A derrota de Kamala Harris

Imagem: Drew Anderson
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Por HUGO DIONÍSIO*

A derrota de Harris é a vitória da demagogia política, do messianismo providencialista e do supremacismo, do qual o Partido Democrata não se libertou e o qual também contribuiu para normalizar

Imigração, aborto, wokismo, guerra da Ucrânia, guerras eternas, reindustrialização e protecionismo. Com exceção do aborto e wokismo (identitarismo), que se tratam de questões de consciência e não de política estrutural, todas representam, de alguma forma, algumas das consequências mais brutais do neoliberalismo nos EUA, figurando entre as grandes causas da derrota de Kamala Harris e da vitória de Donald Trump.

A desindustrialização, esgrimida por Donald Trump como uma das grandes causas da perda de poderio da sua América, aconteceu como causa direta da financeirização da economia (acelerada pelo republicano Richard Nixon) tornando a economia de cassino no motor econômico dos EUA. Sem indústria veio a deterioração do poder real resolvido com a criação de conflitos eternos. As guerras eternas comportam um penoso custo sobre a economia ocidental (também na Europa) e um entrave ao investimento público em infra-estruturas e outras necessidades. A pilhagem que possibilitam à Blackrock, Monsanto, Golden Sachs e outras, não reverte para o povo norte-americano, mas para acumulação de uns poucos.

Como forma de desviar atenções, assustar e anestesiar as massas, recupera-se a russofobia, a guerra fria e promove-se o identitarismo, provocando a atomização social e a fratura dos movimentos sociais que poderiam contestar, de forma consistente e coerente, esta situação. O resultado é a instalação de um sentimento de instabilidade e precariedade, relativamente a todos os aspectos da vida.

Donald Trump surgiu como a solução que concretizará a aspiração à estabilidade e a uma certa “normalidade” nos costumes, na economia, no trabalho, na família. Kamala Harris nunca se libertou da acusação de que pretende a continuidade dos factores que causam esta desagregação social.

A anunciada vitória de Donald Trump demonstra que os “sucessos” econômicos de Joe Biden não eram reconhecidos pela população. Os ganhos oligárquicos, nunca chegaram ao bolso dos trabalhadores. O Partido Democrata recusou-se a constatar esse fato, ao fazê-lo, garantiu a vitória de Donald Trump.

Explicada a causa, falta então estabelecer os seus constituintes, que passo a enumerar, de forma aleatória.

O papel das guerras eternas

Donald Trump utilizou de forma magistral esta bandeira, capitalizando fatores como o medo de uma guerra mundial, a opacidade do complexo militar-industrial, o seu descontrolo nas despesas e o fato de operar para além das regras democráticas, sem auditoria, escrutínio ou necessidade de justificar os gastos. Acresce que, a mais do que previsível derrota da OTAN na Ucrânia, traz consigo outra novidade, que consiste num certo descrédito na mítica – mas nunca comprovada – capacidade militar dos EUA.

Donald Trump apresentou-se como o candidato que iria resolver os conflitos eternos, libertando o povo americano desse fardo, mas, ao mesmo tempo, recuperando o misticismo militar perdido. Uma espécie de nacionalismo do fim dos impérios, pelo qual todos passam.

Este pressuposto tem dois problemas: o primeiro, é que o discurso da paz, e do fim da guerra, deveria, conceptualmente, estar do lado de Kamala Harris; o segundo, é que, acreditar que Donald Trump conseguirá, quererá, sequer, colocar um ponto final no militarismo norte americano, é, no mínimo, risível. Donald Trump até pode arrefecer alguns conflitos, mas agravará outros, em linha com a sua prepotência e narcisismo, próprias do providencialismo ideológico norte-americano comum a todas as suas poderosas facções.

Como se verá, contudo, Donald Trump não apenas aumentará os gastos militares, em linha com o que prevê o Mandate 2025 da Heritage Foundation, como terá de alimentar conflitos para os justificar. Provavelmente mais conflitos frios que quentes, mas, mesmo assim, conflitos. A Europa será uma das grandes penalizadas pela sua própria cobardia. Donald Trump não deixará de extorquir os cobardes políticos europeus, do que considera constituir a sua justa contribuição para uma OTAN que só dá jeito aos EUA e a ninguém mais.

Donald Trump alimenta-se da falta de um discurso pacifista, defendendo o fim das guerras eternas, o que não quer dizer “o fim das guerras” e, certamente, não quer dizer “o fim dos conflitos” e tensões militares.

A imigração, culpa os responsáveis errados

A utilização desta bandeira não é nova. Contudo, lá como por cá, o que Donald Trump não diz, é que, quem exige aos governos ocidentais, a abertura das “portas” migratórias, são os próprios patrões. Nenhum migrante se desloca para um país, se considerar que aí não vai encontrar trabalho. É a susceptibilidade de encontrar trabalho que os atrai. Essa informação circula pelas redes traficantes e chega aos povos mais pobres, que agarram a possibilidade.

