Por RONALD LEÓN NÚÑEZ*
Este ano de 2025 que está se encerrando é o 130º aniversário da morte de Friedrich Engels, “o General”, um dos intelectuais mais sagazes do século XIX. Ao contrário das tentativas de separar sua obra da de Karl Marx, a influência mútua e a colaboração foram substanciais para ambos. Compreender e resgatar seu legado é, portanto, defender a integridade do marxismo.
“Não é possível compreender o marxismo nem expô-lo de forma completa”, escreveu Lenin em 1914, “sem levar em conta todas as obras de Engels”[1]. Apesar desse reconhecimento, a obra de Engels tem sido atacada desde o século XX por intelectuais — como György Lukács, Jean Paul Sartre e Louis Althusser, entre outros — empenhados, em nome de um suposto purismo marxista, em separar seu pensamento do de Marx, apontando supostas diferenças teóricas, programáticas e metodológicas entre ambos[2].
Não é segredo que o nome de Engels repousa à sombra do de Marx. A redução de seu papel ao de amigo e sustento financeiro da família Marx é moeda corrente. E é injusta, embora o próprio Engels, em repetidas ocasiões, tenha definido sua contribuição com grande modéstia: “O que eu contribui […] Marx também poderia ter contribuído, mesmo sem mim. Em contrapartida, eu nunca teria conseguido o que Marx alcançou. Marx tinha mais estatura, via mais longe, compreendia mais e com maior rapidez do que todos nós juntos. Marx era um gênio; nós, os demais, no máximo, homens de talento. Sem ele, a teoria não seria hoje, nem de longe, o que é. Por isso, ela ostenta legitimamente seu nome”[3].
São palavras generosas. Não à toa, o antigo dirigente cartista Julian Harney escreveu a Engels em 1893: “Penso que ninguém jamais teve, pelo menos nos tempos modernos, um amigo e defensor tão fiel e dedicado como o que Marx encontrou em você”[4]. Tinha razão. É quase impossível encontrar na história moderna uma simbiose intelectual tão perfeita quanto a dos autores do Manifesto Comunista. Eles eram complementares; a influência mútua era uma inspiração constante para ambos. É inaceitável separar a obra de Marx da de Engels. A genialidade de Marx é inquestionável, mas a estatura intelectual e a ousadia militante do “General” não foram menores. Reivindicar a herança teórico-política de Engels é defender o marxismo como um todo.
Uma dupla indivisível
Engels se declarou comunista antes de Marx. Ele também foi o primeiro a se aproximar da economia política. Seu artigo “Notas para uma crítica da economia política”, publicado em 1843 nos Anais Franco-Alemães, contribuiu para que Marx se interessasse pelo estudo da economia capitalista. O próprio Marx reconheceu isso em 1859: “Friedrich Engels, com quem eu mantinha uma constante troca de ideias por escrito desde a publicação de seu genial esboço sobre a crítica das categorias econômicas (nos Deutsch Französische Jahrbücher), havia chegado, por um caminho distinto, ao mesmo resultado que eu”[5]. A intensa colaboração entre os dois torna muito difícil distinguir quem escreveu cada parte das obras assinadas em conjunto. Há textos assinados apenas por Marx, mas completados por Engels, como os dois últimos volumes de O Capital. Os artigos assinados com o nome de Marx no The New York Daily Tribune na década de 1850 foram, como se soube muito depois, escritos inteiramente por Engels — que dominava o inglês — para que Marx tivesse alguma renda. Talvez ninguém tivesse percebido que Marx escreveu um capítulo do Anti-Dühring de Engels, se o próprio Engels não tivesse revelado isso no prefácio da segunda edição de 1886. A importância desse livro – e da publicação separada de uma de suas seções, Do socialismo utópico ao socialismo científico – é, diga-se de passagem, inestimável: “a geração jovem – escreveu Riazanov – que começou a militar por volta de 1876-1880, soube por meio dessa obra o que é o socialismo científico, quais são seus princípios filosóficos e seu método”[6].
Quando jovens, Marx e Engels escreveram A Sagrada Família (1844), A Ideologia Alemã (1846) e O Manifesto do Partido Comunista (1848). Pouco antes, em 1842, Engels havia feito os primeiros contatos políticos e pessoais com o movimento owenista e cartista; e três anos depois publicou o seu A Situação da Classe Operária na Inglaterra, livro baseado num estudo rigoroso das estatísticas oficiais e na observação direta das terríveis condições de exploração do proletariado de Manchester, a cidade-fábrica.
