Claude Lefort e o Brasil

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Por ADRIANA ESCOSTEGUY-MEDRONHO*

As ideias de democracia radical e indeterminação política de Lefort inspiraram intelectuais brasileiros durante a ditadura e na formação do PT. Há tensão entre teoria e prática política na confluência do filósofo e o Brasil

Tendo descoberto Claude Lefort através da leitura de intelectuais brasileiros,[i] fiquei surpresa ao saber que seu interesse pelo Brasil é relativamente pouco conhecido na França. No entanto, ele se interessou muito cedo e de forma duradoura por este país,[ii] onde esteve em inúmeras ocasiões, primeiro na década de 1950 e depois entre 1970 e 1990. Além disso, sua obra foi apropriada por um núcleo de intelectuais com quem manteve um diálogo contínuo durante esses anos, alguns dos quais se tornaram seus amigos próximos.

Desses intercâmbios, percebe-se que o questionamento do político próprio ao pensamento lefortiano encontrou uma ressonância fértil em diversos leitores brasileiros.[iii] Isso é ainda mais significativo porque, entre os inúmeros atores que deram início à onda de democratização dos regimes militares sul-americanos na segunda metade do século XX, Claude Lefort não foi apenas lido: ele conheceu pessoalmente alguns deles. Trata-se, nomeadamente, de atores do círculo de intelectuais que conheceu no Brasil, que desempenharam um papel fundamental na fundação de um partido político que continua sendo hoje um dos mais destacados da região sul-americana: o Partido dos Trabalhadores (PT).

Foi, portanto, ao interessar-me pela história desse partido que passei a ler os textos de Claude Lefort. A influência de seu pensamento, já manifesta nos debates sobre a transição democrática no país, prolongou-se nas reflexões sobre as transformações da democracia brasileira e sobre os percursos de seus principais atores desde a instituição da Nova República. O caso do PT é particularmente revelador a este respeito, precisamente porque alguns de seus membros se empenharam na implementação de uma concepção de democracia em parte alimentada pelas trocas mantidas com Claude Lefort.

Em vez de propor uma síntese da recepção de Claude Lefort no Brasil[iv] ou um inventário dos sucessos e obstáculos que marcaram a história petista,[v] veremos como um retorno ao seu pensamento ainda pode esclarecer a análise do funcionamento real de uma instituição concebida e moldada por indivíduos impregnados pela história desses intercâmbios.

Primeiramente, voltaremos às ligações entre Claude Lefort e o Brasil, a fim de traçar um breve retrato do diálogo iniciado e da influência que ele exerceu sobre alguns intelectuais brasileiros. Em seguida, analisaremos como o engajamento de alguns deles no PT refletiu a apropriação da questão democrática de inspiração lefortiana – apesar, segundo Claude Lefort,[vi] dos desafios que a assimilação da indeterminação constitutiva dessa concepção representa. Esta remete, no mínimo, à ideia de uma forma social sem contornos fixos predeterminados, baseada no reconhecimento da igualdade virtual de direitos e que, ao acolher o conflito, torna possível a “reinstituição permanente do social e do político”.[vii]

A fim de compreender os desafios relacionados com essa assimilação, veremos, numa terceira parte, como um retorno a Claude Lefort permite esclarecer os debates contemporâneos sobre esse partido, hoje no poder. Para isso, examinaremos um caso recente, ocorrido no ano do centenário de Claude Lefort: o da mobilização de trabalhadoras e trabalhadores brasileiros e as respostas dadas pelo PT.

Este exemplo pode parecer anedótico em função do recrudescimento das ameaças que pesam sobre o regime democrático brasileiro, como ilustra a recente tentativa de golpe de Estado orquestrada por membros do governo do ex-presidente de extrema-direita Jair Messias Bolsonaro (Partido Social Liberal/Partido Liberal, 2019-2022) e altos responsáveis das Forças Armadas.[viii]

Mas, se seguirmos Claude Lefort, devemos admitir que a história não é feita apenas de grandes acontecimentos[ix]. Muito pelo contrário: o alcance simbólico de certos fatos pode exceder em muito seu alcance real[x], revelando a importância que certos aspectos sociais assumem para uma parte de uma dada população – mesmo quando são relegados a segundo plano na vida político-institucional em tempos de crise.

