Guia do cinema político – II

Whatsapp
Facebook
Twitter
Instagram
Telegram

Por WALNICE NOGUEIRA GALVÃO

Uma seleção de filmes sobre as grandes revoluções, com indicação das plataformas em que estão disponíveis

Revolução Russa

O Encouraçado Potemkin (1925) – dir.: Sergei M. Eisenstein. Na Revolução de 1905, os marinheiros de Kronstadt se rebelam contra os maus tratos a que estavam sujeitos. Espetacular massacre de inocentes na escadaria de Odessa. YOUTUBE

Outubro (1927) – dir.: Eisenstein. Concebido para celebrar os 10 anos da Revolução de 1917, com reconstituição quase documental de seus fastos, as grandes discussões táticas e estratégicas, os saltos bruscos dos eventos. TELECINE, YOUTUBE (October)

Reds – Dez Dias que Abalaram o Mundo (1981) dir.: Warren Beatty. Drama biográfico baseado na vida de John Reed, jornalista e escritor socialista norte-americano que fez uma reportagem in loco retratando a Revolução Russa, em seu livro clássico Dez dias que abalaram o mundo (Penguin). Está enterrado nas muralhas do Kremlin como heroi do povo, rara distinção atribuída a um estrangeiro.FILMESDETV, YOUTUBE

Revolução Francesa

Danton (Polônia, 1982) – dir.: Andrej Wajda. Os embates entre concepções diferentes do que deveria ser a revolução, travados entre dois homens fortes da liderança: Danton, encarnado por Gerard Depardieu, e Robespierre, pelo grande ator polonês Przoniak; NOW, YOUTUBE

Casanova e a Revolução (Itália, 1982) – dir.: Ettore Scola. Focaliza a tentativa de fuga de Luis XVI, a qual, fracassada, assinala a radicalização da Revolução Francesa e seu caminho sem volta, que culminaria na execução do rei na guilhotina. DVD

A Revolução em Paris (França, 2018) – dir.: Pierre Schoeller. Em 1789, o povo se subleva e exige liberdade, igualdade e fraternidade. A revolução avoluma-se, arrastando destinos, tornando obsoleto o Antigo Regime e dando nascimento à República. TELECINEPLAY, NOW

 Revolução Mexicana

Que Viva México! (1931) – dir.: Eisenstein. Embora meio espúrio porque concluído por mãos alheias, ainda é melhor que tantos outros. Lá estão a beleza plástica dos filmes desse diretor, a montagem sobre a qual teorizou, o olho para o episódio inusitado – como o culto dos mortos, os esqueletos que dançam, as caveiras por toda parte. YOUTUBE

Reed, Mexico Insurgente (1973) dir.: Paul Leduc. O diretor mexicano vai atrás da passagem pelo México do jornalista John Reed, repórter americano autor da proeza única de cobrir a Revolução Russa para a história. YOUTUBE

Quando Explode a Vingança (1971) – dir.: Sergio Leone. Inventor do spaghetti western o diretor Sergio Leone, sempre libertário, junta revolucionários forasteiros e marginais nativos no propósito de expropriar um banco mexicano. TELECINEPLAY, YOUTUBE

Viva Zapata! (1952) – dir.: Elia Kazan, com roteiro do romancista John Steinbeck. Biografia ficcional do líder revolucionário camponês Emiliano Zapata. Morreria assassinado, à traição, e teria seus ideais malbaratados hoje reivindicados pelos zapatistas de Chiapas. YOUTUBE

O Violino (2005) – dir.: Francisco Vargas Quevedo. Os embates entre rebeldes e soldados visando recuperar um estoque de armas que a guerrilha escondeu. Vemos avô violinista, pai e neto na resistência. Discreto, reservado, é um filme de dignidades, silêncios e esperas. YOUTUBE (El Violino)

Enamorada (1946) – dir.: Emílio “El Indio” Fernández. Filmado por Gabriel Figueroa, um dos maiores câmeras da história do cinema e predileto de Luis BuñuelA beldade, filha do homem mais rico do lugar, despreza a corte que recebe do comandante revolucionário, com direito a serenata de mariachis cantando Malagueña. Ela é Maria Félix, então considerada uma das mais belas mulheres do mundo. YOUTUBE

 Guerra Civil Espanhola

Espoir: Sierra de Teruel (1939) dir.: André Malraux. O escritor francês foi um dos muitos intelectuais de esquerda que lutaram nessa guerra. Malraux criou e liderou uma esquadrilha de aviões que teve um papel único nas hostilidades. O filme foi parte do esforço de propaganda mas acabou por se tornar um réquiem para os vencidos. YOUTUBE

Mourir à Madrid (1963) – dir.: Frédéric Rossif. Documentário dedicado a um histórico bem completo da guerra, examinando os principais lances e as diferentes linhas políticas que ali se manifestaram. YOUTUBE (Morrer em Madrid).

