Eleições presidenciais no Uruguai — o regresso da Frente Ampla?

Imagem: Ricardo Usher Malcolm
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Por MAURICIO VÁZQUEZ CORREA & ANDRÉS DEL RÍO*

No domingo, saberemos finalmente se a Frente Ampla regressará ao poder ou se teremos um segundo turno em novembro

No próximo domingo, 27 de outubro, realizam-se as eleições presidenciais no Uruguai e o panorama eleitoral apresenta claramente dois grandes blocos políticos. Por um lado, temos o principal partido da oposição, a Frente Ampla (FA), composta pelas forças progressistas de esquerda e centro-esquerda, que governou o país durante 15 anos, até março de 2020. Por outro lado, temos a coligação “republicana” ou “multicolor”, composta por partidos de direita e sectores de extrema-direita, no poder desde então. Neste breve artigo, delimitaremos o cenário atual e as suas particularidades.

A fórmula da renovação progressista

Nas fileiras da Frente Ampla, a chapa foi definida pelo candidato presidencial Yamandú Orsi, ex-prefeito do Departamento de Canelones, que depois de Montevidéu é a segunda jurisdição mais populosa do Uruguai. Carolina Cosse, ex-prefeita de Montevidéu, que também ocupou cargos executivos em administrações anteriores da FA, foi eleita candidata a vice-presidente. Ambos representam duas personalidades que fazem parte da renovação do partido, cada um deles promovidos por um dos dois sectores maioritários da força política.

O Movimiento de Participación Popular (MPP), ao qual pertence Pepe Mujica, promoveu Orsi. O Partido Comunista, por sua vez, apoiou Cosse.[i] Atualmente, a Frente Ampla está à frente em todas as sondagens. De acordo com a última sondagem da consultoria Cifra, a Frente Ampla lidera com 44% dos votos, 20% à frente do segundo colocado, o Partido Nacional. Nas eleições de 2019, a Frente Ampla tinha alcançado 39,2% dos votos na primeira volta, mas perderia a segunda volta por uma margem irrisória de 1,3% dos votos.[ii] Agora, a situação é estável e a incerteza das eleições é se a Frente Ampla ganhará a presidência no primeiro turno.

No entanto, o cenário é diferente nas fileiras da coligação multicolorida. Como não se trata de um único partido político, mas de vários, estas eleições são apresentadas como uma eleição interna que permitirá avaliar uma eventual segundo turno em novembro.

Candidaturas multicoloridas

Na recente sondagem (Opción Consultores), 47% dos uruguaios concordam com a atual administração do governo de Luis Lacalle Pou.[iii] Apesar do apoio ao governo em exercício, o atual presidente não pode concorrer a uma reeleição consecutiva. Ou seja, de acordo com o artigo 152 da Constituição uruguaia, “o presidente e o vice-presidente têm um mandato de cinco anos e, para regressar ao cargo, devem ter decorrido cinco anos desde a data em que deixaram o cargo”. Assim, 2024 foi o ano de reajustamentos e reconfigurações na coligação multicolorida, tendo em vista as eleições presidenciais.

Neste cenário, a situação da coligação e dos seus membros é a seguinte. Em primeiro lugar, temos o Partido Nacional, que lidera a coligação e ao qual pertence Luis Lacalle Pou, atual presidente em exercício. A lista presidencial é composta por: o candidato presidencial Álvaro Delgado, antigo Secretário da Presidência; e a candidata a vice-presidente Valeria Ripoll, antiga dirigente sindical e ex-membro do Partido Comunista. Até há pouco tempo, Ripoll era muito crítica em relação à atual administração de Lacalle Pou.

A ex-sindicalista deu uma guinada atípica na política uruguaia, deixando o Partido Comunista para se filiar ao Partido Nacionalista em agosto de 2023. A sua escolha como candidata a vice-presidente é considerada uma aposta arriscada. Os nacionalistas estão associados a sectores liberais na esfera económica e conservadores na esfera dos costumes. Esta candidatura presidencial foi construída tendo em conta a possibilidade de atrair possíveis votos de sectores populares.