A intensa atividade intelectual de ambos sempre se combinou com a prática revolucionária. Eles organizaram a dura luta programática que transformou a utópica Liga dos Justos na Liga dos Comunistas. Quando começou a onda de revoluções democrático-burguesas de 1848, eles se mudaram da Bélgica para Colônia, onde publicaram durante quase um ano o Neue Rheinische Zeitung (a Nova Gazeta Renana). Em 1849, um intrépido Engels alistou-se como voluntário no exército revolucionário de Baden-Palatinado, no destacamento comandado pelo general Willich. Participou da elaboração de planos militares e de quatro grandes batalhas. A contrarrevolução, após a derrota da Primavera dos Povos, significou para Marx e Engels, assim como para milhares de revolucionários, uma dura perseguição, que os obrigou a emigrar para Londres.
Os anos em Manchester
No final de 1850, Engels se estabeleceu em Manchester para trabalhar na empresa Ermen & Engels, da qual seu pai era coproprietário. Somar colunas e atender à correspondência multilíngue da empresa, tarefa terrivelmente tediosa — “sinto um tédio mortal aqui”, escreveu ele a Marx — para um homem com seus dotes intelectuais, deixava-lhe pouco tempo para a atividade política prática. Mas essa rotina de trabalho no “comércio imundo” era um sacrifício necessário para ganhar o dinheiro que permitiria a Marx dedicar-se inteiramente a escrever sua obra magna.
A contribuição material de Engels nem sempre é valorizada em sua real dimensão. As condições de vida da emigração eram extremamente duras: “se não fosse pela ajuda econômica constante e abnegada de Engels, Marx não só não teria conseguido terminar O Capital, como teria sucumbido inevitavelmente sob o peso da miséria”, explicou Lenin em 1914[7]. A esposa de Marx, Jenny von Westphalen, descreveu esses anos como de “miséria completa”[8].
Desse longo período – de 1850 a 1870 – ficou a correspondência quase diária com Marx, repleta de lições sobre problemas teóricos e políticos. Marx, que o chamava de “enciclopédia ambulante”, costumava pedir-lhe dados ou opiniões para O Capital. De fato, para ele, não havia julgamento mais autorizado do que o de Engels.
Embora separados fisicamente, a estreita colaboração intelectual incluía momentos de profunda emoção, camaradagem e humanidade, como quando Marx escreve a Engels, ao terminar o primeiro volume de O Capital: “Sem você, eu nunca teria conseguido levar o trabalho até o fim, e posso lhe garantir que sempre pesou como uma cruz na minha consciência que tenhas permitido que suas preciosas energias fossem desperdiçadas e enferrujassem no comércio, principalmente por minha culpa, e, para piorar, ter tido que compartilhar todas as minhas petites misères”[9]. A cada necessidade de Marx, teórica ou pessoal, Engels atendia incondicionalmente. A ajuda material, além de uma demonstração de profunda amizade, era sua contribuição para uma causa comum. Quando O Capital viu a luz do dia, ele sentiu que seus anos de sacrifício em Manchester, atolado em um trabalho “desmoralizante”, haviam sido coroados.
Sem pausa, Engels começou a escrever resenhas do livro e enviá-las a jornais de vários países para se contrapor à “conspiração burguesa do silêncio”. A ousada campanha de divulgação que encabeçou contribuiu enormemente para tornar o marxismo conhecido e, pouco a pouco, fortalecê-lo no movimento operário europeu.
Levou mais três anos para que ele anunciasse ao seu sócio Ermen que estava deixando a empresa e que, em 1º de julho de 1869, pudesse escrever a Marx: “Viva! Hoje, o doce comércio acabou para mim e sou um homem livre”[10].
O General estava pronto para voltar à ação. “Nos últimos 18 anos, não pude fazer quase nada diretamente pela nossa causa, tendo que me dedicar a atividades burguesas”[11], explicou a Friedrich Lessner, um veterano de 1848. Marx comemorou a “fuga do cativeiro egípcio” de seu fiel amigo bebendo “um brinde à sua saúde”[12].
Engels transbordava vitalidade: “Sou outro homem e me sinto dez anos mais jovem”, escreveu ele à sua mãe. Agora ele podia dedicar todo o seu tempo, energia e qualidades à causa comunista.
Os anos em Londres
Em 1870, Friedrich Engels retornou para Londres. Depois de quase duas décadas, ele voltaria a trabalhar presencialmente com Marx. Ele estava contente com a casa que alugou no número 122 da Regent’s Park Road, principalmente porque “não ficava nem a 15 minutos de distância de Marx”[13]. O “mouro” residia na Maitland Park Road, e Engels ia até lá quase todos os dias. O trabalho em comum implicava uma divisão de tarefas que Engels explicou: “Como consequência da divisão de trabalho que existia entre Marx e eu, coube-me defender nossas opiniões na imprensa, o que, em particular, significava lutar contra as ideias opostas, para que Marx tivesse tempo de terminar sua grande obra principal. Isso me levou a expor nossa concepção, na maioria dos casos, de forma polêmica, contrapondo-a a outras concepções”[14].