Ainda mais se admitirmos, mais uma vez com Claude Lefort,[xi] que nenhum aspecto de um espaço social pré-existe à sua formação, que constitui simultaneamente uma atribuição de sentido e uma encenação desse espaço.[xii] Esta passagem, que reli mais vezes do que posso admitir, acabou por me parecer um simples convite a questionar incessantemente os significados que os próprios atores atribuem às suas práticas: O que eles querem? Como vivem? Mas, acima de tudo, como dão sentido às suas ações?

Claude Lefort e o Brasil – retratos de um diálogo

Para abordar a influência de Claude Lefort sobre um grupo de intelectuais brasileiros de esquerda envolvidos no projeto de fundação do PT, convém voltar brevemente às ligações que ele manteve com o Brasil. Jovem professor nos anos 1950, Claude Lefort chegou ao país pela primeira vez no final de um ciclo de vinte anos de um grande projeto de modernização da universidade brasileira, no qual os intercâmbios com a França eram particularmente requisitados.[xiii]

Foi nesse contexto que ele permaneceu inicialmente por dois anos, entre 1953 e 1954, como professor convidado na Universidade de São Paulo (USP).[xiv] Foi também no Brasil que ele começou a trabalhar sistematicamente sobre Nicolai Maquiavel[xv] e sobre o que se tornaria, vinte anos depois, Le Travail de l’œuvre.[xvi] Claude Lefort voltou ao país várias vezes, desde meados da década de 1970 até pelo menos o final dos anos 1990, a convite de colegas de diferentes universidades e de outras instituições brasileiras, como a Fundação Artepensamento.[xvii] Ao longo de suas viagens, Claude Lefort nunca deixou de se interessar e comentar a política brasileira em inúmeras entrevistas concedidas à imprensa e em outras publicações, assim como estabeleceu laços estreitos com vários intelectuais brasileiros, que manteve até o fim da vida.[xviii]

Não é por acaso, portanto, que, durante a ditadura militar brasileira (1964-1985), os trabalhos de Claude Lefort tenham despertado um interesse particular em alguns intelectuais brasileiros, alimentando novas reflexões sobre a esquerda e a questão democrática no país.[xix] Um exemplo emblemático foi o grupo que deu origem ao Seminário Marx[xx], um coletivo interdisciplinar dedicado ao estudo crítico de obras marxistas.

Fundado em 1958 na USP, o Seminário permaneceu ativo até a instauração do regime militar após o golpe de 1964, quando a maioria de seus organizadores foi perseguida e até mesmo expulsa da universidade[xxi]. Um dos fundadores do Seminário, José Arthur Giannotti – ele próprio expulso da USP em 1969 – afirmou mais tarde ter sido iniciado num pensamento político sistemático graças a Claude Lefort.[xxii] Ele também se inspirou, para conceber o Seminário, nas reuniões do grupo-revista Socialisme ou Barbarie, das quais pôde participar.[xxiii]

O Seminário marcou uma geração de intelectuais brasileiros que se opunham à ditadura e estavam empenhados na construção de uma alternativa democrática para o país.[xxiv] Não é de surpreender, portanto, que vários de seus membros tenham desempenhado um papel fundamental na vida política da Nova República, especialmente ajudando a fundar dois de seus grandes novos partidos: o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) e o PT.

Entre eles encontram-se, por exemplo, Francisco Weffort e Paul Singer, futuros membros fundadores do PT, ao lado de tantos outros,[xxv] incluindo o próprio Giannotti; encontra-se também Fernando Henrique Cardoso (FHC), amigo próximo de Giannotti, que também leu e conheceu Claude Lefort[xxvi]. FHC participou das primeiras discussões sobre o projeto petista, mas acabou sendo eleito presidente do Brasil por dois mandatos (1995-2002), sob a bandeira do PSDB, então o principal adversário político do PT.

Ilustrando ainda mais a amplitude da dinâmica de trocas na época, José Arthur Giannotti tornou-se um intelectual impulsionador do PSDB e Francisco Weffort acabou deixando o PT na década de 1990 – tornando-se ministro da cultura no governo de FHC.

Outra filósofa, Marilena de Souza Chaui também se formou na USP dos anos 1960, marcada pelos intercâmbios com a França, onde passou dois anos durante seu doutorado, no momento da efervescência de 1968. Segundo ela,[xxvii] foi através da leitura de Merleau-Ponty que descobriu os textos de Claude Lefort. Posteriormente, desempenhou um papel determinante na divulgação de sua obra no Brasil, como destaca Marco Aurélio Garcia[xxviii]: tanto pela ajuda na publicação de alguns dos textos de Claude Lefort em português[xxix], como pela animação de uma rede de intelectuais à qual ele próprio pertencera[xxx].

