O Irã pode fabricar armas nucleares

Imagem: Marek Piwnicki
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Por SCOTT RITTER*

Palestra na 71ª reunião semanal da Coalizão Internacional para a Paz

1.

Muito obrigado por me receberem. Infelizmente, acho que vou continuar pondo medo no coração daqueles que me ouvem; na verdade, eles devem ter, sim, muito medo. Vou começar dizendo que o mundo não se tornou um lugar mais seguro desde que tratei desse tema pela última vez; verdadeiramente, tornou-se ainda mais perigoso.

A situação na Ucrânia continua a se desenvolver de uma forma que nos coloca à beira de uma guerra nuclear imediata; algo, portanto, que não poderá ser analisado e discutido no futuro. Um golpe de caneta autorizando armas de longo alcance construídas pela OTAN e pelos Estados Unidos, destinadas à para serem usadas pela OTAN e pelos Estados Unidos, a serem disparadas contra a Rússia gerará uma resposta russa pode nos levar a uma guerra entre a Rússia e a OTAN. E essa não será uma guerra comum, mas nuclear; uma guerra que vai matar todos nós.

Se ainda não leram, aconselho a todos que peguem uma cópia do livro de Annie Jacobsen, Nuclear war, a scenario. Comprei no domingo passado. Eu mesmo li duas vezes no mesmo dia, mas ainda vou ler de novo, porque quero que a sua mensagem penetre em todas as células do meu corpo: uma mensagem que diz que todos nós vamos morrer se houver uma guerra nuclear. E se não for possível mudar as políticas que temos hoje, haverá uma guerra nuclear. Portanto, nossa morte será inevitável. Eu falo aqui, portanto, com quase mortos.

Pode parecer que se trata de algo bem normal. Afinal, todos nós morreremos um dia, nenhum de nós é imortal. Mas estou falando com pessoas que vão morrer de forma não natural – coletivamente. Cada pessoa que está me ouvindo aqui terá uma morte súbita se permitirmos que essas políticas continuem.

Mas o momento agora ainda mais perigoso. Há algo que não tem sido anunciado na imprensa, mas é muito importante: trata-se do fato que o Irã é agora uma potência nuclear. O Irã não admitiu isso explicitamente, mas declarações consecutivas de altos funcionários iranianos certificaram que a “fatwa” que existe desde a época do aiatolá Khomeini e que excluiu essa possibilidade está sujeita a revogação em certas circunstâncias.

Uma dessas circunstâncias é a seguinte: se o inimigo tenta usar um tipo de arma, pode-se usar esse mesmo tipo de arma contra o inimigo. Israel tem armas nucleares. Israel ameaça atacar as instalações nucleares do Irã. Como já se mencionou, essas instalações, muitas delas, não são atingíveis por meio de ataques convencionais; portanto, se há uma ameaça de ataque a essas instalações, para serem eliminadas, é porque há uma ameaça real de que se vai usar as armas capazes de cumprir essa missão. Ora, isso significa que há uma ameaça de ataque ao Irã com armas nucleares. Isso é uma declaração sobre um fato; ela não está sujeita a debate.

Pergunte a Donald Trump porque ele mudou a postura de implantação nuclear dos EUA quando era presidente. A razão é que teve que incorporar duas novas categorias de armas nucleares capazes de destruir as instalações nucleares do Irã.

Uma é a bomba B-61 modificada. Trata-se de uma bomba de gravidade lançada por certas aeronaves americanas, incluindo o bombardeiro B-2. Esta variante da B-61 foi adaptada para ser uma bomba destruidora de bunkers; tem, por isso, uma capacidade de penetração que foi projetada especificamente para destruir as instalações nucleares subterrâneas do Irã.

A arma foi construída; ela foi já implantada; logo há, sim, planos de usá-la. Então, quando se ouve Donald Trump dizer que Israel deveria atacar as instalações nucleares do Irã, o que ele está dizendo é que Israel deveria bombardear as instalações nucleares do Irã. Ora, a única maneira de atacar as instalações nucleares do Irã é usando uma arma nuclear tal como àquela aqui descrita.

E esse presidente não pode alegar ignorância sobre o assunto, porque assinou pessoalmente a adaptação do plano de implantação nuclear dos Estados Unidos para incorporar armas de natureza nuclear, porque são as únicas armas que podem destruir e acabar com essas instalações. Ele está, portanto, encorajando Israel a lançar um ataque nuclear contra o Irã.

Em maio passado, o ex-ministro das Relações Exteriores do Irã – que agora é um membro importante do Conselho de Ação Rápida, um órgão de tomada de decisão dentro da estrutura governamental iraniana, encarregado pela constituição iraniana de aconselhar o Líder Supremo – disse o seguinte: embora essa “fatwa” exista, ela é reversível, pois, sob certas circunstâncias, o Irã poderia considerar a obtenção de uma arma nuclear.

