Por CARLA TEIXEIRA*
19J será apenas mais uma das inúmeras manifestações que virão
“Nós decidimos: de agora em diante / Temeremos mais a miséria do que a morte” (Bertold Brecht em “Resolução”, na peça Os dias da Comuna)
As últimas manifestações democráticas de 29 de Maio foram um sucesso. Os brasileiros que saíram às ruas deram ao país e ao resto do mundo lições de civilidade e de cuidados sanitários individuais e coletivos. As imagens mostraram todos usando máscara, em muitos lugares o distanciamento físico foi respeitado com manifestantes marchando pacificamente em filas quilométricas. De norte a sul do país, os gritos de protestos foram uníssonos: Fora Bolsonaro, auxílio emergencial digno e vacina para todos já.
Estima-se que, em 29 de maio, 400 mil pessoas saíram às ruas para protestar e prestar solidariedade às quase 500 mil mortes causadas pela pandemia e o completo descaso das autoridades do país. Para este 19 de junho, a expectativa é que pelo menos 1 milhão de pessoas saiam às ruas em atos já confirmados em mais de 400 cidades do Brasil e do exterior. Como esperado, as manifestações se avolumam e o sentimento de indignação diante da tragédia que abate o país tende a se aglutinar em palavras de ordem contra o genocídio praticado pelo atual governo militar.
Bolsonaro sabe que sua batata está assando e tudo indica que 2022 não repetirá a fraude eleitoral que o beneficiou, em 2018. Por isso imita o fascista italiano, Benito Mussolini, e chama seus apoiadores para passeios de moto sem qualquer adesão popular (estima-se que apenas 6 mil pessoas participaram da “motociata” de São Paulo). Devemos nos ater aos números, pois se o governo está contra o povo e conta com toda a força e estrutura do Estado, fato é que somos a maioria que detém as condições para a mobilização popular e a ação política necessárias para ditar o destino do Brasil.
As ameaças de golpe são constantes e permanentes, mas qual outra opção Bolsonaro tem? A CPI do Genocídio vem confirmando com dados, fatos e evidencias aquilo que muitas pessoas, há tempos, estão dizendo: Jair Bolsonaro decidiu não comprar vacinas, apostou num tratamento precoce ineficaz enquanto a prática da “imunidade de rebanho por contágio” mata centenas de milhares de brasileiros abandonados à própria sorte por seu governo que adora torturadores e reverencia a ditadura. Tudo indica que, ao deixar o poder, Bolsonaro e seus capangas (incluindo os capangas generais) serão responsabilizados, também em tribunais internacionais, pelas mortes que causaram e os crimes que cometeram contra a vida humana.
Tudo o que sobe, desce. É a lei. Jair Bolsonaro é protagonista de um crime doloso e continuado contra a vida dos brasileiros e, cedo ou tarde, será responsabilizado por seus atos. Não devemos nos intimidar diante das ameaças violentas de Bolsonaro e seus capangas militares. Haveremos de – organizados e mobilizados – dar o lugar devido a cada um dos traidores da pátria que prejudicaram o Brasil e mataram brasileiros em nome de interesses individuais e corporativos. 19J será apenas mais uma das inúmeras manifestações que virão. De novo, bradaremos em uníssono que queremos democracia, queremos vacinas, queremos auxílio emergencial digno, queremos respeito: Fora Bolsonaro! Para vencer o vírus e liquidar o verme.
*Carla Teixeira é doutoranda em História na UFMG.