Marco Aurélio Garcia, outro membro fundador e um dos principais pilares do PT[xxxi], também participou da rede de Marilena Chaui, conheceu Claude Lefort e residiu na França. Tendo vivido em Paris em 1968, ele voltou para lá entre 1974 e 1979 para escapar das ditaduras chilena e brasileira[xxxii], como fizeram tantos outros intelectuais e militantes latino-americanos[xxxiii].

Marco Aurélio Garcia[xxxiv] afirmou mais tarde que a influência das ideias de Claude Lefort no Brasil se fez realmente sentir na década de 1980, uma vez que ultrapassaram o âmbito universitário para chegar aos intelectuais e grupos de esquerda que tentavam reorganizar-se, de acordo com novos paradigmas, no final da ditadura. Resumem-se aqui as condições de possibilidade do “momento lefortiano” vivido pela esquerda brasileira, segundo a fórmula de Juarez Guimarães,[xxxv] também ele um reconhecido intelectual petista.

Embora não constituíssem um grupo propriamente dito, Marilena Chaui, Marco Aurélio Garcia e Juarez Guimarães faziam parte do núcleo de intelectuais ligados ao PT, chamados de “socialistas independentes”, “esquerda social” ou “democrática”[xxxvi]. Eles se encontravam em sua apropriação da “tradição” do pensamento lefortiano, bem como em sua crítica aos escândalos da social-democracia europeia – sem, no entanto, terem negligenciado nem as vicissitudes da burocracia soviética[xxxvii] nem “a degeneração teórica e prática dos partidos autoproclamados revolucionários”[xxxviii]. Daí nasceu sua aspiração a uma concepção própria do socialismo e da democracia, baseada na experiência social e política dos próprios brasileiros.

Embora fossem poucos em comparação com outros grupos que aderiram ao PT na época, esses intelectuais eram figuras públicas influentes, ocupando cargos estratégicos – em grandes universidades ou meios de comunicação – e cujo engajamento contribuiu para reforçar a visibilidade e a credibilidade do partido, segundo Rodrigues[xxxix]. Por outro lado, como lembra Luiz Dulci[xl], eles não procuraram tornar-se a vanguarda de um novo partido.

Eles reivindicavam para o PT o direito de se organizar livremente, insistiam na necessidade de inventar uma identidade partidária propriamente petista e propunham, para além de sua contribuição na análise da realidade social e política do país, mecanismos de organização que questionavam a forma-partido tradicional: núcleos de base, assembleias e encontros democráticos, garantias dos direitos das minorias, restrições ao acúmulo de mandatos, entre outros. É por isso que Luiz Dulci afirma que diversas tendências brasileiras do pensamento democrático e emancipatório convergiram para o PT: desde o cristianismo social, passando pelas diferentes correntes marxistas ou socialistas não marxistas, até os democratas radicais e muitos outros.

Foi precisamente porque a leitura de Claude Lefort feita por esse grupo de intelectuais brasileiros ultrapassou seu uso exclusivo na universidade que ela se revelou frutífera. Embora a efervescência democrática que atravessava o país se expressasse de diversas formas, ela traduzia uma tendência geral em busca de novas concepções e modos de organização política, portadores de reivindicações em favor de uma maior autonomia[xli]. Essa aspiração inscreveu-se na maneira como diferentes movimentos da época concebiam a democracia[xlii]; ela favoreceu a convergência de alguns desses atores em torno de um projeto comum: a criação de um novo partido. Um partido capaz de traduzir essa pluralidade em seu funcionamento interno. Foi assim que nasceu o PT, em 1980.

O interesse pela obra de Claude Lefort, particularmente intenso nessa ala da esquerda brasileira que viveu seu “momento lefortiano” na década de 1980, remonta, portanto, ao período anterior à transição democrática e se prolongou além dele. Como destaca Sérgio Cardoso[xliii] – que obteve seu mestrado sob a orientação de Claude Lefort (1979) e seu doutorado sob a orientação de Marilena Chaui (1990) –, as conferências ministradas por Claude Lefort no Brasil entre 1970 e 1990 também marcaram sua geração de filósofos na USP.

