Por AFRÂNIO CATANI*
Comentário sobre o livro de Brigitte Labbé e Michel Puech dedicado a um dos maiores cômicos franceses
1.
Em verbete do Dictionnaire International Bourdieu, o sociólogo Franck Poupeau escreveu que o comediante Coluche (1944-1986) lançou, em 1981, sua pré-candidatura à presidência da França. Em seu “Informe à População”, ignorando o politicamente correto, ele pedia o voto dos preguiçosos, imundos, drogados, alcoólatras, pederastas, mulheres, parasitas, jovens, velhos, artistas, presidiários, homossexuais, aprendizes, negros, pedestres, árabes, franceses, cabeludos, loucos, travestis, comunistas, abstêmicos, enfim, “de todos aqueles que não têm importância para os políticos” (p. 181).
Pierre Bourdieu (1930-2002), atendendo ao pedido de Gilles Deleuze (1925-1995) e de Michel Foucault (1926-1984), seus colegas no Collège de france, aderiu à lista de apoio à candidatura de Coluche. Inicialmente tomada como piada, logo sua possível candidatura foi percebida como uma ameaça pela classe política, sobretudo pelo Partido Socialista. Tal candidatura, explica Franck Poupeau, coincidiu com um momento em que Pierre Bourdieu analisava os aparelhos políticos e o enclausuramento do campo político sobre ele mesmo como um mecanismo de despossessão dos dominados (p. 181).
Acerca desse episódio, Pierre Bourdieu dirá que o próprio Coluche e aqueles que o apoiavam foram taxados de irresponsáveis: uma “lembrança à ordem” lançada pelos “profissionais da política” contra a intrusão de “profanos” em seu “círculo sagrado”, lembrando-lhes de sua “legitimidade”. Segundo ele, “uma das virtudes dos irresponsáveis – nos quais me incluo – é a de fazer aparecer um pressuposto tácito de ordem política, qual seja, que os profanos são excluídos. A candidatura de Coluche foi um desses atos irresponsáveis. Eu lembro que Coluche não era verdadeiramente candidato, mas candidato a candidato. Todo o campo midiático-político estava mobilizado (…) para condenar esta barbárie radical que consistia em questionar o pressuposto fundamental, a saber, que apenas os políticos podem falar de política (…). Falar de política lhes pertence. A política lhes pertence. Eis uma proposição tácita que está inscrita na existência do campo político” (Bourdieu. Propos sur le champ politique, p. 55-56).
2.
Mas, afinal, quem foi Coluche? Michel Gérard Joseph Colucci nasceu em 24 de outubro de 1944 em um hospital do 14o. arrondissement de Paris, poucas semanas após a libertação da capital francesa. Sua família é originária de Casalvieri, Província de Frosinone, da região do Lácio, Itália. Seu pai, Honorio Colucci, pintor e decorador, morreu em 1947, aos 31 anos, de poliomielite, deixando dois órfãos, Michel, com 3 anos, sua irmã Danielle (18 meses mais velha), duas avós e a esposa, Simone Bouyer, “Monette” (1920-1994), que trabalhava como florista no Boulevard du Montparnasse.
Era um menino colérico, revoltado contra tudo e contra todos – contra a escola, pois escrevia mal e tinha dificuldades para aprender. Não o tratavam bem, pois seu sobrenome italiano complica a situação: as feridas da Segunda Guerra Mundial ainda não haviam cicatrizado, uma vez que os italianos haviam lutado ao lado dos alemães contra a França – ele que nunca tinha ido à Itália, apesar de seus avós virem daquele país. Sua cólera também não poupava a própria mãe, que o levava para morar em bairros cada vez mais distantes de Paris, onde os aluguéis eram mais baratos (Labé e Puech, p. 3-5).
