Cais do Porto

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Por HERALDO CAMPOS*

Lembremos que nós, homens e mulheres, fazemos parte do meio ambiente e que ele vem sendo aniquilado pelo presidente e seu governo mesquinho a cada dia que passa

Outro dia um amigo enviou um e-mail e perguntou: qual foi a maior tragédia da história do Brasil?

Não titubeei na resposta e cravei em caixa alta: GOVERNO BOLSONARO.

Um governo responsável por mais de 69 mil mortes, pelo descaso e falta de compaixão com que trata a pandemia do coronavírus e pratica, deliberadamente, a eugenia, aos quatro ventos, é a maior tragédia da história do Brasil.

Existe muita surpresa nisso?

Lembremos que nós, homens e mulheres, fazemos parte do meio ambiente e que ele vem sendo aniquilado pelo presidente e seu governo mesquinho a cada dia que passa.

Na realidade, quem falou que ia deixar passar a boiada para a devastação ambiental, antes de ser eleito e durante a sua campanha, foi o presidente e não seu ministro do Meio Ambiente, que só abriu a porteira para a boiada. E, mesmo assim, votaram nele, com base em fake news criminosas conforme, recentemente, mais do que demonstrado e comprovado.

Como o presidente e sua equipe sempre estão trabalhando para desviar a atenção dos graves problemas diários que passa a maioria da população, agora a bola da vez é a suposta contaminação do presidente pelo coronavírus.

Isso vai render muito espaço na mídia e é tudo o que essa gente “estudada” mais quer. Ser tratado a pão de ló no palácio, com equipe médica 24 horas por dia, é fácil. Quero ver ir cantar de galo forte na Rocinha, no Rio de Janeiro, ou em Paraisópolis, em São Paulo, sem segurança e sem milícia por perto.

Por isso, pouco se fala de outras tragédias que ocorreram na gestão do GOVERNO BOLSONARO como a mineração em Brumadinho, a grilagem de terras com as queimadas criminosas na Amazônia e a sabotagem com o derramamento de óleo nas costas do nordeste brasileiro, somente para citar algumas mais conhecidas.

Lembram-se disso?

Além disso, como sabemos, as populações indígenas são as mais vulneráveis para a infecção pelo coronavírus. E o que o presidente faz por elas? Com um requinte de maldade, simplesmente vetou o texto que o Congresso havia aprovado, desautorizando o governo federal, entre outras coisas, a fornecer água potável e leitos hospitalares aos índios o que seria, no mínimo, o que se esperar de um governo humanitário.

Nesse cenário pavoroso, dantesco, o que podemos esperar daqui para frente no curto prazo? Um impeachment do presidente ou a cassação da chapa militar-presidencial?

O tempo está correndo muito depressa e precisamos avistar o cais do porto para dar sentido, segurança e alguma esperança para nossas vidas.

“Cais do porto / Tenha pena de mim / Já é dia, nem vestígio sequer / Não será cais do porto / Aquela luzinha que lá longe apaga e acende / Fazendo sinal quem sabe pra mim” (trecho de Cais do Porto de Inezita Barroso).

*Heraldo Campos é doutor em ciências pelo Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (USP).

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