Por ANDREW KORYBKO*
Relatórios indicam que Kiev e seus patronos ocidentais transformaram em arma os golpes por telefone dos ucranianos para orquestrar ataques terroristas dentro da Rússia
A guerra por procuração entre a OTAN e a Rússia no território da Ucrânia tem sido caracterizada por ataques não convencionais e convencionais, embora o Ocidente tenha se concentrado, em grande parte, apenas nos meios especulativos pelos quais a Rússia está supostamente promovendo o que a mídia tradicional popularmente chama de guerra híbrida. No entanto, alguns relatórios ainda estão sendo divulgados, indicando que Kiev e seus patronos ocidentais transformaram em arma os golpes por telefone dos ucranianos para orquestrar ataques terroristas dentro da Rússia.
Esses fraudadores estão ativos há anos e costumavam simplesmente enganar suas vítimas em casa, na Rússia e em outros lugares da Europa por meio de vários esquemas telefônicos que visam principalmente os idosos. Eles aumentaram enormemente seus ataques em todo o continente desde o início da operação especial da Rússia e provocaram tal opróbrio dos parceiros ocidentais da Ucrânia que Kiev foi forçada a reprimir. A Infosecurity Magazine, sediada no Reino Unido, relatou pelo menos dois desses incidentes em novembro e março.
O primeiro dizia respeito a “uma grande quadrilha de fraude on-line responsável por perdas estimadas em 200 milhões de dólares” em toda a Europa, enquanto o segundo foi comparativamente menos significativo, pois “interrompeu uma prolífica quadrilha de phishing que teria roubado 160 milhões de grívnias (4,3 milhões dólares) de vítimas em toda a Europa”. Enquanto isso, o BankInfoSecurity, com sede nos EUA, informou em junho que Kiev reprimiu “fraudes de falsos investimentos que envolviam o roubo de criptomoedas e detalhes de cartões de créditos de cidadãos europeus e da Ásia Central”.
Todos os três casos e outros além do escopo deste artigo confirmam que a Ucrânia abriga golpistas por telefone que estão ativos em todo o continente e que continuaram extorquindo pessoas comuns nos parceiros ocidentais do país, apesar da ajuda de mais de 160 bilões de dólares que seus governos deram a Kiev. No entanto, essas medidas repressivas não acabaram com esse flagelo, mas fizeram com que o Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU) assumisse o controle dessas operações e as transformasse em armas para orquestrar ataques terroristas dentro da Rússia.
O Daily Beast noticiou o relatório do Ministério do Interior da Rússia no início de agosto sobre a forma como isso está acontecendo com mais frequência atualmente. Os golpistas começaram a se passar por autoridades de segurança locais para manipular seus alvos, na maioria idosos, a fim de que compartilharem informações financeiras que os tornem suscetíveis a serem chantageados para realizar esses ataques. As narrativas específicas empregadas variam, mas a maioria tem esse modus operandi em comum.
O motivo pelo qual esse relatório de um mês atrás é digno de notícia no presente é o precedente estabelecido por esses mesmos golpistas por telefone que visam cidadãos europeus nos últimos 18 meses. À medida que o público ocidental começa a se desgostar com a perspectiva cada vez mais provável de financiar indefinidamente a guerra por procuração, pelo menos na ausência de um evento de cisne negro, como a Rússia rompendo as linhas de frente para encerrar o conflito de forma decisiva, não se pode descartar a possibilidade do SBU ordenar que seus procuradores também atinjam novamente os europeus.
Essa nova forma de guerra híbrida poderia ser usada para orquestrar ataques terroristas de falsa bandeira na Europa, que seriam atribuídos à Rússia para manipular a opinião pública a favor da Ucrânia. A Polônia é um alvo particularmente atraente do ponto de vista de Kiev, considerando as disputas crescentes entre os dois países no último mês, que foram detalhadas aqui. O SBU poderia, portanto, matar dois coelhos com uma cajadada só, punindo a Polônia e, paralelamente, manipulando-a para que mantenha o fluxo de ajuda, apesar de seus problemas mais recentes.
Deve-se mencionar também que os membros da “Legião Estrangeira” também poderiam desempenhar um papel, emprestando suas habilidades no idioma nativo para essa operação em troca de serem realocados em uma aconchegante central de atendimento controlada pelo SBU, em vez de arriscarem suas vidas invadindo campos minados russos sob fogo sem apoio aéreo. Esses métodos terroristas comprovados e a motivação lógica para alvejar os europeus significam que qualquer relato relacionado a “conspirações russas de guerra híbrida” são provavelmente bandeiras falsas orquestradas pelo SBU.
*Andrew Korybko é mestre em Relações Internacionais pelo Instituto Estadual de Relações Internacionais de Moscou. Autor do livro Guerras híbridas: das revoluções coloridas aos golpes (Expressão Popular).
Tradução: Fernando Neves de Lima.
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