Mas a sua construção não foi simples, gerando fricção no interior do partido, produzindo uma fuga de votos para as outras fórmulas da coligação multicolorida[iv]. De acordo com a última pesquisa Cifra, o Partido Nacional está em segundo lugar, com 23% dos votos. Lembremos que em 2019, o PN alcançou 28,6% dos votos, ficando em segundo lugar, embora vencesse o segundo turno com a coligação multicolorida.

Em segundo lugar, temos o Partido Colorado. O candidato presidencial escolhido foi Andrés Ojeda, um advogado de 40 anos que se apresentou como “a renovação” não só dentro do longevo partido, mas também na política em geral. Com uma aposta mais orientada para a imagem do que para o conteúdo, Ojeda fecha a lista com o professor Robert Silva como candidato a vice-presidente. A campanha presidencial desta fórmula foi sem precedentes para o contexto local.

Contrataram assessores políticos estrangeiros, especialistas internacionais em campanhas de fake news e todo o tipo de provocações contra os seus adversários. A estética sobre o conteúdo. Uma estratégia muito moderna. Os Colorados estão a apostar numa forte disputa interna na coligação multicolorida, para ganhar mais espaço no Parlamento. Surgem como a opção dos sectores mais à direita, desencantados com a escolha do candidato do Partido Nacional. De acordo com a sondagem da Cifra, o Partido Colorado atingiu 15% das intenções de voto. Em 2019, o PC alcançou 12% dos votos na primeira volta.

Em terceiro lugar, o outro parceiro dos multicolores é o Cabildo Abierto (CA), partido liderado pelo ex-general do exército uruguaio Guido Manini Ríos. O CA representa a ala mais conservadora e de direita. O seu perfil é militarista, liderando uma defesa feroz dos terroristas de Estado, especialmente os que foram presos por crimes contra a humanidade durante a última ditadura militar. Como era de se esperar, a chapa para outubro é encabeçada pelo ex-general junto com a Dra. Lorena Quintana, que foi chefe do Programa de Adolescência e Juventude do Ministério da Saúde Pública. Apesar do tom combativo e punitivista, CA está longe dos 11% de votos que conquistou em 2019, em sua primeira corrida eleitoral. Atualmente, a sua intenção de voto está em 3%.

Por fim, o último membro multicolorido é o Partido Independente (PI), com Pablo Mieres, antigo Ministro do Trabalho e da Segurança Social, como candidato, e Mónica Bottero, antiga diretora do Ministério do Desenvolvimento Social, como vice-presidente. O PI representaria a ala mais centrista da coligação, com uma percentagem bastante reduzida de peso eleitoral. O PI tem apenas 2% dos votos. Em 2019, o PI tinha atingido 1% dos votos.

Os indecisos representam 10% dos votos, de acordo com várias sondagens[v]. E são estes os votos que podem mudar o destino das eleições.

Estratégia multicolorida: “fazer a Frente Ampla perder”.

“O futuro do país está em jogo nos próximos cinco anos, e este partido tem a pequena responsabilidade de fazer perder a Frente Ampla”, nas palavras do candidato Andrés Ojeda.[vi]

Mostrando um escasso debate de ideias, a principal motivação multicolorida refletida na retórica da campanha é tentar impedir que a Frente Ampla chegue novamente ao governo. Não faltaram as fakes news, e até tentativas de Lawfare. Vale a pena recordar, há alguns meses, no início da campanha para as eleições internas, a enganação gerada por uma grave acusação contra Yamandú Orsi, então pré-candidato. Uma vez provada a falsidade da acusação, foram condenadas à prisão duas mulheres trans, uma delas até então dirigente nacionalista com uma presença mediática notória[vii]. Também não faltaram contratos com assessores internacionais para campanhas negativas, como o caso do espanhol Alexi Sanmartín.[viii]

Na mesma linha, destaca-se o recente aparecimento na cena eleitoral uruguaia do operador mediático de ultradireita Javier Negre, ligado ao partido neofalangista VOX em Espanha e ao partido La Libertad Avanza de Javier Milei na Argentina, que foi citado pelo próprio Ojeda nas suas redes sociais. Negre, como operador mediático, o seu objetivo é difamar e estabelecer falsidades sociais. Como a pergunta desonesta ao candidato Orsi: “Por que você quer importar o kirchnerismo para o Uruguai?