Sobre esse trabalho fundamental de polemista e divulgador, David Riazanov comentou em uma de suas palestras em 1922: “Engels usa qualquer artigo que o tenha impressionado ou fato da atualidade para mostrar a profunda diferença entre o socialismo científico e os outros sistemas socialistas, ou para esclarecer um problema prático desde o ponto de vista do socialismo científico e ensinar como aplicar o método…”[15].
Engels, é claro, havia participado do processo de fundação da Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT), a Primeira Internacional, em 1864, mas não desempenhou nela um papel principal até 1870. Uma vez em Londres, assumiu uma função de protagonismo no Conselho Geral, a direção cotidiana da Internacional, além das tarefas de secretário responsável pelas relações com a Bélgica, Itália, Espanha, Portugal e Dinamarca, membro do comitê de finanças, e participou de todo tipo de disputas programáticas e organizativas. A imensa energia despendida por Engels aliviou o trabalho político e organizativo até então realizado por Marx, que pôde se dedicar quase que inteiramente aos seus estudos para os próximos volumes de O Capital.
Em seu leito de morte, Engels confessaria a Kautsky que aqueles anos, de 1870 a 1872, haviam sido os mais importantes da vida pública de Marx e da sua própria.
Após a morte de Marx, Engels assumiu todo o peso da tarefa empreendida junto com seu companheiro. Passou para o primeiro plano depois de ter ocupado toda a sua vida, segundo suas próprias palavras, o segundo. Assumiu sua nova responsabilidade não sem preocupação. Ninguém compreendia melhor do que ele tudo o que se perdia com Marx. Em 1884, escreveu a Becker: “Passei a vida (…) tocando o segundo violino; e, sem dúvida, acho que o fiz razoavelmente bem. (…) Mas agora, de repente, espera-se que eu assuma o seu lugar”[16].
Havia muito a fazer. Engels se dispôs a organizar o legado científico de Marx. Encontrou entre seus papéis os manuscritos inacabados de O Capital. Deixou de lado suas próprias obras e se dedicou a completar o que conhecemos como o segundo e o terceiro livros de O Capital, publicados em 1885 e 1894, respectivamente[17]. Não teve tempo de preparar para a impressão o quarto, conhecido como Teorias da mais-valia, título que Kautsky lhe deu quando o publicou em alemão entre 1905 e 1910.
A edição dos dois últimos volumes implicou um trabalho imenso. Engels teve que ordenar os papéis, retomar o que Marx deixou incompleto (especialmente o terceiro volume, que era pouco mais do que notas soltas), realizar novas pesquisas e aprofundar outras, decifrar a caligrafia quase ilegível de Marx, cortar, editar, verificar as traduções (“Tente ser mais fiel ao original!”). “Citações de fontes sem qualquer tipo de ordem, pilhas delas amontoadas, compiladas apenas com vistas a uma seleção futura. Além disso, há os manuscritos que certamente não podem ser decifrados por ninguém além de mim, e mesmo assim, com dificuldades”[18], escreveu a Bebel um Engels atordoado com o estado caótico dos arquivos de seu amigo.
Engels cumpriu essa árdua tarefa com satisfação: “posso realmente dizer que, enquanto trabalho nesta obra, estou vivendo em comunhão com ele [Marx]”[19].
Sem Engels, a obra magna de Marx, a análise científica mais profunda do funcionamento da produção capitalista e da luta que, sobre sua base, travam o burguês e o operário, teria ficado incompleta. Essa tarefa adquire peso histórico, uma vez que não havia outra pessoa capaz de concluí-la. Com justiça, Lenin sentenciou: “Na verdade, esses dois volumes de O Capital são obra dos dois, Marx e Engels”.
Em meio à edição das obras de Marx, Engels publicou importantes obras suas, como A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado (1884); Ludwig Feuerbach e o Fim da Filosofia Clássica Alemã (1886); ou os manuscritos que compuseram posteriormente Dialética da Natureza, além de escrever prefácios para as edições de textos anteriores.
A partir de 1883, Engels também ficou como principal dirigente do processo de construção do que seria a II Internacional, no contexto de um notável fortalecimento do movimento operário europeu e do marxismo entre suas fileiras. Em sua casa se reuniam dirigentes socialistas de diferentes países. Até sua morte, o número 122 da Regent’s Park Road funcionou como sede do “Estado-maior” do socialismo europeu.
