hora da Santa Ceia.
quero o Inferno comigo
Latrina:
pista de bunda
velocidade e merda
cocô boiando
pérolas do cu
enfeitando o mar
peixinho no aquário
que nunca viu o mar
” – quem sabe, nas férias”
gatos em apuros:
no meio da água
e for de si
manual de trepada:
flores carnívoras
abrindo a primavera
corpo no esquife –
mulheres rezando
para o morto ateu
pregúntale a la niebla
donde se esconde
los bombarderos nocturnos
dia dos namorados:
com a carta e a flor
a bomba acionada
*Johny Guimarães da Silva é documentarista, poeta e historiador.
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