Um alto funcionário da Guarda Revolucionária Iraniana ecoou essa afirmação no verão passado, quando disse que se Israel atacar o Irã com uma arma nuclear, o Irã desenvolverá a capacidade de fabricar armas nucleares. O parlamento iraniano debateu a questão e enviou uma recomendação ao líder supremo para se retirar do Tratado de não-proliferação e começar a construir bombas nucleares. Os iranianos reiteraram isso novamente no caso que recebam uma ameaça real de Israel; ora, Israel já ameaçou o Irã com um ataque nuclear.

Uma política declarativa dessa natureza não é feita no vácuo. Veja-se, as pessoas que operam ao nível de que estou falando, que citam as “fatwa” emitidas pelo Líder Supremo, não fazem esses comentários casualmente. Na verdade, nenhum deles poderia fazer tal comentário a menos que o Líder Supremo tenha autorizado. Ora, o Líder Supremo – penso – não se empenha em espalhar informações contraditórias.

O que está acontecendo é a versão iraniana da política declarativa. O Irã está alertando o mundo de que tem a capacidade de fabricar armas nucleares. Se Israel vier atacá-lo, o Irã usará essa capacidade nuclear para fazer uma retaliação contra Israel. Três ou cinco armas nucleares iranianas dirigidas contra Israel destruirão Israel para sempre. E não sabemos onde isso vai dar. Estamos muito perto de uma guerra nuclear no Oriente Médio, muito perto.

Onde isso nos levará? Nós não sabemos. Vladimir Putin acaba de se encontrar com o novo presidente do Irã no Turcomenistão. A Rússia tem falado sobre a assinatura de acordos de segurança com o Irã. O Irã agora é membro da comunidade BRICS. Imagino que eles estejam falando sobre o que aconteceria se Israel lançasse um ataque nuclear contra o Irã. Qual será a resposta da Rússia? Dada a relação cordial, o aperto de mão, os sorrisos, penso que não foi uma conversa difícil para nenhum deles. Isso implica que a Rússia deu ao Irã certas garantias.

Isso significa que, se Israel atacar o Irã, a Rússia apoiará o Irã quando responder nuclearmente contra Israel. O que os Estados Unidos fariam nesse caso? Agora, vemos um cenário em que a situação está fora de controle, passando de um conflito nuclear regional para a possibilidade de um conflito nuclear global.

2.

Senhoras e senhores aqui presentes, nunca estivemos tão perto do desaparecimento nuclear como estamos hoje. Agora temos isso em duas frentes. E os Estados Unidos deixaram claro desde a época de Barack Obama que, se o Irã desenvolver uma capacidade de armas nucleares, os Estados Unidos responderão militarmente. O Irã está em vias de desenvolver capacidade nuclear, o que os Estados Unidos farão? Donald Trump diz que isso nunca acontecerá.

Isso aconteceu. E uma das principais razões pelas quais isso aconteceu é que ele retirou os Estados Unidos do Plano de Ação Conjunto Global [JCPOA]. Ora, esse plano era um veículo semelhante a um tratado que colocava certas restrições ao programa nuclear do Irã. Permitia que inspetores de armas fossem ao Irã para supervisionar o seu programa para garantir que o Irã não transformasse um projeto civil em um projeto militar.

Mas como os EUA se retiraram desse acordo, como os europeus nunca foram assíduos em sua implantação, o Irã foi capaz de recuar, legalmente, em seus compromissos sob o Plano de Ação Conjunto Global. Agora, esse acordo não existe mais. Por isso, o Irã está enriquecendo urânio sem restrições. Eles enriqueceram até 60% em uma quantidade suficiente que pode ser justificada; eis que eles usam esses 60% para produzir placas de combustível que são usadas em um reator de pesquisa.

Mas a quantidade que tem agora é muito maior do que aquela necessária para produzir combustível. O que isso significa é que o Irã poderá usar esse hexafluoreto de urânio enriquecido a 60% como matéria-prima em cascatas de centrífugas avançadas já existentes em instalações subterrâneas para converter rapidamente 60% em 96% a 98%. Isso pode acontecer em questão de dias. Como já disse, o Irã já tem capacidade para converter este hexafluoreto de urânio em metal; eles produzem placas de metal para seu reator de pesquisa existente em Teerã. Eles poderiam produzir o urânio metálico em quantidades suficientes para criar massa crítica e gerar fissão.

Isso é tudo o que é necessário para um dispositivo detonador. O Irã não precisa de um mecanismo sofisticado e bem testado. Na verdade, os Estados Unidos construíram duas bombas que foram usadas contra o Japão durante a Segunda Guerra Mundial. Uma foi chamada de Fat Man; a outra de Little Boy. A Fat Man foi a versão testada em Los Alamos, em 16 de julho de 1945. Era uma arma à base de plutônio que usava um sofisticado dispositivo de implosão. Tinha que ser testado, porque até então tudo estava ainda em nível teórico.