Terra e Liberdade (1995) dir.: Ken Loach. Em tributo aos vencidos, narra a história de um operário desempregado inglês que vai lutar nas Brigadas Internacionais, constituídas por simpatizantes do mundo todo que acorreram em defesa da República, ameaçada pelo golpe reacionário do general Franco. YOUTUBE

O Massacre em Guernica (2015) – dir.: Koldo Serra. O dia em que foi inventada uma atrocidade dos tempos modernos: o bombardeio aéreo de saturação de um alvo civil, executado pelos aviões enviados por Hitler para apoiar o general Franco. A tela monumental de Picasso intitulada Guernica é uma homenagem à pequena cidade basca arrasada em poucas horas, e o pintor estipulou que essa obra ficaria fora da Espanha até a morte de Franco. NOW, YOUTUBE

 Revolução Chinesa

China (1972)dir.: Michelangelo Antonioni. Documentário de 6 horas, ou três filmes de 2 horas cada, exibidos em sequência, em versão restaurada e remasterizada. Testemunho insubstituível sobre a China à época, foi renegado pelos chineses, descontentes com o resultado. Mas é um documento maravilhoso e único, conduzido por um grande cineasta. Penetra nas fábricas, nas lavouras do campo, nos jardins de infância, nas escolas para adultos, nos lares. Assistimos a uma operação cesariana em que a parturiente é anestesiada apenas por acupuntura… E assim por diante. YOUTUBE (Chung Kuo – Cina)

Adeus, Minha Concubina (China,1991) – dir.: Chen Kaige. Um balanço da Revolução Cultural, focalizando dois amigos de infância que são atores na Ópera de Pequim, um deles especializado em papeis femininos. Um dos muitos filmes que analisam essa fase da história da Revolução Chinesa, tentando um balanço dos estragos que operou e de que há rastros até hoje. FILMESDETV

O Horizonte é Vermelho (1960/1970). Obra da Revolução Cultural: uma história da revolução chinesa sintetizada em meia dúzia de quadros fortemente simbólicos e alegóricos, de uma beleza plástica incomparável. YOUTUBE (The East is Red)

 Revolução Cubana

Soy Cuba (1964) – dir.: Kalatozov. Ficção, com quatro histórias. Superprodução filmada poucos anos após a revolução, com objetivo propagandístico. A coprodução soviético-cubana, objeto de controvérsias

Tanto na União Soviética como em Cuba, caiu no ostracismo durante décadas, mas hoje é um épico cult. Restaurado por Martin Scorsese. YOUTUBE

Soy Cuba – O Mamute Siberiano (2004) – dir.: Vicente Ferraz. Obcecado pelo enigmático filme que ninguém vira e tinha desaparecido, o diretor documenta sua busca, entrevistando atores e técnicos que tinham participado da coprodução. O filme intercala trechos do original, de que dá uma boa ideia. FILMESDETV

Che (2008) dir.: Steven Soderbergh. Um reconstituição da vida e feitos de Guevara, indo desde seus inícios, com a participação na Revolução Cubana, até sua morte na Bolívia quando tentava aplicar extramuros os princípios revolucionários. FILMESDETV

Revolução dos Cravos

Capitães de Abril (Portugal, 2000) – dir.: Maria Medeiros. No dia 25 de abril de 1974, a revolução deflagrou: capitães de vinte anos, em toda a sua boa-vontade e modéstia, estavam fazendo história. Vemos o cunho cândido, improvisado e até desastrado do movimento, que nada tinha de uma máquina bélica de eficiência aliada à pompa e glória de um passado heroico mitificado. Eles são heróis, mas despretensiosos e imunes à sedução do poder. YOUTUBE

*Walnice Nogueira Galvão é professora emérita da FFLCH da USP. Autora, entre outros livros, de Lendo e relendo (Senac/Ouro sobre azul).

Publicado originalmente na revista Teoria e Debate,

[Embutir link] https://teoriaedebate.org.br/colunas/guia-do-cinema-politico-na-quarentena-parte-2/

Para ler a primeira parte acesse https://dpp.cce.myftpupload.com/guia-do-cinema-politico/

 

 

Veja todos artigos de

10 MAIS LIDOS NOS ÚLTIMOS 7 DIAS

Bolsonarismo – entre o empreendedorismo e o autoritarismo
Por CARLOS OCKÉ: A ligação entre bolsonarismo e neoliberalismo tem laços profundos amarrados nessa figura mitológica do "poupador"
Fim do Qualis?
Por RENATO FRANCISCO DOS SANTOS PAULA: A não exigência de critérios de qualidade na editoria dos periódicos vai remeter pesquisadores, sem dó ou piedade, para um submundo perverso que já existe no meio acadêmico: o mundo da competição, agora subsidiado pela subjetividade mercantil
O marxismo neoliberal da USP
Por LUIZ CARLOS BRESSER-PEREIRA: Fábio Mascaro Querido acaba de dar uma notável contribuição à história intelectual do Brasil ao publicar “Lugar periférico, ideias modernas”, no qual estuda o que ele denomina “marxismo acadêmico da USP
Carinhosamente sua
Por MARIAROSARIA FABRIS: Uma história que Pablo Larraín não contou no filme “Maria”
Distorções do grunge
Por HELCIO HERBERT NETO: O desamparo da vida em Seattle ia na direção oposta aos yuppies de Wall Street. E a desilusão não era uma performance vazia
Carlos Diegues (1940-2025)
Por VICTOR SANTOS VIGNERON: Considerações sobre a trajetória e vida de Cacá Diegues
Ideologias mobilizadoras
Por PERRY ANDERSON: Hoje ainda estamos em uma situação onde uma única ideologia dominante governa a maior parte do mundo. Resistência e dissidência estão longe de mortas, mas continuam a carecer de articulação sistemática e intransigente
O jogo claro/escuro de Ainda estou aqui
Por FLÁVIO AGUIAR: Considerações sobre o filme dirigido por Walter Salles
A força econômica da doença
Por RICARDO ABRAMOVAY: Parcela significativa do boom econômico norte-americano é gerada pela doença. E o que propaga e pereniza a doença é o empenho meticuloso em difundir em larga escala o vício
Maria José Lourenço (1945/2025)
Por VALERIO ARCARY: Na hora mais triste da vida, que é a hora do adeus, Zezé está sendo lembrada por muitos
Veja todos artigos de

PESQUISAR

Pesquisar

TEMAS

NOVAS PUBLICAÇÕES