Vinte e cinco anos e cinquenta números de Crítica Marxista

Imagem: Carmela Gross
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Por COMITÊ EDITORIAL DA CRÍTICA MARXISTA

Leia a apresentação e o sumário do número comemorativo da revista

Apresentação

Este é um número comemorativo na história da nossa revista.

Não é frequente uma revista predominantemente teórica, sobretudo de teoria marxista, atingir os cinquenta números, ultrapassando um quarto de século de publicação regular – Crítica Marxista jamais deixou de publicar ou atrasou um número sequer. Mais do que o êxito de um projeto editorial, essa longa perseverança comprova a forte, talvez crescente percepção a respeito do marxismo: ele continua indispensável à análise crítica da economia, da sociedade, da política e da cultura submetidas à lógica do capital.

Em 1994, quando lançamos Crítica Marxista, a situação internacional era desalentadora. A então recente extinção da União Soviética, a ativação pelo imperialismo estadunidense e seus aliados subalternos europeus da máquina bélica da OTAN contra países que desafiavam sua hegemonia, o avanço do desmantelamento neoliberal das conquistas dos trabalhadores ensombravam o horizonte. Em boa parte da América Latina, no Brasil em particular, instalavam-se governos neoliberais. No meio político e intelectual, ganhava larga audiência a tese segundo a qual o capitalismo seria o ponto final da história e proclamava-se, uma vez mais, o necrológio do marxismo. Nas universidades brasileiras, a teoria marxista perdera espaço. O movimento sindical e popular urbano ingressava numa fase de descenso e defensiva. Apenas o Movimento dos Sem-Terra dava sinais de mais vigor.

Outra é a situação mundial em que comemoramos os cinquenta números de nossa revista, em vinte e cinco anos de publicação ininterrupta. A despeito de terem prosseguido as guerras de recolonização promovidas pelo imperialismo estadunidense e pela OTAN, a aproximação política da China com a Rússia reequilibrou a relação militar de forças em escala internacional. A duradoura pujança da economia chinesa, contrastando com a bancarrota financeira do capitalismo neoliberal que eclodiu em 2008, abalou a fanfarronice dos ideólogos do imperialismo e do livre mercado. Na América Latina da década de 2000, o capitalismo neoliberal foi contestado nas ruas e nas urnas. Formaram-se governos reformistas de esquerda e de centro esquerda em vários países do continente. O retrocesso que estamos presenciando na década de 2010 é grave, mas não nos levou de volta para o “consenso neoliberal” da década de 1990. A situação é de instabilidade e de perigos, aumentando a responsabilidade política e intelectual de uma publicação como a nossa. Nossa revista está se empenhando em analisar e discutir, no ritmo próprio da elaboração teórica e da pesquisa fundamentada, as questões postas nesses tempos turbulentos, onde, porém, não mais predomina o desânimo e a capitulação. A mais grave dessas questões é a da conexão entre neoliberalismo e neofascismo, à qual consagramos no presente número um bloco de estudos.

Um retrospecto sintético da já longa trajetória de Crítica Marxista mostra que ela tem oferecido contribuição não desprezível para o desenvolvimento da teoria marxista produzida no Brasil, em suas diversas tradições e áreas do conhecimento. Intelectuais marxistas da velha e da nova geração produziram um total de cerca de mil textos, entre artigos, comentários, resenhas, entrevistas e notas, aos quais se somam traduções de textos inéditos em nosso país, publicados originalmente em inglês, francês, italiano, alemão e espanhol. Publicamos estudos teóricos e analíticos sobre economia, política, cultura, filosofia, história, educação, bem como sobre os problemas do movimento socialista e do comunismo em âmbito internacional e nacional. Temos também divulgado o debate internacional suscitado pela retomada da edição das obras completas de Marx e Engels (o projeto editorial dito MEGA 2). Publicamos ainda análises críticas das ideias em voga no ambiente acadêmico.  Atribuímos especial importância à nossa seção de resenhas, que tem discutido e divulgado os lançamentos nacionais e estrangeiros de interesse para os marxistas.