Mas esses operadores não agem sozinhos. Existem pontes e diálogos internacionais da extrema-direita com interlocutores locais, trocando estratégias e métodos aplicados na atual campanha. Negre tornou-se um novo parceiro do meio de comunicação (digital) argentino La derecha diario, que também publica notícias falsas e conteúdos desinformativos. O sócio argentino de Negre é muito próximo de Milei e teve contacto com um filho de Jair Bolsonaro no desenvolvimento de uma campanha de desinformação ligada à tentativa de golpe de Estado no Brasil; e participou numa campanha de extrema-direita no Chile[ix]. Estética de um jornalista, conteúdo de um operador.

A direita em disputa

A competição interna na coligação tem os seus próprios desafios. Uma das linhas de disputa é quem se torna o líder da corrente mais conservadora e linha dura. Essa luta interna é notória entre o Partido Colorado e o Cabildo Abierto. O Cabildo Abierto entrou na cena política em 2019 com seu militarismo e membros com um longo histórico antidemocrático. O Cabildo Abierto passou de novidade para consolidar seu espaço. Com as pesquisas indicando uma redução significativa nas intenções de voto do Cabildo Abierto, para Manini Rios, é um erro não captar o voto oculto, que num contexto de hostilidade, o eleitor prefere não mostrar seu voto.[x]

Por sua vez, no Partido Colorado, Ojeda incorporou o deputado Gustavo Zubía, que se tornou uma figura de destaque na segurança pública. Este antigo procurador criminal é filho do general Eduardo Zubia e sobrinho do general Rodolfo Zubia, chefes das regiões militares II e III no último período ditatorial. Os generais Esteban Cristi, Eduardo e Rodolfo Zubia, e Julio C. Vadora foram fundamentais para o golpe de Estado de 1973 e faziam parte de uma organização militar secreta e ultranacionalista denominada “Tenientes de Artigas”[xi], cujo objetivo era a defesa da “civilização ocidental e cristã” e a “aniquilação do comunismo internacional”[xii]. Discurso muito familiar, se trocarmos “comunismo” por “esquerdismo”. Como se tornou moda nos países vizinhos.

Para dar mais peso à linha mais à direita dos Colorados, Pedro Bordaberry é reintegrado como candidato ao Senado com a sua própria lista. Pedro é filho de Juan María Bordaberry, famoso e tristemente conhecido por ter sido o presidente golpista que, em 1973, deu início aos 12 anos de ditadura civil-militar no país.

À espera e com surpresas na Frente Ampla

A estratégia definida pela Frente Ampla é não entrar num debate entre candidatos presidenciais antes de outubro. Neste sentido, Orsi garantiu que o debate terá lugar quando “resolverem quem é o seu candidato”. Eles vão resolver isso em outubro, porque já disseram ‘vamos juntos’”, disse o antigo presidente da câmara numa conferência de imprensa[xiii]. Evidentemente, isto deixou o partido multicolorido muito tenso. O candidato sublinhou que “são quatro que pensam da mesma maneira, ou pelo menos estão todos de acordo”.

Mas a Frente Ampla também tinha um ás na manga ao incorporar uma das jornalistas mais reconhecidas e populares do Uruguai. Blanca Rodríguez chegou à FA depois de se demitir do comando do telejornal mais assistido do Uruguai, que dirigiu durante 34 anos. Rodríguez é a segunda candidata ao Senado na lista 609 de José Pepe Mujica. Sem dúvida, ela representa uma importante incorporação à força política. Consolidando as expectativas do espaço político para domingo.

Primeiro turno?

No domingo, saberemos finalmente se a Frente Ampla regressará ao poder ou se teremos um segundo turno em novembro. Alguns pontos a ter em conta:

As eleições não escolherão apenas o próximo presidente, mas também renovarão todo o parlamento. Os 30 senadores e 99 deputados que o compõem. Neste sentido, uma boa votação na primeira volta para a FA seria decisiva para criar uma maioria parlamentar. Atenção especial deve ser dada ao que pode acontecer no Senado.

