Por SIMÃO PEDRO*
Lula trouxe esperança para grandes parcelas de brasileiros e do mundo de que outro caminho é possível para o Brasil
Nos últimos dias saíram pesquisas de opinião avaliando o desempenho do governo neste momento de intensificação da crise sanitária e social e a preferência do eleitorado para candidatos à presidência a partir do fato novo da volta de Lula ao jogo político-eleitoral.
Lula, de fato, entrou como um meteoro na cena política. Além da entrevista que deu na quarta-feira, dialogando com os trabalhadores e população pobre e acenando para o setor médio e partidos do centro político, pregando união contra o genocídio patrocinado por Bolsonaro, passou a agir para intermediar a compra de vacinas Sputinik pelos governadores junto ao Fundo Soberano da Rússia e ontem em entrevista na CNN internacional cobrou dos países ricos sua responsabilidade na distribuição das vacinas para todos os países afetados e também cobrou de Joe Biden que lidere processo de democratização do acesso das vacinas para o Brasil e outros países.
Lula trouxe esperança para grandes parcelas de brasileiros e do mundo de que outro caminho é possível para o Brasil sair do atoleiro causado pelo golpe de 2016.
Bolsonaro, como era esperado, subiu na avaliação negativa e caiu na avaliação positiva dos brasileiros, no momento mais terrível da Pandemia que ceifou a vida de 280 mil brasileiros (20% do total de mortos no mundo). Esse fato foi registrado pela pesquisa do DataFolha publicada ontem em hoje: 44% consideram seu governo ruim/péssimo e 22% consideram bom/ótimo. Sua gestão é avaliada como regular por 24%. Para 56%, Bolsonaro é incapaz de liderar o País (em janeiro era 50%). Para 42% ele é avaliado como capaz (era 46%). Para 54% é ruim/péssima a condução do governo no enfrentamento da Pandemia.
Já as pesquisas para saber qual a preferência dos brasileiros para presidente se a eleição fosse hoje, a novidade é a disparada de Lula, a manutenção de Bolsonaro na faixa dos 30% e o fraco desempenho dos outros concorrentes de centro, como Moro, Dória e Ciro e suas altas rejeições.
A pergunta que muitos se fazem é como ele mantém esses índices de aprovação considerando sua gestão tenebrosa em relação à Pandemia e a deterioração da situação social e econômica dos brasileiros?
Bolsonaro tem em média 30% de aprovação e faz tudo pra manter esse percentual: entregou a política econômica para o mercado com aumentos de alimentos e combustíveis – e agora a subida os juros – apoia o agronegócio expansionista, deu isenções tributárias para pastores, decretou liberação de armas e munições para atender as milícias, distribuiu cargos e privilégios para membros do Exército, além, é claro, da manutenção de uma ainda ativa e potente rede de fake News contra seus oponentes, processada por gabinetes e robôs a alimentar seus seguidores. Essa é sua estratégia, além da retórica sempre agressiva e intimidatória, ainda mais agora que passa a ser acusado de ser genocida com mais veemência.
Para ele não faz diferença como anda a pandemia e seus milhares de mortos diários. Se algo soar diferente ele troca o ministro, mas cada um que entra piora o número de mortes e infectados.
Ele é um psicopata genocida que sempre foi assim. O pior disso é que a sociedade brasileira tem aceitado com muita passividade a ida ao matadouro dos seus familiares, amigos e ela própria.
Enquanto isso, Lula passa a crescer nas pesquisas. A da revista Fórum com a Offerwise revela que Lula praticamente dobrou suas intenções de votos no primeiro turno desde a última edição, em novembro (link abaixo). Num provável 2º turno bateria Bolsonaro por 38% x 33,8%. No 1º turno e de forma estimulada (o pesquisador apresenta os nomes para o entrevistado), Lula crava 31,2% e Bolsonaro 30,7%. Neste cenário Ciro teria 7,4% e Dória 6,4%, enquanto 24,3% apontam que nenhum. Num outro cenário com mais nomes, Bozo ficaria com 29,2%, Lula 27,1%, Moro 7,8%, Ciro com 6,2%, Dória 4,5%, Amoedo 1,8%, Boulos 1,5% e Flávio Dino com 0,2%.
Muito parecida, a pesquisa do DataPoder/Band mostrou ontem os seguintes números: num provável 2º turno Lula vence Bolsonaro por 41% a 37%. No primeiro turno Lula venceria com 34% dos votos, seguido de Bolsonaro com 30%, Moro com 6%, Ciro com 5%, Amoedo com 3%, Mandetta com 2%, brancos/nulos 10% e não sabe 3%. Nesta pesquisa chama a atenção as taxas de rejeições dos prováveis candidatos. Lula tem o melhor desempenho com 40%. Seus adversários tem os seguintes índices: Dória 65%, Moro 60%, Ciro 56-%, Huck 54% e Bolsonaro 53%.
Chama a atenção o derretimento de candidatos do chamado centro ou direita, com a entrada de Lula no circuito, como Dória, campeão de rejeição, Moro, Ciro e Luciano Huck.
Tudo indica que os que não votaram ou votaram nulo tem migrado para o lado antibolsonarista, pelos índices de rejeição ao combate à pandemia. Segundo a pesquisa do DataFolha, 54% dos brasileiros rejeitam a condução do governo na Pandemia. Bolsonaro é apontado por 43% como o principal culpado pela tragédia. Sobre o impechament, ainda não há uma maioria definida (50% são contra a e 46% a favor).
Lula é o único líder político que tem conseguido chacoalhar as estruturas da oposição e fazer Bolsonaro perder o rumo. Sua entrevista na CNN internacional, reverbera no mundo todo. No discurso e coletiva de imprensa da semana passada após conquistar sua inocência e ter suas sentenças anuladas pelo STF, bateu sem dó em Bolsonaro e seu desgoverno, apresentando um conjunto de propostas para enfrentar a crise atual em defesa do povo trabalhador e do nosso País, deixando evidente que ele é quem tem as melhores condições de pôr fim ao reinado dos neofascistas e neoliberais.
Mas só Lula não adianta. Os governadores do Nordeste deram um grande passo na compra da vacina Sputnik. Mas poucos prefeitos decretam o lockdown ou têm algum reforço de auxílio emergencial. Só a política de criar leitos não adianta, apenas fortalece o vírus. Sem vacinas, sem auxílio emergencial e sem apoio para o comércio e serviços ficarem fechados, o combate ao vírus é inócuo.
Os movimentos de oposição ao Bolsonaro tem que persistir na luta por vacinas já e em massa, auxílio emergencial de no mínimo 600 reais e apoio aos pequenos e médios empresários para que segurem suas contas e ajudem a manter empregos. E precisam continuar combatendo as fake news e denunciando as ameaças e ações criminosas de Bolsonaro, que tendem a se tornar mais violentas e ameaçadoras como sempre faz quando é acuado. A conscientizar a população é tarefa de todos. Ainda vivemos num estado de exceção e o Estado Democrático de Direito precisa ser resgatado.
A luta do Fora Bolsonaro é difícil, mas mais necessária do que nunca! “A vida requer coragem!” nos lembra o poeta!
*Simão Pedro foi deputado estadual (2003-2015) e secretário municipal de serviços no governo de Fernando Haddad.
Referências