O interesse contínuo de Claude Lefort por este país e dos brasileiros por seus trabalhos levou outros intelectuais, que chegaram à França após a transição, a frequentar seus seminários e, em alguns casos, a realizar pesquisas sob sua orientação[xliv]. Entre eles estão ex-doutorandos da EHESS, como Newton Bignotto (1989), cujo trabalho sobre Maquiavel alimentou suas reflexões sobre o republicanismo, assim como para Sérgio Cardoso[xlv]; ou ainda José Luciano de Oliveira (1991), cuja pesquisa sobre os movimentos pró-democracia contribuiu para suas análises sobre o surgimento de um novo alcance simbólico dos direitos humanos na sociedade brasileira[xlvi].

Mais recentemente, em 2024, a tradução para o português de Le Travail de l’œuvre – apresentada como “a interpretação das interpretações” da obra de Maquiavel[xlvii] –, atesta o interesse sempre vivo dos leitores brasileiros pelas obras de Claude Lefort.

Sem reconstituir em detalhes a história da recepção de Claude Lefort no Brasil, essa justaposição de imagens visa ilustrar a diversidade das formas de apropriação de seu pensamento, que se articulou, sem se limitar a isso, em torno de redes universitárias, militantes e/ou simplesmente de amigos. Ela marcou a época sem, no entanto, “criar uma escola”, e assim alimentou as reflexões em torno da renovação do pensamento e da cultura políticos brasileiros[xlviii].

Não obstante, nos planos histórico e sociopolítico, a esquerda brasileira não pode ser reduzida nem à abordagem desses intelectuais, nem apenas ao PT. No entanto, a trajetória deste último é interessante porque, percebido como um partido inovador[xlix] na América Latina, soube rapidamente tornar-se uma força hegemônica, reivindicando para si a esquerda no plano nacional. Veremos a seguir como o PT conseguiu refletir essa nova apropriação da questão democrática.

*Adriana Escosteguy-Medronho é mestranda na École des hautes études en sciences sociales, EHESS, França.

Tradução: Fernando Lima das Neves.

Publicado originalmente no portal Politika.

Notas


[i] Este artigo é fruto de uma apresentação para a mesa redonda “Une pensée à l’œuvre”, no âmbito do seminário “Claude Lefort: une pensée pour le XXIe?”, organizado por Gilles Bataillon com o apoio do CESPRA, em 28 de novembro de 2024, na Maison de l’Amérique latine, em Paris. Gostaria de agradecer a Céline Canton pela revisão e a Gilles Bataillon pelos conselhos, pela revisão e pela ideia do título, que remete, não por acaso, a “IV. L’impensé de l’Union de la gauche”, in: Claude Lefort, L’invention démocratique. Les limites de la domination totalitaire, Paris, Fayard, 1981, p. 134-165.

[ii] Gilles Bataillon, “Les inédits de Claude Lefort. Jalons d’une œuvre de pensée “, Po&sie, Paris, Éditions Belin/Humensis, n°190, 2024, p. 103-122.

[iii] Bruno V. P. S. Melo, Uma coluna ausente: Lefort leitor de Merleau-Ponty. Filosofia existencial e o pensamento político, Tese de doutorado em Filosofia, Programa de Pós-Graduação Filosofia, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, 11 jul. 2022.

[iv] Sobre isso, ver as diferentes mesas-redondas do colóquio Claude Lefort: a invenção democrática hoje (USP), de 13 a 16 de outubro de 2015. URL: <https://filosofia.fflch.usp.br/node/867>, último acesso: 11/04/2025. Também o dossiê publicado após o colóquio. Cf. Sérgio Cardoso, Silvana de Souza Ramos (org.), “Dossiê Claude Lefort”, Cadernos de Ética e Filosofia Política, vol. 1, n° 32, agosto 2018. URL: https://revistas.usp.br/cefp/issue/view/10784. E, por fim, o trabalho recente de organização dos inéditos feito por: Gilles Bataillon, “Les inédits de Claude Lefort. Jalons d’une œuvre de pensée”, Paris, Belin/Humensis, 2024.

[v] Adjetivo que se refere ao que é próprio do PT brasileiro.

[vi] Claude Lefort, “Les droits de l’homme et la pensée politique de gauche au Brésil”, Problèmes d’Amérique Latine, Eska, n° 98, [1992] 2015/3, p. 11-20. DOI: https://doi.org/10.3917/pal.098.0011.