Duas questões serão submetidas a plebiscito (e votadas simultaneamente). Ambas visam alterar a Constituição e, para serem aprovadas, precisarão de mais de metade dos votos válidos: uma reforma da previdência que incentiva a redução da idade de reforma, promovida pela central sindical PIT-CNT; e a atribuição ao Estado de fazer alistamentos noturnos, algo que é proibido pela Constituição. Esta ação partiu da coligação conservadora no governo. A primeira proposta tem o apoio de sectores mais à esquerda, mas gerou conflitos no seio da Frente Ampla, com uma parte a apoiar e outra não. A segunda proposta tem mais apoio social e a Frente Ampla é contra.

Por seu lado, a Frente Ampla está mais bem posicionada do que nas eleições de 2019, com uma hipótese real de vencer no primeiro turno. Ou seja, atingir 50% mais um dos votos válidos. Lembremos que, de acordo com as estatísticas do Tribunal Eleitoral do Uruguai, 2.765.903 cidadãos estão atualmente aptos a ir às urnas. O voto no Uruguai é obrigatório e só pode ser exercido dentro do território nacional.

Caso a Frente Ampla não obtenha os votos necessários, um segundo turno com os dois primeiros candidatos será realizado em 24 de novembro. Neste sentido, os números estão dentro da margem de erro, sendo a diferença mínima. Em 2019, a votação foi definida a favor da coligação multicolorida por apenas 1,3% dos votos. Isto indica que a Frente Ampla tem a capacidade de reter os votos da primeira volta, adquirindo alguns à coligação. Por outro lado, nem todos os que votaram num partido da coligação têm a coligação como segunda escolha para a segunda volta.

Neste domingo, estão em jogo a presidência, o parlamento e dois plebiscitos.

*Mauricio Vázquez Correa é mestre em Estudos Latino-Americanos Contemporâneos pela Universidade UDELAR-Complutense de Madrid.

*Andrés del Río é professor de ciência política na Universidade Federal Fluminense (UFF).

Notas


[i] Según la consultora CIFRA, entre quienes piensan votar al Frente Amplio en octubre, el 83% está satisfecho con la elección de Carolina Cosse como vice. Datos divulgados a finales de agosto. Ver en: https://bit.ly/4dRDVNR

[ii] Uruguay va a segunda vuelta en sus elecciones más disputadas en 15 años: quiénes son Daniel Martínez y Luis Lacalle Pou. BBC, mundo. Link: https://goo.su/YRb76m5

[iii] Encuesta de Opción: el 47% de los uruguayos está conforme con la gestión del gobierno de Luis Lacalle. El País, Uruguay. Política. 24 de set 2024. LINK: Pouhttps://goo.su/piq7Po1

[iv] Esta es la opinión de varios analistas políticos en Uruguay, entre ellos Alfredo Garcé, quien afirmó que la elección de la fórmula nacionalista “genera un costo interno” y tiene un “riesgo electoral de posible fuga de votos”. https://bit.ly/4cSjHSX

[v] Ver en : https://goo.su/rNDfw

[vi] Ver en: https://bit.ly/3TevyUm

[vii] Ver en: https://bit.ly/4dNEXdE

[viii] Su trabajo se basa en la teoría del discurso, una teoría político-sociológica que se sustenta en cuatro pilares: la sociedad es narrativa, la hegemonía es la forma de acción política en las sociedades democráticas, la hegemonía se articula a través del mensaje y el discurso se construye a través de la narratología.

[ix] Milei se mete de lleno en campaña de Uruguay con operador de ultraderecha español y vínculo con Ojeda, alertan Preve y Cesin. M24, uruguay. Elecciones 2024. Link: https://goo.su/USsavGk

[x] Guido Manini Ríos: “A Cabildo Abierto no lo une al resto de la coalición el miedo a que gane el Frente Amplio”. El Observador, Uruguay. 21 de oct 2024. https://acortar.link/qzJQmy

[xi] Cabe mencionar que el ex General Guido Manini Ríos, también ha formado parte de la Legión Tenientes de Artigas.

[xii] Ver artículo de Pablo Raveca publicado en Semanario Resistencia, disponible en: https://bit.ly/479mN3s

[xiii] Ver en: https://bit.ly/3ARi6zy


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