O final
O lado militante de Marx e Engels, como se sabe, é sistematicamente minimizado — quando não criticado ou simplesmente omitido — por diferentes correntes de literatos e acadêmicos, por mais que muitos deles se digam marxistas.
A academia apresenta os fundadores do socialismo científico como filósofos de gabinete. Trata-se de uma falsificação histórica. Nem Marx nem Engels foram comentaristas da realidade. Todo o seu esforço teórico esteve a serviço de dotar o proletariado de um programa científico que pudesse ser assumido pelos melhores elementos da classe operária.
Para eles, não se tratava apenas de interpretar o mundo, mas de transformá-lo.
Engels, nesse sentido, além de um brilhante teórico, foi um político apaixonado por problemas concretos levantados pela luta de classes de seu tempo; por problemas sindicais; por problemas de construção e organização partidária; pela formação teórica de novas gerações de quadros comunistas. Pouco antes de morrer, mantinha a paixão que inflamou sua juventude. “Tenho que acompanhar o movimento em cinco grandes países europeus e em muitas nações pequenas, e nos Estados Unidos da América”, escreveu a Laura Marx Lafargue em 1894. Também lhe contava que sua caixa de correio era “um poço sem fundo de correspondência internacional”. Diante das crescentes demandas de um movimento marxista em expansão, todos recorriam ao velho general.
Entre o final de 1880 e o início de 1890, o movimento operário inglês experimentou um renascimento promissor. Em julho de 1888, a greve das operárias da fábrica de fósforos Bryant & May (Matchgirls Strike) em Londres envolveu mais de 3 mil trabalhadores. Em agosto de 1890, eclodiu uma poderosa greve de mais de 100 mil trabalhadores portuários em Londres (Great Dock Strike), que terminou com uma vitória proletária estrondosa. Em 4 de maio de 1890, uma impressionante marcha de 200 mil operários no Hyde Park impactou a política britânica. Engels, presente no ato, exclamava: “O que eu não daria para que Marx pudesse ter visto esse despertar, ele que, neste mesmo solo inglês, estava atento ao menor sintoma”[20]. Após a vitória da greve nos portos londrinos, ele escreveu: “Até agora, o East End[21] vinha em um estado de paralisia causado pela pobreza, sendo sua marca registrada a apatia dos homens, cujo espírito havia sido subjugado pela fome e que abandonaram toda e qualquer esperança […] E, então, no ano passado, ocorreu a greve vitoriosa das moças dos fósforos. E, agora, esta greve gigantesca dos elementos mais desmoralizados do mundo, os trabalhadores dos portos”[22].
Entre agosto e setembro de 1888, ele viajou para os Estados Unidos. Lá, presenciou um movimento operário jovem que, sem os vícios e tradições esclerosadas da política europeia, mostrava um tremendo “vigor americano”. Em agosto de 1893, a Segunda Internacional se expandia por toda a Europa. Engels participou de seu congresso em Zurique. Os mais de 400 delegados aplaudiram seu discurso de encerramento. Em setembro, proferiu uma conferência em Berlim ante milhares de militantes social-democratas e ativistas operários[23]. O futuro se mostrava promissor. Engels repetia: “Como eu gostaria que Marx estivesse vivo para ver isso”.
Além de sua paixão pela política, Engels era um homem entusiasmado com os avanços tecnológicos e as descobertas científicas do final do século XIX em biologia, antropologia, matemática, física, química… A ciência militar, por outro lado, ocupou sua mente por muitos anos.
Diante desta síntese resumida da obra de Engels, é difícil admitir sua modesta autodenominação de “segundo violino” de Marx. Wilhelm Liebknecht – pai de Karl – apontou a esterilidade da discussão: “Com o que contribuiu um e com o que contribuiu o outro? Pergunta ociosa! É uma peça única, e Marx e Engels são uma única alma, tão inseparáveis no Manifesto Comunista como seguiram sendo até à morte, em todos os seus trabalhos e planos”[24].
A morte impediu Engels de realizar seu desejo de “contemplar por uma pequena fenda a chegada do novo século”. Em janeiro de 1895, ele havia começado a trabalhar na edição das obras completas de Marx e de suas próprias. Em abril, começou a preparar o que deveria ser o quarto volume de O Capital. Ele também planejava reeditar sua obra A Guerra dos Camponeses na Alemanha, escrever uma biografia de Marx e uma história da AIT. Tudo ficou inconcluso.