[vii] Citamos aqui Marilena Chaui, que, segundo Newton Bignotto, inspira-se em Lefort para desenvolver uma teoria da democracia adaptada ao contexto brasileiro. Cf. Newton Bignotto, “Le Brésil à la recherche de la démocratie”, Problèmes d’Amérique latine, n° 98 (3), 2015, p.21-36. URL: <https://doi-org.ezproxy.campus-condorcet.fr/10.3917/pal.098.0021>; Marilena Chaui, “Prefácio”, in: Claude Lefort, A invenção democrática – Os limites da dominação totalitária, São Paulo, Editora Brasiliense, 1983, p. 11.

[viii] Hoje processados no Supremo Tribunal Federal (STF) por terem tentado impedir a transição democrática para o presidente eleito Lula em 2022, eles consideraram vários meios, incluindo o uso da violência, para manter Bolsonaro no poder apesar de sua derrota eleitoral. Cf. Fernanda Vivas, Márcio Falcão, “Bolsonaro vira réu por tentativa de golpe de Estado com unanimidade dos votos na 1ª Turma do STF”, G1 – TV Globo, Brasília, 26 de março de 2025. URL: <https://g1.globo.com/politica/noticia/2025/03/26/turma-do-stf-forma-maioria-para-tornar-reus-bolsonaro-e-mais-7-por-tentativa-de-golpe-de-estado.ghtml>

[ix] Claude Lefort, “Lettre de Paris”, Po&sie, Paris, Éditions Belin/Humensis, n° 190, 2024, p. 87-91, p. 87 (publicado originalmente na revista Kontinent Skandinavia, [1979]).

[x] Claude Lefort, “Lettre de Paris”, Po&sie, Paris, Éditions Belin/Humensis, n° 190, 2024, p. 90 (publicado originalmente na revista Kontinent Skandinavia, [1979]).

[xi] Claude Lefort, “Démocratie et représentation”,in: Daniel Pécaut, Bernardo Sorj (dir.), Métamorphoses de la représentation politique au Brésil et en Europe, Paris, Éditions du CNRS, 1991, p. 223-232, p. 232.

[xii] Claude Lefort, Essais sur le politique, XIXème – XXème siècles, Paris, Seuil, 1986, p. 20.

[xiii] Sérgio Cardoso, “Claude Lefort, ação e crítica (o fio da meada)”, in: Sérgio Cardoso, Silvana de Souza Ramos (dir.), “Dossiê Claude Lefort”, Cadernos de Ética e Filosofia Política, vol. 1, n° 32, 2018.

[xiv] Gilles Bataillon, “Les inédits de Claude Lefort. Jalons d’une œuvre de pensée”, Po&sie, Paris, Éditions Belin, 2024.

[xv] Arthur Hussne, “Sobre o percurso político do jovem Lefort”, Revista Rosa [on-line], vol. 1, n° 3, 27 set. 2020, s./p. URL : <https://revistarosa.com/1/sobre-o-percurso-politico-do-jovem-lefort>.

[xvi] Claude Lefort, Le Travail de l’œuvre Machiavel, Paris, Gallimard, 1972.

[xvii] Gilles Bataillon, “Les inédits de Claude Lefort. Jalons d’une œuvre de pensée”, Po&sie, Paris, Éditions Belin/Humensis, 2024; Sérgio Cardoso e Silvana de Souza Ramos (dir.), “Dossiê Claude Lefort”, Cadernos de Ética e Filosofia Política, vol. 1, n° 32, agosto 2018.

[xviii] Gilles Bataillon, “Les inédits de Claude Lefort. Jalons d’une œuvre de pensée”, Po&sie, Paris, Éditions Belin/Humensis, 2024. 

[xix] Marco Aurélio Garcia, “Claude Lefort e a transformação democrática na América Latina”, [vídeo] Conferência no Colóquio Internacional Claude Lefort: a invenção democrática hoje, organizado pela Universidade de São Paulo no Brasil, em 14 de outubro de 2015, s./p. URL : <https://filosofia.fflch.usp.br/node/867>, último acesso: 11/04/2025.

[xx] Entre eles José Arthur Giannotti, Bento Prado Jr., Fernando Henrique Cardoso, Octavio Ianni, Francisco Weffort, Roberto Schwarz, Ruy Fausto, Paul Singer, etc. Cf. Roberto Schwarz, “Um seminário de Marx”, Seqüências brasileiras – ensaios, São Paulo, Companhia das Letras, 1999, p. 86-105. Mais recentemente, Schwarz, Emir Sader, João Quartim de Moraes e Giannotti publicaram um livro de relatos sobre sua experiência no Seminário, Cf. Nós que amávamos tanto O capital: leituras de Marx no Brasil, São Paulo, Boitempo Editorial, 2017.