Coluche jovem detestava os pobres, achava-os conformistas com a própria sorte, entendia-os como bestas e ignorantes, que levantavam cedo para irem ao trabalho diariamente. Ele fazia de tudo um pouco e nada dava certo, seu desempenho era sempre catastrófico: foi entregador de telegramas à domicílio, ajudante de farmácia, ajudante de fotógrafo, vendedor de frutas e legumes, entregador de encomendas e mercadorias, garçom de café, florista…
Ele abria os legumes e jogava no lixo aqueles que anunciavam más notícias; reclamava das gorjetas que recebia dos clientes nos cafés, derrubava pratos e os quebrava nas lojas em que trabalhava; recomendava que as viúvas não comprassem flores para os túmulos dos maridos se elas não os tivessem amado muito. Sua mãe conseguiu ser proprietária de uma pequena floricultura na rue d’ Aligre e, mais tarde, uma maior perto da Gare de Lyon. Coluche acabou brigando com ela e deixou o emprego, o que levou a um rompimento entre eles, que durou muitos anos. Em 1964 estava no 60o. Regimento de Infantaria de Lons-le-Saunier e acabou sendo preso por insubordinação.
Achava que deveria ter outro trabalho, que lhe ocupasse menos e lhe desse mais dinheiro. Pensou em ser músico e sua mãe lhe comprou um violão, que aprendeu a tocar sozinho. Sonhava em emplacar um grande sucesso, vender milhões de discos e ficar rico (Labbé e Puech, p. 9-11). Saía pelas ruas tocando seu violão, executando o repertório de Eddy Mitchell e do grupo de Johnny Hallyday.
Tocava em Saint-Germain-des-Prés, em cabarés e restaurantes, nos intervalos, após lavar a louça, entre um cantor e outro (p. 13). Conheceu Romain Bouteille (1937), criador de grupos de teatro e inventor de sketches para cabarés que o convenceu a escrever suas histórias: escrever, reler, recomeçar, reescrever, cortar, ampliar, ajustar. Tem dificuldade, mas vai dominando aos poucos seu ofício (p. 15-16).
Mas nada é fácil para ele, pois tem dificuldade para escutar os conselhos e não consegue chegar na hora em seus compromissos. Entretanto, aprende um método que lhe traz resultados positivos: vai muito ao cinema, revê várias vezes o mesmo filme, observa os atores e, depois, diante do espelho, os imita (p. 16-17). Aos poucos vai conquistando os franceses, chamando a atenção do público, fazendo-os rir.
3.
Romain Bouteille consegue reunir atrizes e atores numa sala perto da estação de Montparnasse, o Café de la Gare, em que todo o elenco coloca a mão na massa, reforma, pinta, trabalham como eletricistas e reconstroem o imóvel. Recebiam os espectadores na entrada e, após as sessões, limpavam a sala. Passaram por lá, além de Coluche, Miou-Miou, Patrick Dewaere, Gérard Depardieu, Gérard Jugnot, Anémone, Josiane Balasko, Martin Lamotte, Gérard Lanvin, Michel Blanc e outra(o)s jovens intérpretes (p. 19-20).
Os espetáculos eram um grande bazar, anárquicos, os atores falavam os textos de forma improvisada, gritavam, discutiam em cena. Para entrar nessa casa de espetáculos, que estava na moda, as pessoas se apertavam, estudantes e políticos se misturavam e a anarquia era geral (p. 20-21). Coluche acaba rompendo com os companheiros e companheiras, morto de ciúmes, quando eles e elas começam a conseguir bons papéis em outros teatros e mesmo no cinema, e ele não. Entrega-se cada vez mais à bebida, torna-se bastante violento e acaba deixando o Café de la Gare (p. 22). Ele se sente mal, sente-se terrivelmente culpado, mas é incapaz de se controlar. A única maneira que encontra para tentar minimizar seus atos é cobrir de presentes seus amigos (p. 24).
