Boiolas, maricas e urubuzada

Imagem: Anselmo Pessoa
Whatsapp
Facebook
Twitter
Instagram
Telegram

Por ALEXANDRE ARAGÃO DE ALBUQUERQUE*

Até quando o Brasil será liderado por um néscio que não sabe que a pólvora é uma invenção chinesa?

Há um dito popular famoso que diz assim: “quem cala, consente”. No Maranhão, ele chamou pejorativamente o povo maranhense de boiola. Em discurso público no Palácio do Planalto agrediu a todos os brasileiros e brasileiras que se preocupam com a defesa da vida chamando-os de maricas. E finalmente, pela enésima vez, enquadrou a classe jornalística xingando-a de “urubuzada”. Haverá reação por parte dos agredidos? Que tipo de reação as empresas e os profissionais de comunicação irão manifestar? Que forças o autorizam a agir com essa descompostura? O capital financeiro e o capital ruralista endossam essa política criminosa?

Todos sabem que pólvora para enfrentar o maior arsenal bélico do mundo ele não tem, muito menos a Força Armada dos generais Villas Bôas e Sérgio Etchegoyen que o apoia desde o primeiro minuto dessa patética presidência. Mas saliva para tripudiar sobre a população brasileira, ele a escarra diariamente. Principalmente quando se vê acossado em virtude dos malfeitos de seu filho “Zero Um” juntamente com o operador financeiro Fabrício Queiroz, ambos denunciados pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) por peculato, lavagem de dinheiro, apropriação indébita e organização criminosa (quadrilha) por esquema de rachadinha. Com base em quebras de sigilo bancário e fiscal, o MP-RJ afirma que “Zero Um” usou pelo menos R$2,7 milhões em dinheiro vivo do esquema da quadrilha. Esse é apenas o primeiro capítulo da trama.

O pensamento dos clássicos nos ajuda porque são aqueles que têm sempre algo a nos dizer, pois ao pensar, deram-nos o que pensar, principalmente no modo como enfrentaram as questões de seu tempo e a elas ofereceram respostas, ensinando-nos a interrogar nosso próprio tempo. A ignorância é um demônio, para utilizar a gramática teológica tão em moda nos últimos tempos, capaz de desenvolver ainda muitas tragédias. Os maiores poetas gregos antigos tiveram razão em representar nos dramas teatrais o destino trágico imputado àqueles ignorantes da realidade dos fatos.

Liberdade é potência, é autodeterminação, é autonomia de ação diante da necessidade que se nos apresenta no tempo presente. Liberdade se opõe à passividade de aceitar que forças externas determinem nossos destinos. Liberdade é determinar-nos a nós mesmos pela necessidade interna de sermos aquilo que queremos ser. Queremos ser um povo liderado por um sádico que vibra pelas mortes de 162 mil brasileiros? Por um ignorante que é incapaz de avaliar as consequências de suas palavras e seus gestos públicos? Por um despreparado que não sabe lidar com a política internacional? Por um néscio que não sabe que a pólvora é uma invenção chinesa?

Na Natureza nada acontece por acaso; na Política também. Já está na hora da Liberdade fazer acontecer para mudar este estado de coisas.

*Alexandre Aragão de Albuquerque é mestre em Políticas Públicas e Sociedade pela Universidade Estadual do Ceará (UECE).

Veja neste link todos artigos de

10 MAIS LIDOS NOS ÚLTIMOS 7 DIAS

__________________
  • A colonização da filosofiamar estacas 14/11/2024 Por ÉRICO ANDRADE: A filosofia que não reconhece o terreno onde pisa corrobora o alcance colonial dos seus conceitos
  • A massificação do audiovisualcinema central 11/11/2024 Por MICHEL GOULART DA SILVA: O cinema é uma arte que possui uma base industrial, cujo desenvolvimento de produção e distribuição associa-se à dinâmica econômica internacional e sua expansão por meio das relações capitalistas
  • O entretenimento como religiãomóveis antigos máquina de escrever televisão 18/11/2024 Por EUGÊNIO BUCCI: Quando fala a língua do rádio, da TV ou da Internet, uma agremiação mística se converte à cosmogonia barata do rádio, da televisão e da internet
  • Ainda estou aqui — habeas corpus de Rubens Paivacultura ainda estou aqui 2 12/11/2024 Por RICARDO EVANDRO S. MARTINS: Comentário sobre o filme dirigido por Walter Salles
  • Os concursos na USPMúsica Arquitetura 17/11/2024 Por LINCOLN SECCO: A judicialização de concursos públicos de docentes na USP não é uma novidade, mas tende a crescer por uma série de razões que deveriam preocupar a comunidade universitária
  • A execução extrajudicial de Sílvio Almeidaqueima de livros 11/11/2024 Por MÁRIO MAESTRI: A denúncia foi patrocinada por uma ONG de raiz estadunidense, o que é paradoxal, devido à autoridade e status oficial e público da ministra da Igualdade Racial
  • O porto de Chancayporto de chankay 14/11/2024 Por ZHOU QING: Quanto maior o ritmo das relações econômicas e comerciais da China com a América Latina e quanto maior a escala dos projetos dessas relações, maiores as preocupações e a vigilância dos EUA
  • A falácia das “metodologias ativas”sala de aula 23/10/2024 Por MÁRCIO ALESSANDRO DE OLIVEIRA: A pedagogia moderna, que é totalitária, não questiona nada, e trata com desdém e crueldade quem a questiona. Por isso mesmo deve ser combatida
  • Ainda estou aquicultura ainda estou aqui 09/11/2024 Por ERIK CHICONELLI GOMES: Comentário sobre o filme dirigido por Walter Salles
  • Antonio Candido, anotações subliminaresantonio candido 16/11/2024 Por VINÍCIUS MADUREIRA MAIA: Comentários sobre os mais de setenta cadernos de notas feitos por Antonio Candido

PESQUISAR

Pesquisar

TEMAS

NOVAS PUBLICAÇÕES