[xxi] Excluídos pelo regime por motivos políticos justificados por razões de “segurança nacional”, vários desses intelectuais exilaram-se ou continuaram suas atividades no estrangeiro. Entre os excluídos do Seminário, FHC, Giannotti, Weffort, Ianni e Singer fundaram o prestigiado Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEBRAP), financiado pela Fundação Ford, ao lado de outros pesquisadores. Cf. Bernardo Sorj, A construção intelectual do Brasil contemporâneo: da resistência à ditadura ao governo FHC [on-line], Rio de Janeiro, Centro Edelstein de Pesquisas Sociais, 2008. URL: <https://static.scielo.org/scielobooks/3nwpf/pdf/sorj-9788599662472.pdf>.

[xxii]      José Arthur Giannotti, et al. “Cheminement et aléas d’un travail”, Rue Descartes, n° 76, 2012, p.56-79. URL: <https://doi-org.ezproxy.campus-condorcet.fr/10.3917/rdes.076.0056>.

[xxiii]    Durante sua estadia na França entre 1956 e 1957, no âmbito de seu pós-doutorado na Universidade Paris-Sud XI.

[xxiv]     Roberto Schwarz, “Um seminário de Marx”, Seqüências brasileiras – ensaios, São Paulo, Companhia das Letras, 1999.

[xxv]      Além dos já citados, temos Mário Pedrosa, Sérgio Buarque de Holanda, Paulo Freire, Antonio Candido, Lélia Abramo, Hélio Pellegrino, José Álvaro Moisés (que depois deixou o PT), os irmãos Eder e Emir Sader, e, depois, Florestan Fernandes. Sobre isso, Cf. Luiz Dulci, “Os intelectuais e a criação do PT” in: Flavio Aguiar (dir.), Antonio Candido. Pensamento e militância, São Paulo, Expressão Popular/Fundação Perseu Abramo, 2 ed., 2022, p.171-180; Lincoln Secco, Gramsci e a Revolução, São Paulo, Ed. Alameda, 2006.

[xxvi]     Gilles Bataillon, “Les inédits de Claude Lefort. Jalons d’une œuvre de pensée”, Po&sie, Paris, Éditions Belin/Humensis, 2024.

[xxvii]    Homero Silveira Santiago, Paulo H. F. Silveira, “Percursos de Marilena Chaui: filosofia, política e educação”, Educação e Pesquisa, n° 42, jan.-mar. 2016. URL : <https://doi.org/10.1590/S1517-97022016420100201>, último acesso: 22/05/2025.

[xxviii]  Marco Aurélio Garcia, “Claude Lefort e a transformação democrática na América Latina”, [vídeo] Conferência no Colóquio Internacional Claude Lefort: a invenção democrática hoje, organizado pela Universidade de São Paulo no Brasil, em 14 de outubro de 2015, s./p. URL : <https://filosofia.fflch.usp.br/node/867>.

[xxix]     Faço aqui um parêntese que me poupará a tarefa de reunir todos os textos de Lefort publicados em português. Foi através das minhas leituras de Chaui que descobri Lefort, especialmente através da primeira edição brasileira de L’invention démocratique, que ela coordena e apresenta. Cf. Claude Lefort, A invenção democrática – Os limites da dominação totalitária, São Paulo, Editora Brasiliense, 1983. Ela também colaborou na tradução e publicação Claude Lefort, As formas da história: ensaios de antropologia política [“Les formes de l’histoire”, 1978], São Paulo, Brasiliense, 1979.

[xxx]      Claudia Hilb, “Nuestros años Lefort. Notas sobre la recepción de Claude Lefort en la Argentina de la transición à la democracia”, in: Sérgio Cardoso e Silvana de Souza Ramos (dir.), “Dossiê Claude Lefort”, Cadernos de Ética e Filosofia Política, vol. 1, n° 32, agosto 2018, p.140-150.

[xxxi]     Ele também foi presidente do PT em 2006-2007, assessor especial para assuntos internacionais de Lula e Dilma (2006-2016, até a véspera de sua morte) e fazia parte do círculo íntimo de Lula.

[xxxii]    Lamia Oualalou, “Leia na íntegra o perfil de Marco Aurélio Garcia”, OperaMundi [on-line], 19 fev. 2009. URL : <https://operamundi.uol.com.br/politica-e-economia/16595/leia-na-integra-o-perfil-de-marco-aurelio-garcia>, último acesso: 11/04/2025.