Face à escolha, às vezes difícil, dos autores e dos artigos a serem publicados, procuramos combinar abertura de espírito a critérios objetivos de decisão: recurso a pareceres externos ao Comitê Editorial, discussão dos pareceres, contato com os autores. Pesam muito em nossas escolhas as sugestões e propostas de membros do Conselho Editorial. Claro que nos preocupamos também com o difícil equilíbrio entre os temas que compõem a pauta da revista. Obviamente, porém, o que publicamos reflete a atividade intelectual dos colaboradores mais ativos, indispensáveis para manter cada novo número vivo e inovador. Como cada qual escreve sobre os assuntos que domina, é normal que no vasto campo do marxismo, haja lacunas importantes na produção teórica de Crítica Marxista. É notadamente o caso de Antonio Gramsci, cuja obra apenas recentemente passamos a conceder maior destaque. Estamos conscientes da necessidade de superar esta e outras lacunas de nossa linha editorial.

Desde 2013, temos um novo site da revista com organização clara e permanentemente atualizado. Esse site coloca à disposição do público, com acesso livre e gratuito, a coleção de Crítica Marxista do seu primeiro ao penúltimo número. Todo interessado pode, por intermédio do eficiente motor de busca do site, acessar e baixar artigos, comentários, resenhas e entrevistas que foram publicados em Crítica Marxista desde 1994. Os acessos aos textos de nossa revista são da mesma ordem de grandeza que os acessos aos textos publicados no Scielo na área de Ciências Humanas, o mais importante banco de textos da produção universitária brasileira. Os consulentes do site da revista fizeram 673.360 downloads do material publicado por Crítica Marxista. Contamos hoje com mais de cem apoiadores que realizam a venda militante da revista em dezenas de cidades de quase todos os Estados do Brasil. Razão a mais para seguir adiante em nossa empreitada.

P.S.: Agradecemos à Carmela Gross pela cessão da foto que vai na capa: Bleujaunerougerouge (2004). Intervenção arquitetônica permanente na fachada e nos arredores do edifício da Escola René Binet, na cidade de Paris, França.

Sumário

Artigos

El capital como sujeto y la lucha de clases – Rodrigo Steimberg
Restauração e revolução passiva pós-moderna no ciclo neoliberal: um transformismo intelectual de massa Stefano G. Azzarà
Marx, a Internacional e as Trade Unions – Marco Vanzulli
Marx e a China: o problema da expansão do capitalismo – Gustavo Machado

Dossiê: Extrema direita e fascismo hoje

Apresentação – Armando Boito
Configurações históricas da ditadura – João Quartim de Moraes
Com quantos paus se faz uma canoa? Notas sobre A Personalidade Autoritária – Bruna Della Torre
Porque caracterizar o bolsonarismo como neofascismo – Armando Boito Jr.
Classe média e ameaça neofascista no Brasil de Bolsonaro – Sávio Cavalcante
Trump em perspectiva histórica – Dylan Riley
Neofascismo, extrema-direita e racismo hoje na Itália – Saverio Ferrari

Dossiê: Marxismo e ecologia

Dualismo cartesiano apocalíptico ou monismo social antiecológico? As disputas entre a escola da ruptura metabólica e a ecologia-mundo – Laura Luedy e Murillo van der Laan
Marxismo e a dialética da ecologia  – John Bellamy Foster e Brett Clark
Os cadernos ecológicos de Marx – Kohei Saito

Comentário

Marx, Espinosa e Darwin: pensadores da imanência – Diego Lanciote

Documentos

Carta a Macciocchi sobre maio de 1968 – Louis Althusser
Karl Marx no New York Daily Tribune: Apresentação – Muniz Ferreira
Debates Parlamentares — O Clero e a Luta pela Jornada de Dez Horas — Fome – Karl Marx
Emigração Forçada – Karl Marx

Tradução

Reflexões sobre a teoria de classes – Theodor W. Adorno

Entrevista

Os labirintos de Marx: Entrevista com Michael Heinrich – Bruna Della Torre

Resenhas

  1. O marxismo ocidental: como nasceu, como morreu, como pode renascer [Domenico Losurdo] – Diego Pautasso e Tiago Soares Nogara
  2. Marx e o fetiche da mercadoria: contribuição à crítica da metafísica [Jadir Antunes] – Cristian Arão Silva de Jesus
  3. The Long Roots of Formalism in Brazil [Luiz Renato Martins] – Ana Paula Pacheco
  4. Rosa Luxemburgo – crise e revolução [Rosa Rosa de Souza Gomes] – Isabel Loureiro
  5. O Velho Marx: Uma biografia de seus últimos anos (1881-1883) [Marcello Musto] – Mauro Castelo Branco de Moura
  6. Rosa Luxemburgo: pensamento e ação [Paul Frölich] – Rosa Rosa Gomes
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