O ofício da escrita historiográfica

Terry Winters, Renderização paralela 2, 1997
Whatsapp
Facebook
Twitter
Instagram
Telegram

Por MARCUS REDIKER*

Oito sugestões práticas práticas de escrita para historiadores

Quarenta anos pensando sobre o ofício da escrita histórica devem valer alguma coisa, então aqui estão as oito dicas que dei nos últimos dez dias – sugestões práticas que achei úteis sobre o negócio vexatório de colocar palavras indisciplinadas na página.

(1) Enquanto escrevo um livro, me enterro em uma brilhante obra de ficção sobre o mesmo período, para encher minha mente com seu poder literário. Exemplo: quando escrevi The Fearless Benjamin Lay, li Sacred Hunger de Barry Unsworth (pela quinta ou sexta vez).

(2) A meu ver, a unidade essencial de uma boa redação é o parágrafo. Se você está travado, girando suas rodas, escreva um parágrafo forte, apenas um, sobre qualquer assunto em que você esteja trabalhando. Na minha experiência, isso quebra o impasse e permite que os pensamentos fluam para a página.

(3) Quando sei sobre o que quero escrever na manhã seguinte, releio atentamente minhas fontes primárias na noite anterior. Isso torna mais fácil começar no dia seguinte e, às vezes, a mente inconsciente faz um trabalho impressionante para resolver as coisas.

(4) Encontre um fragmento de um poema do período que você está estudando, um que incorpore um ou dois temas de sua investigação, e escreva um parágrafo, uma seção ou um capítulo em torno dele. Faça esse poema cantar seu significado histórico.

(5) Sempre que você puder fazer uma ideia ou um conceito ganhar vida por meio de uma pessoa ou evento, faça-o. Fazer seu leitor ver seu argumento por meio de pensamento e ação humanos vívidos e concretos é muito mais poderoso, convincente e memorável do que uma abstração seca.

(6) Economia de expressão. Strunk e White disseram: “Omita palavras desnecessárias”. Blaise Pascal escreveu a um correspondente: “Lamento ter escrito uma carta tão longa; Não tive tempo de escrever uma curta.” Use três palavras em vez de quatro; seja implacável. Mais curto é mais poderoso.

(7) Continue lendo suas fontes até ouvir vozes e então escreva uma história profundamente humana sobre seus assuntos históricos. Os leitores querem aprender sobre pessoas reais, fazendo escolhas reais, em circunstâncias reais. Torne seus atores complexos e multidimensionais.

(8) Três coisas que os estudiosos precisam fazer para escrever para um público mais amplo. Primeiro, você tem que querer. (A maioria não quer.) Em segundo lugar, você precisa ler estilistas de prosa talentosos e aprender com eles. Terceiro, você deve trabalhar duro na arte e no ofício de escrever.

É tudo muito simples, na verdade.

*Marcus Rediker é professor de história na Universidade de Pittsburgh. É co-autor, com Peter Linebaugh, de A hidra de muitas cabeças (Companhia de Letras).

Tradução: Sean Purdy.

 

Veja neste link todos artigos de

AUTORES

TEMAS

10 MAIS LIDOS NOS ÚLTIMOS 7 DIAS

Lista aleatória de 160 entre mais de 1.900 autores.
Plínio de Arruda Sampaio Jr. Paulo Capel Narvai Yuri Martins-Fontes Jean Pierre Chauvin Sergio Amadeu da Silveira Anderson Alves Esteves Luiz Marques Andrew Korybko Daniel Afonso da Silva Ricardo Antunes Flávio Aguiar Bernardo Ricupero Flávio R. Kothe José Costa Júnior Celso Frederico Vanderlei Tenório João Adolfo Hansen Tadeu Valadares Alexandre de Freitas Barbosa Juarez Guimarães Eliziário Andrade Paulo Fernandes Silveira Leonardo Avritzer Luiz Werneck Vianna Benicio Viero Schmidt Ronald Rocha Marjorie C. Marona Julian Rodrigues Rodrigo de Faria Francisco de Oliveira Barros Júnior Paulo Martins João Carlos Salles Alexandre Aragão de Albuquerque José Dirceu Henri Acselrad Ricardo Fabbrini Marcelo Guimarães Lima Michael Löwy Armando Boito Fernão Pessoa Ramos Kátia Gerab Baggio Walnice Nogueira Galvão Valerio Arcary Rafael R. Ioris Luis Felipe Miguel José Machado Moita Neto Luiz Roberto Alves Henry Burnett Bruno Machado Marilena Chauí Elias Jabbour Luciano Nascimento Luiz Carlos Bresser-Pereira Dênis de Moraes Claudio Katz André Márcio Neves Soares Eleonora Albano Renato Dagnino João Sette Whitaker Ferreira Priscila Figueiredo Marcelo Módolo Remy José Fontana Eleutério F. S. Prado Vladimir Safatle Ladislau Dowbor Jean Marc Von Der Weid Atilio A. Boron Salem Nasser Michel Goulart da Silva Berenice Bento Manuel Domingos Neto Antonio Martins Eugênio Trivinho Bento Prado Jr. Gilberto Maringoni João Carlos Loebens Osvaldo Coggiola Jorge Luiz Souto Maior José Micaelson Lacerda Morais Caio Bugiato João Feres Júnior João Paulo Ayub Fonseca Eduardo Borges Ronaldo Tadeu de Souza Francisco Fernandes Ladeira Paulo Nogueira Batista Jr Ronald León Núñez Carlos Tautz Daniel Costa Marcos Silva Francisco Pereira de Farias Andrés del Río Denilson Cordeiro Airton Paschoa Marcos Aurélio da Silva Fernando Nogueira da Costa Thomas Piketty Lucas Fiaschetti Estevez Alexandre de Oliveira Torres Carrasco Anselm Jappe Gilberto Lopes Igor Felippe Santos Carla Teixeira João Lanari Bo Alexandre de Lima Castro Tranjan Fábio Konder Comparato Antônio Sales Rios Neto Milton Pinheiro Everaldo de Oliveira Andrade Annateresa Fabris Leonardo Boff Liszt Vieira Eugênio Bucci José Luís Fiori Vinício Carrilho Martinez Afrânio Catani Paulo Sérgio Pinheiro Tales Ab'Sáber José Raimundo Trindade Marilia Pacheco Fiorillo Manchetômetro Chico Alencar Jorge Branco Lincoln Secco Daniel Brazil Otaviano Helene Boaventura de Sousa Santos Michael Roberts Bruno Fabricio Alcebino da Silva Luiz Renato Martins Gerson Almeida Dennis Oliveira Leonardo Sacramento Ari Marcelo Solon Érico Andrade André Singer Lorenzo Vitral Luís Fernando Vitagliano Tarso Genro Celso Favaretto Maria Rita Kehl Mário Maestri Ricardo Abramovay Ricardo Musse Leda Maria Paulani Alysson Leandro Mascaro Sandra Bitencourt Marcus Ianoni Matheus Silveira de Souza Samuel Kilsztajn Heraldo Campos Slavoj Žižek Gabriel Cohn Antonino Infranca Rubens Pinto Lyra José Geraldo Couto Luiz Bernardo Pericás Chico Whitaker Luiz Eduardo Soares Mariarosaria Fabris

NOVAS PUBLICAÇÕES