[xxxiii]  Helecine Rodrigues da Silva, “Os exílios dos intelectuais brasileiros e chilenos, na França, durante as ditaduras militares: uma história cruzada”, Nuevo Mundo Mundos Nuevos [on-line], Débats, 07 jun. 2007. URL: <https://journals.openedition.org/nuevomundo/5791>

[xxxiv]   Marco Aurélio Garcia, “Claude Lefort e a transformação democrática na América Latina”, [vídeo] Conferência no Colóquio Internacional Claude Lefort: a invenção democrática hoje, organizado pela Universidade de São Paulo no Brasil, em 14 de outubro de 2015, s./p. URL : <https://filosofia.fflch.usp.br/node/867>.

[xxxv] Juarez Guimarães, “A revolução democrática e o momento lefortiano da democracia brasileira”, in: Sérgio Cardoso, Silvana de Souza Ramos (org.), “Dossiê Claude Lefort”, Cadernos de Ética e Filosofia Política, vol. 1, n° 32, agosto 2018, p. 123-139.

[xxxvi] Na ordem das expressões citadas: Luiz Dulci, “Os intelectuais e a criação do PT”, in: Flavio Aguiar (dir.), Antonio Candido. Pensamento e militância, São Paulo, Expressão Popular/Fundação Perseu Abramo, 2 ed., 2022; Marco Aurélio Garcia, “Claude Lefort e a transformação democrática na América Latina”, [vídeo] Conferência no Colóquio Internacional Claude Lefort: a invenção democrática hoje, organizado pela Universidade de São Paulo no Brasil, em 14 de outubro de 2015; Felipe H. G. Silva, Democracia e Socialismo no Partido dos Trabalhadores (1987-1991), memória do mestrado em história social, Programa de Pós-Graduação em História social, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2012.

[xxxvii] Marco Aurélio Garcia, “Claude Lefort e a transformação democrática na América Latina”, [vídeo] Conferência no Colóquio Internacional Claude Lefort: a invenção democrática hoje, organizado pela Universidade de São Paulo no Brasil, em 14 de outubro de 2015.

[xxxviii] Luiz Dulci, “Os intelectuais e a criação do PT”, in: Flavio Aguiar (dir.), Antonio Candido. Pensamento e militância, São Paulo, Expressão Popular/Fundação Perseu Abramo, 2 ed., 2022, p.171.

[xxxix] Leôncio Martins Rodrigues, “La composition sociale des cercles dirigeants du Parti des Travailleurs”,in: Daniel Pécaut, Bernardo Sorj (dir.), Métamorphoses de la représentation politique au Brésil et en Europe, Paris, Éditions du CNRS, 1991, p. 271-293.

[xl] Luiz Dulci, “Os intelectuais e a criação do PT”, in: Flavio Aguiar (dir.), Antonio Candido. Pensamento e militância, São Paulo, Expressão Popular/Fundação Perseu Abramo, 2022, p.171.

[xli] Marco Aurélio Garcia, “Claude Lefort e a transformação democrática na América Latina”, [vídeo] Conferência no Colóquio Internacional Claude Lefort: a invenção democrática hoje, organizado pela Universidade de São Paulo no Brasil, em 14 de outubro de 2015.

[xlii] Claude Lefort, “Pour une sociologie de la démocratie”, Annales. Économies, sociétés, civilisations, 21 année, n° 4, 1966, p.750-768, p.750.

[xliii] Sérgio Cardoso, “Claude Lefort, ação e crítica (o fio da meada)”, in: Sérgio Cardoso, Silvana de Souza Ramos (dir.), “Dossiê Claude Lefort”, Cadernos de Ética e Filosofia Política, vol. 1, n° 32, agosto 2018.

[xliv] Ruy Fausto, “Uma entrevista inédita com Claude Lefort”, Revista Fevereiro. Política, teoria, cultura [on-line], 27 abril 2004, s./p. URL : < https://www.revistafevereiro.com/?r=02&t=05>

[xlv] Ver, mais recentemente: Sérgio Cardoso, Maquiavelianas: lições de política republicana, São Paulo, Editora 34, 2022, prefácio de Newton Bignotto. E também: Newton Bignotto, O jovem Maquiavel: O aprendizado da política, São Paulo, Bazar do Tempo, 2024.