E quem propaga a informação? Basta olhar, por exemplo, para o posicionamento das associações patronais europeias sobre o assunto. Consideram que são necessários mais migrantes. Afinal, necessitam de mão de obra barata, disponível, bem-comportada, descartável e que pressione para baixo os custos salariais dos povos autóctones. Sobre isto, Donald Trump, a extrema direita, nada diz.

A extrema direita capitaliza, sim, e de forma massiva, os problemas de exclusão social ligados aos fluxos de migrantes e dos seus descendentes. E esta exclusão social é culpa, uma vez mais, do partido democrata. O Partido Democrata responde ao patronato com manutenção ou aumento do stock migratório, mas o dinheiro que deveria ser usado para integrar estas pessoas, e os seus filhos, é usado para a guerra e para financiar as grandes corporações.

O pacote anti-inflação de Joe Biden (o Inflaction Reduction Act) financiou, em centenas de bilhões de dólares, a compra de capital em bolsa, pelas próprias corporações, para que se valorizem artificialmente. Esse dinheiro não foi usado para melhorar o acesso à saúde, habitação ou segurança social, bandeiras do Partido Democrata. Este partido foi penalizado por tratar os migrantes como os trata o Partido republicano quando está no poder.

O descalabro democrata na questão palestina

O Partido Democrata perdeu muito do capital de confiança que a juventude norte-americana lhe colocava, na questão palestina. Se até aqui, mal ou bem, os jovens progressistas e os adultos antissionistas viam no Partido Democrata uma espécie de apaziguador – pelo menos –, face ao anti arabismo republicano, com Joe Biden e Kamala Harris, tudo se esfumou.

É com Joe Biden e Kamala Harris que o mundo assistiu a um inadmissível genocídio ao vivo. É sob uma administração democrata que os EUA embarcaram numa guerra em duas frentes, uma das quais sob um povo indefeso e qual delas com as consequências mais imprevisíveis.

Kamala Harris e o Partido Democrata não conseguiram, desta forma, estabelecer uma diferença substancial para Donald Trump e se alguém capitalizou voto, nesta matéria, terá sido mesmo a candidatura deste último. Pelo menos terá captado algum voto a que antes não teria tido acesso. O fato de defender o fim das guerras eternas e dizer que não quer guerra com o Irã, acabou por estabelecer uma diferença importante, também nesta matéria.

A antipatia gerada pelas figuras que são hoje a cara do Partido Democrata

O establishment estava convencido de que o povo norte americano gostava de Hillary Clinton. Estava enganado. Hillary era “Killary” e não nutria simpatia alguma. Os mesmos estavam convencidos de Kamala Harris não falharia. Bastaria coloca-la à frente de um teleponto e estava resolvido. Não era preciso falar muito, e pensar, menos ainda. Ninguém conseguiu capitalizar o que quer que fosse de positivo sobre Kamala Harris. Das vezes que ficou sem teleponto, o improviso foi estarrecedor. A sua incapacidade oratória, retórica e teórica, foi tornada evidente.

Mas o facto de ser mulher, associado ao fato de ser “brown”, não poderia falhar. A cartada tinha dado certo com Barack Obama, porque haveria agora de falhar? Barack Obama foi o genocida mais simpático da história. Enquanto fazia desfilar a sua enorme capacidade discursiva, encerrava crianças em jaulas na fronteira sul, ameaçava a Síria de invasão, criava condições para a entrada do Estado Islâmico na Síria e Iraque, destruía a Líbia e apoiava neonazistas na Ucrânia.

Esta aposta numa figura inócua, apagada e incapaz não é nova e representa um enorme vazio de liderança real. JoeBiden foi o último dos líderes da máquina democrata e norte americana. Gente como Cornel West, Jill Stein, ou Bernie Sanders, foram impedidos, pelos grandes doadores, de dar voz às ansiedades populares de jovens e trabalhadores. Eis a “democracy” norte americana em toda a sua extensão.

Capitalizar a antipatia pelo sistema e pelo estado de coisas

A precariedade da vida, a agrura das condições, a estagnação ideológica do sistema e o apagamento das luzes da alternativa, e com a estagnação, o apodrecimento e deterioração, associadas à ausência de alternativas, criam as contradições ideais para o surgimento de movimentos que defendem, mesmo que aparentemente apenas, a alternativa. É uma lei da vida. Se a água não for por um lado, vai pelo outro.