Após sua saída do Café de la Gare, continuou a trabalhar, agora sem a antiga troupe, criando o Au vrai chic parisien, escrevendo abaixo Théâtre vulgaire (Teatro vulgar). Em 1970 estava em moda em Paris. “E lhe cai muito bem, porque a vulgaridade é realmente sua especialidade” (p. 24). Os espectadores riem muito de suas atuações, mas aqueles que trabalham com Coluche não apreciam seu modo de atuar, ficam desgostosos, pois ele é o centro do mundo, ofuscando os demais (p. 25).
O primeiro espetáculo nessa fase se chama Meu adeus ao music-hall. Logo, todos se afastam dele, menos o público e Véronique, sua futura esposa. O sucesso é grande e Coluche faz fortuna.
Sua vida dá um novo salto em termos econômicos e de popularidade quando conhece o produtor Paul Lederman (1940-2024), que se torna seu empresário e o introduz no show-biz. Exatamente às 20 horas de 19 de maio de 1974 os franceses são informados que Valéry Giscard d’Estaing foi eleito presidente da República.
Todos aguardam diante da TV a declaração de François Mitterrand de que foi derrotado. “Mas Mitterrand se atrasa e, para entreter os espectadores, Guy Lux, responsável pela emissão encontrou uma saída emergencial: exibir o cassete de um cômico. O produtor Lederman lhe havia falado de Coluche há pouco tempo e o convencera a filmar um trecho de seu espetáculo” (p. 28). Enfim Lederman obteve para Coluche a publicidade que todos os produtores sonham: exibir diante de milhões de telespectadores um sketch extremamente engraçado que se chama C’est l’ histoire d’un mec (É a história de um cara) (p. 28-29).
Coluche tornou-se uma grande estrela e, em poucos dias, toda a França o assistia interpretando Gérard, o alcóolatra, ou o caronista insuportável, as pilhérias cruéis sobre policiais, racistas, pobres, cafonas. Ele se situa na fronteira entre o humor e a provocação. Muitos daqueles que são satirizados reagem contra ele, acusando-o de racista (p. 30-31).
A partir de 1978, com a fortuna acumulada, Coluche passa a viver numa grande mansão em Paris, repleta de jogos, fast-food, geladeiras, televisores, garagens com belos automóveis e grandes motos. Sua casa fica repleta de gente, a mansão é aberta “aos amigos, mas também aos amigos dos amigos dos amigos dos amigos” (p. 31). Uma parte da casa é reservada à sua esposa e aos seus dois filhos, para que tenham tranquilidade. Mas a família não é suficiente para ele, que necessita de uma tribo agitada; ficar só o angustia. Sai de moto à noite, correndo ao redor de Paris, sem capacete, à toda velocidade (p. 32)
Passou a animar diariamente um programa na rádio Europe 1 com a finalidade de fazer as pessoas rirem. Gritava: “Caros ouvintes, eu os considero idiotas!”. O programa dava viagens como brindes, o valor do horário publicitário era altíssimo e, do microfone da rádio, Coluche berrava que os jornalistas eram vendidos, eram pagos pelos políticos para que falassem bem deles, atacava os policiais etc. (p. 33-34). Os telefones da Europa 1 não paravam de tocar, as pessoas queriam conversar com ele, falar de seus problemas, de suas dificuldades cotidianas, de questões financeiras, das injustiças que os jornais não noticiaram (p. 35).
Os proprietários da emissora deixavam o barco correr, dando plena liberdade a Coluche, desde que as receitas publicitárias não parassem de aumentar. A rádio tornou-se campeã de audiência. Desfere ataques contra o papa, a direção tenta enquadrá-lo, há um desentendimento entre as partes e ele deixa de fazer o programa.