O design da arma de urânio não precisou ser testado, porque é muito simples; não é sofisticado. Se se tem urânio altamente enriquecido suficiente, é possível construir um projeto detonante que gere uma carga de 15 a 20 quilotons. Isso é o que eu acho que os iranianos vão construir, pois se trata de uma carga que é facilmente transportada pelos mísseis que o Irã possui.

O Irã mostrou que seus mísseis podem atingir Israel sem medo de interceptação. O Irã poderá lançar mísseis equipados com ogivas nucleares contra Israel, e não há nada que Israel e os Estados Unidos possam fazer para detê-lo. É um novo paradigma que desafia todas as linhas vermelhas em todas as áreas.

Como os Estados Unidos responderão? Até agora, nós americanos evitamos dizer que participaremos de um ataque israelense ao Irã, porque entendemos a natureza explosiva disso. Mas se a política declarativa do Irã parece apontar para a existência de um programa de armas nucleares, os Estados Unidos não poderão dizer agora: “sim, nós vamos ajudar Israel”?

Tudo isso garante a eliminação de Israel como um Etado-nação moderno, mas também põe em perigo dezenas de milhares de soldados americanos. O que significa que, se o Irã ameaçar as tropas dos EUA, de acordo com nossa doutrina nuclear, isso criaria justificativa suficiente para os EUA usarem preventivamente armas nucleares contra o Irã. Se usarmos armas nucleares contra o Irã, poderemos inadvertidamente ou deliberadamente provocar uma resposta russa. Tem-se assim o caminho no qual todos nós estaremos mortos.

Veja-se como isso funciona. Este é o mundo em que vivemos. É um mundo que poderá suprimir nossas vidas.

Mas existe uma maneira de expor essa visão à opinião pública mundial? Por exemplo, dirigindo-se ao Conselho de Segurança da ONU para uma sessão especial? Porque acho que podemos alertar o mundo, mas se chegar a esse ponto, acho que seria necessária alguma instituição como o Conselho de Segurança da ONU para alarmar o mundo.

Em primeiro lugar, o Irã não declarou formalmente a existência de uma arma nuclear. O material nuclear do Irã permanece sob as salvaguardas e inspeções da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). O que estou dizendo é que o Irã, ao fazer declarações dessa natureza, sua capacidade de transformar essas declarações da teoria em realidade é quase instantânea.

Não é um grande salto tecnológico ter um dispositivo nuclear pronto, mas sem ainda o material físsil, para ser lançado no momento adequado. Acho que o Irã tem essa capacidade. Tudo indica, através das declarações dadas, que ele está preparado para responder imediatamente. Antes que o Irã possa declarar capacidade nuclear, provavelmente teria que se retirar do Tratado de Não-Proliferação Nuclear [TNP]. Isso é algo que o parlamento iraniano está pedindo ao Líder Supremo que seja feito agora.

Assim que for feito esse anúncio, o Irã poderá acabar com a vigilância da AIEA; eis que ela não teria mais viabilidade legal. O Irã pode então começar o desvio imediato de 60% do urânio pouco enriquecido para as cascatas de urânio. Literalmente, em questão de um ou dois dias, eles teriam material físsil suficiente para se transformar em metal e colocá-lo em uma ogiva. Assim, em menos de uma semana, o Irã pode passar de uma decisão política para uma arma utilizável.

Se ele tiver duas semanas, eles terão de três a cinco armas utilizáveis. É nisso que se trabalha agora. Mas o Conselho de Segurança da ONU não pode agir com base em uma teoria, porque chamaria a AIEA e diria que não há desvio de material. Há também a questão do que está causando essa ameaça – e a resposta é Israel. A última coisa que os Estados Unidos querem é que a capacidade de armas nucleares de Israel seja discutida no Conselho de Segurança.

Então esse é o problema. Temos um estado de Israel que mantém essa ambiguidade sobre a sua capacidade em armas nucleares. Todo mundo sabe que ele as tem. Todo mundo sabe que elas estão lá em seus silos, mas ninguém fala sobre isso. O perigo dessa capacidade de armas tornou-se agora manifesto.

Anteriormente se falava apenas na opção Sansão: ou seja, naquela que seria usado caso Israel fosse invadido; nesse caso extremo, Israel usaria essas armas para derrubar o mundo inteiro junto consigo mesmo. Mas agora temos uma situação em que Israel está literalmente falando sobre um ataque às capacidades nucleares do Irã, o que evidentemente não envolve a invasão de Israel.