Contudo, o Partido Democrata, como os partidos sociais democratas na Europa, foram controlados pelo neoliberalismo. A deterioração, durante os seus mandatos, dos serviços públicos tornou-se evidente, o que resultou numa desmoralização ideológica, não apenas da social democracia, mas de todas as forças progressistas e democráticas consideradas moderadas. As radicais são persona non grata e estas deixaram de constituir uma diferença efectiva para as outras forças da direita.

Quando temos um Partido Democrata a defender a hegemonia e o globalismo neoliberal, um partido socialista ou social democrata a defender a Europa neoliberal e o revisionismo histórico, aliando-se a neoliberais e neoconservadores, abre-se o espaço para o surgimento de aparências de alternativa à direita. A realidade nunca pára.

Donald Trump, acaba a surgir como alternativa ao sistema que o constrói e de que se alimenta. E consegue-o porque o establishment transformou o sistema partidário ocidental num amplo campo de direita neoliberal e neoconservadora, em que desfilam figuras diferentes na aparência, mas iguais na substância, domadas pelas elites, apenas com o objetivo de manter a aparência de movimento democrático, quando, na prática, não existe.

Afinal, é JD Vance, Vice de Trump, quem aparece a opor-se às deslocalizações para México e China. Não deveriam ter sido os democratas a fazê-lo? Quando vemos Joe Biden a aplicar tarifas, para que as marcas chinesas não entrem nos EUA, vale a pena perguntar se ele não se deveria ter lembrado de o fazer, com as empresas norte-americanas, que se deslocalizaram para América Latina e Ásia. Porque foi o Partido Democrata conivente com a destruição da capacidade industrial dos EUA?

O aborto e a preocupação com os vivos

Não foi apenas o aborto, bandeira capitalizável numa sociedade reaccionária e muito religiosa. Não vale a pena as Kamalas do mundo virem dizer que, a um Trumpista, ou republicano tradicional, importam mais os fetos humanos do que a vida dos seres já nascidos, se depois mantêm os salários congelados durante mais de 40 anos, deixam a riqueza voltar a concentrar-se, ao nível do que acontecia nos anos 30 do século XX, não criam uma rede de cresces gratuitas, não apoiam a constituição de famílias e a natalidade, e por aí fora. O seu discurso é contraditório com o que fazem na realidade.

Onde está a moral para defender o aborto numa situação destas? Mesmo que exista, ela é muito condicionada pelo insucesso das políticas sociais do Partido Democrata. Como dizer que o aborto é defensável como último recurso, quando se é responsável direto por não criar condições de apoio à natalidade, que tornam esse “ultimo recurso”, no primeiro dos recursos?

A defesa da “normalidade”

A ligação do wokismo (identitarismo) neoliberal à esquerda, e da propaganda LGBTQ aos movimentos da esquerda, é culpa também do Partido Democrata e dos partidos sociais democratas que deixaram cair o universalismo, passando a apostar na atomização da identidade e na liberalização do gênero.

Passam a escolher-se mulheres, homossexuais, latinos, negros, trans, apenas por o serem e não por aquilo que são. Escolher um homossexual incapaz, apenas porque o é, constitui um enorme desserviço para o movimento homo, escolher uma mulher incapaz, apenas porque o é, é um desserviço para a causa das mulheres. Uma Von Der Leyen, sendo mulher, perpetua a guerra. Um Rangel (Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal), sendo homossexual, perpetua a guerra. O que ganha o povo com isto?

Usado como bandeira oportunista, o wokismo atomiza a identidade, atomiza a sociedade. A propaganda woke é usada como bandeira política e sinal de sofisticação e liberdade mental, contudo, o efeito da mesma é o de transmitir à sociedade que a sua “normalidade” está em causa. Podemos questionar se a “normalidade” comporta ou não outras identidades, mas sempre como parte de um conjunto, naturalmente. O sistema apenas deve garantir que, escolha o que se escolha, com naturalidade, se tenha direito ás mesmas condições de vida que os demais.

Ao invés, o Partido Democrata deixou apanhar-se pela ideia de que o mais importante é podermos afirmar a nossa identidade e até fazê-lo com afronta e panfletarismo. O que importa é poderes escolher ser trans, homo ou não binário, embora possas ter de viver na rua e sem emprego. Trata-se de uma inversão das prioridades. O que garante a liberdade na escolha da identidade são as condições universais básicas necessárias à sobrevivência. E não o contrário. Defender a primeira, secundarizando as segundas, transmite uma mensagem da subversão das coisas, o que destrói a aparência de normalidade e a ideia de estabilidade social. Provocando a reação.

O wokismo consiste numa liberalização da identidade e da possibilidade de escolha individual, em desconexão com a sua existência material. Trata-se, por isso, de um individualismo, divisivo, de um idealismo. O Partido Democrata nunca deveria embarcar num idealismo.

