Por HECTOR BENOIT*
Um pequeno resumo da trajetória de Weffort e de seus “companheiros”
Francisco Weffort teve uma trajetória triste! Agora morto o mistificam.
Foi um traidor da classe trabalhadora brasileira desde o começo. Em 1980 cercavam o Lula, ele e o seu companheiro José Álvaro Moisés. Junto com o falecido Marco Aurélio Garcia.
Com essa belíssima assessoria que pode poderia acontecer com o PT? Weffort foi o que foi, um traidor da classe trabalhadora brasileira. Ao invés de construir um partido libertador da classe trabalhadora a levou ao que era previsível desde 1980. Entregou o país à extrema direita.
Mas, a trajetória do Weffort foi fantástica! Particularmente, fantástica! Depois de ser o principal fundador do CEDEC, participou do CEBRAP, e como os outros, recentemente falecidos, Giannotti. Leôncio, e outros, só seguiram um caminho, aquele da traição da classe trabalhadora brasileira. Esses elementos, chefiados por FHC, o qual foi apoiado na sua primeira eleição para o Senado pelo próprio Lula.
No caso do Weffort, a questão, no entanto, é escandalosa! Depois de ser por algum tempo Secretário-Geral do PT, quando FHC se elege presidente, passa de lado. Vira aliado aberto do FHC! Transforma-se em Ministro da Cultura de FHC. Chega na época a escrever um artigo dizendo que a Revolução Brasileira pode ser a burguesa, sociológica, poderíamos “modernizar” o Estado brasileiro, sonho sempre mantido com FHC esse sonho impossível sem uma revolução.
Sempre acompanhado do seu “seguidor fiel” o José Álvaro Moisés atuaram na mídia propagando esse sonho impossível que desviou grande parte da juventude brasileira. Democracia burguesa era a sua especialidade, qual democracia? A dominação impiedosa da burguesia algo que se realizou amplamente!
Quem viajou mais para Fernando de Noronha nos aviões da FAB, para missões que eram churrascos? Francisco Weffort. Claro que é isso é um detalhe, mas, expressa a trajetória de uma vida. No Ministério da Cultura, alguns companheiros que chegaram a trabalhar com ele, disseram, algo assim: “é triste, aqui todo mundo quer um pobre para ganhar dinheiro”. Tem na boca sempre a democracia. Mas, são os mais elitistas dos intelectuais.
Uma vida triste aquela do Weffort, pensamos. O pior é que boa parte da esquerda e a maioria dos trotsquistas, entraram nessa enganação que foi aquele PT de 80, orientada, inicialmente, pelo Weffot e seus sociólogos, filósofos, economistas, que trabalhavam no CEDEC e no CEBRAP.
Sabem a respeito do que dava ele aula na USP naquela época? Era sobre Alexis Tocqueville. Alguém que tinha horror da “Revolução Permanente!. Este viajou para os EUA, procurando um modelo de democracia que fosse afastada do modelo jacobino, inspirado no modelo jacobino e greco-romano. Pensavam eles, Tocquevillle, Comte e Weffort: vamos parar os jacobinos? Como parar o jacobinismo? Como Comte, sonhavam em estancar a revolução francesa, que sempre continuava. Comte chegou a dar aulas de Astronomia para os operários para tentar os desviar da revolução. Leiam as memórias de ambos, Comte e Tocqueville. Aterrorizados, queriam parar o avanço da classe operária (Cf. BENOIT, Lelita Oliveira, Sociologia comteana: gênese e devir, Discurso Editorial).
A democracia desembocou em um triste hoje, hoje, 55% da população brasileira vive em situação de miséria, não sabe aquilo que vai comer amanhã!
O pior, bem melhor do que o bolsonarismo, vai retornar, provavelmente o petismo, mas, mas muito pior do que aquele de 1980. Sem base operária, sem núcleos, o PT de hoje, é igual ao PSDB, ao PMDB, PTB, ao Solidariedade e até quase ao PP. Identifica-se com figuras obscuras como Glauco Arbix (diga-se de passagem, meu colega de faculdade, como militava muito, me pedia para que eu escrevesse os seus trabalhos na Graduação. Nunca estudou nada mais seriamente, mas, é hoje professor titular na USP). Claro que subiu na vida com os estudos sobre as câmaras de negociação entre operários e capitalistas, orientado pelo Leôncio, chegou a presidir o IPEA, no retorno vitorioso do PT.
Lembro-me um dia, penso que nos fins dos anos 1980 em que o PT estava mal. Ele sentou numa cantina modesta na qual eu almoçava e me disse: “como você um professor doutor come numa porcaria desta, você precisa ir a um restaurante. Eu próprio – disse ele – só quero agora ganhar dinheiro”. E ainda acrescentou: “você vai ficar como o Florestan, velhinho, pensando a mesma coisa”.
Bem, esse é um pequeno resumo da trajetória de Weffort e de seus “companheiros”.
Em suma, o Brasil, não tem futuro algum, é um círculo vicioso, algo que caracteriza bem o Weffot. Depois de bloquear a construção de um partido operário, abriu abertamente o jogo. O seu jogo, como bom sociólogo, e “cientista social positivo” sempre foi conservar a dominação burguesa e repetir e repetir os fracassos da burguesia e da classe operária
Nesse sentido, nada há a lamentar ou homenagear com a sua morte: entregou o Brasil à extrema direita e a um círculo vicioso, o eterno retorno da miséria e o apagar-se de qualquer sonho, tantos sonhos que acabaram lá nos anos 1960, quando ainda tínhamos intelectuais de valor.
*Hector Benoit é professor do Departamento de filosofia da Unicamp. Autor, entre outros livros, de A odisseia de Platão: as aventuras e desventuras da dialética (Annablume).