Ademais, é uma reação a um problema que Israel criou ao assassinar um líder do Hamas, Hassan Nasrallah, em Teerã no dia da posse do presidente do Irã. Israel também atacou o consulado iraniano em Damasco. São problemas criados pelo próprio estado de Israel. Mas agora o problema se manifesta de uma forma nova já que Israel ameaça um ataque ao Irã que só pode ser realizado com armas nucleares. Empregando armas nucleares que Israel não ainda declarou possuir oficialmente.

Este é o verdadeiro problema. Para resolver esse problema, precisamos não apenas falar sobre nos afastarmos do que poderia desencadear o uso potencial de armas nucleares por Israel, mas precisamos abordar a realidade desestabilizadora das armas nucleares de Israel. Porque essas armas nucleares agora se manifestam em uma relação de causa e efeito com o Irã, o que levará o Irã a se retirar do TNP e produzir suas próprias armas nucleares. Se o Irã se retirar do TNP, a Arábia Saudita indicou que buscará sua própria dissuasão nuclear independente. A Turquia disse a mesma coisa. Agora temos uma região totalmente fora de controle, o que torna a possibilidade de uma guerra nuclear ainda mais provável.

Portanto, temos que começar a falar sobre desarmamento. Precisamos começar a falar sobre trazer o Plano de Ação Conjunto Global de volta à vida. Mas o Plano de Ação Conjunto Global não pode mais ser chamado de Acordo Nuclear com o Irã. O Plano de Ação Conjunto Global, para ser viável, deve envolver o Irã e Israel concordando com regimes de inspeção recíprocos que levem a uma garantia de que nenhuma das nações tem a capacidade de fabricar armas nucleares. Não se pode permitir que as armas nucleares de Israel existam; elas são uma questão existencial para o mundo, para a região e para Israel. Porque se Israel usar armas nucleares contra o Irã, Israel deixará de existir. É um resultado 100% garantido que vai acontecer.

Mesmo que não ataque instalações nucleares, se se limitarem a atacar instalações petrolíferas ou qualquer outra coisa, o Irã disse que disparará mais de 1.000 mísseis convencionais contra alvos críticos de infraestrutura de Israel. Isso significa que eles destruirão todas as usinas de energia, todas as usinas de purificação de água, todas as usinas de distribuição de energia, toda a produção crítica de energia, infraestrutura de petróleo e gás. E Israel será lançado na Idade da Pedra. Se o Irã fizer esse tipo de ataque, então a opção Sansão entra em ação, e Israel retaliará com armas nucleares. Isso levará o Irã a desenvolver armas nucleares e implantá-las contra Israel em um tempo muito curto.

Estamos em uma situação extremamente perigosa. E ela não melhorou com o fato de Benjamin Netanyahu e Joe Biden terem brigado com gritos. Ademais, sabe-se de um telefonema que Joe Biden teve com Benjamin Netanyahu, em que disse basicamente ao líder israelense que ele tinha que cessar sua postura irresponsável em relação ao Irã. Sabe-se, também, que Benjamin Netanyahu lhe respondeu pedindo que calasse a boca.

Então, agora, por exemplo, as pessoas estão se perguntando por que o embaixador dos EUA nas Nações Unidas de repente se manifestou a favor de duas resoluções da ONU sobre a Palestina. Um cessar-fogo, o outro a entrega imediata de ajuda humanitária. Estas são duas resoluções às quais os Estados Unidos se opuseram no passado.

O embaixador dos EUA nas Nações Unidas se manifestou fortemente contra essas ações. Mas agora, ele as defende. Por quê? Porque Biden prometeu a Benjamin Netanyahu que, se ele desistisse de atacar o Irã, os EUA não apenas forneceriam a ele níveis sem precedentes de apoio militar, mas também teríamos o apoio de Israel diplomaticamente, pois eles nunca temerão nada das Nações Unidas. Benjamin Netanyahu ignorou o conselho de Joe Biden, então agora Biden está fazendo Benjamin Netanyahu pagar um preço.

Não acho que isso fará outra coisa senão empurrar os israelenses ainda mais perto de tomar a decisão de atacar o Irã. Estamos em uma situação muito perigosa, porque os Estados Unidos parecem ter perdido a capacidade de pressionar Israel a tomar medidas que sejam boas para os Estados Unidos.

Se Israel não está seguindo a orientação, isso não significa algo bom para Israel, mas algo que é bom apenas para Benjamin Netanyahu. E ele está disposto a sacrificar todo o povo de Israel, além de mais de 100 milhões de pessoas na região, porque quer entrar para a história com um legado de homem forte que salvou Israel. Mas, nesse caminho, ele poderá ser o homem que destruiu Israel e que, ademais, levou toda a região à destruição.

Scott Ritter, ex-oficial de inteligência do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos, foi inspetor-chefe de armas da ONU no Iraque de 1991-98.

Tradução: Eleutério F. S. Prado.


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