Ao fazê-lo, permitiu a Donald Trump que se vendesse como o garante da normalidade. A extrema direita vende-se como garante da normalidade!

O erro da cartada Zelensky contra Trump

A associação de Donald Trump a Vladimir Putin e à Rússia visava capitalizar uma russofobia que nunca pegou realmente, a não ser nos que se alimentam e vivem do establishment. Ontem na Geórgia, Vladimir Putin voltou à cena. Supostamente teriam vindo ameaças de bomba da Rússia. Já ninguém acredita nisto e os resultados na Geórgia demonstram certa e crescente imunidade popular aos golpes da imprensa corporativa.

A verdade é que já poucos acreditam em Volodymyr Zelensky e ainda menos conseguem ouvi-lo falar. Em total desconexão com o sentir popular, acreditaram que colocar Trump contra Zelensky, afectaria Donald Trump. Ao contrário, deu a certeza, a muitos que duvidavam de que Donald Trump acabaria com a guerra, de que esse era o voto certo.

Como o povo ucraniano, também nós, ocidentais, estamos fartos desta guerra.

O descrédito da imprensa mainstream

Toda a imprensa mainstream ocidental, mesmo a alinhada com o Partido Republicano (nos EUA têm de declarar o enviesamento partidário), fazia força por Kamala Harris. Kamala Harris tinha os falcões do seu lado.

A derrota da Kamala Harris é a derrota da imprensa corporativa. A derrota de Kamala Harris é a derrota das narrativas encomendadas por Wall Street, pentágono, CIA ou Casa Branca. Hoje, nos EUA, de acordo com Gallup, já existem mais norte-americanos que não acreditam, de todo, na mídia mainstream, do que os que acreditam alguma coisa nela.

Donald Trump usou isso de forma exaustiva. Da pós-verdade do primeiro mandato, ao descrédito total no segundo, Donald Trump venceu a iImprensa mainstream. Já Elon Musk e o seu Twitter desempenharam aqui um papel fundamental. O Twitter foi a força propagandística online de Donald Trump. Nenhum ser deveria ter tanto poder como Elon Musk, mas um dos responsáveis pela fabricação destes poderes “neofeudais” é o próprio Partido Democrata.

Em conclusão

A derrota de Kamala Harris é, assim, a vitória da demagogia política, do messianismo providencialista e do supremacismo, do qual o Partido Democrata não se libertou e o qual também contribuiu para normalizar, permitindo a Donald Trump ganhar, apesar dele, e da forma exacerbada como o defende. O Partido Democrata nunca o poderia desmontar na sua essência, pois os democratas também defendem a “liderança americana”, a “nação indispensável”, todos os slogans triunfalistas e neocolonialistas da elite norte-americana fabricados durante a era Clinton.

A vitória de Donald Trump é a derrota das empresas de sondagens, denunciadas como instrumentos de construção de resultados, da democracia entendida com um sistema superior em que pessoas informadas e conscientes, fazem escolhas conscientes, de acordo com programas discutidos, refletidos e debatidos.

O desfile de apoiadores de Donald Trump sem o mínimo de decência política, intelectual ou ideológica, ou o desfile de apoiadores de Kamala Harris sem a mínima capacidade de transmitir ideias, num e noutro caso, apenas chamados à ribalta em função da sua popularidade, constitui um dos tristes episódios deste decadente espetáculo circense, a que chamam eleições nos EUA.

Por fim, Kamala Harris, desta feita, impediu, com a sua desinteligência, o Partido Democrata de capitalizar: os votos relacionados com a limitação do uso de armas, pois se apresentou como alguém que as usa, falando disso com orgulho, o que não deixará de ter chocado muito boa gente; os votos dos migrantes e descendentes de migrantes, preocupados com a agressão constante, pelos EUA, aos seus países de origem (caso dos chineses, iranianos, cubanos, árabes e muitos outros); os votos pró-palestinos e muitos votos das classes trabalhadoras.

Falhou em estabelecer uma diferença real para a política de Donald Trump e, assim, ou provocou a desmobilização dos seus apoiadores e, pelos fatores que referi, a deslocação de muitos para a outra candidatura. O peso das questões internacionais pode não ser muito grande, mas por elas vemos que pouco distancia Kamala Harris de Donald Trump. O que é inaceitável, em democracia.

No final a conclusão só pode ser uma: ganhasse quem ganhasse, o povo norte americano perderia sempre. Votar em Donald Trump para resolver os problemas das condições de vida das massas trabalhadoras norte-americanas é como deixar alguém no deserto, porque esse alguém está com sede!

Vejam lá o deserto em que estamos enfiados!

*Hugo Dionísio é advogado, analista geopolítico, pesquisador do Gabinete de Estudos da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP-IN).

Publicado originalmente em Strategic Culture Fundation.


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