Abaixo-assinado: Anistia nunca mais

Imagem: Manifesto Coletivo
Whatsapp
Facebook
Twitter
Instagram
Telegram

Por MANIFESTO COLETIVO*

Movimento em favor da instalação de um tribunal popular e da desmilitarização do Estado brasileiro

O Brasil criou seus impasses por meio do esquecimento. Como se não falar, não julgar, não elaborar, pudesse nos garantir alguma forma de paz. Foi assim em vários momentos de sua história, criando uma verdadeira compulsão de repetição. As violências coloniais nunca foram objeto de elaboração devida. Da mesma forma, as violências da ditadura militar foram caladas através de uma anistia que, longe de ter sido resultado de algum “acordo nacional”, foi fruto de uma imposição dos próprios militares e da conveniência de seus aliados civis. Este é um país de silêncio.

Só que agora está claro para quem quiser ver que esse silêncio nos custa caro. Ele custa nosso futuro. Pois um país que ignora a força histórica, da justiça e da reparação condena-se a estar sempre acorrentado ao seu próprio passado. Ele não pode nunca ver o passado passar, porque aqui não há luto, não há dolo, não há responsabilização.

A partir do começo de 2023, o país ganhará tempo para se fortalecer diante dos embates que virão. A extrema direita brasileira, apoiada na ressurreição do fascismo nacional, demonstrou força enorme e, contrariamente ao pensamento mágico de alguns, não desaparecerá. Combatê-la passa por nomear seus crimes e exigir verdade e justiça. O país não aguenta mais um pacto extorquido e nem merece mais uma farsa dessa natureza.

Os mesmos que não foram responsabilizados pelos crimes perpetrados pela ditadura militar voltaram para “gerir” o país em um de seus momentos mais dramáticos, a saber, diante da pandemia mundial que levou ao menos 700 mil pessoas entre nós. Esse número aterrador não foi uma fatalidade, mas sim fruto da negligência criminosa e da indiferença atroz. O que ocorreu entre nós foi um crime de Estado e deve ser tratado como tal. Por isso, chamamos todes à luta pela instalação de um Tribunal Popular que tem como função forçar o debate público e a ação do novo governo.

Essa ação deve ser acompanhada de outra, tão urgente quanto necessária. Por isso, este chamado é também para juntarmos forças e exigirmos a desmilitarização imediata do Estado brasileiro. Isso significa tanto o afastamento dos militares das instâncias de decisão e administração do Estado quanto o afastamento de toda a cúpula do comando militar envolvida com o governo anterior. Que todos eles passem para a reserva. Nos últimos quatro anos, os militares chantagearam continuamente a sociedade brasileira, com ameaças de golpe e intervenções diretas nos processos políticos nacionais. Isso não pode passar impune. Em uma democracia, os militares não existem politicamente. Eles não falam, não agem e não intervêm sob circunstância alguma. Uma das maiores aberrações da Constituição de 1988 foi definir as forças armadas como “guardiãs da ordem”. Em uma democracia real, quem defende a sociedade é a própria sociedade e não necessita de qualquer força exterior a si mesma para tanto. Está na hora de nos defendermos de nossos “defensores”.

Convidamos a todes para essa dupla luta. Mostremos de forma clara o que não aceitamos mais e consolidemos uma força ofensiva que obrigue os que nos governam a terminar, de uma vez, com a espiral de silêncio que marcou até hoje nosso país.

