As Forças Armadas contra o povo

Imagem: Grupo de Ação
Whatsapp
Facebook
Twitter
Instagram
Telegram

Por GRUPO DE AÇÃO*

Carta-Manifesto e chamada para Ato público no dia 10 de outubro

A história das forças armadas brasileiras tem sido com excessiva frequência a história do uso das armas e da repressão contra o povo. É a história de uma guerra civil não declarada, mas sempre presente. No Brasil reiteradamente este braço armado cumpriu o papel de reprimir revoltas populares, perseguir os mais pobres, e todos aqueles que se levantavam contra a abissal desigualdade social brasileira. Lembremos dos massacres de Canudos (1896, BA), do Caldeirão de Santa Cruz do Deserto (CE, 1937). Dos mortos de Eldorado de Carajás (1996). Dos mortos e desaparecidos da ditadura (1964-1985). Da morte cotidiana de jovens na periferia, na sua maioria pretos e pardos, por policiais militares.

Mais uma vez, paira sobre nossas cabeças o fantasma de um governo militar de fato. Hoje como ontem, ele é sócio do projeto liberal e fiador do autoritarismo. As forças armadas e policiais são parte do problema. Caucionam desmandos, legitimam desigualdades e tentam gerir o caos.

Além de um capitão saudosista da ditadura na presidência, outros 6.157 militares da ativa e da reserva ocupam cargos no governo. Os mais exaltados pregam patéticas teorias conspiratórias, requentam preconceitos de todo tipo e, como se não bastasse, são incompetentes na gestão pública. Quando não intervém é que as coisas melhoram.

Por isso, a catástrofe dos milhares de mortos da pandemia também entra na conta dos generais. Novamente eles aplicam uma política de morte. Desaparecem com os corpos ao impedir o luto. Alimentam a indiferença, naturalizam uma forma de governo baseada numa política mortífera. A solidariedade social é implodida e o programa econômico que sustentam destrói direitos e acaba com as proteções sociais.

Como nos anos 1970, crescem os desmatamentos e as queimadas. Sofrem, mas também resistem, os povos da floresta. A biodiversidade e o clima são ameaçados. A Amazônia volta a ser o “inferno verde”, como era chamada pelos militares na ditadura. Nossa riqueza ambiental, na lógica do capital, é somente um ativo, um insumo, uma fonte de lucro.

Contra essas práticas, sempre houve resistência e organização. Lembremos das imagens da insubmissão de Canudos, das inúmeras revoltas populares, da resistência indígena, dos que lutaram contra a ditadura, dos que se batem contra a destruição das vidas e da natureza.

A mão amiga (do capital) e o braço forte (contra o povo) tal como existem hoje não podem ter vez na sociedade livre e justa que merecemos.

ATO – 10/10/2020 – 16 H – Praça Carlos Gardel

*Grupo de Ação é um grupo apartidário e espontâneo de ativistas, artistas, advogadas, professores, profissionais de saúde, estudantes, editoras e comunicadores.

Veja neste link todos artigos de

10 MAIS LIDOS NOS ÚLTIMOS 7 DIAS

__________________
  • A colonização da filosofiamar estacas 14/11/2024 Por ÉRICO ANDRADE: A filosofia que não reconhece o terreno onde pisa corrobora o alcance colonial dos seus conceitos
  • A massificação do audiovisualcinema central 11/11/2024 Por MICHEL GOULART DA SILVA: O cinema é uma arte que possui uma base industrial, cujo desenvolvimento de produção e distribuição associa-se à dinâmica econômica internacional e sua expansão por meio das relações capitalistas
  • Ainda estou aqui — habeas corpus de Rubens Paivacultura ainda estou aqui 2 12/11/2024 Por RICARDO EVANDRO S. MARTINS: Comentário sobre o filme dirigido por Walter Salles
  • O entretenimento como religiãomóveis antigos máquina de escrever televisão 18/11/2024 Por EUGÊNIO BUCCI: Quando fala a língua do rádio, da TV ou da Internet, uma agremiação mística se converte à cosmogonia barata do rádio, da televisão e da internet
  • A execução extrajudicial de Sílvio Almeidaqueima de livros 11/11/2024 Por MÁRIO MAESTRI: A denúncia foi patrocinada por uma ONG de raiz estadunidense, o que é paradoxal, devido à autoridade e status oficial e público da ministra da Igualdade Racial
  • Os concursos na USPMúsica Arquitetura 17/11/2024 Por LINCOLN SECCO: A judicialização de concursos públicos de docentes na USP não é uma novidade, mas tende a crescer por uma série de razões que deveriam preocupar a comunidade universitária
  • O porto de Chancayporto de chankay 14/11/2024 Por ZHOU QING: Quanto maior o ritmo das relações econômicas e comerciais da China com a América Latina e quanto maior a escala dos projetos dessas relações, maiores as preocupações e a vigilância dos EUA
  • A falácia das “metodologias ativas”sala de aula 23/10/2024 Por MÁRCIO ALESSANDRO DE OLIVEIRA: A pedagogia moderna, que é totalitária, não questiona nada, e trata com desdém e crueldade quem a questiona. Por isso mesmo deve ser combatida
  • Ainda estou aquicultura ainda estou aqui 09/11/2024 Por ERIK CHICONELLI GOMES: Comentário sobre o filme dirigido por Walter Salles
  • Antonio Candido, anotações subliminaresantonio candido 16/11/2024 Por VINÍCIUS MADUREIRA MAIA: Comentários sobre os mais de setenta cadernos de notas feitos por Antonio Candido

PESQUISAR

Pesquisar

TEMAS

NOVAS PUBLICAÇÕES