Ao mesmo tempo em que concedia a palavras aos destituídos para que falassem de seus problemas, tratava mal e humilhava empregados de hotéis em que se hospedava, pois derramava vinho no tapete, esmagava pontas de cigarro no chão, despedaçava lâmpadas, vomitava nos móveis, jogava garrafas de champagne na banheira, deixava os banheiros inundados, misturava restos do café da manhã entre os lençóis. Pagava pelos estragos, naturalmente, mas tal comportamento causava o repúdio daqueles que tinham a obrigação de restituir aos quartos dos hotéis a condição de receber novos hóspedes (p. 37).
O maître do restaurante ficava chocado, pois no jantar, encolerizado, Coluche pedia todos os pratos do cardápio, todas as entradas e todas as sobremesas ao mesmo tempo. “Ele era célebre, jogava dinheiro pelas janelas, era caprichoso e odiado” (p. 38).
4.
A agressividade de Coluche se acentua, ele não respeita ninguém. Em seus espetáculos teatrais ataca os políticos, ridicularizando-os com termos e gestos vulgares. Em 30 de outubro de 1980 anunciou sua candidatura à presidência da França, conforme foi dito nas linhas iniciais do presente comentário. Embora tratasse tudo de maneira cômica, e ganhasse o apoio de vários intelectuais descontentes com a situação política francesa, os políticos tradicionais ficaram apavorados, pois Coluche tinha percentuais expressivos de intenção de votos nas pesquisas eleitorais de então.
Ele continuava com as provocações: “Eu faço tudo por dinheiro” (p. 41); marca entrevistas com a imprensa nacional e internacional e não aparece. “Como escutar um homem que aparece numa reunião nu, com uma pluma nas nádegas e a bandeira francesa em torno do pênis?” (p. 41-42). Algumas semanas antes do primeiro turno das eleições anuncia sua renúncia, dizendo que não apresentará sua candidatura (p. 42). Sofreu pressões dos partidos políticos, de vários candidatos e seu empresário, René Gorlin, foi assassinado em situação obscura. Promete utilizar toda a sua energia para lançar um movimento em que representará os excluídos, aquelas pessoas que se sentem ignoradas pelas frações de classe dominantes (p. 42).
Entretanto, seu potencial destrutivo parece não conhecer limites. A esposa o abandona, saindo de casa com os dois filhos. Coluche entrega-se às drogas, ao álcool, ao sexo, fica em sua mansão em Guadalupe, passeia com amigos, verdadeiros e falsos, em seus iates, durante vários dias (p. 42-44).
Em 1983 Coluche participou de um filme, Tchao Pantin (Adeus Pateta), escrito e dirigido por Claude Berri, que vai ao Festival de Cannes. Ele interpreta Lambert, um velho e sofrido policial destruído pela morte do filho, que não tinha o seu amor. Lambert arrasta-se, afogando-se no álcool (p. 46). Coluche recebe o César, prêmio máximo do cinema francês, na categoria de melhor ator.
Em agosto de 1985, após anos de infelicidade, marcado pelo abandono da mulher, pela morte de amigos queridos, pelo álcool e pela droga, além de penosos períodos de internamento para desintoxicação, retorna à rádio, distribuindo sopapos para todos os lados, defendendo os destituídos da terra (p. 47). Os proprietários da Europa 1 lavam as mãos, pois Coluche continua a trazer muito dinheiro para a emissora. O valor dos anúncios das 15 às 16:30 horas, quando ele está no ar, é caríssimo e centenas de milhares de franceses ligam o rádio em seu programa, batendo recordes de audiência; os telefones tocam sem parar (p. 47-48).
Coluche também ganha muito dinheiro, acertando jogar o jogo do sistema que ele condena. Os ouvintes voltam a falar de suas dificuldades, dos baixos salários, de suas tristezas e depressões. Isso o afeta profundamente, levando-o a afirmar que, “uma vez instalados no poder, atrás de suas mesas, andando de automóveis com vidros negros atravessando as cidades, nada fazem para a população” (p. 42).