 [CLIQUE AQUI PARA ASSINAR O MANIFESTO]
E veja também quem já o assinou

Veja neste link todos artigos de

AUTORES

TEMAS

10 MAIS LIDOS NOS ÚLTIMOS 7 DIAS

Lista aleatória de 160 entre mais de 1.900 autores.
Eugênio Trivinho Yuri Martins-Fontes Ricardo Musse Carla Teixeira Plínio de Arruda Sampaio Jr. Manchetômetro Francisco Fernandes Ladeira Luiz Carlos Bresser-Pereira José Micaelson Lacerda Morais Mário Maestri Ricardo Abramovay João Paulo Ayub Fonseca Vanderlei Tenório João Carlos Salles Luis Felipe Miguel Andrew Korybko Paulo Nogueira Batista Jr Manuel Domingos Neto Thomas Piketty Fernão Pessoa Ramos Paulo Martins Samuel Kilsztajn Jean Pierre Chauvin Gilberto Maringoni Ricardo Fabbrini Ricardo Antunes Chico Alencar Rodrigo de Faria Jean Marc Von Der Weid Milton Pinheiro José Geraldo Couto Heraldo Campos Vinício Carrilho Martinez Francisco de Oliveira Barros Júnior Lorenzo Vitral Salem Nasser Juarez Guimarães Antonino Infranca Mariarosaria Fabris Rafael R. Ioris Osvaldo Coggiola Airton Paschoa Ronald León Núñez Antonio Martins Eliziário Andrade Gabriel Cohn Walnice Nogueira Galvão Berenice Bento José Luís Fiori João Carlos Loebens Marilena Chauí José Costa Júnior Michael Roberts Valerio Arcary Alexandre de Freitas Barbosa Elias Jabbour Marcelo Módolo Luiz Marques Everaldo de Oliveira Andrade Claudio Katz Marcelo Guimarães Lima Otaviano Helene Lucas Fiaschetti Estevez Alexandre de Lima Castro Tranjan Tadeu Valadares Daniel Afonso da Silva Paulo Fernandes Silveira Bruno Fabricio Alcebino da Silva Sergio Amadeu da Silveira João Feres Júnior Tales Ab'Sáber Julian Rodrigues Boaventura de Sousa Santos Ronald Rocha Bento Prado Jr. Luiz Renato Martins Gerson Almeida Luís Fernando Vitagliano Ronaldo Tadeu de Souza Ari Marcelo Solon Bernardo Ricupero João Adolfo Hansen Igor Felippe Santos Gilberto Lopes Érico Andrade Alexandre Aragão de Albuquerque Lincoln Secco Tarso Genro Dennis Oliveira Henry Burnett Vladimir Safatle Flávio Aguiar José Raimundo Trindade Leonardo Sacramento Marilia Pacheco Fiorillo Luiz Eduardo Soares Alysson Leandro Mascaro Michel Goulart da Silva José Dirceu Fernando Nogueira da Costa Celso Frederico Antônio Sales Rios Neto Matheus Silveira de Souza Caio Bugiato Denilson Cordeiro Anselm Jappe Benicio Viero Schmidt Celso Favaretto Ladislau Dowbor Renato Dagnino Jorge Branco Chico Whitaker Marjorie C. Marona Marcos Aurélio da Silva Michael Löwy Valerio Arcary Alexandre de Oliveira Torres Carrasco Eugênio Bucci André Singer Liszt Vieira Dênis de Moraes João Lanari Bo Marcus Ianoni Afrânio Catani Carlos Tautz Maria Rita Kehl Fábio Konder Comparato Kátia Gerab Baggio Luiz Bernardo Pericás Flávio R. Kothe Luciano Nascimento Francisco Pereira de Farias Remy José Fontana Slavoj Žižek José Machado Moita Neto Eleonora Albano Leonardo Avritzer Paulo Sérgio Pinheiro Rubens Pinto Lyra Luiz Roberto Alves Paulo Capel Narvai Andrés del Río Daniel Brazil Annateresa Fabris Priscila Figueiredo Henri Acselrad Eleutério F. S. Prado Bruno Machado Daniel Costa Leda Maria Paulani Marcos Silva Atilio A. Boron João Sette Whitaker Ferreira Sandra Bitencourt Eduardo Borges Luiz Werneck Vianna Leonardo Boff Armando Boito Jorge Luiz Souto Maior André Márcio Neves Soares

NOVAS PUBLICAÇÕES