Por AIRTON PASCHOA*
Seis peças curtas
Bigue-bangue
Ao velho mano
Ô saudade dos tempos de diligência! Hoje os justos se resignaram a cuidar do próprio sítio e os vilões são cada vez mais procurados. No salão de porta vaivém, como que a lavar as mãos, gangues esperam e espreitam, com a sensação comum que sacar primeiro há de apenas disparar a trombeta da falta de juízo final. O pressentimento partilhado lograria demovê-las do bigue-bangue? Nem a cicatriz principal, cortante, deserta, serve de alarme. Boquiaberta, a população alimenta uma só certeza, a cremação ao vivo.
rima interna
horrorizonte
leve estou
o homem é triste tópico
o homem é triste tropo
tristes tropicos
os homens
cabeça de homem
(bronze e bala)
bela
fera
quadrinha toxítona
memamé
xapralá
hajamé
oxalá
sofia
o homem tem sofá
o sofá tem depressão
tenho de trocar depressa
o sofá tem homem
o homem tem depressão
a depressão tem pressa
o homem tem troca
o sofá não tem
tenho depressão
eu tenho pressa
o homem não tem troca
o sofá não tem depressão
o homem não tem eu
eu não tenho homem
o sofá que se foda
*Airton Paschoa é escritor. Autor, entre outros livros, de Azul vão (e-galáxia).
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