Por LEONARDO BOFF*
O Brasil sempre foi mantido dependente, sócio menor do grande negócio mundial. Dado este fato, devemos pensar que tipo de Independência temos e qual Independência buscamos
7 de setembro é o dia de nossa “Independência”. Desde que foi ocupado pelas potências estrangeiras o território do país foi feito uma colônia, fundada no cruel trabalho escravo e se criou aqui a Empresa Brasil a serviço dos colonizadores.
O Estado não surgiu como fruto de contrato social com a população. Ele veio de fora, imposto de cima para baixo. Sua função era munir de bens naturais as potências dominadoras. Isso continua até hoje porque o que exportamos são commodities, soja, milho, frutas, minérios e outros bens naturais na mesma lógica da colônia.
O Brasil sempre foi mantido dependente, sócio menor do grande negócio mundial. Dado este fato, devemos pensar que tipo de Independência temos e qual Independência buscamos. Nosso desafio é romper com a dependência e fazer todo o esforço de “refundar” o Brasil.
Nesse sentido, depois de anos de discussão com as bases e com Darcy Ribeiro escrevi o “Brasil: concluir a refundação ou prolongar a dependência” (Vozes 2018).
Nas belas palavras do cientista político Luiz Gonzaga de Souza Lima que pensou a vida toda sobre A refundação do Brasil: rumo a uma sociedade biocentrada: “Refundar é construir uma organização social que busque e promova a felicidade, a alegria, a solidariedade, o bem-comum, o vínculo e o compromisso com a vida de todos”.
Ao se refundar o Brasil deixa para trás as amarras que o mantém na dependência daquelas potências que estão levando a humanidade para o abismo.
Aqui podemos nos escapar deste risco e fazer um ensaio novo de civilização, na jovialidade de viver todos juntos na Casa comum. É a nossa grande utopia viável.
*Leonardo Boff, é teólogo, filósofo e escritor. Autor, entre outros livros, de Brasil: concluir a refundação o prolongar a dependência? (Vozes).
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