Coluche coloca uma questão bem simples, mas de extrema gravidade: o problema do pobre é a fome; há muita gente que está morrendo de fome. Diante disso, resolve tomar uma atitude concreta para minorar essa situação, pois políticos e governos de esquerda, de direita e de centro nada fazem a respeito.
5.
Em 25 de setembro de 1985, pelo microfone da Europa 1, Coluche lança um apelo, dizendo que vai fazer uma grande cantina gratuita para quem tem fome. “Que todos aqueles que jogam fora os alimentos, que doem o que sobra e que se distribua àqueles que não tem nada. Os restaurantes, os açougues, as padarias, os centros comerciais, jogam toneladas e toneladas de mercadorias ainda utilizáveis…” (p. 51-52).
O apelo de Coluche encontra ressonância e os auxílios começam a chegar nas caixas de correio da Europa 1, cheques de pessoas que não tem muito dinheiro, mas doam mesmo assim, bem como de vedetes do music-hall (p. 52-53). Chegam mercadorias e alimentos. Se conseguem caminhões para transportá-los, lugar para estocá-los, salas para servir as refeições, mesas, cadeiras. Milhares de pessoas, estudantes, aposentados e especialistas em organização doam seu tempo e seu conhecimento para levar adiante tal empreendimento.
Uma pesquisa em alguns sites da internet revela que a associação criada – Les Restos du Coeur (Restaurantes do Coração) – mobilizou mais de 40 mil voluntários em quase 2.500 estabelecimentos de alimentação, atendendo cerca de 600 mil beneficiários. Tal associação recebe financiamento da União Europeia e, a cada ano, uma série de concertos de arrecadação de fundos é apresentada por cantores e celebridades.
Coluche se transforma e, a partir da criação dos Restos du Coeur, passa a mencionar e agradecer em seu programa a todos que colaboram para manter a associação. Ele que decorou a região pubiana com uma bandeira francesa, vai agora discutir com senadores, deputados, ministros, para convencê-los a elaborar leis que reduzem os impostos das pessoas que façam doações a obras de caráter humanitário (p. 56).
Les Restos du Coeur começaram a funcionar em 21 de dezembro de 1985, primeiro dia de inverno na Europa. Neste inverno foram servidas 8 milhões e 500 mil refeições gratuitas (p. 57).
Em 19 de junho de 1986 sofreu um acidente de moto no caminho entre Cannes e Opio; estava sem capacete e se chocou contra um caminhão. Morreu aos 41 anos. Seu amigo Renau gravou em sua homenagem o álbum “Putain de camion” (“Caminhão de merda”).
Recebeu, ao longo dos anos, várias homenagens: filmes, mostras, bustos, Além disso, há escolas, teatros e espaços culturais que receberam o seu nome. Em Paris, no 13o. arrondissement, há a praça Coluche.
*Afrânio Catani é professor titular aposentado da Faculdade de Educação da USP e, atualmente, professor sênior na mesma instituição.
Referência

Brigitte Labbé & Michel Puech. Coluche. Ilustrações: Jean-Pierre Joblin. Toulouse, Milan, 2004, 64 págs. [https://amzn.to/43uWJzf]
Bibliografia
Charles Soulié. Verbete Gilles Deleuze. In: Gisèle Sapiro (Dir.). Dictionnaire International Bourdieu. Paris: CNRS Éditions, 2020, p. 228-229.
Franck Poupeau. Verbete Coluche (Michel Colucci). In: Gisèle Sapiro (Dir.). Dictionnaire International Bourdieu. Paris: CNRS Éditions, 2020, p. 180-181.
Franck Poupeau. Verbete Interventions (1961-2001). Science Sociale et Action Politique. In: Gisèle Sapiro (Dir.). Dictionnaire International Bourdieu. Paris: CNRS Éditions, 2020, p. 463-465.
Pierre Bourdieu. Propos sur le champ politique. Lyon: Presses Universitaires de Lyon, 2000.
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