[xlvi] José Luciano Gois de Oliveira, Imagens da democracia: os direitos humanos e o pensamento político de esquerda do Brasil, São Paulo, Editora Pindorama, 1996, prefácio de Lefort.

[xlvii] Claude Lefort, O trabalho da obra Maquiavel, Belo Horizonte/São Paulo, Editora UFMG/ Todavia, 2024.

[xlviii] Newton Bignotto, “Le Brésil à la recherche de la démocratie”, Problèmes d’Amérique latine, n° 98, 2015.

[xlix] Margareth Keck, A lógica da diferença: o Partido dos Trabalhadores na construção da democracia brasileira, São Paulo, Ática, 1991; Rachel Meneguello, PT: a formação de um partido (1979-1982), Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1989.


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30 Nov 2025 Por JOÃO DOS REIS SILVA JÚNIOR: A "arquitetura da dependência" é uma estrutura total que articula exploração econômica, razão dualista e colonialidade do saber, mostrando como o Estado brasileiro não apenas reproduz, mas administra e legitima essa subordinação histórica em todas as esferas, da economia à universidade
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A disputa mar e terra pela geopolítica dos dados
01 Dec 2025 Por MARCIO POCHMANN: O novo mapa do poder não está nos continentes ou oceanos, mas nos cabos submarinos e nuvens de dados que redesenham a soberania na sombra
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A poesia de Manuel Bandeira
25 Nov 2025 Por ANDRÉ R. FERNANDES: Por trás do poeta da melancolia íntima, um agudo cronista da desigualdade brasileira. A sociologia escondida nos versos simples de Manuel Bandeira
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Colonização cultural e filosofia brasileira
30 Nov 2025 Por JOHN KARLEY DE SOUSA AQUINO: A filosofia brasileira sofre de uma colonização cultural profunda que a transformou num "departamento francês de ultramar", onde filósofos locais, com complexo de inferioridade, reproduzem ideias europeias como produtos acabados
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Raduan Nassar, 90 anos
27 Nov 2025 Por SABRINA SEDLMAYER: Muito além de "Lavoura Arcaica": a trajetória de um escritor que fez da ética e da recusa aos pactos fáceis sua maior obra
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A feitiçaria digital nas próximas eleições
27 Nov 2025 Por EUGÊNIO BUCCI: O maior risco para as eleições de 2026 não está nas alianças políticas tradicionais, mas no poder desregulado das big techs, que, abandonando qualquer pretensão de neutralidade, atuam abertamente como aparelhos de propaganda da extrema-direita global
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O empreendedorismo e a economia solidária
02 Dec 2025 Por RENATO DAGNINO: Os filhos da classe média tiveram que abandonar seu ambicionado projeto de explorar os integrantes da classe trabalhadora e foram levados a desistir de tentar vender sua própria força de trabalho a empresas que cada vez mais dela prescindem
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Biopoder e bolha: os dois fluxos inescapáveis da IA
02 Dec 2025 Por PAULO GHIRALDELLI: Se a inteligência artificial é a nova cenoura pendurada na varinha do capital, quem somos nós nessa corrida — o burro, a cenoura, ou apenas o terreno onde ambos pisam?
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Totalitarismo tecnológico ou digital
27 Nov 2025 Por CLAUDINEI LUIZ CHITOLINA: A servidão voluntária na era digital: como a IA Generativa, a serviço do capital, nos vigia, controla e aliena com nosso próprio consentimento
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Argentina – a anorexia da oposição
29 Nov 2025 Por EMILIO CAFASSI: Por que nenhum "nós" consegue desafiar Milei? A crise de imaginação política que paralisa a oposição argentina
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O parto do pós-bolsonarismo
01 Dec 2025 Por JALDES MENESES: Quando a cabeça da hidra cai, seu corpo se reorganiza em formas mais sutis e perigosas. A verdadeira batalha pelo regime político está apenas começando
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A voz da saga
30 Nov 2025 Por WALNICE NOGUEIRA GALVÃO: Prefácio do livro “Melhores contos”, de João Guimarães Rosa
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Por que a Inteligência artificial não faz justiça? – 2
29 Nov 2025 Por ARI MARCELO SOLON & ALAN BRAGANÇA WINTHER: Os fundamentos da ciência da computação e da filosofia do direito mostram que a Inteligência Artificial é estruturalmente incapaz de realizar justiça, pois esta exige historicidade, interpretação contextual e uma "variável caótica" humana que transcende a mera racionalidade algorítmica
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