Por JULIAN MACFARLANE*
Que os sionistas não se importam com a vida humana fica bastante claro nas ações que se seguiram ao 7 de outubro
Em um artigo recente sobre o ataque de 7 de outubro em Israel e sobre o que se seguiu, tentei elucidar a narrativa apresentada ao público, utilizando uma espécie de análise forense dos acontecimentos e das histórias veiculadas pelos meios de comunicação. Preocupava-me que críticos e analistas eminentes estivessem sendo enganados tanto pela desinformação sionista quanto pela desinformação ocidental.
O que concluí naquela análise foi que o 7 de outubro não foi um ataque terrorista, mas sim um movimento militar estratégico, por parte de um povo ocupado, que exerceu o seu direito à resistência, para capitalizar vantagem, fazendo reféns da potência ocupante e, ao mesmo tempo, desmontando o mito da invulnerabilidade militar sionista.
Como na maioria dos movimentos militares, houve danos colaterais.
Com o passar do tempo, no entanto, ficou claro – a partir de fontes israelenses – que a maioria das vítimas civis foi produzida pela mão dos militares israelenses, inicialmente por unidades de helicópteros Apache, que rapidamente esgotaram a maior parte da sua munição, disparando indiscriminadamente. A eles seguiram-se forças terrestres de tanques e artilharia.
Que os sionistas não se importem com a vida humana fica bastante claro nas ações que se seguiram, de ataque indiscriminado a civis em Gaza, onde o número de mortos se aproxima agora dos 11.000 – talvez metade deles mulheres e crianças. “A culpa não é nossa”, dizem os israelenses, “a culpa é dos ‘terroristas’ que se escondem atrás de ‘escudos humanos’”.
Dos 240 reféns, os israelenses já mataram 60, talvez mais. Em breve não terão que se preocupar com eles, o que os removerá como problema de alguma mesa de negociação. Os sionistas israelenses estão praticando o que os nazistas chamavam de “Sippenhaft” (castigo coletivo), geralmente familiar. Assim, eles têm como alvo mulheres e crianças.
Jornalistas também não estão imunes. O jornalista palestino Mohammad Abu Hasira perdeu sua família quando as FDI atacaram sua casa. Da mesma forma, o chefe do escritório da Al Jazeera, Wael Dahdouh, perdeu a esposa, o filho, a filha, o neto e pelo menos outros oito parentes.
Se alguma vez alguém buscou uma prova da influência do nazismo alemão no sionismo, ei-la aqui. A noção de Sippenhaft remonta aos tempos pré-romanos, e era comum entre os povos germânicos, celtas e eslavos.
Ideologias baseadas em mitologias ancestrais, como o nazismo e o sionismo, muitas vezes tomam práticas antigas e as reinventam. Os nazistas fizeram isso com a Sippenhaft, que nos tempos antigos significava que se alguém fizesse algo ruim, como matar a outrem, a família do culpado teria que pagar um preço – normalmente monetário – caso o próprio culpado não pudesse arcar com ele. Isto refletia a natureza comunal das culturas tribais germânicas, mas, na maioria dos casos, não tinha qualquer intenção totalitária. A instituição visava prevenir rixas perturbadoras, como uma forma primitiva de justiça restaurativa.
A versão nazista, no entanto, visava deixar as pessoas com muito, muito medo de agir contra eles. Como a política nazista, a versão sionista não é codificada, mas usada seletivamente, das mais diversas formas, geralmente disfarçada de “autodefesa”. O propósito final, no entanto, é o mesmo que o dos nazistas: controle totalitário.
O terror tornou-se, progressivamente, para os nazistas, uma tentativa agonística de gestão social, à medida que o seu projeto começava a falhar em todas as frentes, fracasso após fracasso. O terror torna-se, assim, expressão de uma derrota.
Agora, quando os sionistas afundarem, os Estados Unidos podem eventualmente estar com eles, em um abraço de afogados.
*Julian Macfarlane é jornalista canadense.
Tradução: Ricardo Cavalcanti-Schiel.
Publicado originalmente em New Forensics/Substack.
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