Engels tinha câncer de esôfago. O avanço da doença pouco afetou sua personalidade vital, alegre e perspicaz. Para escândalo de certos meios acadêmicos que destilam puritanismo, ele sempre celebrou a vida. Bom anfitrião, adorava abrir as portas de sua casa para amigos e camaradas e regar as discussões políticas com vinho e cervejas do tipo Pilsener. As comemorações de seus aniversários, o Natal ou as reuniões que se seguiam à contagem dos votos para o Reichstag costumavam se estender até a madrugada. Ele amava arte, poesia, música, idiomas, viagens, andar a cavalo, conhecer pessoas e lugares novos. Aproveitava ao máximo suas férias nas praias de Eastbourne.
Em novembro de 1894, ele deixou uma boa quantia em dinheiro para o partido alemão aos cuidados de Beber e Singer, a quem pediu que “bebessem uma garrafa de bom vinho em minha memória”. Sua última carta conhecida foi dirigida a Laura Marx. Ele lamentou a “crise que se aproximava” no doloroso “campo de batatas” que se formara em sua garganta. Em seguida, a despedida: “Não tenho forças para escrever cartas longas, então adeus. À sua saúde, um copo cheio de ponche de ovo com uma dose de conhaque”[25].
Ele morreu em 5 de agosto de 1895, aos 74 anos. De acordo com seu “desejo resoluto”, suas cinzas foram lançadas ao mar em Beachy Head, perto de Eastbourne.
*Ronald León Núñez é doutor em história pela USP. Autor, entre outros livros, de A Guerra contra o Paraguai em debate (Sundermann). [https://amzn.to/48sUSvJ]
Tradução: Diego Russo
[1] LENIN, V. I. (1914). Karl Marx. A Brief Biographical Sketch With an Exposition of Marxism. Em: https://www.marxists.org/archive/lenin/works/1914/granat/ch06.htm
[2] WELMOWICKI, José (2020). Las contribuciones de Engels al marxismo. Marxismo Vivo – Nueva Época, nº 16, pp. 55-68.
[3] ENGELS, Friedrich (2006). Ludwig Feuerbach y el fin de la filosofía clásica alemana [1886]. Madrid: Fundación de Estudios Socialistas Federico Engels, p. 37.
[4] HUNT, Tristam (2010). Comunista de casaca. A vida revolucionária de Friedrich Engels. São Paulo: Record, p. 338.
[5] MARX, Karl (1859). Prólogo a la Contribución a la Crítica de la Economía Política. Em: https://www.marxists.org/espanol/m-e/1850s/criteconpol.htm#_ftn5.
[6] RIAZANOV, David (2012). Marx y Engels. Buenos Aires: Ediciones IPS, p. 276.
[7] LENIN, V. I. (1914). Carlos Marx. Breve esbozo biográfico, con una exposición del marxismo. Em: https://www.marxists.org/espanol/lenin/obras/1910s/carlos_marx/carlosmarx.htm#tactica
[8] HUNT, op. cit., p. 209. Foram os anos em que Marx e Jenny perderam três bebês por sua miséria: Heinrich Guido, Franziska e Edgar.
[9] HUNT, op. cit., p. 265.
[10] MAYER, Gustav (1979). Friedrich Engels: una biografía [1934]. Madrid: FCE, p. 537.
[11] HUNT, op. cit., p. 270.
[12] MAYER, op. cit., p. 537.
[13] HUNT, Tristam. Comunista de casaca. A vida revolucionária de Friedrich Engels. São Paulo: Record, 2010, p. 273.
[14] ENGELS, F. Contribución al problema de la vivienda: https://www.marxists.org/espanol/m-e/1870s/vivienda/index.htm.
[15] RIAZANOV, David. Marx y Engels. Buenos Aires: Ediciones IPS, 2012, p. 273.
[16] Engels a Johann Philipp Becker, 15/10/1884.
[17] O terceiro volume foi publicado em Hamburgo em dezembro de 1894, oito meses antes da morte de Engels.
[18] HUNT, Comunista de casaca…, p. 333.
[19] Ídem, p. 335.
[20] Ídem, p. 356.
[21] O East End era a área mais pobre de Londres, associada a doenças, superlotação e criminalidade.
[22] Ídem, p. 368.
[23] MAYER, Gustav. Friedrich Engels: una biografía [1934]. Madrid: FCE, 1979, pp. 879-880.
[24] La izquierda diario. El joven Engels: https://www.laizquierdadiario.com/El-joven-Engels
[25] HUNT, Tristam. Comunista de casaca…, p. 388.





















